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terça-feira, 3 de junho de 2025

10 Capitais de Minas Gerais - Parte III

(Por Arnaldo Silva) Essa é a terceira parte da série de 30 Capitais de Minas Gerais. Dividimos as 30 capitais em 3 partes de 10. Já fizemos a primeira, a segunda e esta é a parte três.  
          A capital administrativa dos mineiros é Belo Horizonte, mas algumas cidades se destacam na área produtiva, se tornando "capitais" em diversas áreas seja na gastronomia, indústria, artesanato, cultura, confecções, religiosidade, bebidas, moda, carnaval, confecções, pedras preciosas, agricultura, pecuária, dentre outras atividades, com saberes e sabores populares, alguns de origem secular. Algumas dessas cidades se destacam a ponto de serem referências no estado e até mesmo país.
Conheça as 10 Capitais de Minas Gerais da terceira parte:
01 - Jacutinga – A Capital das Malhas
 Fotografia: André Daniel
         Distante 490 km de Belo Horizonte, com pouco mais de 25 mil habitantes, Jacutinga é uma charmosa, atraente e acolhedora cidade no Sul de Minas. A cidade conta grande presença de descendentes de imigrantes europeus, principalmente italianos. Um desses italianos, Antônio Pieroni, na década de 1960, introduziu na cidade a confecção de malhas e tricôs. Pelas mãos dos italianos, o ofício cresceu, a cidade abraçou a nova atividade e virou fonte de renda de famílias.
          Mais de 50 anos depois, a indústria da confecção de malhas e tricô de Jacutinga, é hoje a maior atividade industrial e comercial da cidade, sendo mais de 1000 empresas e cerca de 450 lojas comerciais, gerando milhares de empregos, bem como, Jacutinga, uma das referências nacionais no setor, sendo responsável por 25% de toda a produção de malhas e tricô do Brasil. 
          Cidade bem estruturada para receber turistas, se destaca no turismo de negócios, com a presença diária de turistas vindos de todos o Brasil para fazer compras no atacado e no varejo. Por isso Jacutinga é a Capital das Malhas.
02 - Nova Lima – A capital da cerveja artesanal
Fotografia: Andréia Gomes
           Está na divisa com a Zona Sul da capital, apenas 20 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 112 mil habitantes. Conta com um variado e desenvolvido parque industrial, um setor de prestação de serviços eficiente e comércio bem variado, além da cidade ser um dos maiores polos cervejeiros do país. 
          A tradição cervejeira de Nova Lima teve início ainda no século XIX, sendo uma indústria sólida no município, além de ser destaque em Minas Gerais, no Brasil e no mundo. Isso graças às diversas premiações de seus rótulos, em eventos cervejeiros nacionais e internacionais. O pioneirismo e presença de um grande número de cervejarias artesanais na cidade, faz de Nova Lima, a Capital da Cerveja no Estado.
          Consolidando sua liderança no setor cervejeiro mineiro, todos os anos, no mês de outubro, a cidade realiza o Uaiktoberfest, inspirada na Oktoberfest, a tradicional festa de origem alemã, adaptada às tradições mineiras. O local da festa é todo decorado no estilo germânico, bem como figurinos, se vestem com as tradicionais roupas dos antigos colonos alemães, da região da Baviera. Além disso, na Uaiktoberfest acontece shows com artistas diversos, conta com a presença dos principais rótulos cervejeiros do país, além de muita animação e comidas típicas de Oktoberfest Nova Lima, como o Pastel Lamparina e o Bolo Queca, além da culinária mineira e de outros lugares do mundo.
03 - Mirabela - Capital Nacional da Carne de Sol
Fotos: Elpídio Justino de Andrade
          Mirabela, no Norte de Minas, conta com cerca de14 mil habitantes e está distante 483 km da capital. A cidade tem forte tradição na agricultura e principalmente na pecuária de corte, com destaque para a carne de sol, tradição que tem origens no início do século XX.
          A carne de sol de Mirabela, não é apenas destaque na região, mas em todo o país. Isso porque a cidade tem a fama de ter a melhor carne de sol do Brasil, por isso, é a Capital Nacional da Carne de Sol.
A atividade movimenta a economia local, gera emprego e renda para centenas de famílias. São mais de 20 açougues instalados em Mirabela, que preparam e comercializam toneladas de carne de sol por semana. 70% de sua produção vai para mercados da região e também de outras cidades, como Montes Claros, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, dentre outras. 
          Muitas dessas cidades, recebem a carne encomendada pelos próprios consumidores, que experimentam a iguaria. Gostam tanto que passam a compra sempre e não tem dúvidas alguma em dizer que carne de sol de verdade, é a de Mirabela. A fama de ter a melhor carne do Brasil, não é por menos.
04 - São Gotardo – A capital nacional da cenoura
Foto: Pe. Emílio Mendes
          São Gotardo, na Região do Alto Paranaíba, conta atualmente com cerca de 36 mil habitantes. Está na região onde encontra-se o PADAP (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), formado pelos municípios de Campos Altos, Ibiá, Matutina, Rio Paranaíba, Tiros e São Gotardo, que conta com grande presença de descendentes de imigrantes japoneses, que vieram para a região, trabalhar na agricultura. Essas cidades juntas, formam um dos maiores polos hortifruti do país, com grandes variedades de frutas, legumes e hortaliças, plantados em cerca de 50 mil hectares. A atividade agrícola é hoje, uma das maiores geradoras de emprego e renda nas cidades do PADAP. 
          Um dos maiores produtos da região, é a cenoura, com a cidade de São Gotardo se destacando no país, sendo atualmente, a Capital Nacional da Cenoura, além de produzir outras variedades de hortifrutis. A cidade organiza, desde 1997, uma das maiores festas do interior do Brasil, a Festa Nacional da Cenoura (FENACEN). A festa atrai milhares de turistas para a cidade e apresenta mostras de novas tecnologias agrícolas, concurso de culinária e barracas com pratos típicos, principalmente, feitos com cenoura, bem como a eleição da Rainha Nacional da Cenoura, grandes shows musicais, etc.
05 - Teófilo Otoni - Capital das Pedras Preciosas
Fotografia: Bruno Lages
          Com mais de 145 mil habitantes, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, é uma das maiores e mais importantes cidades de Minas Gerais e de grande destaque internacional. Distante 450 km de Belo Horizonte, a cidade tem tradição na mineração, já que seu subsolo é riquíssimo em pedras preciosas como berilo, ametista, água marinha, topázio, espodumênio, opala, calcita, alexandrita, turmalina, crisoberilo, olho-de-gato, quartzo rosa, dentre outras tantas pedras preciosas. 
          São mais de 3 mil oficinas na cidade, dedicadas a essa atividade, gerando emprego e renda. Por isso que Teófilo Otoni é referência internacional em pedras preciosas e considerada a Capital Mundial das Pedras Preciosas. Não é capital de Minas e nem do Brasil, em termos de pedras preciosas, Teófilo Otoni é reconhecida como polo mundial na lapidação e comercialização pedras preciosas. É a Capital Mundial das Pedras Preciosas.
          A cidade conta com uma excelente estrutura urbana, com rede hoteleira, gastronômica e de eventos eficientes, já que na cidade acontece todos os anos, feiras, congressos, workshops e exposições culturais e científicas. Um desses eventos que atrai para cidade turistas vindos de todas as regiões do Brasil e de vários países do mundo, é a Feira Internacional de Pedras Preciosas (AFIPP), um dos maiores eventos do gênero, no mundo.
06 - Timóteo - Capital do Inox
    Fotografia: Elvira Nascimento
      Timóteo, distante 196 km de Belo Horizonte, conta com cerca de 91 mil habitantes, fazendo parte do Vale do Aço. É uma das mais industrializadas cidades mineiras, com diferentes ramos de atividades, além de um comércio diversificado, uma excelente estrutura urbana, principalmente para turismo de negócio e rede hoteleira e gastronômica de qualidade. 
          Desde 1944, Timóteo se destaca na produção do aço inox, com instalação na cidade da Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita), privatizada em 1992, com o comando da empresa assumido, desde essa época, pela Aperam South America. Atualmente é comandada pela ArcelorMittal Inox Brasil, uma das maiores empresas do setor metalúrgico e siderúrgico do mundo, dotada de altíssima tecnologia. Atualmente, a empresa em Timóteo, é a maior produtora de aço inoxidável da América Latina.
          O Aço Inox faz parte da identidade e orgulho do povo timotense, com a cidade se destacando no Brasil como a Capital do Inox. Vem ganhando destaque ano a ano, um dos grandes eventos de negócios de Minas Gerais, a Expo Inox. Uma grande feira que reúne as novidades do setor de inox, com a presença de expositores do ramo.
07 - Ubá - Capital mineira da indústria moveleira
 Fotografia: Elpídio Justino de Andrade
         Distante 290 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata e com cerca de 120 mil habitantes, está Ubá. É uma das principais cidades de Minas, destaque no Brasil, não apenas pela manga que leva o nome da cidade, mas por sua fortíssima e diversificada indústria moveleira. Sua produção de móveis, além de estar presente no mercado nacional, vem ganhando a cada ano, espaço no mercado internacional. 
          Ubá é o primeiro polo moveleiro de Minas e o terceiro do país. O polo moveleiro de Ubá é formado ainda pelas cidades de Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. Consolidando sua liderança no setor moveleiro em Minas, todos os anos, a cidade organiza a Feira de Móveis de Minas Gerais (FEMUR), um dos maiores eventos desse ramo no país.
08 - Uberaba - Capital Mundial Gado do Zebu
Parque de Exposiçõs de Uberaba MG - Foto: ACBZ/Divulgação
          Uberaba, no Triângulo Mineiro, conta mais de 340 mil habitantes e está, distante 480 km de Belo Horizonte. A cidade se destaca em Minas pela sua qualidade de vida, excelente estrutura urbana, pelas suas indústrias e atividades agrícolas como a soja, sementes de girassol, cana-de-açúcar, milho, etc., e principalmente na pecuária, em destaque, a criação de gado da raça Zebu. 
          O Zebu é uma raça de gado de origem indiana e chegou à cidade, no início do século XX. Desde a chegada do Zebu à Uberaba, a raça bovina se desenvolveu, graças a estudos, pesquisas, investimentos em melhoramentos genéticos da raça zebuína e na melhora da qualidade dos embriões bovinos. Isso fez de Uberaba ser uma referência na área de genética animais e ser a capital do gado zebu, no mundo. São 215 milhões milhões de cabeça de gado Zebu, no Brasil, o que faz do país ser o maior exportador mundial de carne e o o quarto maior produtor leiteiro do mundo.
          Em Uberaba, está uma das mais conceituadas empresas de inseminação pecuária, a Alta Genetics. A matriz da empresa tem sede em Calgary, Canadá, com filiais em mais de 90 países, além do Brasil, em Uberaba, a empresa tem filiais na China, Holanda, Argentina, Estados Unidos, etc.
 Foto: ACBZ/Divulgação
         Na cidade está instalado o Museu do Zebu e a sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ACBZ) com 23 mil associados, 100 técnicos no campo e 24 escritórios distribuídos em todo o país. Todos os anos, em maio, acontece na cidade uma das mais importantes exposições agropecuárias do mundo, a EXPOZEBU.
          O evento conta com a presença de personalidades nacionais, empresas e empresários do agronegócio do Brasil e de vários países do mundo. Nos dias da exposição, são apresentadas novidades tecnológicas do setor, leilões de gado, exposição da raça zebuína, além de mega-shows com grandes artistas, barracas com comidas típicas, etc.
09 - Juruaia - Capital mineira da lingerie
Maior sutiã e maior caldinha do Brasil. Fotos: Elpídio Justino de Andrade
          Distante 450 km da capital mineira, Juruaia, fica no Sul de Minas e conta atualmente com cerca pouco mais de 11 mil habitantes. A cidade oferece uma ótima estrutura urbana para seus moradores e visitantes. Além de suas belezas naturais, como montanhas, trilhas e cachoeiras paradisíacas, belíssimos casarões podem ser vistos na cidade e na zona rural, que conta ainda com suas belíssimas fazendas cafeeiras, já que Juruaia é uma das maiores produtoras de café do Brasil. 
          
Desde 1992, a cidade vem se destacando e crescendo ano a ano no ramo das confecções, com destaque maior para as lingeries. A pequena cidade mineira é uma das gigantes no Brasil na confecção de lingeries, com a qualidade de suas peças, famosas no Brasil e também no mundo. É o terceiro polo nacional de confecções de lingeries, além de ser a capital mineira da lingerie.
          São mais de 200 confecções instaladas na cidade, que geram milhares de empregos diretos e indiretos. Todos os meses, saem das confecções de Juruaia, uma média de 1,5 milhão de peças, com ótimo preço, qualidade inquestionável e com designs atraentes e inovadores e sempre com novidades. Esses são os diferenciais, que garantem o sucesso das vendas e crescimento das confecções na cidade. Um detalhe importante é que 95% das confecções instaladas em Juruaia, são comandadas por mulheres.
          Todos os dias, turistas chegam de várias partes da região e do Brasil, para compras no atacado e varejo. A cidade tem ótima estrutura para receber os visitantes. Em maio, a cidade fica mais movimentada, já que é nesse mês, que acontece a Feira de Lingerie de Juruaia (Felinju) e também, em setembro, quando acontece a Fest Lingerie.

10 - Montes Claros – A capital do Pequi
  Fotografia: @dronemoc
        A cidade do Norte de Minas é uma das mais populosas e industrializadas d Estado de Minas, distante 422 km da capital. Com origem no século XIX, a cidade conta hoje com cerca de 415 mil habitantes. Com ótima estrutura urbana, um comércio variado, bons níveis de prestação de serviços, Montes Claros é uma cidade industrializada, além de ser uma cidade de destaque na agricultura e pecuária, no Norte de Minas. 
          A Região Norte de Minas tem o Cerrado, como bioma predominante e seu principal fruto, o pequi, é largamente consumido in natura, em pratos especiais e industrializados, na região, principalmente em Monte Claros. O valioso fruto do Cerrado atrai investimentos, gera emprego e renda, além de fazer parte da cultura, tradição e gastronomia da cidade.
          Há três décadas, Montes Claros realiza uma das mais importantes festas culturais e gastronômicas do país: A Festa Nacional do Pequi. A identidade do pequi com Montes Claros é tão forte, que a cidade se considera, não só a capital do pequi de Minas, mas também do Brasil.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

As 12 mais belas cachoeiras de Minas Gerais - Parte II

(Por Arnaldo Silva) Cachoeiras em Minas Gerais é o que não falta. São milhares espalhadas pelos 853 municípios mineiros e 1842 distritos. Todas são lindas e impactantes. Selecionamos 24 cachoeiras divididas em 12 partes. Consideradas as mais lindas de Minas Gerais, algumas dessas cachoeiras são verdadeiros cartões postais de várias cidades e do estado como a Cachoeira da Cascadanta em São Roque
de Minas.
Conheça as 12 cachoeiras da segunda parte da série:
01 - Cachoeira da Estiva em Carvalhos MG
 
 Fotografia: Jerez Costa
          A Cachoeira da Estiva fica no povoado de Franceses, em Carvalho, no Sul de Minas. Cidade famosa por suas trilhas e cachoeiras como a do Funil, dos Franceses e a da Prainha, mas a mais famosa e visitada é a da Estiva com uma queda de 70 metros, formando um poço de água fria e cristalina. Lugar ideal para um piquenique, descanso em família e relaxar, em meio a uma vasta e linda paisagem natural.
02 - Cachoeira do Caldeirão em Baependi MG
Fotografia: Jerez Costa
        A Cachoeira do Caldeirão é umas das mais belas cachoeiras de Baependi e região Sul de Minas. Sua queda é bem pequena mas volumosa. Suas águas formam uma enorme piscina natural, muito procurada por banhistas nos dias quentes. O local não é muito difícil de chegar, são 28 km de estrada de terra mas sem sinalização. Para quem não é da região, melhor contratar serviços de guias, disponíveis na cidade.
03 - Cachoeira do Sucupira em Uberlândia
Fotografia: Eudes Cerrado
        A Cachoeira de Sucupira (na foto acima de Eudes Cerrado) se localiza a 17 km do centro da cidade, na zona rural, sentido Leste, entre as rodovias BR- 050 e BR- 452. Possui queda d´água de 15,00 m. e com um paredão de 25 a 30 m de largura. Suas águas são claras e sem poluição, servindo como ponto turístico e local de lazer para a população de Uberlândia.
04 - Cachoeira de Carlos Euler
Foto: Rildo Silveira
        Carlos Euler é distrito de Passa Vinte, no Sul de Minas, com origem no início do século XX, com a chegada da ferrovia na região. Com linha do trem, foi criada uma estação, um povoado com um charmoso casario em estilo colonial e eclético, hoje um dos patrimônios ferroviários de Minas. Além da beleza de Carlos Euler, sua exuberante natural se destaca, principalmente por uma das mais belas cachoeiras do Sul de Minas, a Cachoeira de Carlos Euler 
        Fica apenas 5 km da pequena e pacata cidade de Passa Vinte, com cerca de 2 mil habitantes. Do distrito até a cachoeira são 800 metros de trilha e suas águas são limpas, cristalinas e geladas, um convite ao descanso nos dias quentes de verão ou mesmo, relaxamento em dias frios, em torno de uma vasta paisagem Mata Atlântica que circunda a cachoeira.
05 - Cachoeira Alta em Ipoema
Fotografia: Sérgio Mourão
        A Cachoeira Alta fica em Ipoema, distrito de Itabira a 98 km de Belo Horizonte. Da praça do distrito até a cachoeira, são 12 km. É uma propriedade particular, com acesso não muito difícil e muito procurada por praticantes de canyoning, banhistas e por quem ama a natureza. Cobram taxa de entrada. São 97 metros de queda de uma das mais belas cachoeiras não só de Minas, mas do Brasil. Fica perto do Povoado São José do Macuco e por isso é chamada também de Cachoeira do Macuco.

06 - Cachoeira dos Cocais em Fabriciano
Fotografia: Elvira Nascimento
        A Cachoeira dos Cocais fica na Serra de Cocais, em Coronel Fabriciano no Vale do Aço, uma das áreas mais preservadas e lindas de Mata Atlântica em Minas Gerais. Apesar da vegetação densa a área onde está a cachoeira é aberta com muito espaço para banhos. Ao longo do percurso das águas da cachoeira, existem vários poços e pontos onde a correnteza é bem forte, requerendo cuidado com as pedras escorregadias. O local também é procurado para práticas de esportes radicais e fica na zona rural, distante 18 km do Centro de Coronel Fabriciano. 
07 - Cachoeira das Maçãs em Cabeça de Boi
Fotografia: Sérgio Mourão
        A Cachoeira das Maçãs fica em Cabeça de Boi, distrito de Itambé do Mato Dentro a 120 km de Belo Horizonte. Está situado a 20 minutos do balneário do Intancado. Tem fácil acesso, embora a pessoa terá que caminhar descalça no leito do Rio do Rio Preto e enfrentar algumas pedras pelo caminho. Mas nada que seja empecilho. A cachoeira é muito linda, com paredões ao redor e um poço raso. 
        Diz a lenda, que um grupo de jovens foi para o local e como estava frio e a água bem gelada, jogaram um saco de maçãs no poço para encorajá-los a entrar na água. A partir dai o nome se popularizou, sendo hoje a cachoeira, um dos lugares mais procurados na região.
08 - Cachoeira dos Garcias em Aiuruoca MG

Fotografia: Marlon Arantes
        A Cachoeira dos Garcias  fica em Aiuruoca, no Sul de Minas. É uma das mais belas e mais procuradas da região. São 30 metros de quedas e suas águas formam uma linda piscina natural, perfeita para banhos. O acesso é pela BR 267, a partir do km 5. Até certo ponto o acesso é a pé, mais ou menos 20 minutos. Por ser um acesso difícil, recomenda-se o acompanhamento de guia.
09 - Cachoeira da Jibóia em Uruana de Minas
Fotografia: Eclésio Rodrigues - Enviada por Gilberto Valadares
        A Cachoeira da Jiboia (na foto acima de Eclésio Rodrigues, enviada pelo Gilberto Valadares) é uma queda-d'água situada na divisa dos municípios Unaí e Uruana de Minas no Noroeste de Minas Gerais. Sua queda, com cerca de 144 metros de altura (que atrai praticantes de rapel), termina em um poço com diâmetro de 30 metros que, no inverno, exibe tonalidades esverdeadas. Suas paredes, de vegetação espessa, abrigam centenas de andorinhões.
10 - Cachoeira do Tempo Perdido em Capivari
Fotografia: Rodrigo Firmo/@praondevou
        A Cachoeira do Tempo Perdido fica em Capivari, distrito da cidade do Serro, no Alto Jequitinhonha. É uma das mais belas e mais procuradas da região. Está a 39 km de distância do centro do Serro e apenas 21 km de Milho Verde, o mais famoso distrito do Serro. O caminho é meio difícil mas compensa pela beleza do local, pela água limpa e cristalina e um poço de águas tranquilas, delicioso para um bom banho e suas areias brancas em volta do poço, são um convite para o relaxamento. A cachoeira fica numa propriedade particular e cobram uma taxa de manutenção. 
11 - Cachoeira do Paredão em Guapé

Fotografia: @studioquinaas
Guapé é uma cidade turísticas mineira, no Sul de Minas, banhada pelo Lago de Furnas. Além das belezas do lago, em Guapé está o Parque Ecológico do Paredão, formado por uma enorme fenda entre serras, paredões de pedras, mata nativa, trilhas e três belíssimas cachoeiras, a Cachoeira do Paredão. Distante apenas 15 km do centro da cidade, na cachoeira o visitante encontra uma boa estrutura, com restaurante, área para camping, banheiro, e churrasqueira.
12
01 - Cachoeira do Filó
Fotografia: Guia Amauri Lima
        Localizada em São João Batista do Glória, na Parnacanastra, próximo a Capitólio MG, a Cachoeira do Filó é uma das mais visitadas por quem vai à Capitólio MG e região, devido sua beleza, tranquilidade e fácil acesso. São apenas 15 metros de queda d´água que formam um poço de 12 metros de profundidade. Por ser de fácil acesso, a cachoeira é muito procurada por famílias com crianças e pessoas de mais idade. Fica apenas 100 metros da MG-050, próximo ao Mirante dos Cânions de Capitólio MG. 
Fotografia: Amauri Lima
        Na alta temporada e principalmente nos fins de semana e feriados, a cachoeira costuma ficar bem cheia, mas fora da alta temporada, é bem tranquila e praticamente vazia nos dias úteis.
NOTA: A maioria dessas cachoeiras estão em Parques Ambientais ou em propriedades particulares. Em algumas, a entrada é gratuita, em outras, são cobradas taxas por visitante. Pesquise antes os preços cobrados e verifique as regras de permanência nos locais.

sábado, 10 de maio de 2025

Minas é um mini-Brasil e um mini-mundo

(Por Arnaldo Silva) Desde o Ciclo do Ouro, no século XVIII, Minas Gerais se transformou no retrato do Brasil. A formação da característica cultural, folclórica, histórica, social, religioso, no jeito de ser e falar do povo mineiro, é resultado da mistura entre portugueses, com origens no Minho (norte de Portugal), de africanos escravizados, de origens sudanesas e banta, de indígenas locais.
        Nesse processo, vieram para Minas, povos de outros países, de todas as regiões e capitanias brasileiras, durante o Brasil Colônia, como tropeiros, mascates, viajantes e aventureiros.
Primeira foto de César Reis em Tiradentes MG e segunda, de Vinícius Montgomery em Itajubá MG
        Vieram em busca da riqueza mineral e aqui ficaram, deixando um pouco de cada região do país e continentes, na formação da identidade mineira. As origens desses povos estão presentes em todas as atuais 12 regiões mineiras graças à sua diversidade geográfica, de acordo com a cultura, história, arquitetura, folclore, tradições e gastronomia, que cada um desses povos deixaram em cada região mineira.
Estado estratégico 
Coronel Fabriciano, Vale do Aço - Fotografia: Elvira Nascimento
        O Estado de Minas é estratégico para o Brasil, devido a sua diversidade geográfica, além de sua localização estratégica. Minas faz divisas com 6 estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul) e com o Distrito Federal. Por esse motivo, conta com uma grande infraestrutura ferroviária e principalmente, viária. Com aproximadamente 272.062,90 km de rodovias federais, estaduais e municipais.
        Minas Gerais tem maior malha viária do Brasil. O estado mineiro é de vital importância para a integração regional e para o próprio desenvolvimento econômico do estado. A economia dos grandes centros produtores e exportadores do Brasil, passa por Minas.
Minas é o DNA do Brasil
Criação e arte: Ernani Calazans/Araçuaí MG
        O estado mineiro absorveu ao longo de mais de três séculos, as características típicas de cada estado e região do país e também de outros continentes como Europa, América do Sul, Ásia, Oceania, Oriente Médio e África. Minas Gerais é um retrato da miniatura do Brasil. A identidade mineira foi moldada ao longo dos séculos com a absorção das características culturais, gastronômicas, religiosas, folclóricas, vestimentas, sotaques e características regionais e físicas de todos esses povos.
        A diversidade cultural mineira faz do Estado único e sem igual no país. Minas é o reflexo da diversidade geográfica, étnica, cultural e social brasileira. Em Minas está o DNA do Brasil.
        Não apenas isso. Com a presença de imigrantes de vários países e descendentes de imigrantes que já viviam em outras regiões brasileiras, como alemães, árabes, franceses, ingleses, espanhóis, italianos, dentre outros povos, Minas se tornou ainda mais abrangente em suas características arquitetônicas, culturais, religiosas e folclóricas. 
Monte Verde no Sul de Minas. Fotos: Kelvin Borges/MOVE
        Como por exemplo, a Região Sul de Minas, que recebeu um grande número de imigrantes italianos, alemães, dinamarqueses e letões. Imigrantes da Letônia, por exemplo, fundaram Monte Verde, chamado “cantinho da Europa em Minas”. Minas Gerais é um mini-mundo.
        Todos esses povos deram grande contribuição para a gastronomia mineira, reconhecida como uma das melhores e mais diversificadas do mundo. A riqueza gastronômica mineira, com cerca de 627 pratos típicos tradicionais, recebeu influências de todas as regiões do país e de outros continentes como a Europa e África, que vieram no século XVII, XVIII, XIX e século XX, dando contribuição à formação da identidade gastronômica de Minas.
Minas é a história do Brasil
        Minas é a história do Brasil. É um museu a céu aberto. As alterosas mineiras sozinha, guarda 62% de todo o Patrimônio Histórico do Brasil, concentrados nas dezenas cidades históricas e centenas de cidades mineiras que preservaram riquezas arquitetônicas dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX.
Três falares mineiros
Criação de Ernani Calazans/Araçuaí MG
        Além disso, o falar mineiro reflete claramente a diversidade étnica dos mineiros. Em Minas Gerais não tem um falar. Tem três: Montanhês Caipira e o Geraizeiro.
Montanhês: É o dialeto falado em 50% do território mineiro, é o dialeto original de Minas Gerais, falado pelos povos que viviam entre as montanhas do que é hoje o Quadrilátero Ferrífero, onde estão as principais cidades formadas no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro.
Caipira: É um dialeto falado em 33% do território mineiro. Falado no Triângulo Mineiro, Noroeste, Oeste, Sul e Sudeste de Minas. Tem influência no dialeto caipira paulista, com influência do dialeto Montanhês.
Geraizeiro: É um dialeto falado em 17% do território mineiro. Tem origens no final do século XVII, sendo falado pelos povos do Cerrado Mineiro, do Norte de Minas, que se formaram em comunidades surgidas às margens do Rio São Francisco e se expandiu para boa parte do Noroeste Mineiro e Vale do Jequitinhonha, nas áreas de transição do Cerrado para a Caatinga, na divisa com a Bahia.
Minas é o mundo!
Fotos: César Reis em Tiradentes MG
        Essa frase tem tudo a ver com o que é Minas Gerais. Seja em qual contexto for, Minas é realmente o mundo! Autoria específica da frase ninguém sabe exatamente, mas é o reflexo claro da importância de Minas Gerais para o país. Diversidade cultural, politica, social, histórica, da hospitalidade, das cores e sabores de sua culinária, da conexão mineira com a terra.
        Minas é o mundo são os modos de falar do povo mineiro, é a essência de suas 12 regiões geográficas que tem com origens e tradições diferentes e variadas. São as paisagens, rios, lagos, cachoeiras, montanhas, cordilheira. Minas é um estado único!
        Minas é a cara do povo brasileiro. O reflexo do retrato do Brasil. Minas é o mundo é nada mais que reflexo a grandiosidade de Minas Gerais. É a essência da mineiridade e da abrangente riqueza do Estado.
Minas é um elefante dentro da sala do Brasil
        Imagina um elefante dentro de uma sala. Essa alegoria pode ser aplicada à Minas Gerais.
        Por sua diversidade geográfica, arquitetônica, cultural, folclórica, religiosa e natural, fazem de Minas um estado gigante. Em tamanho, seria um elefante, um animal grandioso, imponente, resistente, inteligente, forte e destemido, dentro de uma sala. A sala é o Brasil.
        Minas é o pilar da história do Brasil. É impossível contar a história do Brasil sem citar Minas Gerais.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

A igreja mineira em formato de navio negreiro e detalhes chineses

(Por Arnaldo Silva) Datada de 1717 e concluída por volta de 1720, é uma das mais antigas igrejas de Minas Gerais e uma joia da arte Barroca mineira. Por fora, uma singela e simples igreja. Por dentro, a decoração impressiona pelos detalhes das pinturas que retratam a vida de Jesus Cristo e Nossa Senhora. Arte feita em madeira, cedro e ouro puro.
 Fotografia: Jairo Nunes Ferreira
       Os traçados arquitetônicos da Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, a 20 km de Belo Horizonte, teve forte influência do estilo arquitetônico Nacional Português, já que a arte Barroca tradicional estava ainda criando identidade própria em Minas Gerais. Este estilo é considerado a primeira fase do Barroco Mineiro.
          Seguindo o estilo traçado, a reluzente luz dourada da riqueza do ouro de Minas Gerais e a beleza da arte sacra, são marcas evidentes do interior da Igreja de Nossa Senhora do Ó. 
Nossa Senhora representada grávida
 Fotografia: Thelmo Lins
         A imagem da Mãe de Jesus, retratada no altar da igreja, mostra a Maria, diferente das demais imagens de Nossa Senhora, geralmente com o menino Jesus nos braços. No altar da Igreja, Nossa Senhora é representada grávida. 
          É a imagem de Nossa Senhora da Expectação do Parto ou Nossa Senhora do Bom Parto, santa venerada em Toledo na Espanha desde o ano de 656, cuja fé chegou a Minas Gerais através dos bandeirantes paulistas que fundaram a cidade de Sabará. 
          O termo Expectação do Parto ou Bom Parto foi substituído pelo Ó devido a um cântico dedicado à Santa, cantado na véspera de seu dia, que iniciava com a palavra Oh numa longa exclamação. A partir dai ficou Nossa Senhora do Ó.
Obra única e singular
Fotografia: Thelmo Lins
          Pela irregularidade das pinturas, principalmente nos painéis, acredita-se que mais de um artista tenha participado da decoração interna da igreja.
          O principal artista, cuja obra é predominante no interior da Igreja do Ó foi Jacinto Ribeiro, artista natural da Índia, que residia em Minas Gerais desde 1711. As figuras e painéis presentes no interior da Igreja de Nossa Senhora do Ó foram pintadas a ouro sobre fundos em tom azul escuro, com bordas em vermelho e talhas douradas em moldura. 
Arquitetura em formato de navio negreiro
Fotografias: @gustavosimoes.art
          Pouca gente sabe ou ainda não percebeu, é que as igrejas construídas no início do século XVIII tiveram a parte frontal de suas plantas inspiradas na proa de um navio negreiro. 
          Desenhar a planta de uma igreja com a parte frontal da proa de um navio negreiro era tendência dos arquitetos da época devido a importância dos navios negreiros para a economia de Portugal e para a manutenção e ampliação da mão de obra escrava nas minas de ouro recém descobertas.
          Literalmente, a intenção era simbolizar a importância da mão de obra escrava trazidas pelos navios negreiros e mostrar o poderio do domínio português na região.
          Além da Igrejinha do Ó, de Sabará, outras igrejas mineiras tem as mesmas características arquitetônicas como por exemplo a Igreja do Rosário dos Pretos de Milho Verde, distrito de Serro, Igreja de São José da Lagoa de Nova Era, Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro, dentre outras.
          As igrejas construídas antes da terceira fase do Barroco Mineiro geralmente tinham as características frontais em formato de proa de navio negreiro. No caso da Igreja do Ó de Sabará, as semelhanças para por aí. O diferencial da igreja está em seu interior.
Detalhes chineses na ornamentação
Fotografia: Arnaldo Silva
          O interessante que os desenhos e personagens bíblicos retratos nas pinturas do artista indiano, tem traços orientais, chineses. 
Fotografia: Thelmo Lins
        A explicação para este detalhe diferente na pintura e arte barroca, é que o artista conhecia os estilos artísticos usados em Macau, uma antiga colônia portuguesa no Oriente, hoje pertencente à China.
          A época, Portugal tinha um intenso comércio entre Macau e Índia, o que explica a influência dos traços orientais usados na arquitetura portuguesa naquela época, pelos artistas e escultores portugueses que vieram para o Brasil no início do século XVIII, entre eles, Jacinto Ribeiro.
Bem tombado
          Devido seu valor cultural e arquitetônico, a Igreja de Nossa Senhora do Ó de Sabará foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, em 1938. O tombamento inclui toda arquitetura colonial da Rua Direita, onde se localiza a igreja.

domingo, 16 de março de 2025

Saiba porque o mineiro tem fama de desconfiado

(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem como característica ser desconfiado à primeira vista. Essa fama surgiu no início do século XVIII com a presença maciça de aventureiros, viajantes e tropeiros em Mina Gerais. Muitos desses forasteiros tinham a fama de roubarem o bem mais precioso das famílias nativas que viviam nas vilas e fazendas. 
 Na imagem, queijos de Diamantina MG. Registro da Giselle Oliveira 
       Esse bem precioso não era o ouro, já que as minas eram propriedades dos mineradores ricos. O bem mais precioso das famílias mineiras à época era o queijo.
O queijo como escambo
        O queijo servia de escambo. Isso porque dinheiro era raro naquela época. Sem dinheiro, a prática comum à época era o escambo, que é ato de trocar um produto pelo outro, sem usar, moeda. Tropeiros e mascates se concentravam na praça principal das vilas e cidades e trocavam suas mercadorias por queijos e os revendiam nas cidades grandes.
        Trocava-se queijo pelo que não era produzido na vila ou cidade como açúcar, trigo, sal, sapatos, roupas de linho, utensílios domésticos, chapéu, botas, guaiacas, enxadas, foices, latões, esmaltados, querosenes, lamparinas. Enfim, tudo que não era produzido por eles mesmos em suas propriedades, na vila e cidade, trocavam por queijos. Por isso era um bem precioso e cobiçado por forasteiros.
Desconfiança para proteger o queijo
Queijos feitos pelo mestre queijeiro Roberto Soares de São Roque de Minas
        Quando chegava um forasteiro logo já ficavam desconfiados que poderia ser um ladrão de queijos. Bastava chegar forasteiros que o povo todo corria para dentro de suas casas, fechava as portas e janelas e ainda, trancavam o cachorro lá dentro. Trancados em suas casas, ficavam espiando pelas frestas das janelas e portas as pessoas que vieram de fora.
        Não confiavam em ninguém, seja tropeiro, indígena, viajante e paulista, devido aos ranços da Guerra dos Emboabas e do conflito entre mineiros e paulistas em 1720 que culminou com a independência da Capitania das Minas Gerais e expulsão dos paulistas do território mineiro. Enfim, todo não nativo de Minas Gerais, quando chegava, o mineiro já ficava com o pé atrás e corria para dentro de casa com o intuito de se proteger contra possíveis ladrões de queijos.
Da desconfiança para a confiança
Na foto do Arnaldo Silva, rua em São Bartolomeu com a calçada rente às casas
      Quando o forasteiro chegava e tentava contato com os moradores, ficava na porta da casa e o mineiro, trancado dentro de casa, respondendo pelas frestas das portas e janelas.
        Dependendo da boa conversa, logo o mineiro vai pegando confiança, conversando mais e se soltando aos poucos. Mas antes disso, o forasteiro terá que passar por um intenso interrogatório tipo: Cê é fi de quem? Qual a sua graça? Como que ocê vei pará aqui? Que qui cê qué? Perguntam quase que intimando e com cara fechada.
        Nos dias de hoje é assim também, só que a tecnologia ajuda. Pode se falar pelo interfone ou abrir a porta e chegar até o portão. É que antigamente as casas não tinham muro e as casas eram rentes à calçada e geminadas, como podem ver na foto acima.
        Ser tratado assim não é falta de educação e não se sinta mal com isso. É característica do povo mineiro mesmo. Respondendo direitinho as perguntas e com paciência, logo o semblante desconfiado do mineiro se desfaz e ele te recebe de braços abertos.
Como conquistar o coração de um mineiro?
Fotografia de Arnaldo Silva em Cordisburgo MG
        Dependendo da prosa, o forasteiro era convidado a entrar, tomar café com broa de fubá assada na brasa e pão de queijo e também, comer queijo com goiabada, com doce de leite, de mamão ou de figo com a família. Se tiver na hora do almoço, é convidado para sentar à mesa e comer frango com quiabo e angu.
O que não se deve falar a um mineiro
Na foto de César Reis, rua no povoado de Emboabas, distrito de São João del-Rei MG
       Passado essa etapa, evite cometer um “crime bárbaro” perante o mineiro durante a conversa. Não tem coisa pior para um mineiro ouvir é alguém falar mal de Minas, da comida, do queijo, da igreja, da cidade, enfim, nunca fale mal de Minas Gerais na frente de um mineiro. Mineiro é bairrista ao extremo.
        Não compare Minas com nenhum outro estado brasileiro. Se falar mal de Minas ou ironizar nosso sotaque e nossas mineiridades, por educação, ele pode até ficar calado, mas deixará claro no seu semblante que não aprovou o que disse. Pode ter certeza, para o mineiro, o povo Montanhês, Minas é o melhor lugar do mundo.
        Se cometer esses deslizes na prosa com um mineiro, pode ter certeza, não terá perdão e logo todos da rua, da vila, da cidade e da região, saberão do que foi dito sobre a vila, cidade e de Minas. Nesse caso, o melhor a fazer é dar meia volta e voltar para onde vei, o mais rápido possível. Não adianta. Falou mal de Minas, perdeu de vez a consideração e confiança do mineiro, não terá outra chance.
Defesa que virou mineiridade
Fotografia acima de Vinícius Montgomery em Itajubá MG
        Desconfiar de tudo e de todos, passou a ser uma forma de proteção contra os forasteiros mal-intencionados. Essa atitude dos “geralistas das montanhas” ou o Montanhês, como éramos chamados antes do gentílico “mineiro”, se tornou conhecida em toda a colônia.        
        Desde o século XVIII, quem vinha à Minas Gerais era alertado sobre o jeito desconfiado do mineiro. A fama de povo desconfiado do mineiro começou a partir daí. O instinto de proteção dessa época se tornou geral entre os mineiros, se transformando em uma de suas principais características e mineiridades. É uma característica mineira solidificada há mais de 3 séculos e é assim até os dias de hoje.

sexta-feira, 14 de março de 2025

A tradição dos tapetes Arraiolos de Florestal

(Por Arnaldo Silva) Tapete Arraiolo tem origem na vila de Arraiolo, no distrito de Évora em Portugal, entre os séculos XV e XVI. A arte chegou à Portugal pelas mãos dos tapeceiros Mouros, grupo muçulmano com origens no Norte da África, onde viviam. Deixaram a África e se instalaram na Sicilia, Malta, parte da França e em cidades e vilas portuguesas como Lisboa e Arraiolo.
          A presença dos Mouros em Arraiolo deu nome a uma das mais belas e impressionantes artes da Idade Média, valorizada até os dias de hoje. Os tapetes são feitos à mão, usando tela de linho, estopa, juta, fios de lã e tecidos resistentes e grossos, que permita contar os fios facilmente. Usando a técnica chamada de Ponto dos Arraiolos, as peças combinam bordados e tapetes, inspirados nos famosos tapetes persas. (fotos acima: cidade: WDiniz. Tapetes: Aridelson Rezende)
          A arte medieval de confeccionar tradicionalmente tapetes Arraiolos está presente na cidade de Florestal MG.
A cidade
          Florestal conta com cerca de 8 mil habitantes e está a 68 km de Belo Horizonte, com acesso para a BR-262, sentido Triângulo Mineiro. A cidade tem origens no século XIX e seu nome era Guarda-Mor Salles. (fotos acima de WDiniz)
          O nome era em homenagem a seu primeiro morador, Salles, conhecido como Guarda-Mor Salles. Guarda-Mor era título colonial de comando tropas, mas Salles chegou à região como capitão-do-mato. Caçava escravos fugidos de fazendas na região. Guarda-Mor Salles era como preferia ser chamado. Se instalando na região em 1845, à esquerda do Rio Paraopeba, deu origem a formação de um povoado que recebeu seu nome, Guarda-Mor Salles.
          Em 1911, o povoado foi elevado a distrito, subordinado a Pará de Minas, mudando o nome de Guarda-Mor Salles, para Florestal, devido as grandes florestas que existiam na região. Em 1962, Florestal foi elevada à cidade.
          A cidade se destaca pelo seu charme, boa estrutura urbana e boa qualidade de vida, além de contar com belíssimas fazendas coloniais como a Fazenda Cachoeira onde nasceu o ex-governador de Minas, Benedito Valadares (a fazenda nas fotos acima do WDiniz) a , Fazenda Santa Rita, Fazenda Mulatas, Fazenda Ribeirão do Ouro e Fazenda Boa Esperança (nas  fotos abaixo do WDiniz).
          Além de uma imensa área de preservação ecológica, possui um campi da Universidade Federal de Viçosa e mantém viva a tradição de fazer tapetes arraiolos.
A arte de fazer tapetes Arraiolos de Florestal
          A arte chegou à cidade nos anos 1970, através dos imigrantes portugueses Dona Ana e seu filho, Carlos Romeiro. Começaram a fazer os tapetes, até então novidade na cidade e região,  com a arte e requinte, chamando a atenção e o interesse de várias pessoas adquirir e também em aprender o ofício. (fotos acima e abaixo de Aridelson Rezende na JR Tapetes)
          Assim começou a popularizar-se a arte dos tapetes Arraiolos em Florestal, se tornando tradição entre várias famílias que de dedicaram ao ofício na cidade desde os anos 1970. (foto acima do Aridelson Rezende)
JR Tapetes
            Entre os talentos na arte de fazer tapetes em Florestal se destaca Jhoanes Rodrigues da JR Tapetes (na foto acima do Aridelson Rezende), que aprendeu a arte de fazer Arraiolos aos 10 ano, com sua mãe, Dona Palmira. 
          Além da técnica original portuguesa, dotado de grande talento e criatividade, aprimorou a técnica passou a fazer seus próprios desenhos de tapetes, criando um tapete único, com identidade própria. São tapetes finos, sofisticados, cuja beleza e riqueza dos detalhes, impressiona. (foto acima e abaixo do Aridelson Rezende, o tapete e o selo de origem do JR Tapetes, de Florestal MG)
          Os trabalhos da JR Tapetes podem ser conferidos no site: jrtapetes.com.br ou pelo whastsapp: (31) 99812-2159

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