(Por Arnaldo Silva) Segundo pesquisas e estudos do Centro de Ciência da Universidade Federal de Juiz de Fora, a usina de Marmelos, sediada em Juiz de Fora, foi a primeira usina hidrelétrica do Brasil e da América Latina.
Foram pesquisadas e estudadas a origem e história de todas as usinas existentes naquela época e, inclusive a do Ribeirão do Inferno, em Diamantina, que foi construída para gerar energia restrita a mineração de diamantes de um local específico, 5 anos antes da inauguração da Usina de Marmelos e de outras localidades brasileiras.
Isso porque na época existiam pequenas usinas setoriais no Brasil, gerando energia apenas para um determinado fim. Usina hidrelétrica, com geração de energia em turbinas, para o coletivo comunitário, foi a de Marmelos.
Após os estudos e análises, chegaram à conclusão de que a Usina de Marmelos em Juiz de Fora, foi a primeira usina hidrelétrica de Minas Gerais, do Brasil e da América Latina. (foto acima: arquivo da Cemig/Divulgação)
Os estudos e análises foram reconhecidos pelo Ministério das Minas e Energia, Cemig e tombada pelo tombado pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Juiz de Fora em 1983, sendo transformada na época em Espaço Cultural e Museu. Em 2005, a Usina de Marmelos foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).
História
Os avanços tecnológicos no mundo começaram a se difundir a partir da Revolução Industrial na Inglaterra, embora na América Latina em especial, no Brasil, tais avanços demoravam a chegar e quando chegavam, demorava muito para se disseminada pelo país, devido à desconfiança dos fazendeiros e industriais da época com as novas tecnologias. (foto acima: arquivo da Cemig/Divulgação)
A única exceção foi a energia elétrica, que teve disseminação rápida no Brasil, graças a visão de dois homens: o mineiro Bernardo Mascarenhas e Dom Pedro II, que regeu o Brasil de 1840 a 1889
Dom Pedro II e o desenvolvimento industrial
Dom Pedro II buscou ampliar a malha ferroviária brasileira, na época, começando a surgir no Brasil, construindo trilhos, pontes e estações, ligando cidades e estados. A primeira ferrovia brasileira foi fundada por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Inaugurada em 1854, sua extensão era de 14,5 km e ligava Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro.
Foi através de Dom Pedro II que foi instalado no país, um cabo telegráfico, lingando o Brasil à Europa, ficando com isso mais fácil saber das novidades tecnológicas daqueles tempos. Quando soube da invenção da lâmpada elétrica incandescente por Thomas Edison, mandou instalar a novidade, inicialmente nas estações ferroviárias fluminenses, em 1872. (na foto acima da Josiane Astério, antiga Sede da Companhia Mineira de Eletricidade construída em 1890. Foi a distribuidora de energia elétrica produzida pela usina de Marmelos)
O monarca era grande incentivador de novas descobertas. Uma de suas grandes contribuições para o desenvolvimento do Brasil foi a introdução no Brasil da eletricidade, ato de grande importância, que avançou rapidamente no Brasil.
Bernardo Mascarenhas
Em uma economia agrária, com vistas ao desenvolvimento, a energia elétrica era de grande importância, inclusive para a agricultura, onde predominava a cultura do café e a iniciante mineração. Com a eletricidade, foi possível desenvolver no Brasil a indústria têxtil, metalúrgica e siderúrgica, por exemplos.
Um dos grandes entusiastas da energia elétrica no país foi o industrial mineiro do setor têxtil, Bernardo Mascarenhas, cujo nome foi dado à usina posteriormente, em sua homenagem.
A iniciativa partiu desse industrial que conheceu a novidade quando esteve em Paris, na Exposição Universal, em 1878, onde conheceu as novidades tecnológicas e industriais da época, se convencendo do quanto às novas tecnologias melhoravam o desempenho da produção industrial, principalmente, as usinas hidrelétricas, grande novidade apresentada na Exposição.
Voltou para o Brasil decidido a fazer com que a forças das águas brasileiras, fossem transformadas em energia elétrica. O Brasil precisava crescer e se desenvolver. A energia elétrica era o fator preponderante para esse desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população. O industrial enxergava isso, tanto é que retornou à Europa, com o apoio da Prefeitura, para introduzir em Juiz de Fora a energia elétrica urbana, substituindo a energia que naqueles tempos era a gás.
Criação da Cia Mineira de Eletricidade
As iniciativas do industrial mineiro teve todo apoio do Imperador Dom Pedro II. Foi o marco da saída do Brasil de uma economia rural totalmente rudimentar, para o fortalecimento da industrialização do país, ainda iniciante.
A primeira hidrelétrica da América Latina
Com esse propósito, de incentivar o desenvolvimento industrial brasileiro, através da geração de energia elétrica, foram importadas dos Estados Unidos as turbinas para a construção da primeira usina elétrica no continente Latino Americano. Assim sendo, nas águas do Rio Paraibuna, em Juiz de Fora, Zona da Mata, foi construída a primeira usina hidrelétrica do Brasil e da América Latina. (foto acima: Cemig/Divulgação)
Foi criada a Companhia Mineira de Eletricidade (CME), de Juiz de Fora, que passou a fornecer energia elétrica para a iluminação para a cidade e redondezas. Por fim, a energia elétrica foi se popularizando, sendo instaladas nas residências a partir do início do século 20, substituindo os lampiões e lamparinas.
A CME foi responsável pela energia elétrica de Juiz de Fora e região até 1980, quando foi incorporada pela Cemig. Bernardo Mascarenhas foi também o responsável por mostrar a importância da energia elétrica, bem como educar e retirar da população as desconfianças sobre a eficácia da nova tecnologia.
Eletricidade: o marco do desenvolvimentoAs iniciativas do industrial mineiro teve todo apoio do Imperador Dom Pedro II. Foi o marco da saída do Brasil de uma economia rural totalmente rudimentar, para o fortalecimento da industrialização do país, ainda iniciante.
A primeira hidrelétrica da América Latina
Com esse propósito, de incentivar o desenvolvimento industrial brasileiro, através da geração de energia elétrica, foram importadas dos Estados Unidos as turbinas para a construção da primeira usina elétrica no continente Latino Americano. Assim sendo, nas águas do Rio Paraibuna, em Juiz de Fora, Zona da Mata, foi construída a primeira usina hidrelétrica do Brasil e da América Latina. (foto acima: Cemig/Divulgação)
O Rio Paraibuna atravessa a Zona da Mata e deságua no litoral fluminense. Suas turbinas foram testadas em agosto e ligadas em definitivo em 5 de setembro de 1889, antes da queda da Monarquia e instalação da República, dando o pontapé inicial para o desenvolvimento industrial do Brasil.
A iniciativa logo se expandiu, surgindo várias outras hidrelétricas na região, em São Paulo e por todo o país, tornando hoje o Brasil um dos gigantes do setor no mundo. Devido a grande demanda, a própria usina de Marmelos foi ampliada, tendo os primeiros equipamentos instalados substituídos por outros mais modernos.
Marco da industrialização brasileira
A inauguração da usina foi o marco na industrialização brasileira e os rios deixaram de ser apenas locais escoamento de esgoto urbano, pesca e lazer, para ser um dos fomentos do desenvolvimento nacional. As industriais têxteis passaram a produzir mais e a crescer, bem como foi propulsora do surgimento da metalurgia, siderurgia e outros segmentos industriais e comerciais no Brasil, além de ter contribuído para melhora na produção agropecuária brasileira, ainda bastante rudimentar naquela época.
A inauguração da usina foi o marco na industrialização brasileira e os rios deixaram de ser apenas locais escoamento de esgoto urbano, pesca e lazer, para ser um dos fomentos do desenvolvimento nacional. As industriais têxteis passaram a produzir mais e a crescer, bem como foi propulsora do surgimento da metalurgia, siderurgia e outros segmentos industriais e comerciais no Brasil, além de ter contribuído para melhora na produção agropecuária brasileira, ainda bastante rudimentar naquela época.
Transferência para a Iniciativa privada
Em dezembro 5/12/2024, a Usina de Marmelos foi leiloada pela Cemig. A usina fez parte de um lote composto por 4 usinas mineiras: Marmelos, em Juiz de Fora, Martins, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e de Sinceridade, em Manhuaçu, na Zona da Mata, além da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Machado Mineiro, em Águas Vermelhas MG, Norte de Minas.
O lote foi arrematado em leilão ns bolsa de valores B3, em São Paulo, pela Âmbar Hidroenergia, por R$ 52 milhões. Com isso, a Cemig transfere a parte onerosa dessas usinas a iniciativa privada para exploração de seus potenciais de geração de energia elétrica, bem como a conservação do patrimônio. FONTES: Ministério de Minas e Energia (MME), Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), IEPHA e CEMIG
Em dezembro 5/12/2024, a Usina de Marmelos foi leiloada pela Cemig. A usina fez parte de um lote composto por 4 usinas mineiras: Marmelos, em Juiz de Fora, Martins, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e de Sinceridade, em Manhuaçu, na Zona da Mata, além da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Machado Mineiro, em Águas Vermelhas MG, Norte de Minas.
O lote foi arrematado em leilão ns bolsa de valores B3, em São Paulo, pela Âmbar Hidroenergia, por R$ 52 milhões. Com isso, a Cemig transfere a parte onerosa dessas usinas a iniciativa privada para exploração de seus potenciais de geração de energia elétrica, bem como a conservação do patrimônio. FONTES: Ministério de Minas e Energia (MME), Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), IEPHA e CEMIG
Que maravilha de usina,devido a dois grandes brasileiros,o imperador e o mineiro Bernardo!
ResponderExcluirSinto orgulho de saber tudo isso!
Gostei muito do artigo 👏👏👏
Gostaria de saber se a usina ainda está funcionando...
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