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sexta-feira, 20 de março de 2020

Fortuna de Minas: a cidade dos pássaros livres

(Por Arnaldo Silva) Uma pequena, pacata, charmosa e aconchegante cidade a menos de 100 km de distância de Belo Horizonte e com menos de três mil habitantes. Cidade de povo simples, hospitaleiro, onde todos se conhecem e sabem um pouco um do outro. Essa cidade é Fortuna de Minas. O município faz divisa com Esmeraldas, Paraopeba, Maravilhas, Pequi, São José da Varginha, Cachoeira da Prata e Inhaúma, na Região Central do Estado. 
          A cidade é tranquila, bem cuidada e limpa, mas um detalhe chama a atenção: praticamente não se vê gaiolas com pássaros presos. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Havia um tempo em que olhavam para o céu e para as árvores e não viam vidas. Os pássaros não eram vistos livres e sim, caçados e capturados para serem aprisionados em gaiolas. O canto dos pássaros em gaiolas era canto de tristeza. Não viam mais ninhos nas árvores e nem os bandos de aves sobrevoando os céus da cidade.
          Foi com essa constatação que, por iniciativa do morador local Washington Moreira Filho, essa realidade triste começou a mudar. Washington sonhava em ouvir o canto dos pássaros livres e as praças da cidade cheias de canários, rolinhas, trinca-ferros e outras aves. Com a ideia fixa, começou a conscientizar os moradores de Fortuna de Minas a trazer de volta os pássaros para seu habitat natural. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, monumento ao pássaro livre e ao búfalo, já que Fortuna de Minas é também conhecida como a Terra do Búfalo)
          Sua ideia era convencer os moradores a abrir as gaiolas e soltar os pássaros. Não foi fácil convencer pessoas a mudar uma cultura, errada, mas enraizada há anos no cotidiano de suas vidas. Aos poucos a ideia foi ganhando apoio, inicialmente bem pequeno, mas crescendo na medida do tempo que as pessoas adquiriam consciência, colocando-se no lugar do pássaro que não é objeto decorativo e nem nasceu para viver preso e sim ao ar livre, em meio a árvores, vivendo em seu habitat natural. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          A cada dia, a cada semana, a cada mês, novas pessoas foram se comovendo com a atitude dos amigos e vizinhos e aderindo à ideia, abrindo as gaiolas, deixando os pássaros livres e não mais os capturando ou caçando-os. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Matriz de Santo Antônio)
          Inclusive, instrumentos de caça e aprisionamento das aves, como alçapões, deixou de ser fabricado numa marcenaria que funcionava há décadas na cidade, cujo carpinteiro, “Seu’ Zé, que chegou a ter 18 pássaros presos em gaiolas, se solidarizou com a iniciativa e aderiu à campanha. 
          O próprio “Seu” Zé, que no início da campanha tinha 85 anos, libertou as aves presas, deixando à época em que tomou essa atitude exemplar, uma declaração comovente de quem se conscientizou e abraçou a iniciativa: “Ninguém quer ficar preso. O canto é bonito. Estou orgulhoso de ter uma vida desse jeito, e eles também. Os passarinhos também querem viver tranquilos”, declarou “Seu” Zé.
          Somente os pássaros que nasceram em cativeiro não foram libertados, por não saberem caçar, mas prender e engaiolar novos pássaros não mais. Foi questão de consciência adquirida. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, Monumento ao Motociclista)
          O resultado é impressionante. Os pássaros estão por toda parte no município, principalmente nas matas, seu habitat. São canários-chapinhas e trinca-ferro, que se misturam a outros pássaros como o João-de- Barro, pica-pau, beija-flor, pardais, periquitos, etc.
          O mais interessante ainda é que a cidade que comprava gaiolas e fabricava alçapões, passou a investir em outra atividade: construir casas para pássaros. A ideia partiu de artesãos locais, que se inspiraram nas casas do joão-de-barro para criarem as casinhas. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          Isso não quer dizer que as aves irão morar nas casas, isso porque a casa das aves é em seu habitat natural, onde fazem seus ninhos em troncos ocos de árvores ou outro lugar que julguem seguros para chocarem seus ovos, longe dos predadores naturais. 
          As casas feitas pelos artesãos são espaços para os pássaros se alimentarem ou mesmo fazerem seus ninhos com segurança. A população espalha canjiquinha, fubá e alpistes nas praças, casinhas e outros lugares para que as aves se alimentem. Assim permanecem na cidade, colorindo a vida, alegrando o dia com suas belezas e seus cantos maravilhosos! (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          Essa iniciativa é sem dúvida uma das mais corretas e adequadas. Quem ama a vida, não aprisiona. Pássaros nasceram com asas para voar, serem livres e viverem em seus habitat. Que o exemplo de Fortuna de Minas, seja seguido por outras cidades. Mas não espere a cidade fazer, faça sua parte. Não aprisione as aves, abra as gaiolas. Quer ouvi-los cantar, cuide deles, dê comida, coloque alpiste, fubá, canjiquinha no chão, numa bandeja ou mesmo numa casinha que eles vêm e irá colorir sua rua, sua praça, seu jardim. E cantarão felizes simplesmente por estarem livres. Quem é livre, é feliz!

5 comentários:

  1. Aqui em minha cidade, no Sul de MINAS, Inconfidentes, NO INICIO DOS ANOS 2000 FOI FEITO TRABALHO SEMELHANTE. Associação Voa Canarinho. E hoje temos por todos lado os canários-Terra , em liberdade. Abraços.

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  2. Que espetáculo!Todos que aprisionam os pássaros deveriam soltar todos os eles.

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  3. Aqui em BH, cheio de canários chapinhas, na UFMG, Belvedere, trevo do BH shopping, avenidas Antônio Carlos, e em toda cidade, livres e soltos cantando muito felizes da vida bom demais

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