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sábado, 19 de agosto de 2023

Jaguaraçu: a cidade das águas

(Por Arnaldo Silva) Jaguaraçu é uma pacata, charmosa e atraente cidade da Região do Vale do Rio Doce, estando inserida no Colar Metropolitano do Vale do Aço (RMVA), microrregião formada por Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, além de mais 22 municípios, que integram seu colar metropolitano.
          O Vale do Aço é uma microrregião do Vale do Rio Doce, que apresenta altas taxas de urbanização, crescimento e desenvolvimento. A RMVA foi criada por Lei Complementar Estadual em 30/12/1988. (na foto acima de Elvira Nascimento, o portal de entrada de Jaguaraçu)
          Jaguaraçu é uma das 22 cidades que fazem parte do Colar Metropolitano do Vale do Aço. Na pequena cidade vivem 3.092 pessoas, segundo Censo do IBGE de 2022. (fotografia acima e abaixo de Elvira Nascimento)
          Jaguaraçu, nome de origem indígena que significa “onça grande”, faz limites territoriais com Timóteo, Antônio Dias, Marliéria e São Domingos do Prata. Está distante 185 km de Belo Horizonte.
História e origem
          O município tem origem no final do século XIX, em terras doadas por Lizardo José da Fonseca Lana, à Igreja Católica, em honra a São José, em agradecimento a cura de seu filho, Teófilo Marques. Em torno da igreja, surgiu um povoado, formado ainda por escravos libertos, que passaram a viver na região após a promulgação da Lei Áurea em 1888. (na foto acima da Elvira Nascimento, vista parcial de Jaguaraçu)
          Em 1923, devido o crescimento, o povoado é elevado a distrito, com o nome de Jaguarassu, subordinado a São Domingos do Prata, até 12 de dezembro de 1953, quando foi emancipado, mantendo o mesmo nome, mas com alteração na escrita, de Jaguarassu, para Jaguaraçu. Quem nasce em Jaguaraçu é jaguaraçuense.
O que fazer em Jaguaraçu?
          Cidade pequena, pacata, tradicional e uma das mais belas do Estado, é dotada de enorme beleza natural e arquitetônica, além de cultura e tradição, possui uma gastronomia riquíssima. Jaguaraçu produz uma das melhores rapaduras do Estado, além de doces e queijos de alta qualidade.
          A cidade conta ainda várias fazendas com belos casarões coloniais em sua zona rural, como este acima registrado pela Elvira Nascimento
Personagens ilustres
          Jaguaraçu é terra natal do ator José Mayer e também a cidade em que viveu Elke Maravilha, imigrante alemã/russa que chegou ao Brasil ainda criança, vindo a residir com a família em Jaguaraçu.
          Elke Grünupp, nome original de Elke Maravilha, foi uma modelo, jurada, apresentadora e atriz. Era filha de Georg Grünuup e Lieselotte König. Nasceu oficialmente em 22 de fevereiro de 1945, em Leutkirch im Allgäu, na Alemanha. Embora ela mesma tenha sempre afirmado em vida que era russa, nascida em Leningrado, sua nacionalidade de registro era alemã. Elke Maravilha faleceu em 16 de agosto de 2016 no Rio de Janeiro.
          Os pais, com seus 3 filhos, vieram para o Brasil fugindo da pobreza causada pela Segunda Guerra Mundial. Vieram para Minas, vindo a morar inicialmente em um sítio em Itabira e em seguida, em Jaguaraçu, de onde saiu para Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
          Sempre quando indagada, afirmava sua nacionalidade russa, mas deixava bem claro: “Eu só nasci na Rússia, criança, mas eu sou mineira, uai”, uma de suas declarações em entrevista ao Jornal O Estado de Minas.
O portal
          Logo na entrada da cidade, no começo da MG-320, que liga a BR-381 à Jaguaraçu, o portal de entrada desperta atenção. Bem cuidado, chamativo e com jardins. Já é uma mostra de como é essa típica cidade mineira.
Reserva de Mata Atlântica
          Jaguaraçu está situada em uma região montanhosa, que paisagens naturais espetaculares com fauna e flora com enorme diversidade, preservadas em uma reserva de quase 8 mil hectares de Mata Atlântica, com 50 nascentes e 10 cachoeiras. Por esse motivo, conta com grande potencial para o turismo ecológico. (na foto acima da Elvira Nascimento, o portal de entrada de Jaguaraçu)
          Além disso, a reserva, oferece boa estrutura para os amantes da natureza com restaurantes, área de camping, pousadas e trilhas ecológicas. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
Cavalgada
          Na área urbana, a Cavalgada de Jaguaraçu, que acontece sempre em maio de cada ano, é um dos destaques regionais. O evento atrai milhares de turistas à cidade. e conta com shows musicais, concursos de marchas, barracas com comidas típicas, etc.
Festa do Rosário
          Em julho acontece a Festa de Nossa Senhora do Rosário, um dos eventos religiosos mais importantes da cidade.
Fazenda Paiol
          Um passeio imperdível é na Fazenda Paiol, a maior produtora de doces e rapaduras da cidade. A fazenda produz ainda queijos. Como atração está o velho e tradicional engenho, movido a água. Ainda na fazenda, o visitante pode subir até o topo da Serra do Urubu, onde terá o prazer de contemplar a belíssima vista em 360° graus da cidade e região, além da beleza nativa, como uma bela cachoeira e formações rochosas esculpidas pela força das águas ao longo de milhares de anos.
Cachoeira da Jacuba
          Entre várias belezas naturais no município destaque para a Cachoeira da Jacuba. É belíssima, com águas limpas e cristalinas. O acesso é fácil, fica pertinho de Ipatinga, com acesso sinalizado pela MG-320. Além de poder contemplar as belezas da Mata Atlântica pelo caminho, se refrescar nas águas dessa cachoeira, uma das mais procuradas da região.
Igreja de São José
          É o principal ponto de encontro dos moradores da cidade e seu mais belo cartão-postal.
          Belíssima, imponente, a Igreja de São José se confunde com a origem da cidade, por isso, além de sua importância religiosa, é de alto valor histórico para Jaguaraçu. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Desde sua origem, a vida de seus moradores, bem como a cidade, estão em torno da Matriz. Festas, encontros, batizados, namoros na praça, casamentos, missas, eventos. É o cartão de visitas e principal elo de ligação social entre seus moradores.
          Seu estilo arquitetônico e cores fortes e vibrantes da fachada, são únicos em Minas. Seu interior impressiona pela imponência da sua nave e altares, bem como a paz que transmite.
Conheça Jaguaraçu
          A cidade conta com boa estrutura urbana, bons hotéis, pousadas e restaurantes, um bom setor de prestação de serviços, um comércio variado, culinária riquíssima, doces e rapaduras que conquistarão seu paladar, além de ser uma cidade muito pacata e tranquila. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, vista noturna da cidade)
          Seu povo é hospitaleiro, simples, acolhedor e bastante simpático.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Itueta: a cidade trilingüe de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Itueta conta com cerca de 6.500 habitantes. Está a 403 km de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce e faz limite em Minas com Resplendor, Santa Rita do Itueto, Aimorés e Baixo Gandu no Espírito Santo. Seu nome é a junção de duas palavras do tupi. "Itu" significa "muitas e "eta" "cachoeiras. O Rio Doce passa no município, que é ainda banhado pelos rios Manhuaçu e Resplendor, além de córregos, como o Quatis. Ao longos dos trechos desses rios, inúmeras cascatas e cachoeiras são formadas, por isso o nome da cidade. Quem nasce em Itueta é ituetense. (na foto abaixo, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta, temos os 3 povos presentes na cidade: Pomeranos, Italianos e brasileiros de origem portuguesa)
Origem de Itueta
          O povoamento do que é hoje o município de Itueta começou a ser formado a partir de 1914, com chegada de imigrantes alemães e em maior número, imigrantes da Pomerânia, os pomeranos. Esses povos se fixaram ao norte, na margem esquerda do Rio Doce, onde formaram várias comunidades.
          Na década de 1930, começou a chegar em terras ituetenses, um grande número de imigrantes italianos, fixando na margem direita do Rio Doce, ao sul de Itueta. Da mesma forma, formaram várias comunidades.
          Região de terras férteis, com muita água e madeira, além de não ser habitada, a imigração contou com apoio dos Governos de Minas Gerais e Espírito Santo, visando atrair os imigrantes, bem como os que já viviam em terras capixabas, para povoarem a região.
          O crescimento e desenvolvimento de Itueta ganhou grande impulso com o surgimento de várias serrarias e ampliação dos ramais da Ferrovia Vitória Minas, na década de 1920. A ferrovia teve seu primeiro trecho inaugurado em 1904, ampliando-se ao longos das primeiras décadas do século passado até Vitória, no Espírito Santo.
          Com os imigrantes italianos, alemães e pomeranos, se instalaram na região, bem como outras famílias de várias regiões mineiras e do Brasil para trabalharem na ferrovia e em outras atividades. Esses povos deram origem ao distrito de Itueta, reconhecido em 1938, subordinado a Resplendor. Em 27 de dezembro de 1947, o distrito é elevado à cidade emancipada. Nascia assim o município de Itueta, na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura da cidade. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, vista parcial da cidade)
Os imigrantes
          A presença dos imigrantes com formação de colônias e comunidades rurais, foi o marco inicial do povoamento e colonização de Itueta. Os italianos, alemães e principalmente pomeranos, por serem a comunidade maior, preservaram ao longo dos anos, suas origens históricas, arquitetônicas, familiares, gastronômicas, folclóricas e culturais, valorizando com isso as danças, a música e a língua original de seus antepassados. (nas imagens acima fornecidas pela Secretaria de Cultura, produção caseira de fumo de rolo, na propriedade do Sr. Agenor Nicoli, em sua propriedade na comunidade italiana de Santa Luzia)
          Na cidade, o português, o pomerano e o italiano são os idiomas falados. Itueta é uma das poucas cidades no Brasil com características trilíngue, onde seu povo fala três línguas diferentes.
          Várias cidades mineiras têm alemães, italianos, pomeranos e vários outros povos, mas como comunidade organizada, que busca preservar seus idiomas de origem e ainda formada em grande número vivendo em comunidades organizadas e ativas culturalmente, como é o caso das comunidades pomeranas e italianas em Itueta, não tem outra em Minas Gerais.
Formação de comunidades em Itueta
          Em Itueta, os imigrantes e descentes deram origem a duas grandes comunidades, divididas pelo Rio Doce. Pomeranos e alemães concentraram-se ao norte do município e italianos, ao sul de Itueta. A história do município, está diretamente ligada a imigração italiana e principalmente, pomerana, que vieram em maior número e são a maior comunidade de imigrantes pomeranos de Minas Gerais.
          No mapa acima fornecido pela Secretaria de Cultura de Itueta, temos ao norte, as primeiras comunidades povoadas por pomeranos e alemães, com a comunidade da Vila Neitzel sendo a sede do distrito, por ser a maior comunidade entre as demais comunidades pomeranas do norte de Itueta e a mais desenvolvida. Ao sul, temos o distrito de Quatituba, formado pelas comunidades de imigrantes italianos, tendo como ponto de referência Vila de Santa Luzia, a maior e mais desenvolvida comunidade italiana do distrito.
          Em Itueta se dedicaram às atividades agrícolas, desenvolvendo a economia local, bem como impulsionando o crescimento da cidade.
          Tanto pomeranos quanto italianos, chegaram com poucos pertences, após atravessarem o Rio Doce, andando cerca de 40 a 50 km a pé, pela mata fechada, até seus destinos.
          Começaram do nada, construindo barracos simples e formando lavouras, em trabalho duro. Enfrentando ainda as dificuldades iniciais como a resistências dos indígenas Botocudos, nativos da região, o risco de ataques de animais selvagens como lobos, onças e cobras, além das doenças comuns na época como chagas, sarampo, tifo, malária, febre amarela e pragas comuns em matas como pulgas, carrapatos, bicho-do-pé, etc. 
          Com muito sacrifício, dedicação e trabalho, em pouco tempo superaram as dificuldades iniciais,  desenvolveram suas comunidades, construíram casas melhores em pau-a-pique e esteios de braúnas, igrejas. Com o tempo, substituíram as carroças e carros de bois por ônibus e caminhões, facilitando o escoamento da produção e transporte dos moradores das comunidades.
Os Italianos de Itueta – A Vila de Santa Luzia
          Os italianos chegaram à região de Itueta entre 1920 e 1940, fugindo da fome, pobreza e miséria, que assolava a Europa e ainda na eminência da Segunda Guerra Mundial.
          Os imigrantes se estabeleceram inicialmente nos arredores de Alfredo Chaves e Vargem Alta, no Espírito Santo e pouco depois, uma parte desses imigrantes deixou essa região rumo a Itueta. Chegaram a uma terra inabitada, sem povoamento, de Mata Atlântica fechada. (Pelas imagens acima, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta, dá para percebermos a evolução da comunidade italiana de Santa Luzia)
          Começaram do zero, construindo suas casas no estilo arquitetônico italiano, bem como igrejas. No braço e com muita disposição, abriram a mata densa na foice, enxada e no arado, para iniciar a produção agrícola. (fotos acima fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta)
A Nova Itália
          Foram chegando, formando comunidades nas margens de lagoas e cabeceiras do Rio Quati. Inicialmente a comunidade italiana estabelecida ao Sul de Itueta, passou a chamar a região de Nova Itália, sendo a maior e mais estruturada comunidade, a de Santa Luzia. De Nova Itália, o nome foi alterado posteriormente para Quatituba, permanecendo as outras comunidades com seus nomes originais. Todas as comunidades italianas ao sul de Itueta fazem parte do distrito de Quatituba.
A comunidade de Santa Luzia
          Santa Luzia é uma pequena vila que conta com escola, uma igreja com arquitetura tradicional das comunidades rurais mineiras. A igreja é dedicada a Santa Luzia. Foi construída na década de 1940 e em seu entorno há uma singela pracinha, um pequeno comércio, ruas calçadas e poucas casas, além de um cemitério, inaugurado em 26 de maio de 1926. (foto acima de autoria de Luciene Fazolo)
          A comunidade se reúne na vila durante as festividades religiosas como o dia da padroeira da vila, Santa Luzia, no Corpus Christ, Semana Santa e também, nos cultos semanais realizados pela comunidade local e na missa mensal, celebrado por um padre da Paróquia de São João Batista de Itueta, a qual a igreja é subordinada.
          Isso porque a maioria da comunidade viva na zona rural, em pequenas propriedades, trabalhando na agricultura com cultivo de lavouras variados e produção caseira de queijos, cachaças, quitandas, doces, geleias, além da produção de fumo de rolo.
          A pequena vila conta com uma venda típica do interior mineiro. Aquelas vendas que é uma mercearia, armazém, lojinha de miudezas, brinquedos, utensílios domésticos e boteco ao mesmo tempo. Aqueles pitorescos lugares, que tem de tudo e mais um pouco, além de ser um ponto de encontro de amigos da vila para uma longa prosa encostado no balcão acompanhado por um bom tira gosto e cachaça. (fotografias acima da Luciene Fazolo)
          Em Santa Angélica, outra comunidade rural do distrito de Quatituba, temos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, uma escola e algumas casas. No restante do distrito, a maioria dos italianos e descendentes vivem em seus sítios, fazendas e chácaras.
Preservação das origens italianas
          No distrito de Quatituba, nos povoados e Vila de Santa Luzia os sobrenomes de famílias já é uma clara evidência da presença italiana. São sobrenomes, como Baldon, Fazolo, Benicá, Bonisegna, Pazini, Pancini, Costalonga, Rigo, Zanon, Dalfior, Nico, de Paula, Bonella, Hespanhol, BStefanon, Zorzal, Nicoli, Cremasco, Venturim, Raggio, dentre outros tantos.
          Além disso, principalmente os italianos e seus descendentes mais antigos, preservam a língua italiana, falando em português e italiano. Isso incentiva os mais jovens e crianças e se interessarem pela língua e cultura do país de origens de seus pais e avós, a Itália.
          Não só isso, pelas danças tradicionais como por exemplo a Tarantela e Siciliana. As tradicionais canções folclóricas e populares italianas, bem como diversos cantores e bandas estão presentes no dia a dia dos moradores das comunidades italianas de Quatituba.
          Além disso, vale destacar o valor que a comunidade italiana de Santa Luzia dá à culinária original da Itália, considerada umas das mais ricas e tradicionais cozinhas do mundo.
A Itália
          Formalmente a Itália, como conhecemos hoje, foi criada em 17 de março de 1861. Antes, a região era uma península formada por estados e ilhas independentes. Esses estados e ilhas foram unidos e formaram uma só nação a partir dessa data, no governo do rei da Sardenha Vítor Emanuel II, da Casa de Saboia. Roma se tornou a capital da Itália. A cidade foi fundada em 793 a.C.
          A base da cultura, culinária, arquitetura e tradições italianas, principalmente de sua cozinha, que ao longo dos quase 3 milênios, recebeu influências da cozinha etrusca, da antiga Grécia, da antiga Roma, Bizantina, Hebraica e Árabe. Por isso ser uma cozinha rica em pratos variados e apreciados no mundo todo.
A boa mesa italiana e mineira juntas
          Em Santa Luzia e demais comunidades italianas de Quatituba, os tradicionais pratos da cozinha italiana como a Pizza, o Ravioli, o Spaghetti, a Lasagna, Risotto, Arancino e o Tiramisu são tradicionais. Além disso, tem os tradicionais pães italianos como o Ciabatta, focaccia, fugliese, foscano e o eataly, pão rústicos de fermentação natural. 
          Sem contar o croissant/brioche, o cappuccino, os famosos doces italianos como o cannoli, o zeppole, o pandoro, o pandolce, o struffoli. Sem contar os italianos queijos famosos como a mozzarella, a ricota, o provolone, o Parmesão, o mascarpone e o burrata.
          São pratos sempre presentes nas mesas da comunidade. Em sua maioria, os pratos italianos são a base de massa de trigo, com muito azeite de oliva, vinhos e queijos diversos, já que o país tem tradição milenar na produção de vinhos e queijos, grãos, cereais, legumes, temperos e especiarias.
            Não apenas os pratos italianos, isso porque todo italiano aprecia uma boa mesa e na Vila de Santa Luzia, junto com os pratos típicos da Itália, estão também os pratos típicos de Minas Gerais, como as quitandas, biscoitos, pratos feitos a base de carnes, nossos doces e queijos e cachaça também.
          Comida típica em Santa Luzia é uma tradição valiosa. Nos encontros de famílias, são preparados verdadeiros banquetes no quintal das casas. São pratos italianos e mineiros, acompanhados de bebidas mineiras e italianas. (as fotos de culinária acima foram fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta e foram feitas na casa do Sr. Agenor Nicoli)
Os Pomeranos de Itueta – A Vila Neitzel
          Incentivados pelos governos de Minas Gerais e Espírito Santo, diante da necessidade de povoamento do Vale do Rio Doce e a partir de 1914 começaram a chegar à região de Itueta um grande número de descendentes de alemães e pomeranos. Atravessaram o Rio Doce de balsas e canoas, a partir de Baixo Guandu, no Espírito Santo, entrando em terras mineiras e seguindo a pé carregando seus filhos e seus poucos pertences nas costas, por 40 km, abrindo picadas das matas até chegarem ao norte de Itueta, onde fixaram-se em várias comunidades, sempre à beira de córregos e lagoas.
          Eram agricultores, buscavam em Minas Gerais terras férteis, melhores condições de vida e trabalho. A preferência por locais próximos a água era primordial, pois necessitavam de água para fazer a terra produzir.
          Formaram comunidades, suportaram as dificuldades iniciais como desbravar a terra, enfrentar a resistências dos indígenas Botocudos, doenças, etc., mas resistiram. Criaram suas famílias, outras foram surgindo e se formando. Construíram casas, igrejas, escolas, investiram em diversificação da agricultura e em maquinários de ponta para época, enfim a vida seguia enquanto prosperavam. (a imagem acima, cedida pela Secretaria de Cultura de Itueta, mostra momento da inauguração de uma Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil na comunidade pomerana local)
          Hoje são mais de 2 mil descendentes de pomeranos que vivem ao norte de Itueta. A maior comunidade, que surgiu em terras do fazendeiro, também de origem pomerana, Henrique Neitzel, dá nome à comunidade em geral. É dotada de boa estrutura como cemitério, posto de saúde, igrejas, escola, farmácia, mercado, etc. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, a Vila Neitzel)
          Ao andar pela comunidade pomerana, percebe-se claramente a origem germânica de seus moradores, seja na arquitetura, no grande número de igrejas luteranas, nos tons de cabelos, pele e olhos bem claros, na música, na dança, na língua e nos sobrenomes alemães e pomeranos como por exemplos: Shulz, Strutz, Ramlow, Witt, Hermann, Dettmann, Kurth, Roos, Kanke, Ramlow, Laurret, Borchardt, Fleguer, Keplin, Radünz dentre outras dezenas de sobrenomes. (fotos acima fornecidas pela Jeane Shulz)
          O povo pomerano, por tradição, preserva sua história, sua cultura, suas tradições, sua música, suas danças e sua religiosidade. Desde a época da Reforma Protestante na Alemanha, liderada por Martinho Lutero, no século XVI, os pomeranos seguem a religião Luterana. (nas fotos acima fornecidas pela Jeane Shulz, inauguração de uma das Igrejas Evangélica de Confissão Luterana na cidade de Itueta MG)
          Os pomeranos vieram da Pomerânia, um povo de origem milenar que vivia em um território situado entre a Alemanha e Polônia. Era uma região independente, com cultura, tradições, história e língua diferentes do alemão-padrão. Quem nasceu na Pomerânia, não é alemão, é pomerano. São territórios, história, tradição, língua e origens diferentes.
          Com as constantes guerras na Europa, desemprego, fome, pobreza, além da ambição de outros povos por seu território, devido a região ter saída pelo Mar Báltico, os pomeranos foram vítimas de perseguições ao longo dos séculos. Por esses motivos começaram a deixar sua região no século XIX, imigrando-se para os Estados Unidos e Brasil, a partir de 1859. O então território da Pomerânia foi anexado à Alemanha e Polônia em 1945.
          O território foi extinto, mas o povo não. Em todas os países, estados e cidades em que estejam, os pomeranos são unidos, vivem em comunidades e buscam preservar sua memória e sua história, através da sua língua, cultura, tradições, gastronomia e religiosidade.
          Na Vila Neitzel, os descendentes preservam suas raízes ancestrais. Valorizam a culinária pomerana e tem no Brote, um pão típico pomerano e alemão, como sua maior identidade gastronômica. Além disso, falam e estudam o pomerano. Nas escolas que existem nas comunidades, a língua pomerana faz parte do currículo escolar.
          Além disso, preservam os rituais pomeranos do casamento, fúnebres, religiosos e familiares.
          Todos os anos, acontece a Festa do Brote e Festa Pomerana, sempre no mês de agosto. O destaque gastronômico da festa é o Brote, um pão feito com massa de farinha de milho, mandioca, batata-doce e cara, além do grupo de Dança Pomerisch Dansgrup For Minas.
          O grupo foi criado em 2010 com o objetivo de resgatar as vestimentas, a música e seus instrumentos musicais, como a concertina e as danças pomeranas tradicionais, respectivamente. Nas festividades religiosas, de casamentos ou familiares, se apresentam com vestimentas tradicionais pomeranas e principalmente na Festa Pomerana da Vila Neitzel, onde o grupo é principal atração da festa. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, Pomerisch Dansgrup For Minas em apresentações)
A velha Itueta debaixo d´água
          Na primeira década de 2000, a parte urbana da sede de Itueta foi reconstruída em outro local mais elevado, urbanizado e planejado, com toda a população da sede passando a viver na nova Itueta, entre 2004 e 2005.
          A nova Itueta contava com ruas planejadas, igrejas e casario novos, prédios públicos modernos, centro cultural, estação de tratamento de esgoto e de lixo, museu, rodoviária e acesso pavimentado para as cidades vizinhas e BR-259. Em termos de tradição, artesanato, cultura e manifestações populares e religiosas, continuam presentes da mesma forma que antes. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura, o início da construção da Nova Itueta, antes da inundação da velha Itueta)
          A Itueta antiga foi inundada por um mundaréu de água e está toda debaixo d´água, para a formação do lago da Usina de Aimorés. As águas da represa não atingiu os povoados, permanecendo italianos e pomeranos, que continuaram preservados.
          As lembranças de como era a cidade antes de ser submersa, ficaram na mente dos moradores antigos, em fotos e pinturas em telas, como esta acima do artista plástico Alfredo Vieira, de Lagoa Santa MG, que mostra como era Itueta antes de ser submersa pelas águas da represa.
O que fazer em Itueta?
          Além de conhecer a Festa Pomerana, a cultura, gastronomia, história, língua e tradições pomeranas, alemãs e italianas presentes na Vila Neitzel e na Vila de Santa Luzia, o visitante tem como atrativos o lago da Usina Hidrelétrica de Aimorés, no caminho do Rio Doce, que é outro atrativo para a prática de esportes aquáticos, náuticos e da pesca, além da beleza da paisagem de Mata Atlântica. (imagens acima e abaixo fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Não apenas isso, na zona rural, fazendas de grande valor histórico, belas cachoeiras e cascatas como no rio Quati e nos córregos do Quatizinho e na Pedra do Santo Cristo.
          A origem de Itueta é na imigração europeia mas a cidade não foi formada apenas por descendentes de imigrantes, povos que vieram de Minas Gerais e do Brasil para trabalhar nas serrarias e Ferrovia Vitória Minas, no início do século passado se fazem presentes com sua história, cultura e religiosidade.
          Igrejas Luteranas fazem parte da vida religiosa de Itueta, bem como a Igreja Católica, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, igrejas evangélicas como a Assembleia de Deus, Batista e Presbiteriana, dentre outras denominações religiosas e suas festas religiosas, que são atrativos do município. (na imagem acima fornecida pela Jeane Shulz, Igreja Adventista do 7° Dia em comunidade rural da Vila Neitzel e abaixo, inauguração de Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Itueta MG)
          Entre as festas religiosas, destacamos os festejos da Semana Santa, o Corpus Christi, o dia do padroeiro da cidade, São João, celebrado em 24 de junho, o dia do Evangélico, em 31 de outubro. Tem ainda o dia do aniversário da cidade, comemorado em 27 de dezembro.
          Além disso, a cidade de Itueta, por ter sido reconstruída de forma planejada, com ruas bem traçadas é uma cidade charmosa, acolhedora e atraente. (na imagem acima do Elpídio Justino de Andrade, a represa da Usina Hidrelétrica de Aimorés MG)
          Conta com ótima estrutura urbana, com hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica, comércio variado, pequenas indústrias familiares, setor de prestação de serviços de boa qualidade, além da agricultura familiar e os produtos da terra como queijos, doces, quitandas, frutas, verduras e legumes. A agricultura familiar, a pecuária de corte e leiteira são as principais atividades econômicas do município.
          Seu povo é muito gentil, hospitaleiro e recebe bem os visitantes, seja na sede e principalmente nas vilas e povoados de origem italiana e pomerana, como Santa Luzia e a Vila Neitzel.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

A Festa Pomerana de Itueta e o grupo de dança pomerana

(Por Arnaldo Silva) Itueta fica a 403 km de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce. Dentre seus 6.500 moradores, 2 mil são descendentes de imigrantes alemães e pomeranos. É a maior comunidade pomerana de Minas Gerais.
          A Pomerânia era uma região autônoma na Europa Oriental, ocupada por pomeranos há vários séculos antes de sua extinção. Ficava na Prússia, sendo uma parte da Pomerânia no território da Alemanha e outra em território da Polônia, margeados pelos rios Vistula e Odra e o rio Recknitz. Após a Segunda Guerra Mundial, o território pomerano foi incorporado à Alemanha e Polônia. (Fotografia acima de William Wesphal/Portal Baixo Guandu))
         Os pomeranos têm origem na Europa Indo-europeus. É um povo com língua própria, cultura, vestimentas, música, dança, história, tradições e origens diferentes dos alemães e poloneses. Ou seja, os pomeranos não são alemães, são pomeranos. (fotografia acima de @paulo_broseguini)
          Fugindo da guerra, da fome, do preconceito e da intolerância religiosa, os pomeranos começaram a deixar sua região a partir de 1859, imigrando para os Estados Unidos e principalmente, Brasil, se instalando nos estados do Sul do país e no Espírito Santo, estado com enorme concentração de pomeranos.
          Em busca de terras férteis e melhores condições de vida e trabalho uma parte dos pomeranos deixaram o Espírito Santo no início do século XX, atravessaram o Rio Doce e colonizaram o Norte de Itueta. Durante a Primeira Guerra e depois, chegaram novos imigrantes pomeranos e alemães à Itueta.
Em Itueta formaram várias pequenas comunidades rurais, instaladas nas proximidades de córregos e lagoas. Isso porque os pomeranos têm grande vocação para o trabalho com a terra. Água é essencial para fazer a terra produzir e terem alimentos, por isso a opção de formarem comunidades nas proximidades de córregos. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Hoje, os povoados e vilas pomeranas de Itueta formam um distrito, tendo como sede a maior comunidade local, dotada de escola, farmácia, posto de saúde e comércio, a Vila Neitzel, comunidade formada na fazenda de Henrique Neitzel, pomerano que se instalou na região a partir de 1920.
           Oficializado por Lei em 1979, o distrito adotou o nome de sua maior comunidade, Vila Neitzel. Com a Vila Neitzel e seus subdistritos, formam uma comunidade de pouco mais de 2 mil descendentes de pomeranos e alemães.
Os pomeranos de Itueta
          A comunidade luta para preservar sua cultura, história, tradições, culinária, a música pomerana, seus rituais religiosos presentes em funerais, casamentos, batismo e confirmação da fé Luterana, as danças e principalmente a língua.
          Na Vila Neitzel, fala-se o português e o pomerano. Inclusive, a língua pomerana passou a ser integrada ao currículo escolar. É um povo que valoriza sua história e suas origens. Uma das culturas pomeranas preservadas na Vila Neitzel é a Festa do Brote, um pão típico da Alemanha e Pomerânia, feito originalmente com trigo.
          Como na época da colonização pomerana na região não havia trigo, a iguaria sofreu adaptações à mineira. O trigo foi substituído por fubá de moinho ou fubá de milho de canjica. É assado no forno a lenha, moldado na folha de bananeira, como os mineiros fazem para assar algumas quitandas, já que não havia forma para pão na época.
Não só isso, na massa vai ainda mandioca, cará, batata e para adoçar mais, colocam banana também.
          Assim nascia um pão tradicional da Pomerânia e Alemanha. O nome é Broud, mas foi “amineirado” e passou a se chamar Brote e também “myberbroud”, ou seja, Pão de Milho.
          Esse pão foi criado para saciar a fome e é consumido pelos pomeranos em uma mesa farta, com muitas outras iguarias, principalmente na primeira refeição do dia, o café da manhã. (nas fotos acima cedidas pela Secretaria de Cultura de Itueta MG, o brote na folha de bananeira e já assado)
          Na mesa das famílias pomeranas tem o brote, banha de porco, isso mesmo, banha de porco, manteiga, linguiça defumada crua, geleia, carne de boi, marreco ou de pato, bolos, coalhada, batata-doce e dependendo da ocasião, com vinho, cerveja e cachaça também. É um alimento bem forte e feito para saciar a fome.
          Por tradição de décadas, esse pão faz parte das festividades locais, como eventos sociais, familiares, casamentos, aniversários e batizados. Esse pão é associado ao fortalecimento dos laços familiares, além de preservar a cultura pomerana.
          Esses eventos familiares em torno do brote era chamado pela comunidade pomerana da Vila Neitzel de Festa do Brote.
          Nos encontros de famílias e festejos pomeranos, os mais antigos sempre falam em pomerano, despertando com isso o interesse das crianças e jovens pela língua nativa de seu povo.
          Mesmo assim, percebiam que faltava uma festa maior, que envolvesse toda a comunidade no resgate e divulgação das tradições pomeranas. Assim foi surgindo a ideia da Festa Pomerana, aglutinando não apenas a Festa do Brote, mas a culinária pomerana em geral, a música, a dança, a cultura e língua. Nascia assim o embrião da Festa Pomerana de Itueta. (na imagem acima forneceida pela Secretaria de Cultura de Itueta, preparativos de evento junino na Vila Neitzel)
Pomerisch Dansgrup Fon Minas
O grupo de Dança Folclórica de Minas Gerais
          Um das identidades pomeranas é manifestada através da dança e preservação da vestimenta tradicional dos camponeses pomeranos. É uma tradição passada ao longo dos séculos, de geração para geração.
          Com o objetivo de fortalecer a língua e resgatar a cultura pomerana local, através da música, dança, vestimentas tradicionais e instrumentos musicais, em 2010, foi criado na Vila Neitzel, o grupo de Danças Folclóricas Pomerisch Dansgrup Fon Minas, traduzindo, Grupo de Dança Pomeranos de Minas. Inicialmente tiveram apoio de comunidades pomeranas do Espírito Santo para conhecerem e aprenderem as danças, a música e os trajes, através de professores voluntários e conhecedores da cultura pomerana. (fotografia acima e abaixo de @paulo_broseguini)
          Atualmente o Pomerisch Dansgrup Fon Minas é formado por 15 casais de jovens entre 15 a 30 anos, descendentes de imigrantes pomeranos. O ensaio do grupo acontece todos os fins de semana, na quadra da escola da Vila Neitzel.
          Esse envolvimento da comunidade fortalece o laço histórico do povo pomerano, na luta pela preservação de sua história, língua e cultura, bem como une e fortalece a comunidade pomerana da Vila Neitzel.
          Nesse sentido, a organização das atrações culturais da festa ficam a cargo do Wallex Schemelpfenig, que é o diretor do grupo de dança, além de coreógrafo e um dos principais produtores e colaboradores da Festa. Inicialmente, os recursos para bancarem a festa e vestimentas vinham de patrocínios, hoje o grupo conta também com apoio do poder público. (foto acima de William Wesphal/Portal Baixo Guandu)
A Festa Pomerana
          O Pomerisch Dansgrup Fon Minas é a principal atração da tradicional Festa Pomerana da Vila Neitzel, que geralmente ocorre em agosto. Além do grupo da Vila, durante a Festa Pomerana, grupos de dança pomeranos de outras cidades brasileiras, principalmente do Espírito Santo, se apresentam.
          Durante os dias da Festa Pomerana além da dança folclórica pomerana, acontece shows com bandas locais de música alemã, pomerana e brasileira, como o forró. Na abertura tem desfile na principal rua da Vila Neitzel, com carroções, mostra de produtos da terra, carros decorados nas cores da Pomerânia apresentando a rainha e princesas da festa e grupos em trajes típicos, etc. (fotografias acima do @paulo_broseguini)
          O local da festa é na quadra da escola da Vila Neitzel que é decorada com brasões das famílias locais, objetos e fotos antigas da comunidade, instrumentos antigos camponeses, flores e bandeirinhas nas cores azul e branca, cores tradicionais da bandeira da antiga Pomerânia. As bandeirolas são suspensas, formando um imenso arco com os grupos se apresentando no centro. (na fotografia acima de @paulo_broseguini, as princesas e rainha da Festa Pomerana de 2023)
Festa única em Minas
          A Festa do Brote – A Festa Pomerana da Vila Neitzel, é a única do gênero em Minas Gerais e um dos bens imateriais de Itueta MG. É a melhor época para o povo mineiro conhecer um estilo de vida diferente, uma cultura milenar, uma língua preservada e uma culinária das mais variadas e saborosas de todo o mundo. (fotografia acima e abaixo de William Wesphal/Portal Baixo Guandu)
          Só para se ter ideia da riqueza da culinária alemã e pomerana em geral, são mais de 300 receitas somente de pães diferentes, sem contar outros pratos tradicionais com carnes, batatas, legumes, frutas, doces, queijos, bebidas, etc.
          A Festa Pomerana de Itueta é anual, tradicionalmente na primeira semana de agosto. 
          É uma oportunidade única para o visitante conhecer um pouco mais do interior de Minas Gerais e entender o significado da tradicional frase de Guimarães Rosa: “Minas são muitas”. Minas é o mundo dentro da gente!
          Além disso o Pomerisch Dansgrup Fon Minas de Itueta apresenta-se em outras cidades. Em suas apresentações, se vestem a caráter, dançando as músicas típicas do folclore pomerano. O repertório do grupo é formado por cerca de 90 danças pomeranas. (fotografia acima de @paulo_broseguini)
O contato com o grupo para agendamento de apresentações é através do Instagram @pomerisch_dansgrup

segunda-feira, 29 de julho de 2019

A história da Ponte Queimada

(Por Arnaldo Silva) Cruzando o Rio Doce, em 200 metros de extensão, entre os municípios de Pingo D´Água e Marliéria, a Ponte Queimada é uma das mais atrativas entradas para o Parque Estadual do Rio Doce, a maior reserva natural de Mata Atlântica de Minas Gerais. A própria ponte, bem, como a estrada, são atrativos turísticos da região, fazendo parte do conjunto paisagístico da área de conservação do Parque do Rio Doce. Sua importância é tão grande que projeto para tombamento da ponte foi apresentado pelo IPHAM em 2018.
          Não é certeza da data da construção da Estrada da Ponte, como é chamada e nem porque foi construída. Acredita-se que tenha sido construída em meados do século 18. Uma das hipóteses para sua construção foi a suspeita de ouro na região do Rio Doce. Como não foi encontrado o metal em grande abundância, passou a ser usada como caminho de viajantes para Ouro Preto e transporte de presos condenados para o presidio de Cuité, em Conselheiro Pena.
          Por esse motivo, a estrada passou a ser conhecida como Estrada do Degredo. Por volta de 1794, a ponte que foi queimada, já que todo seu corpo era de madeira. O motivo do incêndio não foi esclarecido até hoje. Pode ter sido praticado por presos, que se rebelaram e para facilitar a fuga, incendiaram a ponte. Ou pelos próprios policiais que faziam a escolta de presos, temendo emboscadas e ataques surpresas dos comparsas dos condenados. Outra versão diz que a ponte foi incendiada por indígenas para se defenderem dos forasteiros que chegavam à região em busca de ouro. 
          Tempos depois de ser incendiada, por sua importância para a região, foi recuperada e aproveitada como ligação entre Santana do Alfié e Quartel do Sacramento. Com o surgimento de usinas metalúrgicas na região no início do século 20, a necessidade de escoar mais rapidamente a produção se fez necessário. Em 1930 a ponte foi totalmente reconstruída e sua estrutura reforçada. Preservaram os vigamentos de ferro e o corpo de madeira. Concreto dão sustentação às bases e pilares tornando a ponte mais segura. Com o passar do tempo e desenvolvimento industrial da região, bem como surgimento de estradas e linhas férreas e pela estrada englobar uma grande área de reserva ambiental, a estrada da ponte foi ficando perdida no tempo, servindo apenas como ponto de monitoramento ambiental para o Parque do Rio Doce, por estar próximo a uma das entradas do Parque. A estrada da Ponte Queimada foi usada por muito tempo de ligação entre Pingo D´Água e Córrego Novo a Marliéria e Timóteo. Hoje se usa a LMG-759, desde 2012 asfaltada, desafogando o tráfego na antiga estrada da Ponte Queimada, bem como reduzindo o fluxo de pessoas nas imediações da unidade de conservação.
           A estrada da Ponte Queimada faz parte do passado de Minas Gerais. Pela estrada da ponte, um pouco de nossa história pode ser contada. O que se sabe, é que é um das mais antigas travessias sobre o Rio Doce na região, de grande valor histórico para a região. (Por Arnaldo Silva, com fotografias de Elvira Nascimento)

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