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domingo, 3 de abril de 2022

Os queijos de altitude de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A produção de queijos artesanais em Diamantina e região, tem origens no século XVIII, a partir de 1734. Graças ao intenso trabalho da Emater e produtores de queijos, foi reivindicado, através de um estudo comprovando a tradição secular da produção de queijos em Diamantina. O estudo foi entregue ao Governo de Minas, com o reconhecimento oficial da nova região queijeira mineira pelo Estado,  oficializado em 29 de março de 2022. 
          A cidade histórica de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, juntamente com mais 8 cidades em seu entorno, foram reconhecidas em 29 de março de 2022 como região queijeira mineira, pelas autoridades sanitárias e pelo Governo de Minas. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          A nova região queijeira mineira formada pelas cidades de Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Datas, Couto de Magalhães de Minas, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Monjolos. Com o reconhecimento da região de Diamantina como queijeira, são agora 10 regiões mineiras reconhecidas como produtoras de Queijo Minas Artesanal (QMA).
          Com o reconhecimento de uma região como queijeira, as queijarias que seguem as normas sanitárias e exerçam a atividade formalmente, recebem o certificado de Identidade Geográfica (IG), expedido pelo Ima e Selo Arte (AS), expedido pelo Ministério da Agricultura.
          Os dois selos, permitem a comercialização de produtos lácteos, mel e embutidos, em todo o território nacional e reconhecimento oficial, da qualidade e boas práticas na produção dos produtos. As queijarias mineiras que recebem os selos IG e AS, passam por rigorosas adaptações e controles sanitários, além de fiscalizações constantes.
Características principais dos queijos
          As características dos queijos da região de Diamantina, somente podem ser encontradas nas 9 cidades que formam a região queijeira. Um dos maiores diferenciais dos queijos desta região é a altitude desses nove municípios, que varia de 800 metros a 1420 metros..
          Os efeitos da altitude e umidade, na incidência da flora bacteriana, que dão vida e sabor aos queijos, são características principais que formam a personalidade dos queijos de Diamantina e região, chamados também de “queijos de altitude”.
          Os queijos de altitude da microrregião de Diamantina, trazem não apenas a tradição do sabor do queijo, mas um pouco da vida e história de várias gerações familiares. (na foto acima, Queijos Datas Guzerá de Datas MG). 
Queijos de casca lavada
          São queijos artesanais finos, de sabor único, caracterizado principalmente por sua casca lavada, na forma de meia cura ou curado. (na foto acima, queijos da queijaria Datas Guzerá, de Datas MG)
          Os queijos de casca lavada sãos os característicos da região, embora existam alguns tipos de queijos que apresentem derivações com mofos brancos, com casca enrugada e espessa, sabor leve e um pouco crocante, estarem presentes em algumas queijarias, a tradição e história, tem como base os queijos de casca lavada. (na foto acima, queijo da Queijaria Recanto do Vale)
          De casca lavada ou com mofos esbranquiçados, em comum, apresentam o corpo firme, com textura densa, mas ao mesmo tempo, cremosa. E ainda, os queijos de Diamantina possuem baixa acidez e intensidade leve e crocância suave. Isso dá à iguaria, suaves notas de castanha. 
          São características que simbolizam a tradição e vocação da região, na arte de transformar o leite cru, em um alimento vivo, saudável, saboroso e único. (queijos da Queijaria Andrade Vale)
          Esse é o terroir (pronuncia-se terruá), da região de Diamantina. Esse termo, é francês e é usado para definir todo o conjunto de aspectos físicos que definem a qualidade, sabor e características principais de produtos de uma região, como por exemplo, clima, relevo, pureza da água, pastagens, qualidade da terra, etc. Essas características específicas, torna os produtos oriundos dessas regiões, únicos e inigualáveis. (na foto acima, gado Guzerá da Queijaria Datas Guzerá de Datas MG e abaixo, gado holandês da Queijaria Soberana)
A valorização dos queijos da região
          Nos últimos anos, o Queijo Minas Artesanal (QMA), produzido com leite cru, se valorizou no cenário mundial, devido as seguidas premiações no exterior.
          Nas nove cidades que formam a microrregião, são produzidos queijos de altíssima qualidade, em diversas queijarias, como o queijo Datas Guzerá (na foto acima), dos produtores Richard e Maria Cristina Andrich, do município de Datas e o Queijo Braúnas (na foto abaixo), ambos premiados com medalhas de bronze e ouro, respectivamente, no Mondial Du Fromage, na França, em 2019, além de outras premiações regionais e nacionais, o que mostra o enorme potencial queijeiro a região.
          Tem ainda os queijos das queijarias Soberana, Mata Serena, Andrade Vale, Recanto do Vale, Pau de Fruta, Fazenda do Buraco, dentre outros produzidos na região.
          No maior concurso de queijos do Mundo, o Mondial du Fromage, realizado na França, os queijos brasileiros foram premiados com 58 medalhas. Dessas 58 medalhas, 50 foram para os queijos de Minas Gerais.
           Além disso, em outros concursos de queijos em países tradicionais na produção queijeira, como Noruega e Itália, por exemplo, novamente, os queijos mineiros se destacaram, com premiações diversas.
          Com a ascensão e valorização ainda maior do queijo mineiro, há mais de 300 anos reconhecido como o melhor do Brasil, os produtores de queijos do Estado, vem recebendo apoio e assistência dos órgãos governamentais para legalização, manejo adequado do gado e boas práticas na produção dos queijos. 
Aprodia
          Em Diamantina, são 15 produtores de queijos, que se uniram e fundaram em 4 de maio de 2018, a Associação de Produtores de Queijos da Microrregião de Diamantina (Aprodia). A entidade é presidida atualmente pelo produtor rural, vice-presidente da Associação Mineiro de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo), Leandro Assis, com sede à Rodovia MG 367, km 595, Alto do Guinda, em Diamantina MG. Juntaram-se ainda a, entidade, produtores dos outros 8 municípios, que formam a microrregião. (na foto acima, queijo da Queijaria Soberana) 
          A Aprodia busca unir os queijeiros da região, na defesa de seus interesses, melhorar a qualidade da produção de seus queijos, na profissionalizar das queijarias, visando o reconhecimento e recebimentos dos selos IG e AS dos queijos produzidos nas queijarias da região de Diamantina. (na foto acima, queijos da Queijaria Mata Serena)
          Além disso, a entidade organiza diversos eventos, oficinas e festivais de divulgação e comercialização dos queijos da região como o Festival de Queijos e Vinhos de Diamantina, além de ajudar na capacitação do produtor de queijos, intercâmbios com outras regiões queijeiras, dentre outras atividades. (foto acima Aprodia/Divulgação)
Queijo é tradição e história
          Ter um Queijo Minas Artesanal na mesa, é a valorização da herança familiar. Quando se leva para a mesa um queijo, leva junto a história do lugar, a tradição e o trabalho dos produtores, que sustentam ao longo de gerações, a mais pura vocação do povo mineiro, de fazer queijos. (fotografia acima de Leandro Assis)

          O queijeiro mineiro não vende, simplesmente, queijos e sim um pouco de sua história, da tradição especial de sua família e principalmente, o sabor de Minas Gerais.

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