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sexta-feira, 1 de março de 2024

Apenas 11 cidades mineiras não tem prédios. Saiba quais.

(Por Arnaldo Silva) O crescimento populacional das cidades brasileiras vem modificando a paisagem urbana, até mesmo de cidades históricas. Antes, predominantemente formada por casas, casarões e sobrados, na maior parte das cidades do Brasil, arranha-céus estão cada vez mais presentes nas cidades.
          Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE de 2022, divulgados recentemente, dos 853 municípios mineiros, em apenas 11 não existem prédios residenciais (construções residenciais ou comerciais  acima de 3 pavimentos) como opção de moradias, apenas casas. Os prédios, na maioria das cidades brasileiras, em geral, se concentram na parte central das cidades. No Brasil, segundo dados do IBGE, 84,8% vivem dos brasileiros moram em casas. (na foto acima da Sueli Santos, Serra da Saudade MG e abaixo, de Wilson Fortunato, pracinha em Tapiraí MG)
          Os recenseadores do IBGE, colherem dados das residências de todos os municípios brasileiros, como forma de abastecimento de água, existência de canalização de água, existência de banheiro e sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo.
          Além disso, entrou nos dados da pesquisa o tipo de moradia dos recenseados como se mora em casa, casa de vila ou se moram em condomínios, cortiços, habitação indígena sem paredes e até a estrutura das moradias, se estão degradas ou inacabadas, foram indagadas. (na foto acima do William Santos, a cidade de Fortaleza de Minas)
          Com base nesses dados, o IBGE acredita que contribuirá para um planejamento mais adequado do poder público sobre a verticalização, investimentos públicos em saneamento básico, educação, saúde, moradias, etc.
Minas Gerais
          Em Minas Gerais, a pesquisa do IBGE aponta que 84,3% dos mineiros moram casas, na média nacional. Segundo a pesquisa, 14,36% dos mineiros vivem em apartamentos, 2,4% vivem em casas de vilas ou em condomínios, 0,2% em cortiços ou casas de cômodos, 0,04% em casas degradadas ou inacabadas e menos de 0% afirmam morar em habitação indígena sem paredes ou em malocas. (na foto acima do Rogério Santos Pereira, Queluzito MG)
          Dos 853 municípios mineiros, somente 11 não tem um único prédio sequer. São todas cidades com menos de 6 mil habitantes.       
Veja abaixo a lista e o número de habitantes das 11 cidades
01 - Serra da Saudade, na Região Centro-Oeste Mineiro, com 833 habitantes;
02 - Queluzito, na Região Central, com 1.770 habitantes;
03 - Senador José Bento, na Região Sul de Minas, com 2.068 habitantes;
04 - Araçaí, na Região Central, com 2.181 habitantes;
05 - Alagoa, na Região Sul de Minas, com 2.749 habitantes;
06 - Caranaíba, na Região Central, com 2.933 habitantes;
07 - Fortaleza de Minas, na Região Sul de Minas, com 3.477 habitantes;
08 - Conceição da Barra de Minas, na Região Central, com 3.560 habitantes;
09 - Ipiaçu, na Região do Triângulo Mineiro, com 3.775 habitantes;
10 - José Gonçalves de Minas, na Região do Jequitinhonha/Mucuri, com 3.969 habitantes;
11- Frei Gaspar, na Região do Jequitinhonha/Mucuri, com 5.640 habitantes.
Nota: Os dados acima são oficiais, de acordo com a análise dos recenseadores que visitaram os lares mineiros e brasileiros. Como é oficial, não podemos incluir mais cidades, como muitos nos pedem, alegando que em suas cidades, também não tem prédios. Embora possa haver controvérsias sobre a definição do IBGE sobre o que seja prédios, onde tem e onde não tem prédios, a lista oficial é esta, com apenas 11 cidades mineiras que não tem prédios, segundo o próprio IBGE. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Mineiros são os melhores anfitriões do Brasil, aponta pesquisa

(Por Arnaldo Silva) A Preply, uma plataforma de e-learning e aplicativo de aprendizado de línguas, presente em 203 países, sediada em Kyiv, na Ucrânia e ainda com escritórios em Barcelona na Espanha, elegeu os melhores estados anfitriões do Brasil.
          Na ponta, o povo mineiro foi eleito o melhor anfitrião do Brasil com 22% do total dos votos, seguido pelos baianos, com 14% e paulistas, com 9,2%. Abaixo está o ranking completo dos 10 melhores anfitriões do Brasil.
          Para chegar a esse resultado, a pesquisa ouviu a opinião de mais de mil brasileiros, usuários da plataforma. Além disso, os pesquisados responderam questões de quais seriam os estados brasileiros mais festeiros, mais paqueradores, mais reservados e mais comunicativos. 
          O objetivo dessas pesquisas, segundo a Preply é o de "desvendar os estereótipos mais comuns ligados a diferentes partes do país". (na foto, o café especial do Espaço Roça em Caetanópolis MG da minha amiga Edna Pires)
Os melhores anfitriões do país
          Por outro lado, a nova pesquisa da plataforma Preply reconhece uma das mais antigas tradições mineiras: a hospitalidade e a tradição de receber muito bem, com simpatia e alegria a todos. Não só isso, além de serem ótimos anfitriões, os mineiros sempre oferecem um pouco da culinária mineira ao visitante, ou no mínimo, um café com queijo, biscoito ou pão de queijo, como forma de carinho e expressão de alegria pela visita.
          Pesaram ainda na votação a modéstia e simplicidade dos mineiros, reconhecida em todo o país. O mineiro sempre tratou muito bem as visitas e tem um jeitinho muito especial de cativar as pessoas logo na primeira conversa, um dos motivos que explicam a eleição pela mesma plataforma, do sotaque mineiro como o mais charmoso do país.
          Essas características do povo de Minas Gerais foram fundamentais para os mineiros serem eleitos os melhores anfitriões do país.
Lista dos 10 melhores anfitriões do Brasil
Estado                            % dos entrevistados
1º - Minas Gerais                22%
2º - Bahia                             14%
3º - São Paulo                      9,2%
4° - Rio de Janeiro              7,1%
5° - Pernambuco                  6,1%º
6° - Ceará                             5,4%
7º - Santa Catarina              4,3%
8º - Rio Grande do Sul        4%
9º - Alagoas                         2,8%
10º- Pará                              2,6%
Outras pesquisas da Preply
          A mesma plataforma elegeu anteriormente o sotaque mineiro como o mais charmoso do Brasil e também, apontou as capitais brasileiras mais mal-educadas do país. Nessa pesquisa, os belo-horizontinos figuraram entre as 5 capitais brasileiras mais mal-educadas. Na lista está Goiânia em 1°, Rio de Janeiro em 2°, Porto Alegre em 3°, Salvador 4° e Belo Horizonte, em 5°, com a nota média de 6,48.
          Pesaram na decisão dos seguidores da plataforma, o fato de boa parte dos belo-horizontinos usarem muito o celular em público e em viva-voz, não darem vez a outras pessoas no trânsito, assistir vídeos em público, furar a fila, não dar gorjeta, entre outros.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Lista das 98 cidades mais seguras de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) A pequena, pacata e charmosa cidade de Serranos fica no Sul de Minas, distante 380 km de Belo Horizonte. O município tem origens no arraial formado entre 1840/1891, com o nome de Bom Sucesso de Serranos. Nome encurtado em 1923 para Serranos, então distrito de Aiuruoca, até sua emancipação, em 12 de dezembro de 1953.
          Além das belezas naturais da Serra da Mantiqueira, seu povo simples, religioso, tradicional e hospitaleiro, o charme e simplicidade de seu casario em estilo colonial, os 1990 habitantes da cidade, segundo Censo do IBGE de 2022, só tem motivos para se orgulhar de viverem em uma cidade, além de aconchegante, segura e tranquila. (na foto acima e abaixo de Bernardo Carneiro/Ascon/Sejusp, vista parcial de Serranos MG)
          É porque Serranos, está desde fevereiro de 2016, portanto há 8 anos, sem registros crimes violentos no município. Isso torna a cidade a número 1 entre as 98 mais seguras de Minas Gerais, segundo dados levantados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp/MG).
          No ano anterior, 2022, apenas 27 municípios mineiros não registraram crimes violentos. Nesse levantamento atual, foram 98. Isso dá um aumento de 262,9% de cidades “seguras”, sem nenhuma ocorrência de crimes violentos em 2023. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemo, a cidade de Glaucilândia, no Norte de Minas)
          Segundo a Sejusp, são considerados crimes violentos os crimes de estupro tentado e consumado, estupro de vulnerável, homicídio tentado e consumado, sequestro tentado e consumado com cárcere privado, extorsão tentada e consumada, extorsão mediante sequestro consumado e roubo tentado e consumado. (na foto acima de Sérgio Mourão/@encantosdeminas, a cidade de Campanário no Vale do Jequitinhonha)
          Dentre os 853 municípios mineiros, 98 não registraram nenhum crime desse tipo, por isso, são considerados os mais seguros de Minas. Em sua maioria, 97 desses 98 municípios, conta com menos de 10 mil habitantes. Apenas Lagoa Dourada, no Campo das Vertentes com 12.769 e Cristina, no Sul de Minas, cm 10.374, superam os 10 mil habitantes. (na foto acima de Maurício Soares, a Praça da Matriz do Divino em Quartel Geral, Centro-Oeste de Minas)
Veja a lista completa das 98 cidades mineiras que não registraram nenhum crime violento em 2023 
1. Serranos – 1990 habitantes
2. Serra da Saudade – 833 habitantes
3. Quartel Geral – 3.179 habitantes
4. Silvanópolis – 5.108 habitantes
5. Rochedo de Minas – 2.291 habitantes
6. Tocos do Moji – 3.826 habitantes
7. Queluzito – 1.770 habitantes 6.311 habitantes
8. Sapucaí-Mirim - 6.311 habitantes
9. Tapiraí – 1.690 habitantes
10. Santa Rosa da Serra – 3.382 habitantes
11. Santana do Deserto – 3.747 habitantes
12. São João do Oriente – 7.070 habitantes
13. Senhora de Oliveira – 5.483 habitantes
14. Santana do Jacaré – 4.212 habitantes
15. Toledo – 7.213 habitantes
16. Piau – 2.796 habitantes
17. São Geraldo do Baixio – 3.143 habitantes
18. Senador Cortes – 2.240 habitantes
19. Ponto Chique – 3.747 habitantes
20. Wenceslau Braz – 2.356 habitantes
21. Tumiritinga – 5.886 habitantes
22. São Roque de Minas – 7.129 habitantes
23. Presidente Kubitschek – 3.071 habitantes
24. Volta Grande – 4.443 habitantes
25. São José da Varginha – 4.536 habitantes
26. São José do Alegre – 4.133 habitantes
27. São Félix de Minas – 3.200 habitantes
28. Olímpio Noronha – 2.555 habitantes
29. Ibiracatu – 5.081 habitantes
30. Itamarati de Minas – 3.690 habitantes
31. Glaucilândia 2.928 habitantes
32. Laranjal – 5.963 habitantes
33. Paineiras – 4.224 habitantes
34. Materlândia – 3.963 habitantes
35. Inconfidentes – 7.301 habitantes
36. Francisco Badaró – 7.366 habitantes
37. Mendes Pimentel – 5.606 habitantes
38. Liberdade – 4.737 habitantes
39. Itutinga – 4.217 habitantes
40. Gonçalves – 4.727 habitantes
41. Lagoa Dourada – 12.769 habitantes
42. Juvenília – 5.789 habitantes
43. Ibitiúra de Minas – 3.365 habitantes
44. Goianá – 4.053 habitantes
45. Juramento – 3.768 habitantes
46. Lamim – 3.184 habitantes
47. Novorizonte – 4.571 habitantes
48. Medeiros – 3.900 habitantes
49. Olaria – 1.945 habitantes
50. Desterro do Melo – 8.067 habitantes
51. Delfinópolis – 8.393 habitantes
52. Carmésia – 2.605 habitantes
53. Albertina – 2.952 habitantes
54. Carvalhos – 4.422 habitantes
55. Consolação – 1.593 habitantes
56. Campanário – 2.923 habitantes
57. Cana Verde – 5.272 habitantes
58. Campo Azul – 3.714 habitantes
59. Berizal – 4.201 habitantes
60. Crucilândia – 5.434 habitantes
61. Desterro de Entre Rios – 7.653 habitantes
62. Cruzeiro da Fortaleza – 3.521 habitantes
63. Bias Fortes – 3.361 habitantes
64. Berilo – 9.826 habitantes
65. Conceição de Ipanema – 4.409 habitantes
66. Aracitaba – 2.049 habitantes
67. Alvarenga – 3.975 habitantes
68. Alagoa – 2.749 habitantes
69. Cordislândia – 3.200 habitantes
70. Felisburgo – 6.489
71. Bertópolis – 4.451 habitantes
72. Datas – 5.465 habitantes
73. São Sebastião do Rio Preto – 1.259 habitantes
74. Grupiara – 1.392 habitantes
75. Conceição das Pedras - 2.772 habitantes
76. Caranaíba – 2.933 habitantes
77. Passabém – 1.600 habitantes
78. Ibituruna – 2.698 habitantes
79. Piedade do Rio Grande - 4.604 habitantes
80. Pedro Teixeira – habitantes 1.810 habitantes
81. Biquinhas – 2.383 habitantes
82. Pintópolis – 7.084 habitantes
83. Taparuba – 3.387 habitantes
84. Santo Antônio do Rio Abaixo – 1.808 habitantes
85. Vargem Bonita – 4.576 habitantes
86. Santa Rita do Ibitipoca – 3.301 habitantes
87. Seritinga – 1.819 habitantes
88. Monjolos – 2.169 habitantes
89. Paiva – 1.147 habitantes
90. Machacalis – 6.487 habitantes
91. Cristina – 10.374 habitantes
92. Conceição da Barra de Minas – 3.560 habitantes
93. Delfim Moreira – 7.952 habitantes
94. Dom Viçoso – 3.095 habitantes
95. Doresópolis – 1.461 habitantes
96. Cachoeira Dourada – 7.782 habitantes
97. Caiana – 5.304 habitantes
98. Douradoquara – 1.829 habitantes
          O número de habitantes é baseado no Censo do IBGE de 2022. A lista está em ordem aleatória.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Quando os avós se vão, as portas da casa se fecham.

(Por Arnaldo Silva) Quando vivos, a casa de nossos avós é cheia de crianças, de quitandas, de filhos, tios, pais, irmãos, irmãs, primos, netos, afilhados… De comadres e compadres, de vizinhos, de alegria, de vida e união.
          Natal, ano novo, dia das mães e dia dos pais, aniversário da avó, do avó, das bodas e dos dias de fazeção de quitandas e pamonha, tudo era motivo para encontro de toda família, mesmo com alguns morando distantes. A mesa era grande e farta. Cabia todo mundo! (foto acima de Luís Leite em Sacramento MG)
          Fogão a lenha, com a fumaça saindo da chaminé, era sinal de comida gostosa sendo feita. Muita gente da comunidade no fim de semana, sinal que era dia da reza do terço, de moda de viola e cantoria.
          Visitar a casa dos avós é só alegria, mas quando eles se vão, a alegria dá lugar a tristeza. Os móveis são retirados, vendidos ou doados. As plantas levadas ou deixadas sem cuidados. O pomar vai envelhecendo e morrendo. As flores murcham. Os pássaros que cantavam livres, se vão também. As portas se fecham e deixam lá o passado.
          A casa é abandonada, entregue aos cuidados do tempo e com o tempo, esquecida. A outrora alegria e união do passado, ficou por entre as paredes em ruínas, por trás da tristeza de ver o abandono.
          Não tem mais avós, não tem mais reunião de família, nem passeios na roça, leite no curral, fogão com a lenha trepidando no fogo, queijo e linguiça maturando na tábua sobre o fogão a lenha, prosas a beira do fogão, moda de viola. Não tem mais biscoitos, mais bolos, mais carne na lata, mais doces, mais causos, mais alegrias, mais vida.
          Os avós se vão e levam consigo doces momentos de uma família unida em torno deles, na casa dos avós.
          Fechada a porta, fecha-se um passado, uma vida inteira. Fecha-se histórias e momentos que não mais se repetirão. Ao fechar a porta, fecha-se junto doces momentos que não mais retornarão.
          Não tem mais a casa dos avós para passarmos as férias, os feriados, aniversários, o natal e o ano novo. Hoje, almoçar aos domingos fora, é em restaurante. Não tem mais o encontro de primos, irmãos, comadres, compadres, tios e vizinhos na casa dos avós. Não tem mais fogão a lenha aceso. Nem “bença vó, bença vô”. Não ouviremos mais “Deus te abençoe meu filho”.
          Ao andar pelas estradas, comunidades, cidades, as casas dos avós estão abandonadas e ignoradas pelos filhos, os herdeiros. Nela, não querem morar. Nem reformar. Construção antiga, base, assoalho, móveis, em madeira, muito caro. Preferem deixar lá, aos cuidados do tempo, e com o tempo, derrubam e fazem outra casa, um prédio, ou mesmo, derrubam para dar mais pasto para o gado.
          Poucos reformam, preservam o mobiliário, as fotos e tentam manter os laços, a tradição e as lembranças na casa dos avós, e assim, criam novas emoções, lembranças e histórias, mantendo a vida na casa e as emoções em seus corações. (foto acima de Elvira Nascimento em Marliéria MG)
          Infelizmente, é o que aconteceu com minha família. Meus avós se foram, os filhos que antes se reuniam em torno dos pais, não se interessaram pelo casarão. Jogaram fora os “móveis velhos” e deixaram o tempo levar tudo.
          Ficaram em minha mente e coração, os doces momentos da casa de meus avós, que vivi e estão até hoje em meu coração. No lugar onde estava a casa, o curral, o pomar e o jardim, tem pasto para gado. Não tem mais vida, não tem mais casa, não tem mais avós.
          Fecharam as portas da casa, não abriram mais e tudo se foi. Ficam as lembranças daquele tempo, que não mais hão de voltar.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Mercearia Paraopeba: a mais antiga do Brasil

(Por Arnaldo Silva) As vendas, mercearias e armazéns antigos, tinham como hábitos, anotar e em seus cadernos, os fiados feitos aos fregueses. Guardavam com carinho esses cadernos, que são hoje, relíquias históricas. Em um desses cadernos, registros nos levam ao ano de 1884 e estão bem conservados, mesmo após tantos anos. Esse caderno está na Mercearia Paraopeba.
          Típica venda mineira, onde você encontra de tudo e mais um pouco. Se não encontrar, é porque ainda não vou inventado.

          É uma das mais antigas e famosas vendas do Brasil. Já foi tema de reportagens de jornais como O Tempo, O Estado de Minas, O Estado de São Paulo, dentre outros tantos jornais impressos de Minas Gerais e do Brasil. O Armazém Paraopeba foi tema ainda de reportagens do Jornal Nacional e Globo Rural, da Rede Globo, além de reportagens feitas pela Rádio CBN, Jornal da Alterosa (SBT), Jornal Minas (Rede Minas), além de uma emissora de TV da Austrália, com reportagem exibida para mais de 30 países.
         A tradicional Mercearia fica num antigo casarão, desde o século XIX, do mesmo jeito, passando de pai para filho, bem como a freguesia, que são fiéis há gerações. É uma típica venda mineira, com duas portas na entrada, abarrotadas de produtos pendurados e colocados onde tiver lugar, até mesmo no chão. 
          Por dentro do armazém é assim também, tudo abarrotado de coisas penduradas, colocadas em prateleiras ou mesmo no chão, sem qualquer ordem. Mas com certeza, o dono encontra tudo, rapidinho. O dono é Roney de Almeida, mais conhecido como Roninho, que herdou o armazém do pai, que herdou do seu avô.
          A herança não foi apenas material, mas no carisma, simpatia, simplicidade e amor ao ofício, herdado de gerações. Os fregueses sabem que ao entrar na venda, não estarão comprando apenas alguns itens para sua casa, mas voltando no passado, revivendo emoções de seus pais e avós. Se perdem em meio a tantas emoções, que leva todos a uma poética viagem no tempo da mais pura mineiridade.
          No Armazém Paraopeba você encontra de tudo mesmo, desde sabão feito de torresmo e cinzas, panelas, brinquedos, doces, queijos, banha de porco na garrafa, ferramentas, alho, batata, esmaltados, ovos e por aí vai. A lista é enorme.
          Além da caderneta, outra tradição antiga preservada até os dias de hoje na Mercearia Paraopeba é a prática do escambo. Na época de origem da venda, o dinheiro era uma moeda de pouca circulação, restrita a poucas pessoas. A forma das pessoas comprarem o que necessitavam, era fazer trocas por produtos de valor similar, por exemplo, queijo por doce, carne por querosene, queijo por sal, requeijão por açúcar, etc.
          E em pleno século XXI, essa prática resiste e é uma das bases do Armazém Paraopeba, desde sua origem. A maioria dos alimentos vendidos no Armazém vem de pequenos produtores, que levam outros produtos como pagamento, à sua escolha e de valor similar.
          É tão pitoresco e gostoso o lugar, que ao entrar dentro, não dá vontade de sair mais. Ficar na venda, ouvindo as histórias dos fregueses, que entram e que saem, proseando e ouvindo as prosas, vendo as pessoas comprarem café moído na hora e cerais no quilo, embrulhado em papel e levarem para casa miudezas. Isso nos dá um sentimento de nostalgia, de estarmos voltando no tempo. (todas as fotos acima foram fornecida pelo João da Mercearia Paraopeba)
Onde fica?
          O Armazém Paraopeba fica no Centro Histórico de Itabirito, cidade distante apenas 57 km de Belo Horizonte e 50 km de Ouro Preto, pela Rodovia dos Inconfidentes. Está bem em frente à Igreja de São Sebastião. Itabirito surgiu no início do século XVIII. O povoado que deu origem a Itabirito hoje foi elevado a distrito em 1752, subordinado a Ouro Preto MG. Em 1923 passou a se chamar apenas Itabirito e elevada a cidade em 10 de setembro de 1925. A cidade conta atualmente com 54 mil habitantes. (na foto acima do Thelmo Lins, detalhe do Centro Histórico de Itabirito MG)
           Dentre suas relíquias históricas, se destaca a Mercearia Paraopeba, um dos lugares mais visitados por turistas que vem à Itabirito.O contato pode ser feito pelo fone; 31 99864-5021.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Site internacional elege a pior comida e a pior bebida do Brasil

(Por Arnaldo Silva) A plataforma gastronômica TasteAtlas divulgou recentemente o ranking das piores bebidas e piores comidas brasileiras. A lista gerou polêmica, já que são comidas e bebidas, típicas e tradicionais de regiões brasileiras.
          Segundo o ranking do TasteAtlas, com nota 3,1, a pior comida brasileira é Cuscuz Paulista, prato típico de São Paulo que tem a farinha de milho como ingrediente principal, acompanhado de ovo cozido, azeite, tomate, molho de tomate e ainda milho verde, palmito, azeitona, ervilha e sardinha, enlatados. (Primeira foto, Cuscuz Paulista, de autoria de Everton137 - Licença Creative commons.- Wikimedia e segunda, Catuaba, enviada pela Eliana Radica)
          A Catuaba, bebida nacional feita a base vinho tinto de mesa com extrato de plantas nativas, entre elas a catuaba, ficou em primeiro lugar no ranking das piores bebidas brasileiras, com nota de 3,1.
O que é o TastesAtlas?
          O TastesAtlas foi criada em 2018 em Zagreb, na Croácia, sua sede, e tem registro na União Europeia. A equipe do site é formada por pesquisadores que tem a função de catalogar as comidas e bebidas de todo o mundo. É atualmente um dos maiores guias de viagens e gastronomia do mundo, contando com a participação de milhares de restaurantes, chefs de cozinha e outras dezenas de milhares de seguidores em vários países do mundo.
          A plataforma promove entre seus seguidores, a difusão de receitas e experiências gastronômicas típicas de todo o mundo, além de ser um site de críticas gastronômicas sobre ingredientes e pratos gastronômicas de todos os países.
Como foi elaborada a lista?
          Segundo o site TastesAtlas, a lista e pontuação leva em consideração a avaliação de seu público gastronômico, através de votação online. A plataforma diz que os votos dos seguidores com maior conhecimento sobre gastronomia tem mais peso, além de garantir que em todas as suas votações, é feita a filtragem de votos, para identificar votos feitos em bots, além de não terem sido aceitos os votos de moradores de origem dos pratos, para evitar o regionalismo.
          Na escolha das piores comidas e bebidas do Brasil, foram 7.014 avaliações dos seguidores da plataforma no Brasil, sendo que 5.139 avaliações foram legitimadas pela TasteAtlas. A pontuação máxima é 5 pontos.
          A votação transcorreu por dias, se encerrando em 18 de novembro de 2023, com o resultado divulgado, no fim de novembro.
          No site da plataforma, tastealtas.com, que é em inglês, está disponível o ranking completo das piores bebidas e comidas brasileiras com a descrição de cada prato e bebida e os ingredientes com que é feito.
          Vale lembrar que é uma votação feita por uma plataforma, com votos de 5.139 pessoas da área de gastronomia, por isso mesmo, não deve ser vista como sendo a opinião nacional final.
          Isso porque a votação foi técnica, com base em conhecimentos gastronômicos, que nem sempre reflete a opinião da população em geral, devido à preferência popular por comidas e bebidas tem como base a tradição e identificação com os sabores e saberes regionais. Até porque, numa pontuação mínima de 1 e máxima de até 5 pontos, tanto as comidas, quanto as bebidas, passaram de 3 pontos, o que podemos concluir que são votações boas. Isso porque, segundo critério da plataforma, quanto mais alta a pontuação, mais bem avaliado é o prato.
          Abaixo o ranking do TasteAtlas com as piores comidas e bebidas brasileiras de acordo com suas notas
RANKING DAS COMIDAS
1° - Cuscuz Paulista – 3,1 pontos
2° - Arroz com pequi – 3,1 pontos
3° - Tareco Pernambucano – 3,2 pontos
4° - Quibebe – 3,4 pontos
5° - Maria-mole (Maria-troupeira) – 3,5 pontos
6° - Sequilhos – 3, 6 pontos
7°- Salpicão de frango – 3,6 pontos
8°- Salada de maionese – 3,6 pontos
9° - Mocotó – 3,6 pontos
10° 0 Biscoitos Casadinhos – 3,6 pontos
RANKING DAS BEBIDAS
1° - Catuaba – 3,1 pontos
2° - Cachaça – 3,7 pontos
3° - Cajuína – 3,8 pontos
4° - Tucuri – 3,8 pontos
5° - Caju-amigo – 3,8 pontos
6°- Caipirosca – 3,9 pontos
7°- Quentão - 3,9 pontos
          Algumas comidas e bebidas ficaram empatadas, mas plataforma não explicou o critério de desempate.

sábado, 28 de outubro de 2023

Estrada Real é oficializada como Monumento Nacional

(Por Arnaldo Silva) Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, no final do século XVII, inicia-se a abertura da Estrada Real, iniciando em Ouro Preto em Minas, terminando no porto de Paraty/RJ, onde o ouro de Minas era despachado para Portugal. De Ouro Preto a Paraty, a extensão era de 700 km. Era a estrada oficial da Coroa Portuguesa e exclusiva para o transporte de cargas, alimentos, metais e pedras preciosas.
          Ao longo dos anos e descobertas de novas Minas, o caminho original foi sendo ampliado e ligado a outros cominhos como o Caminho do Sabarabuçu, em Sabará MG, o Caminho dos Diamantes, em Diamantina MG e o caminho Novo, que ligava a Estrada Real até a cidade do Rio de Janeiro. (na foto acima de Ane Souz, o marco da Estrada Real em Glaura, distrito de Ouro Preto MG)
          Dos 700 km originais, o trajeto passou para 1630 km de extensão, entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, em sua imensa maioria, cortando cidades, vales, montanhas e rios do território mineiro.
          Ao longo de todo o percurso da Estrada Real, cidades e povoados foram surgindo, nos deixando uma riqueza cultural, arquitetônica, tradições folclóricas e gastronômicas riquíssimas, além de impactantes e belíssimas paisagens com cachoeiras, montanhas, matas nativas. É atualmente a principal via terrestre histórica e turística do Brasil. (na imagem acima, o mapa do trajeto da Estrada Real. Criação e arte de: Instituto Estrada Real)
          São 183 localidades, entre cidades e distritos formados ao longo da existência da Estrada Real. Desse total, 162 estão em Minas Gerais. Entre os 183 municípios da Estrada Real, Ouro Preto (MG), Diamantina (MG), São João del Rey (MG), São Lourenço (MG), Juiz de Fora (MG), Paraíba do Sul (RJ), Três Rios (RJ), Petrópolis (RJ), Magé (RJ), Cruzeiro (SP), Guaratinguetá (SP), Cunha (SP) e Paraty (RJ), era na época, as principais rotas da Estrada Real. Hoje são importantes centros históricos e de turismo no Brasil.
Monumento Nacional
          Reconhecendo esse valor e importância do trajeto da Estrada Real para a história de Minas, a principal via terrestre para escoação da produção mineral mineira durante a colonização, tornou-se Monumento Nacional através da Lei Federal 14.698 de 2023, sancionada pelo presidente da República e publicada no Diário Oficial da União (DOU).
          A lei sancionada pelo presidente da República teve origem no PL 1.854/2021, do deputado Reginaldo Lopes/MG, aprovado em decisão terminativa pela Comissão de Educação (CE), tendo como relator da matéria o senador mineiro Carlos Viana.
          A Lei reconhece a grandeza da Estrada Real, dando assim mais visibilidade às riquezas turísticas ao caminho aberto durante a colonização portuguesa, visando com isso a preservação de parte da história de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Os três falares de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Em Minas Gerais são 20 milhões de mineiros vivendo em 853 municípios, 1712 distritos e milhares de pequenos povoados, distribuídos em 13 regiões geográficas e 70 regiões intermediárias. É a segunda maior população do Brasil e quarto maior estado brasileiro em extensão territorial, com uma área total de 586.513,983 km².
          Além disso, 54% do território mineiro é formado pelo bioma Cerrado, na porção centro ocidental mineira, 40% pelo bioma Mata Atlântica, na porção oriental e 6% pelo bioma Caatinga, no extremo Norte do Estado, na divisa com a Bahia. (nas fotos o carreiro registrado por Lúís Leite em Desemboque, no Triângulo Mineiro, o Geraizeiro registrado por Eduardo Gomes e o Montanhês na Região Central, de Arnaldo Silva)
          O grande número de regiões, extensão territorial, biomas, origens e formações diferentes dos povos regionais mineiros, são responsáveis pelas diferenças regionais presentes na gastronomia, cultura, religiosidade, jeito de vestir, nas tradições religiosas e folclóricas e principalmente no modo de falar.
          Não temos um dialeto em Minas e sim três dialetos. O mais falado, em 50% do território mineiro é o Montanhês. Esse dialeto é falado na Região Central, Centro-Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Leste de Minas. Outro dialeto presente em Minas é o Caipira, falado em 33% do Estado especificamente nas regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Noroeste e Triângulo Mineiro. E em 17% do território mineiro, no Norte de Minas e parte do Vale do Jequitinhonha e Noroeste, o dialeto falado é o Geraizeiro.
          No mapa linguístico acima, do estado de Minas Gerais, estão os três falares de Minas Gerais e sua distribuição territorial, segundo o trabalho: Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG), da Universidade Federal de Juiz de Fora MG, de 1977.
Diferença entre sotaque e dialeto
          Sotaque é a característica própria de um linguajar de região específica com a substituição de letras que modifiquem a fonética de uma palavra e frase como por exemplo o “X” do modo de falar do carioca. Dialeto é a forma como a língua oficial de uma determinada região é falada, tendo como base a assimilação de outras línguas e uso de palavras e letras diversas, não específicas, gerando pronúncias fonéticas variadas.
          O modo de falar do mineiro é dialeto e não sotaque. Isso porque o falar mineiro é uma mistura de palavras da língua oficial com línguas nativas e também introduzidas. No caso de Minas Gerais, de línguas faladas na região da Costa da Mina, na África e entre povos indígenas, com a língua portuguesa, com o regionalismo da região do Minho, em Portugal. Por isso os falares mineiros serem diferentes, exatamente pela origem dos povos que os formaram serem diferentes, devido as regiões geográficas específicas de cada um desses povos.
          Outras regiões brasileiras receberam portugueses e africanos de outras regiões de seus próprias, com cultura, dialeto e tradições diferentes. Entre os povos indígenas, há línguas, dialetos, cultura, culinária, rituais diferentes de outras tribos, devido a diferentes etnias indígenas.
          Isso explica a diversidade das culturas, arquiteturas, religiosidades, músicas, folclores, vestimentas, dialetos, tradições e gastronomias diferentes entre os Estados Brasil, devido aos diversos povos de regiões diferentes do Brasil, da Europa e África, com etnias indígenas diferentes.          
Conhecendo os falares de Minas Gerais
O falar Geraizeiro

          É um dialeto falado em 17% do território mineiro.
          O termo Geraizeiro é usado desde o século XIX. Refere-se ao povo mineiro que vive do Cerrado com sua história e cultura ligadas a esse bioma, bem como ao seu modo próprio de falar. É uma região que compreende todo o Norte de Minas e boa parte do Noroeste Mineiro e Vale do Jequitinhonha, estendendo-se até a área de transição do Cerrado para a Caatinga, na divisa com a Bahia. (fotos acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          São os nativos dos Gerais, que é o sinônimo de Cerrado. É um povo formado por homens e mulheres do Cerrado e com ligações familiares e históricas com este bioma. Por esse motivo, são chamados de Guardiões do Cerrado. É o povo que preserva a identidade cultural e histórica dos geraizeiros do norte mineiro.
          Os Geraizeiros, que tem o sangue dos Gerais nas veias, não destroem a vegetação nativa, ao contrário, a respeita. Criam o gado solto, não retiram da natureza o que não podem tirar e quando tiram, respeitam os limites da terra e seus ciclos. Quando colhem os frutos do Cerrado, catam apenas os frutos já maduros, que caíram no chão. Não arrancam a fruta ainda verde no pé.
          Retiram o mel silvestre, colhem ervas e raízes medicinais, espalham sementes dos frutos do Cerrado, ajudando na propagação e preservação da flora dos Gerais, bem como preservam e vivem em harmonia com a fauna nativa.
          Originalmente, o Geraizeiro é um povo formado por povoadores vindos de São Paulo e da parte norte da Região Central Mineira, com povos indígenas habitantes da região e africanos, que constituem a maioria da origem dos Geraizeiros. Em sua origem, viviam nas partes altas e baixas da região, geralmente às margens de córregos e rios. Com o crescimento da região, a cultura, linguajar e influência dos primeiros geraizeiros foram se expandindo, passando o termo a ser usado para definir o dialeto, culinária, cultura e estilo de vida norte mineiro.
          Os Geraizeiros tradicionais vivem da pesca, da agricultura e dos frutos do Cerrado. Vivem do trabalho e comem do que plantam. Em suas terras cultivam arroz, feijão, mandioca, cana, amendoim, dentre outras culturas, além dos frutos nativos.
          É um povo com identidade própria, tanto no linguajar, quanto no estilo de vida e culinária, que ao longo dos anos, foi se aprimorando em um estilo de cozinha, com base nos frutos do Cerrado e peixes de água doce, mesclando a tradição culinária dos povoadores paulistas, mineiros, indígenas e africanos, à vida e cultura do Cerrado e Caatinga.
          Os Geraizeiros são chamados ainda de catrumanos, e de baianeiros, pelo jeito de falar um pouco parecido com o falar baiano, embora o dialeto Geraizeiro seja mais próximo do dialeto Montanhês, do que o do falar baiano, baseiam-se na proximidade da região com a Bahia e com algumas palavras do falar baianos incorporados ao dialeto Geraizeiro..
          A partir de 2007, foi agregado à Constituição de 1988, a definição de povos tradicionais, além dos povos indígenas e quilombolas, outros povos, que preservam o modo de vida tradicional desde suas origens. Entre os vários povos inseridos neste quesito, está o povo dos Gerais, o Geraizeiro. Desde 2011, comemora-se em Minas Gerais o Dia dos Gerais, especificamente na cidade de Matias Cardoso, no Norte de Minas, por ser a primeira povoação criada em Minas Gerais em 1660, bem a matriz da cidade, dedicada a Nossa Senhora da Conceição erguida em 1664.
O falar Caipira
          É um dialeto falado em 33% do território mineiro.
          O dialeto falado no Triângulo Mineiro, Noroeste, Oeste, Sul e Sudeste de Minas é o dialeto Caipira, além de influência do dialeto Montanhês. Essa região mineira está na área de influência da Paulistânia Caipira, uma área geográfica e cultural com origens em São Paulo no século XVI e expandida por uma imensa área territorial brasileira pelos tropeiros e bandeirantes paulistas ao longo do século XVII e XVIII. (fotografia acima de Marlon Arantes em Aiuruoca MG, Sul de Minas)
          A influência da Paulistânia Caipira está presente em partes de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. A Paulistânia Caipira não se limita apenas ao dialeto, mas também no modo de vida, na culinária, na vestimenta, nas danças, nos instrumentos musicais e na música.
          Como o assunto é o falar caipira, vamos nos ater a isso. O dialeto caipira é uma variante dialetal da língua tupi antiga, com o português arcaico. O arcaísmo é quando uma palavra ou expressão deixou de ser usada em uma determinada língua. Desde o descobrimento do Brasil, palavras da língua portuguesa vem sendo modificadas em constantes revisões ortográficas, algumas até deixando de existir ou mudando sua escrita, consequentemente mudando a fonética, devido a exclusão de letras e acentos.
          A própria palavra caipira é uma corruptela da palavra tupi “caapora” que significa “morador do mato”. São as pessoas ou grupos que viviam longe das grandes cidades em pequenos povoados. É estilo de vida e falar do povo do interior, da área de influência da Paulistânia.
          Palavras faladas nos séculos XVII, XVIII, XIX e início do século XX são hoje arcaicas, mas ainda presentes no dialeto Caipira. Boa parte das palavras do dialeto Caipira, tidas hoje como erros ortográficos e de pronúncias, nada mais são do que a preservação do português antigo e medieval da mesma forma que era falado e pronunciado no português arcaico. O que era correto escrever e pronunciar no português antigo, é hoje escrita e pronuncia errada.
          É o caso por exemplo de algumas palavras arcaicas que hoje tem a fonética e grafia diferente do português medieval, como exemplo fruta. No português medieval era escrita e pronunciada “fruita”. Outra palavra é escutar, escrita e pronunciada “escuita”, no português medieval. O “i” foi excluído em uma das várias revisões ortográficas da língua portuguesa, mas continuaram sendo faladas na área da Paulistânia Caipira. Ou seja, o dialeto Caipira preservou a escrita a fonética do português antigo.
           Outro exemplo da preservação da forma arcaica da fonética e escrita do português no dialeto Caipira é o uso do “R” retroflexo, ou seja, pronunciado duplamente com fonética arrastada “rr”, além da substituição da letra L pelo” r”.
          A forma fonética do uso constante do “erre” e a troca do L pelo “r”, muda a escrita e a fonética da palavra. Como exemplo: almoço, fica “armoço”, blusa fica “brusa”, calça, fica “carça”, flauta fica “frauta”, anel fica “aner”, alvo fica arvo, Cláudio fica “cráudio”, pastel fica “paster”, globo fica “grobo”, chiclete fica “chicrete”, claro fica "craro", etc. Na gramática atual é erro sim, mas na história e formação fonética do dialeto Caipira, não. É a preservação de uma tradição, de uma forma de falar histórica, da fonética, expressão e grafia do português medieval e tupi antigo.
          Em algumas metásteses caipira, o erro não é acrescentado e sim, mudado de posição. Eram faladas e até hoje continuam sendo faladas com o R trocado de posição na palavra como perfume (prefurme), agradeço (agardeço), percisar (precidar), etc.
          No dialeto caipira, as pronúncias vogais são predominantemente tônicas. Quando uma vogal tem a uma sílaba átoma, mais fraca, é trocada por uma sílaba tônica, com fonética alongada, mais forte como tábua que fica tauba, estátua, que fica estauta, etc.
          Outra característica do dialeto Caipira é a substituição das letras LH quando antecedem a vogal “a”. Nesse casa, as duas letras são substituídas pela vogal “i”. Por exemplo, telha, fica “teia”, trabalhar, fica “trabaiá”, tulha fica “tuia”. Quando o R é no final de uma palavra que antecede uma vogal, o “r” é simplesmente excluído. Por exemplo: comer, fica “comê”, engolir, fica “engoli”, bater fica “batê, gemer fica “gemê”, suprir fica “supri.
          Além disso, singular e plural no dialeto caipira são ausentes, sem concordância verbal alguma. No dialeto Caipira, plural e singular compõem uma mesma frase. Por exemplo, as colheres, no dialeto caipira é escrita e pronunciada “as colher”, nas mesas, é “nas mesa”, etc. É erro ortográfico, hoje sim, claro, mas faz parte da fonética e expressão do dialeto Caipira tradicional, arcaico. É comum quem vive na influência da Paulistânia Caipira pronunciar “as casa”, “as mulhé” “as carne”, “as pessoa”, etc.
          São pronunciadas naturalmente, devido o dialeto ser uma cultura transmitida por gerações e falado pelo povo da região da influência caipira, no caso das regiões mineiras, desde o século XVIII.
          O dialeto Caipira é simplesmente a preservação das características fonéticas da língua portuguesa medieval falada no Brasil em tempos antigos.
O falar Montanhês
          É o dialeto falado em 50% do território mineiro.
          Também chamado de falar mineiro, o Montanhês é o dialeto original de Minas Gerais surgido no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro. (fotografia acima de Elvira Nascimento em Catas Altas MG, Região Central)
          É formado pela influência linguística regional dos povos que deram origem ao povo mineiro. O português, em sua maioria, da antiga região portuguesa do Minho, na época uma região de mineração, dai a maioria dos portugueses que vieram para Minas serem dessa região, porque já atuavam nessa atividade.
          O africano, em sua maioria da região Costa da Mina no Continente africano, hoje formada pela Nigéria, Gana, Togo e Benin. Era uma antiga região mineradora, ou seja, os habitantes dessa região africana já trabalhavam na exploração mineral e tinha experiência na escavação de minas. Por esse motivo, foram os escolhidos para o trabalho nas minas mineiras. E ainda povos indígenas de diferentes etnias que viviam em território mineiro por ao menos 12 mil anos, com seus idiomas, cultura e tradições de acordo com as comunidades indígenas existentes na época, foram o tripé da origem do povo mineiro e seu modo de falar.
          Africanos e portugueses que vieram para o Brasil, não vieram de um único lugar em seus países e sim de vários lugares e regiões local com tradições e culturas diferentes, se espalhando pelo Brasil, de acordo com os interesses dos colonizadores portugueses.
          Cada região, tanto de Portugal e da África, possui línguas, dialetos, sotaques e tradições diferentes, embora mesmo sendo em um único país, como Portugal, que é formado pelas regiões do Alentejo, Madeira, Norte, Centro, Lisboa e Algarve. Entre os africanos, a mesma coisa. Países com regiões e dialetos diferentes, além de costumes, tradições e religiosidades diferentes, bem como os povos indígenas, por serem povos formados por várias etnias com variações em suas línguas, costumes, culinária, etc.
          Esses povos, com suas tradições, culturas regionais e dialetos se espalharam pelo Brasil. Por isso as diferenças regionais do Brasil.
          Em relação a Minas, durante o Ciclo do Ouro, além dos paulistas, vieram ainda brasileiros de outras regiões brasileiras como do Nordeste e Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul, para trabalharem na mineração.
          O nome original era Montanhês, isso desde o final do século XVIII. Era como eram chamados os habitantes da região Central, onde se concentrava e ainda concentra, maior parte da exploração mineral do Estado.
          Por ser uma região montanhosa e seus habitantes viverem em povoados no sopé das montanhas ou no topo das serras e morros, eram chamados de Montanhês. O povo mineiro era conhecido como Montanhês antes de existir Minas Gerais como capitania, província e estado. Bem antes mesmo de existir o gentílico “mineiro”.
          O povo montanhês trabalhava nas minas de extração mineral. Eram mineiros, como profissão. Quem não trabalhava nas minas, exercia atividades, que de alguma forma estava ligada a mineração, portanto, eram chamados de mineiros também. Por isso o jeito de falar Montanhês passou a ser chamado também de falar do mineiro, literalmente, os trabalhadores das minas de ouro.
          O jeito Montanhês de falar começou no final do século XVII, com a chegada de bandeirantes e formação de povoados. No século XVIII passou a receber a influência dos portugueses que chegaram da região do Minho, dos africanos e brasileiros de outras regiões que vieram em massa para Minas. No século XIX, recebeu a influência de povos de outros países como dos ingleses, que vieram em grande número para Minas Gerais a partir de 1825.
          O falar Montanhês ou Mineiro, é diferente dialeto Caipira e do dialeto Geraizeiro, embora o esses dois dialetos tenham influência do Montanhês, o falar do mineiro Montanhês é bastante diferente, não apenas em relação aos outros dois falados no Estado mas também no Brasil. É um dialeto único e longe de se limitar apenas ao uai, sô e trem. É bastante abrangente e amplo.
          O Montanhês tem como característica principal o ritmo forte, pronuncias rápidas de uma frase, com fonéticas acentuadas e abertas, que podem ser em tons de afirmação, exclamação ou interrogação. Outra característica do Montanhês é encurtar ao máximo uma palavra e principalmente uma frase, além de fazer catira (trocar) entre vogais.
          Como exemplo a vogal E pelo I ou o O pelo U ou até excluindo palavras na pronúncia. Como exemplo: esporte que se pronuncia “sporti”, estranho, que é pronunciado “strain” e por aí vai. Ao pronunciar uma palavra, já no diminutivo, que termine com as letras HO, são suprimidas de imediato. Por exemplo? pãozinho, fica “pãozin”, Paulinho fica “paulin”, pouquinho, fica “pouquin”, passarinho fica “passarin”, todinho fica “todin”, baixinho fica “baixin”etc.
          Palavras no aumentativo raramente são usadas no dialeto Montanhês, pela simples tendência do próprio estilo em falar rápido, cortando palavras e as diminuindo. É raro uma expressão ou frase pronunciada no dialeto Montanhês sem diminutivos.
          No Montanhês, os hiatos podem ter vogais repetidas e faladas longamente como exemplo: pavio que passa a ser “pavii”, frio que passa a ser “frii”, navio passa a ser “navii”.
          Nesse dialeto, certas palavras pronunciadas bem rápido, perdem mais que a metade das letras. Usa-se a primeira letra e mais uma ou duas e ai sai a palavra e todo mineiro entende. Por exemplo, ônibus fica “ons”; senhora fica “sá”; senhor fica “sô”. Outras palavras, são literalmente pronunciadas pela metade. Como exemplo: desce fica “des”; você fica “ocêfica” ou “cêfica”; pra você fica “procê”.
          Uma frase inteira pode ser diminuída e entendida perfeitamente, pelo menos pelo povo mineiro. Como exemplo: Espere, ouça-me um pouco por favor, ficaria assim: “ Péra, só mais um cadim viu!” Ou: Venha até a mim senhor!, seria assim: “vem cá sô!”.
          Pode ser também uma palavra, meia frase ou frase inteira para não dramatizar tais questões como ao se referir a um lugar muito longe, fala-se assim somente para animar: “Né longe não sô, é logo ali ó, cê chega rapidin!”
          Palavras que terminem em TE e DE são palatalizadas, com o E na fonética de “i”. Como exemplo: horizonte fica “horizonti”, visconde fica “viscondi” com pronuncia bem forte no “I”. No caso de Belo Horizonte, a pronuncia fica “belorizonti” ou ainda, “belzonti”.
          Se for hoje à Belo Horizonte, não ouvirá essa pronúncia e sim Belo Horizonte ou no máximo “belorizonti”, “Beagá” ou “BH”. “Belzonti” era mais pronunciado pelo Montanhês da região Central, nos anos 1960 e 1970.
          Não era erro de português e sim, estilo de pronunciar palavras na característica própria do dialeto Montanhês. Os nomes compostos, sejam de pessoas, cidades ou lugares, sofriam drásticas perdas de letras para facilitar a pronúncia de forma rápida. E é assim até hoje, desde a origem do dialeto Montanhês no século XVII.
          O Montanhês nos permite falar uma frase, um texto ou mesmo escrever um dicionário ou um livro totalmente nesse dialeto, sem problemas, de tão amplo e abrangente que é.
Somos montanheses, caipiras e geraizeiros
          São esses os 3 falares do mineiro. Dialetos que conservam o português arcaico, com expressões da língua africana e indígena. São dialetos que vão além do linguajar. Falar no Montanhês, Caipira e Geraizeiro, é preservar a história de uma região, a cultura, as tradições, a música, a vestimenta, a dança, o folclore e sua própria origem. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Moema MG, Centro-Oeste de Minas)
          Por esse motivo, somos mineiros, falamos e vivenciamos o estilo Montanhês com orgulho. Somos mineiros e falamos e vivenciamos o estilo Caipira com orgulho. Somos mineiros, falamos e vivenciamentos o estilo Geraizeiro com orgulho.
Somos de Minas Gerais com muito orgulho. Somos de um Minas que são muitas. A Minas Gerais de todos os mineiros.

quinta-feira, 13 de julho de 2023

As 40 cidades mais ricas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) As riquezas de cidades, estados e país, tem como base o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a produção comercial, de prestação de serviços, agrícola e industrial de cada cidade, estado e do país.
          Como exemplo, numa montadora de veículos, soma-se tudo que foi utilizado na produção industrial como pneus, motor, peças, aço, fiação, acessórios diversos e também o custo da energia usada, salário dos colabores, etc. Resumindo, é toda cadeia produtiva onde gira o dinheiro. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, o portal de Extrema, o oitavo maior PIB de Minas)
          É o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o responsável por medir o PIB de cada cidade, dos estados e do Brasil. (na foto acima do @dronemoc, Montes Claros, o décimo maior PIB de Minas)
          Conhecer as riquezas produzidas no país é importante para conhecer o crescimento econômico ou mesmo sua estagnação e redução, além de permitir comparações com outras cidades, estados e regiões, para definições de políticas públicas e analisar carências econômicas regionais. (na foto acima de @dronemoc, Uberlândia, o segundo maior PIB de Minas)
          A medição é feita trimestralmente e a cada ano, são divulgados os PIB´s totais de cada cidade, estado e país. O PIB total de Minas Gerais, em 2022, foi estimado em R$ 924,5 bilhões de reais. Já o PIB do Brasil em R$9,9 trilhões. (na foto acima de @dronemoc, Belo Horizonte, o maior PIB de Minas)

          De acordo com o PIB das cidades mineiras, divulgados pelo IBGE em 2023, destacamos 40 cidades mineiras de maior PIB, sou seja, as 40 cidades mais ricas do Estado, de acordo com seu PIB.
POSIÇÃO/MUNICÍPIO         PIB
1 - Belo Horizonte                                      R$ 97.509.893,34
2 - Uberlândia                                            R$ 37.631.536,84
3 - Contagem                                              R$ 29.558.093,79
4 - Betim                                                     R$ 26.185.005,42
5 - Uberaba                                                R$ 17.190.844,76
6 - Juiz de Fora                                          R$ 16.868.839,89
7 - Nova Lima                                            R$ 12.211.281,71
8 - Extrema                                                 R$ 11.496.520,91
9 - Ipatinga                                                 R$ 11.147.694,00
10 - Montes Claros                                   R$ 9.686.454,28
11 - Sete Lagoas                                       R$ 9.250.195,08
12 - Pouso Alegre                                     R$ 8.140.164,45
13 - Poços de Caldas                                R$ 7.993.118,37
14 - Divinópolis                                         R$ 7.051.417,35
15 - Itabira                                                 R$ 6.790.476,63
16 - Governador Valadares                      R$ 6.725.398,01
17 - Itabirito                                              R$ 6.653.271,97
18 - Varginha                                            R$ 6.255.980,72
19 - Araxá                                                 R$ 6.094.234,12
20 - Araguari                                           R$ 5.927.562,15
21 - Paracatu                                           R$ 5.560.256,34
22 - Patos de Minas                                R$ 5.400.256,10
23 - Ouro Branco                                     R$ 4.576.805,29
24 - Santa Luzia                                       R$ 4.520.293,82
25 - Ribeirão das Neves                          R$ 4.430.121,63
26 - Conceição do Mato Dentro             R$ 4.189.049,62
27 - Ouro Preto                                        R$ 3.751.175,96
28 - Itaúna                                                R$ 3.707.354,39
29 - Timóteo                                            R$ 3.640.419,22
30 - Ituiutaba                                           R$ 3.587.216,51
31 - Pará de Minas                                 R$ 3.384.015,71
32 - João Monlevade                             R$ 3.335.338,40
33 - Unaí                                                  R$ 3.323.472,16
34 - Ubá                                                   R$ 3.299.470,82
35 - Patrocínio                                        R$ 3.290.863,80
37 - Mariana                                            R$ 3.266.047,66
36 - Itajubá                                              R$ 3.290.802,69
38 - Barbacena                                       R$ 3.175.493,76
39 - Sabará                                             R$ 3.153.825,83
40 - Congonhas                                     R$ 2.989.103,48

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