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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Charretes elétricas substituem charretes puxadas a cavalos em Minas

(Por Arnaldo Silva) As charretes puxadas a cavalos, tradicionais nas cidades históricas e estâncias hidrominerais mineiras, vem aos poucos sendo substituídas por charretes elétricas.
Primeira foto de Robson Gondin e segunda, Divulgação em Tiradentes MG
        Cidades como Poços de Caldas, Lambari, Caxambu, São Lourenço e mais recentemente, Tiradentes (nas fotos ilustrativas), vem se empenhando em substituir os veículos de tração animal por charretes elétricas.
        A iniciativa mineira segue uma tendência mundial, iniciada em Bruxelas, na Bélgica, que aboliu de vez os passeios feitos em carruagens para entretenimentos de turistas. A tendência se espalhou por cidades europeias, chegando ao Brasil. Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi a primeira cidade brasileira a substituir as carruagens e charretes por carruagens elétricas, uma alternativa ecologicamente correta, já que esses veículos usam energia limpa.
        Além disso oferecem mais conforto e segurança aos turistas, reduz risco de acidentes relacionados com animais, preserva o patrimônio histórico, facilita a inclusão social, a sustentabilidade e ainda preservam o charme as características das charretes puxadas por animais, além de harmonizarem com a arquitetura local.
Por que abolir as charretes puxadas a cavalos?
        A decisão visa atender apelos de entidades de defesa dos direitos dos animais, de turistas e moradores locais, que viam na prática tradicional, um caminho ao contrário da sociedade atual, hoje voltada para proteger o bem-estar e saúde dos animais. Diante de novas opções de passeios e entretenimentos de turistas como as charretes elétricas, o uso de cavalos puxando charretes, apenas para divertimentos e passeios de turistas, foi vista como desnecessária e inaceitável para este século.
        Isso porque, segundo os ativistas da causa animal, o fim dos veículos de tração animal para fins turísticos, submetia os animais a condições climáticas adversas como chuva, sol e frio, além de longas jornadas de trabalho, falta de descanso e alimentação adequadas e ainda puxavam peso por ruas calçadas com pedras e paralelepípedos. O mau cheiro exalados devido o suor dos animais, as fezes deixadas pelas ruas, a urina e emissão de gases, são outros fatores apontados pelos ativistas que protestavam contra a manutenção dessa atividade.
        Esse conjunto de situações gerava um impacto negativo para as cidades que mantinham essa prática em nome da tradição, afirmam os que se opunham ao uso de charretes puxadas por animais.
Busca por soluções
        Com toda essa situação, representantes do Ministério Público, Prefeituras, Câmara de Vereadores e entidades representativas dos charreteiros, se reuniam em busca de um acordo em comum que visasse a preservação da atividade, bem como o bem-estar dos animais, mas também dos charreteiros, que tem nessa atividade, sua fonte de renda e sustento.
        Alternativas compensatórias, destino dos animais, capacitação dos que optaram por permanecer na atividade e facilidades na aquisição das charretes elétricas para os que optassem em continuar na atividade foram os temas abordados. O objetivo era chegar a uma acordo que atendesse a tendência mundial para o fim dessa atividade e garantir emprego dos charreteiros bem como a atividade turística.
        Assim surgindo acordos para substituição gradativa das charretes puxadas a cavalo para charretes elétricas.
Diferença entre charrete e carruagem  
        As cidades europeias tem como tradição o uso de carruagens, que são veículos com com quatro rodas, estrutura de madeira, ferro, cobertura, portas, janelas, bancos e adornos luxuosos, puxadas por dois ou 4 cavalos. São usadas até os dias de hoje pelas monarquias europeias. Já a charrete é um veículo de tração animal menor que as carruagens, bem mais simples, com estrutura em madeira e de duas rodas, puxadas geralmente por um cavalo, com cobertura e bancos. Charretes elétricas
        Em Minas Gerais, são as charretes que predominam nas cidades históricas e estâncias hidrominerais, que usam esse tipo de veículos para passeios turísticos.
        O projeto desses veículos teve como inspiração os automóveis elétricos desenvolvidos no final do século XIX, na Europa e Estados Unidos. Tem a frente que lembra os primeiros "fords" e a parte traseira lembrando as atuais charretes.
        As charretes elétricas são charmosas, silenciosas e livres de emissões de gases, o que garante um ambiente agradável e bastante saudável. A preferência por esse tipo de modelo é para manter o romantismo e charme tradicional das cidades históricas e estâncias hidrominerais, além de se parecerem muito com as charretes puxadas por animais. É uma mistura de tecnologia com o glamour das construções históricas dessas cidades.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

A cidade mineira que mantém forte conexão com os Estados Unidos

(Por Arnaldo Silva) Com população 258 mil, segundo Censo do IBGE em 2022, Governador Valadares está entre os 10 mais municípios populosos de Minas Gerais. Dotado de boa estrutura urbana, bom setor de serviços e economia diversificada, com comércio e indústrias de pequeno, médio e grande portes, atuando na cidade, o município localizado no Vale do Rio Doce, a Leste de Minas e distante 320 km da capital é um dos mais desenvolvidos de Minas Gerais.
Foto: Zano Moreira
Origem da cidade
        O povoamento no Leste de Minas teve início no século XIX através da exploração da agricultura e recursos minerais. Pequenos arraiais foram surgindo, crescendo e ampliado a partir de 1910, quando foi inaugurada a ferrovia Vitória Minas, com criação de estações ao longo de seu trecho.
        Uma dessas estações foi construída no vilarejo de Figueira do Rio Doce, povoado que deu origem a Governador Valadares. Elevado a distrito em 1937, Figueira do Rio Doce foi elevado à cidade emancipada em 30 de janeiro de 1938, passando a adotar, em 17 de dezembro desse mesmo ano, o nome de Governador Valadares em homenagem a Benedito Valadares Ribeiro, governador de Minas Gerais entre 15/12/1933 a 4/11/1945.
Atrativos urbanos e naturais
Fotos: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Além de se destacar na mineração, a cidade é famosa em todo o mundo por possuir condições climáticas e geográficas ideais para a prática de voo livre, parapente e asa-delta. Por esse motivo, Governador Valadares é reconhecida mundialmente pela prática desses esportes, sendo considerada a capital mundial do voo livre. Do alto do Pico do Ibituruna, amantes do voo livre, asa-delta e parapente, saltam, sobrevoando a cidade e colorindo o céu valadarense. (fotos acima de Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
 Foto acima: A Cardo - Por Zano Moreira
       Além disso, a cidade tem outros atrativos históricos, urbanos e naturais. Entre os destaques históricos, destaque para a Maria Fumaça e a Açucareira, indústria de açúcar e álcool da Companhia Açucareira Vale do Rio Doce (CARDO), empreendimento da Cia Belgo Mineira, produzindo açúcar e álcool para o mercado interno e exportação. A usina funcionou entre 1948 a 1978. 
Foto: Elpídio Justino de Andrade
        Além disso, tem o Rio Doce que banha acidade, o Pico do Ibituruna, a Ilha dos Amores, a Lagoa do Pérola, o Parque Natural Municipal, o GV Shopping, o Museu da Cidade, o Science Park, o Teatro Palavra Viva, o Teatro Atibaia, a Praça da Estação Ferroviária, o Centro Cultural Nelson Mandela, o Santuário Santa Rita de Cássia, a Cachoeira Véu da Noiva, a Cachoeira do Porto, o Parque Estadual Vale do Rio Doce, a Praça do Imigrante, além de bares, lanchonetes, sorveterias, cervejarias e restaurantes que oferecem ótimas opções aos moradores e visitantes, bem como uma rede hoteleira que atende a todos os gostos e bolsos.
A formação de Valadares
Fotos: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Desde sua origem, no século passado, Governador Valadares teve como base em sua formação a migração. Com a mineração e presença da Estrada de Ferro Vitória Minas, a cidade recebeu um constante fluxo migratório, vindos de várias regiões mineiras e também de descendentes de italianos e alemães, boa parte vindos do vizinho estado do Espírito Santo, bem como os povos nativos, já que a região teve forte presença de povos indígenas até o início do século XIX. 
        A presença dos migrantes de origem europeia e mineira, além das tradições indígenas da região, contribuiu com a sua formação cultural, religiosa, folclórica, arquitetônica e histórica, sendo esses povos a base da identidade do município.
A origem da conexão de Valadares com os Estados Unidos
Boston/USA - Fotos: Norma Suely Bittencourt
        Governador Valadares tem uma forte conexão com os Estados Unidos e não é recente. Essa conexão começou durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nessa época, Governador Valadares começou a receber um grande fluxo imigratório de americanos para a cidade. O interesse dos Estados Unidos por Governador Valadares foi devido a descoberta de jazidas de mica, na região.
        Esse mineral, também chamado de malacacheta, é essencial para a indústria elétrica, eletrônica e de aviação, além da indústria de cosméticos, na construção civil, em eletrodos para solda, cerâmica, lubrificantes de poços de petróleo, capacitores, transistores, caldeiras de vapor e na produção de tintas. À época, o maior produtor de mica era a Índia, mas um forte bloqueio naval da Alemanha, durante a Segunda Guerra, interrompeu o comércio de mica. Por isso, os aliados tiveram que buscar o mineral em outra região.
        Com a descoberta de jazidas de mica em Valadares, a região mineira se tornou ponto estratégico para os interesses dos países aliados, principalmente dos Estados Unidos. Por esse motivo que os americanos se estabeleceram na região, dando início a exploração e beneficiamento da mica na região, além de abrirem estradas estradas utilizando veículos próprios para o transporte da carga, além de jipes, pouco conhecidos no país, à época.
Contribuição para a saúde e saneamento básico
Foto: Zano Moreira
        Além disso, a presença americana em Governador Valadares foi de grande importância para o crescimento e desenvolvimento da cidade, como exemplo, na área de saneamento básico com construção de redes de água e esgoto, praticamente inexistentes à época, além de darem apoio financeiro e tecnológico aos serviços de saúde pública, como o Serviço Especial de Saúde Pública, que apoiou as iniciativas americanas na área de saúde.
        Os americanos introduziram, na cidade, tecnologias de ponta dos Estados Unidos nas áreas de saúde e saneamento básico, na época. Como resultado concreto, a iniciativa americana contribuiu para a erradicação de doenças no Vale do Rio Doce, como a febre amarela e malária.
        A Companhia Vale do Rio Doce, à época uma empresa estatal, contou com suporte financeiro e apoio técnico dos Estados Unidos para a exploração e transporte do minério de ferr. Os americanos reformaram ainda a Estrada de Ferro Vitória Minas, visando o escoamento da produção de mica.
        A mica exportada a partir de Governador Valadares foi volumosa e intensa. As cifras são altas. Mais de 80% da mica usada na Segunda Guerra Mundial saiu de Minas Gerais.
Decadência e início da imigração
Foto: Elvira Nascimento
        Na década de 1960, a extração mineral de mica entrou em decadência. Os americanos começaram a deixar a região, deixando um legado cultural, econômico, tecnológico, cultural e histórico na cidade. Com o fim da exploração da mica e sem os investimentos americanos, a economia da cidade começou a entrar em declínio, com significativo aumento do desemprego.
        Pelo que conheciam e ouviam dos americanos falarem dos Estados Unidos, o interesse dos valadarenses em viver nesse país cresceu, devido a situação econômica da região, à época. A partir da década de 1960, começa de fato a imigração de valadarenses para os Estados Unidos. Foram em busca do tão falado “sonho americano”.            Uma parte foi para estudar e conhecer a cultura local, mas a maioria, foi em busca de uma vida melhor para suas famílias. Iam com o intuito de juntarem dinheiro, mandar para suas famílias, investirem em imóveis e negócios próprios para enfim, voltarem à sua terra. Não imigravam para ficar ou se naturalizar. A imigração era individual, geralmente um membro da família ia e mandava dinheiro para seus parentes que ficaram em Governador Valadares.
        O rápido crescimento financeiro e a facilidade de arrumar emprego na América à época, fez com que o número de valadarenses que imigravam para os Estados Unidos crescesse substancialmente nas décadas de 1970 e principalmente na década de 1980, quando a imigração aumentou muito, devido a grave crise econômica no Brasil naquela década. Nos 1980, Governador Valadares se tornou o maior fornecedor de mão de obra para os Estados Unidos.
        Não só isso, as notícias de uma vida melhor na América com ganhos muito superiores ao que recebiam no Brasil, incentivou mineiros das cidades vizinhas e de outras regiões mineiras a fazerem o mesmo.
        Na década de 1990, as restrições à imigração para os Estados Unidos começaram a ficar mais duras, fazendo com que brasileiros que desejassem buscar uma vida melhor no exterior, buscassem outros países como Portugal, Reino Unido, Austrália, Canadá, dentre outros para darem uma vida melhor aos seus familiares.
        No século XXI, percebe-se uma mudança no comportamento dos imigrantes. Antes um membro da família imigrava para juntar dinheiro, investir na sua cidade e voltar. Nesse novo século, vão para ficar e ainda, levam suas famílias, inclusive crianças, juntos. Com o tempo, se naturalizavam, recebiam dupla cidadania e ficavam de vez.
A cultura da imigração e o fenômeno "Valadólares"
New York, Milford e Bosto. Fotos: Norma Suely Bittencourt
        A influência americana em Governador Valadares não se limita ao período da guerra e nem ao grande número de valadarenses que imigraram para os Estados Unidos em busca do “Sonho Americano”. Essa ligação com origens na década de 1940, moldou a identidade cultural, econômica e histórica da cidade, formando uma forte conexão entre Governador Valadares e os Estados Unidos.
        Desde a origem da imigração, os dólares que os valadarense enviavam para seus parentes na cidade, movimentava a economia de Governador Valadares e contribuía para o seu desenvolvimento e crescimento. No auge da imigração, 1970 e 1980, o dólar era a moeda que mais se ouvia falar na cidade à época. Por esse motivo, até os dias de hoje, Valadares é chamada de “Valadólares”. Nos anos 1980 era difícil não se encontrar alguém que não tinha ao menos um parente vivendo nos Estados Unidos.
Homenagem aos imigrantes
        A cidade valoriza sua ligação com os Estados Unidos, bem como a contribuição dos imigrantes valadarenses para a cidade, homenageando-os com uma praça. A Praça dos Imigrantes é o símbolo da formação da identidade cultural e econômica de Governador Valadares.
        Os valadarenses se orgulham da história que seus conterrâneos e parentes construíram nos Estados Unidos e na cidade, ao longo de décadas. Por isso mesmo, a cidade mantém uma forte conexão com esse país, através da língua, da gastronomia e da cultura americana, formada durante décadas de imigração dos valadarenses para a América.      

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Pequi protegido: lei mineira Pró-Pequi é nacionalizada

(Por Arnaldo Silva) Projeto de Lei nº 1970/2019 que visa a criação de uma Política Nacional para manejo sustentável, plantio, extração, consumo, comercialização e transformação do pequi (Caryocar brasiliense) e demais frutos do Cerrado, foi sancionado pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 7 de janeiro de 2024. A nova lei nacional já é praticada Minas Gerais.
        O objetivo da Lei é incentivar o beneficiamento, a industrialização, comercialização do pequi e outros frutos do Cerrado, além de proteger a espécie, ameaçada pela expansão imobiliária, queimadas e derrubadas para formação de pastagens e lavouras. Além disso, tem como objetivo garantir a geração de emprego e renda de milhares de famílias que vivem da cultura do pequi e outros frutos do Cerrado Brasileiro. Dados de 2024 afirma que somente em Minas Gerais, 4.800 famílias tiveram no pequi, sua maior ou única fonte de renda. (fotografias acima de Arnaldo Silva em Bom Despacho MG)
Lei mineira nacionalizada
        O Projeto de Lei, agora nacionalizado, é de autoria do deputado Federal Rogério Corrêa (PT-MG). A solenidade de sansão da Lei Pró-Pequi foi realizada no Palácio do Planalto com a presença do Presidente Lula (PT), do deputado Federal Rogério Corrêa (PT-MG), autor do projeto, além de ministros, deputados e representantes de cooperativas.
        Em Minas Gerais o pequizeiro e o pequi, são protegidos contra ação depredatória. A lei mineira foi nacionalizada pelo pelo Governo Federal, tornando o pequizeiro e os demais frutos do Cerrado como a cagaita, o bacupari, a gabiroba, o coco macaúba, o baru, o buriti, dentro outros frutos, protegidos por lei, além de proibir, entre outras medidas, a derrubada predatória de pequizeiros, com exceção da prática ser autorizada pelos órgãos ambientais competentes. A nova lei cria ainda estímulos para o impulsionamento da exploração sustentável dos frutos do Cerrado por comunidades tradicionais. (na foto acima de Wilson Fortunato, pequizeiro em Bom Despacho MG)
Impacto positivo no agro e na economia
        Protegido por lei nacional, haverá um impacto positivo na economia, com a geração de emprego e renda para as famílias que vivem nas regiões com predominância do bioma Cerrado, além de gerar um impacto positivo para o agronegócio. Isso porque a lei Pró-Pequi cria um auxílio de crédito e incentivos aos produtores rurais, entidades e cooperativas do bioma, além de instituir uma politica nacional para o manejo sustentável do Cerrado. Como consequência, haverá aumento na geração de emprego e renda, além de aumento na produção dos produtores rurais, sem depredação do bioma e com respeito ao Cerrado. (foto acima de Wilson Fortunato, frutos de pequi em Bom Despacho MG)
Pequizeiro é a árvore símbolo de Minas Gerais
        O pequizeiro é a árvore símbolo de Minas Gerais e a espécie tem lei específica de proteção no Estado. A lei Pró-Pequi, torna o Cerrado, principalmente o pequizeiro e seu principal fruto, o pequi, protegidos em todo o território nacional, onde o bioma Cerrado se faz presente: Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. A nacionalização da Lei de proteção do Pequi aumentará a preservação do Cerrado do brasileiro, segundo expectativas. (na foto acima do Wilson Fortunato em Bom Despacho MG, galhos de pequizeiro)
Bioma Cerrado
        O bioma Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. Em Minas Gerais, o bioma Cerrado ocupa 57% do território mineiro, estando presente na Região Oeste, Centro-oeste, Central, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste de Minas, Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Norte de Minas. (na foto acima do Ernani Calazans em Araçuaí MG, Jequitinhonha, o pequi, fruto do pequizeiro)
Benefícios do pequi
        O pequi, o fruto do pequizeiro, é rico em vitaminas A, C e E, fibras e gorduras saudáveis, que ajudam na diminuição do nível de colesterol ruim. Pra se ter ideia, a polpa do pequi contém 70,9 mg/100 g a 105 mg/100 g de vitamina C, valores bem superiores à vitamina C encontrada na laranja, goiaba, banana-d´água, limão e na maçã argentina, por exemplos. A polpa do pequi concentra 72% de óleo, com grande concentração de compostos fenólicos, que possuem propriedades anti-inflamatórios. Além disso, a polpa é composta de 14% de fibras e 11% de proteínas e carboidratos. (foto acima de Wilson Fortunato em Bom Despacho MG)
        A castanha do pequi, que fica no interior do fruto, é também nutritiva, por ser rica em ribolavina, tiamina e provitamina A, além de ser muito e saborosa. É apreciada in natura e usada ainda em farofas, doces, cookies, mistura à granola, pães, etc. (na foto acima do Ernani Calazans, em Araçuaí MG, Jequitinhonha, o pequi, sua polpa, espinhos e castanha)
        O fruto do pequi possui muitos espinhos, por isso não pode ser mordido e sim, roído para evitar acidentes. É apreciado na culinária com arroz, como principal mistura, além de ser usado na produção de licores, doces, sorvetes, compotas, conservas, farinha e ração para animais. (na foto acima do Edson Borges de Felício dos Santos MG, Jequitinhonha, prato com pequi)

        O óleo do pequi, que é extraído da polpa e também de sua castanha, é usado na indústria de cosméticos na produção de hidratantes para a pele e na indústria farmacêutica, devido sua propriedade anti-inflamatória, cicatrizante e antioxidante, além de ser usado na produção de remédios para tratar doenças respiratórias como bronquite, tosse, gripe e resfriado.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O Pelourinho de Mariana

(Por Arnaldo Silva) A cidade de Mariana, primaz de Minas, tem atualmente 62 mil habitantes. Está a 120 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Alvinópolis, Catas Altas, Ouro Preto, Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Piranga e Santa Bárbara. Cidade com forte presença na mineração desde os tempos do Brasil Colônia, Mariana possui e preserva um vasto e importante acervo colonial, presentes em suas igrejas, ruas, largos, praças, museus, casarões e monumentos.
        
Entre seus principais acervos está a Praça Minas Gerais, formada por casario colonial em seu entorno, a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o prédio da antiga Cadeia e Câmara da Cidade e ao centro, o Pelourinho, símbolo maior da dominação portuguesa e subjugação de escravizados. (na foto, o Pelourinho de Mariana e a Igreja de São Francisco de Assis. Foto: Elvira Nascimento)
Origem dos pelourinhos
        Pelourinho tem origem na Idade Média. Trata-se de uma coluna de madeira ou de pedra, com suporte para correntes onde criminosos e escravizados que eram amarrados e açoitados em público. A prática medieval foi introduzida no Brasil pelos portugueses exatamente para impor castigos e humilhações públicas a inimigos da dominação de Portugal na colônia, escravizados e criminosos.
        Durante o Ciclo do Ouro e do Café, pelourinhos passaram a ser instalados em praças, vilarejos e fazendas, entre os séculos XVIII e XVIII, devido ao grande número de escravizados que em trazidos para Minas Gerais. A maioria dos pelourinhos construídos nessa época foram destruídos com o fim da escravidão. (Na foto acima da Gislene Ras, o pelourinho no Centro Histórico de Catas Altas)
        Em algumas cidades históricas mineiras, os pelourinhos foram preservados com o objetivo de se lembrar do vergonhoso período da Escravidão no Brasil, como em Catas Altas, na Região Central, onde o antigo pelourinho permanece na Praça Monsenhor Mendes, na foto acima, do Leandro Leal. Os pelourinhos simbolizam os tempos sombrios e dos horrores praticados nesse período pelos colonizadores e escravocratas.
O Largo da Sé
        Na segunda metade do século XVIII, Mariana era uma das mais importantes cidades da Colônia. A presença do poder da Coroa Portuguesa na cidade concentrava-se no Largo da Sé, atualmente, Praça Cláudio Manoel da Costa, poeta, Inconfidente e natural da cidade. Largo era como se chamavam à época, os espaços públicos destinados a passagem de pedestres, comércio de tropeiros, espaço cívico para manifestações e eventos, além de ser o local onde eram lidos os editais públicos e anunciados as novas ordens e notícias da Coroa Portuguesa. Hoje o nome Largo é raramente usado. Foi substituído por praça. (na foto acima da Jane Bicalho, o casario do Largo da Sé)
        O conjunto arquitetônico do Largo da Sé foi formado a partir de 1747 e projetado por José Fernandes Alpoim. No largo, temos o casarão onde residiu Cláudio Manoel da Costa, além da primeira estalagem, primeira casa de intendência e a primeira casa de fundição de Minas Gerais. A praça fica em frente a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, a popular, Sé de Mariana, no Centro Histórico da cidade. A praça dá acesso às tradicionais Rua Direita e Rua Dom Viçoso, ruas onde estão museus e um rico casario colonial. (na foto acima, a Catedral da Sé de Mariana - Foto: Jane Bicalho)
O pelourinho de Mariana
 
        O Largo da Sé, nome dado ao conjunto formado pela Catedral da Sé, praça, prédios públicos e casario, era o centro do poder português à época, simbolizado pela presença do Pelourinho, instalado em frente a catedral em 1750. (nas fotos acima do Leandro Leal, o Pelourinho de Mariana, a Igreja de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo)
        Projetado e construído por José Moreira Matos, o pelourinho de Mariana foi uma exceção à parte, em relação aos que existiam. Isso porque não foi construído para fins de castigos e sim como monumento cívico para simbolizar a presença e marco da dominação de Portugal. Foi projetado para exaltar a Coroa Portuguesa e da Justiça.
        Tem em seus detalhes simbólicos um globo no topo, que simboliza as conquistas marítimas dos portugueses. Dois braços seguram dois símbolos: um, uma balança, simbolizando a Justiça, e o outro, uma espada, simbolizando a condenação. Entre os dois braços foi colocado o Brasão de Portugal.
Fim dos pelourinhos
        Com a Independência do Brasil em 1822, os símbolos da colonização portuguesa passaram a não serem bem-vistos nas cidades mineiras, além do aumento do engajamento da população pela causa abolicionista e surgimento de leis que limitavam a escravidão, como a Lei do Ventre Livre. Por esses motivos, em 1871, o pelourinho de Mariana foi demolido. Não só o de Mariana, como a maioria dos pelourinhos existentes em Minas Gerais, foram demolidos sem deixarem vestígios, principalmente após a Proclamação da República no Brasil, em 1889.
        Em sua maioria, não foram demolidos por ordem dos governantes e sim, pela própria população, por sentir vergonha de terem em suas cidades o símbolo maior do poder da dominação portuguesa e imperial, além de ser a lembrança maior das barbáries ocorridas durante a escravidão. Simbolizava uma lembrança que envergonhava e, de acordo com pensamento à época, precisava ser esquecido e apagado. Poucos pelourinhos permaneceram de pé, principalmente os de madeira. Boa parte dos que existem atualmente, foram reconstruídos ou restaurados, por ser parte da memória e história da cidade. 
        Quando foram destruídos, o objetivo era apagar a vergonha da escravidão, mas hoje, o pensamento é diferente. É não esconder essa parte vergonhosa e assustadora da nossa história e relembrar sim como foram os 388 anos de escravidão no Brasil, para que tal fato nunca se repita e muito menos seja apagado de vez de nossa memória e história.
Réplica do antigo pelourinho
        Devido sua importância para a história da cidade, além de sua simbologia, uma réplica idêntica do antigo pelourinho de Mariana, demolido em 1871, foi feita em 1967, por iniciativa da Academia Marianense de Letras, com o objetivo de resgatar um dos símbolos da história do município. Quando a réplica ficou pronta, optou-se por sua instalação na principal praça da cidade, a Praça Minas Gerais, formada a partir de 1760. A réplica do antigo pelourinho foi colocada entre as igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo e de frente para a antiga Câmara e Cadeia da cidade. (nas fotos acima do Vinícius Barnabé, a Praça Minas Gerais com o Pelourinho ao centro e abaixo de Anderson Sá, detalhes do Pelourinho)
        O monumento que simbolizava à época a dominação portuguesa, passou a fazer parte do conjunto arquitetônico do principal cartão-postal da cidade e um dos símbolos da história de Minas Gerais, que é a Praça Minas Gerais.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Minas é eleita um dos destinos de viagens mais completos do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Segundo levantamento das plataformas Booking e Hyatt, feito entre seus seguidores, as características de preferências para viagens para 2025, são lugares que ofereçam experiências únicas, combinadas com a hospitalidade, boa gastronomia, acolhimento, autenticidade, nostalgia, contemplação, sossego e silêncio, este o principal quesito na escolha de destinos para viagens, apontado por 79% dos entrevistados da Bookinkg.
Nas fotos: Ouro Preto (Arnaldo Silva), Conceição do Mato Dentr (/Marcelo Santos), Vila de Cocai (/Judson Nani) e Belo Horizonte (Nacip Gomêz)
        Nesses quesitos, Minas Gerais foi o estado preferido para viagens, entre os seguidores das plataformas por ser um estado que combina a hospitalidade, com cultura, arquitetura histórica, arte e principalmente belezas naturais que permite a contemplação, o sossego e o bloqueio de ruído, conhecido mundialmente como “silent travel”, oferecendo experiências únicas e inesquecíveis aos visitantes. Busca por destinos com essas características vem se tornando uma tendência mundial e Minas Gerais é um dos destinos preferidos por viajantes do Brasil e do exterior.
        A pesquisa das plataformas afirma ainda que 88% dos “Baby Boomers”, como são chamados as pessoas que nasceram entre 1940 e 1960, desejam pagar viagens para seus filhos, netos e bisnetos. Para esse público, que opta por passeios em família, Minas Gerais é o local preferido. Isso porque o estado promove experiências completas para todas as idades. Queijos, vinhos, artesanato, azeites, cultura, música, vilas pitorescas, cidades históricas, modernas, estâncias hidrominerais, acolhedoras e atraentes, natureza exuberante, tranquilidade e sossego, além da riqueza de seu patrimônio histórico. Segundo o IPHAN, 62% dos bens tombados como patrimônio nacional, estão em Minas Gerais.
        Passeios em família pelas vilas e cidades históricas mineiras é uma experiência única, inesquecível e marcante, que leva o viajante uma nostálgica sensação de volta ao passado, despertando com isso interesse pela cultura e história do nosso povo. Isso é valorizado pelos viajantes e turistas, ao avaliar escolha de seus destinos de viagens.
        Com base nessa pesquisa, a Booking e Hyatt apontam Minas Gerais como um dos destinos mais completos do Brasil. O estado das alterosas mineiras oferece experiências únicas que combinam contemplação, retiros saudáveis, autenticidade, hospitalidade com uma riqueza gastronômica única e sem igual.

Serra da Mantiqueira
Nas fotos: Aiuruoca e Baependi (Jerez Costa), São Tomé das Letras (JuAvohai)
        Entre os destinos tido como “silent travel” e saudável, está a Serra da Mantiqueira, devido seu clima ameno, matas nativas, rios e cachoeiras paradisíacas. É um dos lugares mais bem avaliados pelos viajantes, considerado ideal para retiros espirituais, contemplação, meditação, orações e convívio pleno com a natureza, e sensação única de bem-estar.
        A região conta ainda com inúmeras pousadas e hotéis aconchegantes e acolhedores, em meio às montanhas da Mantiqueira e a energia mística que a região transmite, principalmente nas cidades consideradas sagradas por místicos que são: São Tomé das Letras, Pouso Alto, Itanhandu, Carmo de Minas, Maria da Fé, Conceição do Rio Verde e Aiuruoca, cidades que orbitam na chamada “Capital Espiritual do Novo Milênio”, que para os místicos é São Lourenço.
        Além disso, o céu, seja durante o dia e à noite, é perfeito para contemplação, principalmente para os amantes da astronomia e astrologia e claro, para os que buscam contatos com OVNI´S. Sem contar o romantismo das charmosas e acolhedoras cidades e da gastronomia diversificada acrescida de queijos, azeites e vinhos finíssimos de qualidades reconhecidas mundialmente.
Estâncias hidrominerais
Nas fotos: Araxá (Arnaldo Silva), São Lourenço (Cássia Almeida), Poços de Caldas (Arnaldo Silva), Lambari (Luiz Carlos) e Caxambu (Marcelo Lagatta)
        As estâncias hidrominerais de Minas estão no roteiro de quem busca bem-estar, longevidade, alívio de estresse, cura de doenças e sossego. São cidades dotadas de ótima estrutura, tranquilas, seguras, rica em história, arquitetura e atrativos turísticos.
        Entre as principais estâncias hidrominerais mineiras se destacam as cidades de Caxambu, considerada a maior estância hidromineral do mundo, com 12 fontes de água mineral com propriedades diferentes, Poços de Caldas, Baependi, Cambuquira, Campanha, Carmo de Minas, Conceição do Rio Verde, Cruzília, Dom Viçoso, Heliodora, Jesuânia, Lambari, São Lourenço, Soledade de Minas e Três Corações, todas no Sul de Minas. Tem ainda as Thermas de Araxá, no Alto Paranaíba, com suas águas radioativas e sulfurosas, as águas quentes e termais de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, as águas quentes e termais de Montezuma no Norte de Minas, dentre outras.
A Cordilheira do Espinhaço
Cadeia da Cordilheira do Espinhaço - Fotos: Tom Alves/@tomalvesfotografia
        É a única cordilheira existente no Brasil, inicia-se em Ouro Branco, no Quadrilátero Ferrífero, segue pela Região Central, Norte de Minas, até o Sul da Bahia. São 1000 km de extensão e largura que variam de 50 a 100 km. É um dos mais impressionantes espetáculos naturais do Brasil e do mundo. Por isso mesmo, foi reconhecida como Patrimônio Natural pela Unesco.
        Lugar de equilíbrio e paz interior, a Cordilheira do Espinhaço é um santuário ecológico e um imenso jardim a céu aberto. São milhares de plantas e flores, além de uma riquíssima fauna presente em toda sua extensão. Por esse motivo, o Espinhaço e a Serra do Cipó, que faz parte da Cordilheira, vem se tornando um dos destinos preferidos de viajantes e turistas do Brasil e do mundo, que vem à região em busca do refúgio, silêncio e reconexão com a natureza, que a Cordilheira do Espinhaço oferece. Além disso, gastronomia, cultura, artesanato típico, tradição, hospitalidade e pousadas que combinam o turismo rural, passeios ecológico e turismo sustentável, são outros destaques em toda cadeia do Espinhaço, que os viajantes levam em conta na hora da escolha de seus destinos.
        Opções de turismo é o que não falta em Minas. Seja o turismo ecológico, meditativo, religioso, gastronômico, cultural, artístico, ou mesmo para quem gosta de agitação, Minas Gerais atende a todos os gostos e estilos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

A Comunidade Sol de Deus de Itajubá

(Por Arnaldo Silva) Itajubá, no Sul de Minas, é uma das mais desenvolvidas cidades mineiras. Rica em história, belezas naturais, gastronomia, tradição e qualidade de vida, em Itajubá vivem cerca de 95 mil pessoas. O município está a 445 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com São José do Alegre, Maria da Fé, Wenceslau Braz, Piranguçu, Piranguinho e Delfim Moreira.
        Cidade com ótima estrutura urbana, um povo hospitaleiro e acolhedor, a cidade preserva suas tradições religiosas, manifestadas na fé e valorização da sua religiosidade. Um dos lugares imprescindíveis para ser visitado em Itajubá é a Comunidade Sol de Deus.
Comunidade Sol de Deus
Fotografia da Capela de São Miguel Arcanjo: Vinícius Montgomery
        Localizada no bairro Santa Rosa, entre o bairro Santa Rosa e Cantagalo, já na zona rural, sentido Delfim Moreira MG, na MG-350, a comunidade se formou na antiga Fazenda Santa Maria, de propriedade da família do César Sol de Deus, um dos fundadores da comunidade. Um lugar de paz, de convívio com a natureza, família e vida em comunidade. Os membros da comunidade, tanto os que vivem na comunidade ou os que moram na cidade, buscam viver como os primeiros cristãos, compartilhando com todos seus bens espirituais e materiais, tendo Maria Santíssima como Mãe e os Santos Anjos como Irmãos Maiores.
Mosteiro da Comunidade Sol de Minas. Foto: Vinícius Montgomery
        A Comunidade Sol de Deus é uma associação jurídica particular de caráter religioso, fundada e administrada por fiéis leigos. A entidade tem como objetivo administrar a propriedade e a Casa de Retiros David, um espaço na comunidade destinado a retiros espirituais que acolhe sacerdotes e seminaristas para meditação, orações e descanso, bem como a toda comunidade católica da região. Praticamente todos os fins de semana, acontece retiros espirituais no local.
Fotografia: Vinícius Montgomery
        A entidade sobrevive através de contribuições dos associados, benfeitores. A Comunidade Sol de Deus é formada pela Comunidade Vida, que são os membros que moram na própria comunidade e pela Comunidade Aliança, formada por membros que moram na cidade. As duas comunidades, bem como os benfeitores, formam a Comunidade Sol de Deus.
Capela da Divina Misericórdia. Foto: Reprodução Instagram: @comunidadesoldedeus
        O objetivo da associação religiosa é preservar, divulgar e acolher os católicos na casa de oração, bem como os que procuraram a comunidade para visitar, conhecer, meditar, rezar o terço e participar das missas e demais celebrações religiosas.
Capela de São Miguel Arcanjo. Foto: Reprodução site da Comunidade Sol de Deus
      Além da Casa de Retiros David e de moradias dos membros da Comunidade Vida, o espaço físico da Comunidade Sol de Deus, conta com uma capela construída no estilo romano e clássico, dedicada a São Miguel Arcanjo, uma capela dedicada à Divina Misericórdia, dois pequenos Oratórios, dedicados a São Pio de Pietrelicina e Santa Faustina e uma pequena gruta natural, dedicada à Nossa Senhora Aparecida, localizada na encosta de uma montanha.
Moradias da Comunidade Sol de Deus. Foto: Reprodução do Instagram: @comunidadesoldedeus
        Além disso as dependências da comunidade é rodeada por montanhas e muito verde, em um harmônico espaço onde predomina o respeito, o amor ao próximo, a vida em comunidade, o sossego e paz que o lugar transmite, levando seus moradores e visitantes a um contato maior com o criador, através da oração, meditação, reflexão e contato pleno com a natureza.
A história da comunidade Sol de Deus
Comunidade Sol de Deus. Foto: Reprodução Instagram: @comunidadesoldedeus
        Em 4 de novembro de 1993, a Comunidade Sol de Deus teve autorização do então arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Pouso Alegre MG, Dom João Bergese, para ser formada.
        Tudo começou quando um pequeno grupo de leigos, casados e solteiros, que se reuniam às quintas-feiras na Igreja de Nossa Senhora da Soledade, em Itajubá, para rezarem o terço, sentiram uma “forte chama” de Jesus chamando-os para viverem plenamente o Evangelho e a Vida em Cristo, em comunidade.
        Com a autorização eclesiástica, o grupo formado por Rose, Edna, Ricardo e Márcia com seus filhos Francisco e Miguel, Maria Rita com seus filhos Thaís e Thiago e o casal Leila e César, decidiram deixar suas vidas na cidade e se mudaram para a Fazenda Santa Maria, que era propriedade da família do César, um de seus fundadores. A partir daí, deu-se assim início à formação da Comunidade Sol de Deus.
Fotografia: Vinícius Montgomery
        O principal objetivo da comunidade é adorar, amar e servir a Deus, numa vida de entrega e doação a Deus e ao próximo, seguindo os preceitos do Evangelho e as ordenanças da Igreja Católica, Apostólica Romana. Uma vida em comunhão total com Deus em comunidade, onde ricos e pobres dividem seus bens espirituais e também, materiais, onde tudo é de todos e para todos, a exemplo dos primeiros cristãos. Partiram do princípio de “Seu Amor, nosso Amor. Sua Vida, nossa Vida”.  
        A comunidade cresceu ao longo de seus 31 anos de existência, se tornando um dos locais mais visitados e procurados da região para meditações, retiros espirituais e contatos com o sagrado junto à natureza.
Os jacaradás, o morcego e a “intervenção divina”

Dia de retiro e missa na comunidade. Foto: Reprodução site da Comunidade Sol de Deus
        O início foi de muito trabalho e preparo do lugar para ser uma comunidade. Em 1994 deu-se início a construção da capela da Divina Misericórdia, onde havia uma piscina. Foram meses de trabalho comunitário até sua conclusão. Para ornamentar a capela com bancos e altar, faltava madeira. Como na fazenda existiam cerca de 40 jacarandás e um marceneiro voluntário se prontificou a fazer o altar e os bancos, foi solicitado autorização para o corte de dois jacarandás junto ao engenheiro florestal responsável à época. O pedido foi negado devido os jacarandás serem madeiras de lei, ou seja, eram árvores protegidas.
        A negativa oficial foi respeitada e a comunidade entregou a situação nas mãos de Deus. Cerca de um mês depois, uma forte tempestade derrubou dois frondosos jacarandás. O fato foi comunicado ao engenheiro florestal que havia negado a derrubada das árvores e solicitado autorização para aproveitarem a madeira das árvores derrubadas pela força da natureza. Mesmo perplexo com o ocorrido, o mesmo engenheiro florestal, que havia negado a derrubada as árvores, permitiu que sua madeira fosse usada para fazerem os bancos e altar da capela. Graças a “intervenção divina”, o marceneiro fez a mobília necessária para ornamentar a capela, inaugurada em 4 de novembro de 1994 pelo arcebispo Metropolitano Dom João Bergese.
Fotografia: Vinícius Montgomery
        A comunidade tinha o hábito de estar em constante oração a Jesus Sacramentado na capela, além de rezarem o terço mariano todos os dias, em honra e adoração à Santíssima Virgem Maria. No início de 1995, perceberam que um enorme morcego passou a frequentar o lugar e à noite, o mamífero deixava suas fezes no altar, perto do sacrário. O incidente incomodava a todos, além da dificuldade que tinham em encontrar o esconderijo do animal. Sem saberem o que fazer, continuaram rezando o terço. Na oração do terço de sábado, na meditação do quarto mistério, que exalta as virtudes de Maria, no início da oração do Pai-nosso, o morcego caiu morto em frente a mesa do altar. O episódio assustou os fiéis, mas compreenderam o ocorrido e louvaram a Deus pelo poder do Nome de Maria, que os tirou daquela situação constrangedora.
Reconhecimento da Igreja Católica
Recolhimento da Obra dos Santos Anjos. Fotos: Reprodução Instagram: @comunidadesoldedeus
        A Comunidade Sol de Deus foi crescendo e se fortalecendo cada vez mais em seus propósitos com base em seus quatro pilares fundamentais: Adoração, Contemplação, Expiação e Missão, vivenciados no dia a dia da comunidade em forma de oração, trabalho, caridade e vida em comunhão. Em 1998, a Comunidade Sol de Deus foi reconhecida como Associação de Leigos de caráter religioso pelo arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Pouso Alegre, Dom Ricardo Pedro.
Visitantes são bem-vindos
Fotografia: Vinícius Montgomery
        A Comunidade Sol de Deus recebe com alegria, carinho e amor, visitantes de todos lugares que desejam conhecer a comunidade. Os visitantes podem participar das missas, retiros espirituais, se confessarem, andar pela comunidade, conhecer e recolherem-se em meio a beleza da natureza para orações, meditações e reflexões, em grupos ou a sós.        
Cursilho feminino. Foto reprodução Instagram:@comunidadesoldedeus
        Na Comunidade Sol de Deus já viveram dois padres. Atualmente não há padre morando na comunidade. As missas e confissões são atualmente celebradas por padres que vem da cidade para as celebrações.
Os horários de missas na Comunidade, são:
Fotografia: Vinícius Montgomery
- Segunda: 15 horas, na Capela de São Miguel Arcanjo;
- Terça, quarta e sábado: 07:00 da manhã, na Capelinha da Divina;
- Quinta: 21:00, na Capelinha da Divina Misericórdia;
- Sexta: 14:00, na Capelinha da Divina Misericórdia;
- Domingo: 07 horas da manhã, na capela de São Miguel Arcanjo.
Dias e horários de confissões
- Segunda: 14:00 às 14:45
- Sexta: 09:00 às 11:00

- Sábado: 09:00 às 11:00 e 14:00 às 17:00
        Quem ainda preferir, pode rezar o Rosário junto à comunidade, todos os sábados, às 11hs na Capelinha da Divina Misericórdia; participar do Cenáculo com Maria às segundas-feiras, às 7 horas, na Capelinha e Rezar o Terço da Misericórdia, que acontece diariamente às 15hs.
Contato com a Comunidade Sol de Deus: Instagram: @comunidasoldedeus Telefone (35) 99984-5547

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