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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Inconfidentes: a Capital Nacional do Crochê

(Por Lucas Silva Dantas*) Inconfidentes, localizada no interior do Sul de Minas Gerais, é uma cidade encantadora na sua simplicidade, na sua beleza e na riqueza dos seus talentos. Localizada a 441 quilômetros da sua Capital Belo Horizonte com acesso pela BR-381 e MG-290, a cidade possui aproximadamente 7.300 habitantes e 149 Km2, fazendo divisa com os municípios de Bom Repouso, Borda da Mata, Bueno Brandão, Ouro Fino e Tocos do Moji.
Fotografia de Cesar Augusto Neves, por meio do seu projeto “Um Novo Olhar sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc.
          Segundo a historiadora Leyde Moraes Guimarães no seu livro “Inconfidentes: a terra que me viu nascer” (2010):
          “Naturalmente os primeiros habitantes desta região foram os gentios – talvez o gentio caiapó (habitante das matas) – que dominaram a vasta região da cabeceira do rio Mogi-Guaçu. Inconfidentes está situada em território que era ocupado por eles. A nação caiapó pertencia ao grupo jê e era de caráter bravio. Dominava desde a cabeceira do rio Araguaia, em Goiás, até as cabeceiras dos rios Oriçanga e Mogi-Guaçu. Suas aldeias se estendiam pelos vales dos rios.
          Geralmente estabeleciam residências nos lugares onde mais abundavam a caça e a pesca. ”
          Segundo Elaine Garcaia Reberte, em seu trabalho denominado “Histórico de Inconfidentes” (1998):
          “A vinda dos bandeirantes em busca de ouro nas margens do Rio Mogi Guaçú também marca a história de Inconfidentes. O território era chamado Povoado de Mogi Acima e pertencia ao município de Ouro fino. O ourofinense Júlio Bueno Brandão tomou todas as providências junto ao Governo Estadual para que fosse criado uma Colônia Agrícola de Estrangeiros, onde foi concedido e iniciada em 22 de maio de 1910. Intitulada Núcleo Colonial de Inconfidentes as terras foram distribuídas para os colonos italianos, espanhóis, portugueses, russos, estonianos, franceses, suíços e outras nacionalidades. Desta forma, Inconfidentes não nasceu de um assentamento, mas da colonização por colonos estrangeiros e nacionais."
Fotografia de Maria Stela Rissatti, por meio do seu projeto “Uma proposta de arquivo histórico de garra da população de Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc.
          Inconfidentes se tornou município em 30 de dezembro de 1962, o nome da cidade é uma alusão aos heróis da Inconfidência Mineira, como Tiradentes e Alvarenga Peixoto.
          A cidade de Inconfidentes apresenta na sua formação os contornos de vários povos, etnias, culturas e tradições diversas. Tem um histórico de luta e resistência para deixar de ser núcleo colonial, para se desligar de Ouro Fino, até ser oficializada como município. Desde a sua criação, a cidade foi pensada por engenheiros da época, com projeção das praças, quarteirões, entre outros espaços, para que pudesse um dia ser reconhecida como cidade.
          Em Inconfidentes está sediado o Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Campus Inconfidentes, um dos maiores polos de ensino e pesquisa do Brasil. Segundo o site do Instituto:
          “O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – campus Inconfidentes, tem sua origem em 28 de fevereiro de 1918, pelo Decreto nº 12.893, nove anos após a criação da primeira Escola Agrícola no Brasil, ainda como Patronato Agrícola, vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Permaneceu assim até o final da década de 50, quando então passou a ser denominada a Escola Agrícola “Visconde de Mauá”, oferecendo curso ginasial, durante toda a década de 60. No dia 29 de dezembro de 2008 a Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes/MG, passou a denominar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes, juntamente com as ex- escolas agrícolas de Machado e Muzambinho. Com a sua criação, os Institutos deverão ter forte inserção na área de pesquisa e extensão, visando estimular o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas e estendendo seus benefícios à comunidade.”
Fotografia de Rosiane Aparecida Silva, por meio do seu projeto “Um Olhar Sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc
          Inconfidentes é reconhecida como a Capital Nacional do Crochê, sendo uma das maiores produtoras de crochê, malhas, fios, fibras e tapetes do Sul do Minas Gerais. O crochê está no dia a dia da população, se transformou em fonte de renda de muitas pessoas do município, deixando um legado histórico e cultural para a cidade. O modo de fazer crochê foi tombado como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais através da lei Nº 22896, DE 11/01/2018. A cidade integra o Circuito Turístico das Malhas, sendo uma das maiores produtoras de malhas e de crochê do Estado.
          A cidade se tornou famosa por sua produção artesanal de peças com essa técnica, tanto em linha de seda quanto em linha de barbante. O crochê está na decoração das árvores, no tapete das casas, nas lojas de artesanato, nas roupas e acessórios, nas mãos de crocheteiras que ensinam suas filhas, suas netas e passam essa arte de geração em geração. O crochê produzido em Inconfidentes se espalha pelas lojas de todo o País. Estima-se que mais de 2 mil pessoas fazem o artesanato no município, comprovando o ditado popular que diz que em Inconfidentes toda família tem uma crocheteira.
Fotografia de Caroline Silva Dantas, por meio do seu projeto “Mãos (In)Visíveis”, para a Lei Aldir Blanc.
          Para trazer visibilidade as malharias, comércios, artistas e artesões do Município foi criado a CrocheMalhas, um importante evento da cidade com cerca de 4 dias de exposição com desfiles, shows e outros eventos organizados para atrair turistas e a população das cidades vizinhas. Nos dias de realização da CrocheMalhas a cidade toda se reúne para apreciar a exposição de malhas, crochês, entre outros artesanatos e produções.
          Em 2005, Inconfidentes entrou para o Rank Brasil como o maior artesanato linear em Crochê do Brasil com um tapete de 2.578,09 metros. A peça de crochê foi estendida desde a entrada da cidade, passando pela avenida principal, decorando toda a praça da igreja e entrando até o pavilhão de exposições da CrocheMalhas.
          Para além do crochê Inconfidentes também possui outras riquezas e conta com a produção de alho, café, verduras, legumes, frutas, bucha, leite, queijo, danone, doce de leite, entre outros produtos que trazem riqueza, fartura e que são o sustento de muitas famílias da cidade. Os produtores rurais estão espalhados por todo o município, que possui extensa Zona Rural, com plantações e produções diversas, incluindo a pecuária.
Fotografia de Rosiane Aparecida Silva, por meio do seu projeto “Um Olhar Sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc 
Fotografia Ana Luiza Silva Ribeiro do Vale, por meio do seu projeto “Sobre Olhares”, para a Lei Aldir Blanc.         
          Inconfidentes também faz parte do roteiro turístico do Caminho da Fé, caminho de peregrinação inspirado no milenar caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Para além do Caminho da Fé Inconfidentes também está no trajeto do Caminho da Prece, Caminho de Nhá Chica, Caminho das Graças e Prosas e Caminho das Capelas. Inconfidentes possui hotéis, hostel e pousadas prontas para receber turistas e peregrinos que por aqui passam e desejam conhecer melhor o município!
          Seja para apreciar as árvores revestidas de crochê, para peregrinar pelos diversos caminhos que passam pelo município, para imergir no turismo rural e conhecer picos e cachoeiras, para comprar os artesanatos, provar o café, os queijos e doces, para conhecer o IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes e seus inúmeros cursos técnicos, para visitar a Igreja e as diversas capelas do município, visite e conheça Inconfidentes!
Fotografia de Ana Luiza Silva Ribeiro do Vale, por meio do seu projeto “Sobre Olhares”, para a Lei Aldir Blanc.
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*Lucas Silva Dantas é educador e artista, natural de Inconfidentes e colaborador do Turismo e da Cultura do município
Referências Bibliográficas: Livro “Inconfidentes a terra que me viu nascer - aspectos históricos gerais” escrito por Leyde Moraes Guimarães (2010); Trabalho “Histórico de Inconfidentes”, escrito por Elaine Garcia Reberte (1998)

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