(Por Arnaldo Silva) Dia 11 de abril de 2024 torna-se uma data importante para a cidade de Januária, no Norte de Minas. É que nesse dia, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico Cultural (Consep) o tombamento do Centro Histórico da cidade, localizada às margens do Rio São Francisco, anunciado na sede do IEPHA/MG.
O CONSEP é presidido atualmente pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveiras, tendo como secretária-executiva, Marília Palhares Machado, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). (fotografias acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
Para o reconhecimento da cidade como histórica, foram analisados o significado e importância do seu centro histórico, o porto da cidade, além dos processos históricos de influencia cultura do modo de viver dos ribeirinhos e toda sua população, desde suas origens, bem como a conservação e proteção da arquitetura urbana de seu centro histórico , além do elo de ligação dos ribeirinhos locais com o Rio São Francisco. (na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, a praia do Rio São Francisco)
Januária está a 603 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Chapada Gaúcha, São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Itacarambi, Bonito de Minas, Cônego Marinho e Cocos (BA). Atualmente, Januária conta com 65.150 habitantes, segundo o IBGE. O tombamento é o reconhecimento da história da cidade, bem como suas construções seculares e referências culturais de grande valor histórico, cultural, econômica e social para o Estado de Minas Gerais desde a chegada dos colonizadores portugueses à região a partir de 1553, no século XVI.
Foi nessa época que chegou à região, através do Rio São Francisco, expedições vindas da Bahia, a mando do governador-geral Duarte Costa. O objetivo das expedições era verificar a existência de ouro às margens do Rio São Francisco. (na fotografia acima de Thelmo Lins, rua do Centro Histórico de Januária)
A partir dessa época, vários outros bandeirantes passaram pela região como Fernão Dias, Manoel de Borba Gato, Castelo Branco e Manoel Pires Maciel Parente, que fundou o povoado de Brejo do Amparo, berço da origem de Januária e do próprio Norte de Minas. Entre os séculos XVI e XVII, Januária passa de arraial, a freguesia, vila, distrito e por fim, à cidade emancipada 7 de outubro de 1860, tendo Brejo do Amparo como seu mais importante distrito.
Januária foi um dos grandes centros de abastecimento econômico da região nos séculos XVII, XVIII e XIX, através da navegação comercial e de transporte de cargos pelo Rio São Francisco, além de ser um dos berços da cultura, folclore, tradições e culinária mineira, através dos povos do Cerrado e populações ribeirinhas. (na foto acima do Thelmo Lins, o artesanato local)
Esses povos preservam uma rica e histórica cultura notadamente percebida no modo de viver e na culinária, além de preservarem lendas e folclore de origem, como a lenda do caboclo-d'água, o artesanato, as carrancas e a culinária típica do Cerrado com peixes de água doce e frutos do bioma Cerrado, como o pequi.
Cinquenta e quatro construções presentes no Centro Histórico e Cais de Januária, em estilo colonial e eclética, em sua maioria seculares e históricas, foram classificadas como representativas de uma arquitetura em estilo colonial e eclético, além de outras em estilo arquitetônico regional próprio da região, presentes ao longo do Rio São Francisco.
Entre essas construções, destaque para o antigo cais, a Igreja Matriz, Igreja de Nossa Senhor ado Rosário dos Pretos e a Capela de Santa Cruz, presentes na parte central da cidade.
Entre essas construções, destaque para o antigo cais, a Igreja Matriz, Igreja de Nossa Senhor ado Rosário dos Pretos e a Capela de Santa Cruz, presentes na parte central da cidade.
Além disso, no município encontramos de belíssimas e impactantes paisagens como grutas, concentradas em maior parte no Parque Estadual do Vale do Peruaçu, praias de água doce, cachoeiras, pinturas rupestres em cavernas com milhares de anos e o único pântano que existe no estado como “Pantanal Mineiro”. (fotografia acima e abaixo de @thelmo Lins)
É uma área natural e preservada, com fonte de água pura, que forma um imenso pântano com vegetação típica do Cerrado, além de pequenas porções de Mata Seca. É o Refúgio Estadual da Vidal Silvestre do Rio Pandeiros, afluente do Rio São Francisco. Nesse refúgio vivem várias espécies de peixes e animais silvestres. (nas fotos abaixo da Pingo Sales, o povo de Januária, sua cultura, folclore, artesanato e estilo de vida)
O reconhecimento do Centro Histórico de Januária pelo Consep significa maior proteção ao patrimônio histórico para Minas Gerais, além de contribuir para a preservação da memória, elos culturais do povo ribeirinho, história e modo de viver dos povos que habitam as margens do Rio São Francisco, em especial de Januária MG. Além disso, tombamento é a certeza de maior proteção estrutural ao patrimônio histórico de Januária.