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sábado, 16 de maio de 2020

O artista que pinta em enxadas

José Roberto de Paula, artisticamente conhecido como Zezim, nasceu no pequeno vilarejo de Cachoeirinha distrito de Ibertioga MG.
          O mais velho de quatro irmãos, teve sua infância e adolescência na roça de milho, feijão e cana de açúcar. Seus pais são agricultores e educaram as crianças com muita simplicidade e amor. Mas garotinho Zezé, como era chamado pelos familiares e pelo Antônio Francisco de Assis, era diferente.
          Antônio Francisco, apelidado de Candonga foi de muita importância no seguimento artístico de Zezim, este homem desenhava com carvão nas tábuas do paiol da casa da avó de Zezim, depois com seu afiado canivete esculpia o desenho feito na tábua, o menino observava aquilo, tinha imensa vontade de aprender aquela arte praticada por Candonga, grande contador de história para as crianças em volta de uma fogueira quentinha de inverno.
          As fazendinhas de gravetos em cerca, os bois de sabugos, as latinhas de sardinhas e as rodinhas feitas com as chupetas de bebes, embalavam a mente fértil do pequeno e magrinho menino. Mas Candonga era essa figura de arte que o menino se espelhava.
          Aos 17 anos o jovem menino inicia seus estudos, após longos anos trabalhando com o seu pai na roça. Na companhia do padre Túlio, da Paróquia de Santo Antônio na cidade de Ibertioga, em 1991 inicia a 5ª série e com mais sete anos de estudo sairia de Ibertioga em direção a Andrelândia, onde ingressaria no convento franciscano. Mas em sua temporada em Ibertioga fez algumas aulas de técnicas de arte com o famoso pintor Lourival Vargas.
          No seminário em Andrelândia o jovem José Roberto continuou suas pinturas em grão de arroz e pequenas pedras. Permaneceu nesta cidade por um ano. Seu novo destino seria Caçapava cidade do Estado de São Paulo. Em Caçapava já noviço franciscano, o jovem foi proibido de pintar para viver intensamente a vocação franciscana na qual sentia se verdadeiramente chamado.
          Esse tempo de clausura só serviu para acordar o Zezim cujo nome foi criado pelo seminarista, na época, Ronaldo Trindade, hoje jornalista. Cada dia no Convento em Caçapava, Zezim guardava uma pedrinha para pintar quando saísse de lá. Seis meses depois estava em Barbacena, na UNIPAC, onde fez o curso de Letras por não ter a faculdade de artes visuais que era seu maior sonho.
          Produzindo a arte mini pinturas no grão de arroz, cabeça de alfinetes foi se tornando popular não só nos pequenos jornais da Universidade, mas também no jornal de sábado da cidade. Até a TV Panorama chegou para fazer uma matéria. Em uma exposição, na festa das rosas da cidade de Barbacena, encontra Alam, guia turístico de Juiz de Fora que fica encantado com a enxada pintada que estava na exposição.
          Essa peça Zezim não vendeu, alegava que aquela tinha sido sua primeira caneta, caneta que lhe trouxe uma graduação e que muito lhe ensinou sobre a vida. Alam entendeu isso e incentivou Zezim a pintar mais enxadas e fez-lhe duas encomendas de enxadas pintadas.
          Aqui nasce a febre pelas enxadas, e o melhor Zezim percebeu que a enxada seria suas telas para contarem as histórias da roça. Até hoje brinco, essa que aposentou muitos agricultores, depois de tanto trabalhar e não ganhar nada em troca, a não ser alguns dentes e a ferrugem que as destroem, não serão jogadas fora, ou vendidas por miseráveis centavos ao ferro velho, aquelas que eu encontrar ou ver, ganharam um lugar na parede, ou na mesa de pessoas que de fato reconhecem seu valor.

          Assim me tornei o pintor das enxadas que contam a historia dos agricultores e a vida da roça. Elas são folhas de um grande livro que escrevo com tinta a óleo, conto minhas lembranças de criança, a felicidade que vivi, as dores que senti, os sonhos que se tornaram realidade. Sou de Cachoeirinha, vivo em Barbacena, mas todo final de semana estou aqui no Chalezinho do Artista, criando e pintando. Contatos: Facebook: José Roberto Paula, WhatsApp: 32 999038719, Instagram: @ joserobertopaula. Fanpage:José Roberto Paula. Enxadas artísticas.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Os queijos da Serra do Salitre

(Por Arnaldo Silva) Serra do Salitre é um município mineiro, distante 368 km de Belo Horizonte, na região do Alto Paranaíba. Tem cerca de 12 mil habitantes e faz divisa com os municípios de Patos de Minas, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio, Ibiá, Perdizes, Rio Paranaíba e Carmo do Paranaíba. 
(Por Arnaldo Silva) Serra do Salitre se destaca nacionalmente na produção de café, considerado um dos melhores do Brasil e exportado para o exterior, através da Cooxupé. Destaca ainda a produção de batata, soja, milho, feijão e produção leiteira. 
          O clima da região é diferente, seu solo é rico em salitre, um nitrato de potássio usado na produção de fertilizantes, na indústria alimentícia em carnes defumadas e embutidas, para evitar a proliferação da bactéria causadora do botulismo, para realçar a cor e o sabor dos alimentos e também usado na fabricação de pólvora. 
          A Serra do Salitre está a 1220 metros de altitude. Seu clima, qualidade de seu sol, água de qualidade e sua altitude, são os fatores responsáveis pela identidade de um dos principais produtos do município: os queijos, considerados um dos melhores de Minas e do Brasil. Pelos fatores climáticos e por sua flora bacteriana ser única, os queijos da Serra do Salitre tem um sabor exclusivo e único e não se compara a nenhum outro tipo de queijo, como por exemplo, o Canastra. 
           São queijos diferentes, com sabores, e texturas diferentes. Queijo feito na Serra do Salitre é único em sabor, não tem outro igual em lugar algum em Minas, seja Brasil e em qualquer outro país do mundo. É um dos poucos queijos no mundo que tem identidade própria. 
          Por isso os queijos da Serra do Salitre se destacam a cada ano, com várias e seguidas premiações estaduais, nacionais e internacionais. Um dos queijos que se destaca na região é o produzido pela família do produtor rural João José Melo, produtor de queijos desde 2004, que deu sequência a tradição da família. Além do conhecimento adquirido com a família, “Seu” João, como é conhecido, foi o segundo produtor de queijos de Minas Gerais a ter o Certifica Minas, concedido pelo Governo de Minas Gerais aos produtores artesanais de queijos, reconhecidos pela qualidade de seus produtos.
          O produtor conhece bem a fundo o mundo dos queijos, procurando conhecer as diversas técnicas usadas na produção de queijos mundo tendo representado o Brasil na Itália, na Slow Food, bem como viajou a França em 2010 para conhecer a cadeia produtiva do queijo francês e participando ainda de vários concursos de queijos no Brasil e no exterior. 
          Tradicionalmente queijeira, o queijo está presente na família Melo há quatro gerações, sendo produzido na Fazenda Pavão, de propriedade da família, uma média de 100 peças de queijos de leite cru por dia. O rebanho da Fazenda Pavão é composto por vacas Girolando, alimentado a pasto no período das águas e com silagem, caso necessário, no período da estiagem.
          Os queijos produzidos na Fazenda Pavão são especiais e se destacam pela baixa acidez, sabor suave e massa cremosa, ficando mais firme com o tempo de maturação que pode variar de 20 dias a quatro meses. São produzidos queijo branco, meia cura natural e o Imperial Premium. O queijo mais vendido e procurado produzido na Fazenda Pavão é o Queijo Imperial Serra do Salitre Ouro. Esse queijo é feito com leite cru e cada peça pesa entre 900 gramas a 1,2 KG. Nesse queijo é usada uma técnica de impermeabilização de queijos, comum na Europa, com aplicação de resina alimentar. A resina confere uma característica peculiar ao queijo, cuja casca fica com a coloração amarela, preta ou vermelha, dependendo da cor da resina usada. 
Para obter essa coloração é usada uma resina comestível. Essa resina é própria para uso em queijos e seu uso é autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
 A resina é aplicada com a ajuda de um pincel, em todo o queijo. Sua função é simplesmente proteger o queijo da formação de colônias de fungos e bactérias durante o processo de maturação, preservar a cor natural e diminuir a perda da umidade do queijo. As resinas não interferem no sabor do queijo, ao contrário, preserva seu sabor original. Após sua aplicação são mais ou menos 15 a 20 dias para que a camada de resina se forme. 
          Embora seja comestível, recomenda-se na hora que for comer o queijo, retirar a resina, já que serve apenas para proteger o queijo. Dependendo da fôrma usada, o queijo fica muito atraente. Este acima foi feito numa fôrma em forma de coração e com resina vermelha. 
          O contato do “Seu” João Melo para mais informações e aquisição do queijo pode ser feito pelo Whatsapp: 34 99961-2284
(Reportagem baseada em informações passada diretamente pelo produtor e queijo João Melo, proprietário da Fazenda Pavão em Serra do Salitre MG. As fotos foram fornecidas pelo próprio João Melo)

terça-feira, 5 de maio de 2020

As plantações de rosas em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) As rosas não falam, mas conquistam corações. São flores admiradas no mundo inteiro. Seu perfume, sua delicadeza, sua beleza encantam e emocionam. (na foto abaixo, de Guilherme Augusto/@mikethor, fazenda de rosas em Andradas MG)
          Qual mulher não gosta de receber rosas? Poucas podem dizer que nunca foi presenteada com pelo menos uma rosa sequer na vida. Símbolo da paixão, da conquista e do amor, as rosas fazem toda a diferença em ocasiões especiais, seja como presente de aniversário, de casamento, numa conquista ou mesmo, como forma de pedir perdão. O homem romântico, que busca alegrar, agradar e conquistar sua amada todos os dias, prefere oferecer flores como presente, rosas, principalmente. Presentear alguém com rosas, é mostrar que a pessoa que as recebe, é especial. 
          Existem milhares de flores no mundo, com cheiros, perfumes e cores variadas, mas as rosas são as flores mais populares. Em qualquer arranjo floral, decoração de festas ou ambiente, dificilmente as rosas não estão presentes. Até mesmo na hora da dor da perda de um ente querido, essas flores estão presentes. O perfume das rosas suaviza a dor desse momento. 
          Rosas estão presentes na humanidade, da forma que conhecemos, há mais de cinco mil anos. Pertencendo a família Rosaceae e ao gênero Rosa L, são mais de 100 espécies de rosas existentes no mundo, em sua forma natural e outros milhares de espécies com cores que variam do negro, verde, azul, cinza, e até coloridas, obtidas através de cruzamentos híbridos e cultivares. 
          Uma simples rosa faz sorrir, um buquê pode derramar lágrimas de emoção, mas qual a emoção traria uma fazenda inteira só de rosas, aos milhares de várias cores, tamanhos e perfumes? Já imaginou?
          Sim, existem fazendas de rosas e ficam em Minas Gerais. O estado mineiro é o segundo maior produtor em área plantada de flores do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. Nossas flores abastecem o mercado interno, brasileiro e exportadas para outros países, no caso, as rosas produzidas em Barbacena MG. 
          Além das flores ornamentais, em Minas Gerais, são produzidas ainda flores comestíveis como a capuchinha, o amor-perfeito e a calêndula, destacando essa produção na cidade de São João Del Rei MG, (na foto acima de Kiko Neto) no Campo das Vertentes. 
          Já em Santa Luzia, no Mosteiro de Macaúbas (na foto acima de Thelmo Lins), as freiras enclausuradas do mosteiro, produzem vinhos feitos com pétalas de rosas, tradição preservada á mais de 300 anos. É o famoso Vinho de Rosas de Macaúbas, tinto suave ou seco fino.
          As fazendas de rosas mineiras estão concentradas em Andradas, no Sul de Minas e em Barbacena e cidades em seu entorno, no Campo das Vertentes. São fazendas que plantam em larga escala, colhem e comercializam essas flores, gerando empregos, renda e impostos.
Rosas em Andradas MG
          A charmosa e atraente cidade de Andradas (na foto acima de Alexandre Pastre), distante 463 km de Belo Horizonte, na divisa com os municípios de Poços de Caldas, Caldas, Ibitiura de Minas, Santa Rita de Caldas, Ouro Fino, Jacutinga e Albertina, é conhecida por suas belezas naturais e como a Terra do Vinho, tradição que surgiu na cidade no início do século XX, com a chegada de imigrantes italianos. As vinícolas da cidade produzem vinhos finos, de qualidade. Em Andradas também se produz cafés especiais e azeites, tendo o Azeite Borriello, premiado e reconhecido no Brasil e no mundo pela sua qualidade, sendo comparado às melhores marcas dos azeites europeus. 
           Outro destaque que pouca gente conhece, é que em Andradas existem várias fazendas de rosas (na foto acima, de Guilherme Augusto/@mikethor, uma dessas fazendas), plantadas em dezenas de hectares por vários produtores de rosas, organizados na Associação dos Produtores de Flores e Plantas em Cultivo Protegido da Serra de Andradas e Região (ANDRAFLORES). São cultivados cerca de 29 variedades de rosas, da linhagem europeia, nas terras do município e nas cidades próximas. As rosas vermelhas, brancas e amarelas se destacam nas fazendas da Serra de Andradas e região, com tendência de crescimento a cada ano, já que rosas são especiais, sempre presente na vida das pessoas e é um presente muito lembrado em dias especiais como Dia das Mães e dos Namorados.
As rosas de Barbacena
       As rosas fazem parte da cultura de Barbacena desde meados do século XX (fotografia acima de Igor Messias). O município é um dos mais antigos importantes de Minas Gerais e faz parte da história do Brasil. Hoje, Barbacena é conhecida como a “Capital das Rosas”. São vários produtores de rosas, cultivando dezenas de variedades da flor, tanto em Barbacena, quantos nas cidades vizinhas, como Alfredo Vasconcelos MG.
          A rosa é tão importante para Barbacena que todos os anos, geralmente no mês de setembro, acontece na cidade a Festa das Rosas, tradição desde 1968. A Festa das Rosas de Barbacena é hoje um dos principais eventos de Minas Gerais, atraindo gente de todo o país e também do mundo, para conhecer as rosas e a festa em si, que é cheia de atrações como estandes de flores, shows musicais, comidas típicas, desfiles, baile de gala onde acontece a eleição da Rainha das Rosas, Brotos e Brotinhos de Rosas, com desfile das eleitas e de todas as candidatas pelas ruas das cidades em carros todos decorados com as flores.
A simbologia das rosas
          Especiais, apaixonantes, perfumosas, as rosas compõem o imaginário das pessoas, sempre voltada para o bem estar, alegria, felicidade, amor e suavidade. Veja as principais rosas que existem, são centenas de espécies e sua simbologia, adquirida ao longo os milênios, não dá para colocar todas, mas essas são as mais comuns e populares. 
· Rosas vermelhas: paixão, amor, respeito, adoração.
· Rosas vermelhas com amarelas: felicidade .
· Rosas amarelas: diz-se que podem significar amor por alguém que está a morrer, ou um amor platônico, ou amizade.
· Rosas brancas: reverência, segredo, inocência, pureza e paz.
· Rosas cor-de-rosa: gratidão, agradecimento, o feminino (muitas vezes aparece simbolizando o útero em algumas culturas).
· Rosas vermelhas com brancas: harmonia, unidade.
· Rosas laranja: entusiasmo e desejo.

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