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terça-feira, 28 de maio de 2019

As 10 cidades mais hospitaleiras do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Pesquisa feita pela plataforma Booking.com, apontou Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas Gerais, como a mais acolhedora e hospitaleira do Brasil. Monte Verde está no topo da lista, das 10 mais votadas. 
          As chocolaterias, as cervejas artesanais, a gastronomia variada, o frio próximos a zero grau, o aconchego, as belas paisagens e a forma carinhosa, receptiva e calorosa com que os turistas são recebidos no distrito, foram os motivos da escolha de Monte Verde como a cidade mais hospitaleira do Brasil. (fotografia acima de Wellington Diniz e abaixo de Mônica Milev/Chocolate Montanhês)
          Para chegar as 10 cidades mais hospitaleiras do Brasil, foram analisadas 177 milhões de comentários de turistas de todo o Brasil que utilizaram o site de viagens em janeiro de 2017 até janeiro de 2019. Segundo dados da pesquisa da plataforma, o principal motivo para escolha de um destino para viagens é ser bem recebido. 79% dos turistas querem se sentir em casa, quando viajam pelo Brasil. Outro dado importante é que 85% dos turistas afirmam que as avaliações reais são importantes para escolha do local que pretende conhecer. Por isso a importância dos comentários. O resultado foi divulgado no dia 27 de maio de 2019.(foto abaixo de Marcelo Santos)
 Abaixo a lista das 10 cidades mais hospitaleiras do Brasil: 
1 - Monte Verde, Minas Gerais
2 - Penha, Santa Catarina
3 - Gramado, Rio Grande do Sul
4 - Canela, Rio Grande do Sul
5 - Ilhabela, São Paulo
6 - Campos do Jordão, São Paulo
7 - Arraial do Cabo, Rio de Janeiro
8 - Ubatuba, São Paulo
9 - Bombinhas, Santa Catarina
10 - Jericoacoara, Ceará

domingo, 26 de maio de 2019

Trem da fé: locomotiva liga Caeté à Serra da Piedade

(Por Arnaldo Silva) Elaborado pela Arquidiocese de Belo Horizonte, o projeto prevê trem de passageiros ligando Belo Horizonte a Caeté, com estação nesta cidade e os turistas e romeiros, completando o percurso, até o Santuário da Serra da Piedade, em uma locomotiva. (na foto abaixo, do Elpídio Justino de Andrade, na Estação Bracarena)
          O objetivo é ligar a fé ao turismo e facilitar a vida dos 500 mil peregrinos que visitam o Santuário de Nossa Senhora da Piedade anualmente. Além disso, reduzirá o tráfego na BR 381, reduzindo o número de acidentes nessa perigosa via. A viagem propiciará aos turistas a vista de belas passagens ao longo do caminho. O trajeto total do percurso de trem, será feito por etapas. 
          A primeira etapa, que seria a ligação de Caeté ao topo do Santuário por uma locomotiva, teve início em 2019 e concluída em junho de 2021 e já está em atividade, levando romeiros e turistas até o topo da Serra da Piedade. (na foto acima de Padre Miguel Ângelo - Arquidiocese de Belo Horizonte/Divulgação, o topo da Serra da Piedade)
          Os romeiros que vem à Serra da Piedade, chegarão até o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, de locomotiva. A composição sairá da estação, construída na Praça Antônio da Silva Bracarena, antiga Praça da Cavalhada, (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade), e seguirá até o topo da Serra da Piedade, onde está o Santuário. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a locomotiva na estação de em Caeté, de onde sairá, subindo até o topo da Serra da Piedade).
          O percurso, dessa primeira etapa, será de 2,5 km. (na foto acima, detalhes de um dos vagões, equipados com cintos de segurança e abaixo, a locomotiva e os vagões, fotografados pelo Elpídio Justino de Andrade)
          Chamada de Locomotiva da Piedade e popularmente de "Trem da Fé", o novo transporte, facilitará a vida dos turistas e romeiros, que terão mais facilidades para subir à Serra, além de poderem contemplar toda a beleza em 360 graus.
          Trata-se de um transporte sustentável, ecologicamente correto e que permitirá a preservação de um dos mais belos patrimônios naturais de Minas, além da conservação do patrimônio natural e arquitetônico da Serra da Piedade. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Isso porque, o acesso até próximo ao topo do maciço rochoso, onde está o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, era feito de carro ou van, por uma estrada sinuosa e estreita. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a entrada para o Santuário da Piedade)
          É no topo da Serra que está a pequena ermida construída no século 18 (na foto acima de Elvira Nascimento), que guarda relíquias de nossa história, como a imagem de Nossa Senhora da Piedade, obra do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). A pequena ermida, foi elevada a basílica pelo Papa Francisco. É atualmente, a menor basílica do mundo.
          Agora será pela Locomotiva Piedade, uma composição com capacidade para transportar até 100 passageiros, movida a diesel, com motor de um cavalo mecânico modelo Cargo 4331, com motor modelo Série C da marca Cummins, de seis potências com 310 cv, caixa de transmissão automática e puxará 5 vagões, que vieram do Rio Grande do Sul. (fotografia acima e abaixo de Elpídio Justino de Andrade)
          A locomotiva não é um trem, literalmente falando. Usa pneus e não trafega sobre trilhos. Isso devido a longa subida, até o topo da Serra da Piedade. Da estação em Caeté, até o topo, são 1746 metros de altura. Uma subida e tanto.
          A construção da Estação Locomotiva da Piedade, foi aprovada pela Superintendência em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), devido ao valor cultural, ambiental e turístico para Minas Gerais, além de contribuir com a preservação da Serra. Foram gastos R$ 1,07 milhão na obra, com recursos obtidos através de acordo entre Arquidiocese de Belo Horizonte e o Governo Mineiro, através da Secretaria de Cultura e Turismo. (na foto abaixo do John Brandão/@fotografo_aventureiro, mostra a Serra da Piedade e abaixo, ao fundo, Caeté. Agora, com a locomotiva, ônibus, vans e carros, ficarão na Estação em Caeté e os romeiros e turistas, subirão a Serra de locomotiva)         
          As etapas seguintes seria a ligação até Belo Horizonte, já com trem, mesmo, trafegando sobre trilhos. Da Capital à Caeté, são cerca de 55 km. (na imagem acima com arte de Lelis/Arquidiocese de BH/Divulgação, todo o trajeto e pontos turísticos do percurso do Trem que ligará Caeté a Belo Horizonte)
          O projeto, elaborado por uma equipe técnica da Arquidiocese de Belo Horizonte, foi apresentado à Secretaria de Turismo e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iehpa) e Governo de Minas Gerais. Está na fase de contatos com futuros parceiros e estudos. É um processo longo, demorado, mas a possibilidade de se concretizar existe. 
          Os envolvidos no projeto estão empenhados e engajados na luta para que saia do papel, já que ligará a Belo Horizonte, a um dos mais importantes centros de turismo do Brasil, que recebe cerca de 500 mil visitantes, em média, por ano.
          Pelo projeto, o trem sairia da Praça da Estação em Belo Horizonte, passando pela cidade histórica de Sabará (na foto acima do Thelmo Lins), onde os passageiros poderão contemplar belas paisagens pelo caminho e na cidade, conhecer o Santuário de Santo Antônio de Roça Grande, a Igreja de Santo Antônio em Pompéu, as belezas da arte barroca que a cidade oferece e as igrejas de Nossa Senhora do Ó, de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Carmo.
          De Sabará o trem seguirá até a Estação Nossa Senhora da Piedade, na Praça Antônio da Silva Bracarena em Caeté, onde o turista poderá conhecer as relíquias da arte barroca da cidade, principalmente a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso. (na foto acima do Clésio Moreira, Caeté vista do topo da Serra da Piedade)
          Da estação de Caeté, os turistas e romeiros embarcarão na locomotiva, até o topo da Serra da Piedade. Chegando ao Santuário, além do espetáculo da visão, o visitante conhecerá a Basílica de Nossa Senhora da Piedade, cujo altar-mor guarda a imagem da Santa, padroeira de Minas Gerais, obra do Mestre Aleijadinho.
          Um dos maiores defensores desse projeto, é o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor de Oliveira Azevedo, até pouco tempo, Cardeal arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte.
          Em declaração ao Jornal O Estado de Minas, em 2019, dom Walmor disse: “A Região Metropolitana de Belo Horizonte guarda tesouros que precisam ser apreciados e valorizados. A arte barroca das cidades coloniais, muitas belezas naturais pouco conhecidas, patrimônios da religiosidade e da história de Minas. É preciso investir para que a fé e o turismo contribuam ainda mais para o desenvolvimento sustentável do estado, da capital e da Grande BH”. Para o religioso, ligar Belo Horizonte ao Santuário da Piedade “é retomar a tradição das viagens feitas sobre trilhos, oportunidade para contemplar paisagens, conhecer regiões a partir de novas perspectivas”.      

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Saiba porque 5 de julho é o dia da Gastronomia Mineira

(Por Arnaldo Silva) O mineiro não é muito de alardear sobre os sabores que saem dos seus quintais. Quem visita Minas descobre e reconhece o quanto é saborosa a culinária do povo mineiro. Agora o mundo também vem descobrindo as delicias da comida dos mineiros. 
          Cozinha é vocação do mineiro, está na alma, no fogão à lenha e nos quintais. Mineiro e cozinha é uma simbiose perfeita! A culinária do Estado de Minas Gerais é uma das mais ricas do mundo e os pratos tradicionais de Minas, vem recheado com 300 anos de história. Uma cozinha tão rica e famosa no mundo inteiro tem data comemorativa, sabia disso? (na foto acima, queijo com goiabada da @mercearia Paraopeba em Itabirito MG)
          O dia da Gastronomia Mineira é o dia 5 de julho, data oficial, estabelecida pela Lei Estadual número 20.577 de 2012 e reconhecida pelo Governo de Minas em 5 de julho de 2023 que foi o dia e ano do reconhecimento oficial da culinária mineira como patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais.
          A data foi escolhida em homenagem ao dia do nascimento do professor e escritor Eduardo Frieiro, filho do casal Melchíades Frieiro e Maria Joana Pampin, imigrantes de Pontevedra, região da Galiza, Espanha. Frieiro nasceu em cinco de julho de 1889 em Matias Barbosa MG. 
          Eduardo Frieiro é o autor do livro “Feijão, Angu e Couve – Ensaio sobre a comida dos mineiros”, publicado em 1966 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se do primeiro livro dedicado à gastronomia mineira com abordagem sobre a história do surgimento da culinária de Minas Gerais, com uma visão sociológica abrangente sobre o tema. Esta obra é tão importante para Minas Gerais, que o dia do aniversário do escritor é o dia da culinária mineira.
          No livro, Frieiro conta em minuciosos detalhes como Minas Gerais saiu da escassez de alimentos no final do século 17 e início do século 18, para se tornar uma das cozinhas mais rica, respeitada e apreciada em todo o país ao longo de três séculos. 
          O estudo se baseia na evolução da nossa gastronomia desde o início do Ciclo do Ouro, até o início do século 20, quando a capital de Minas Gerais deixa de ser Ouro Preto para ser Belo Horizonte, numa época que a cozinha mineira estava consolidada e referência como culinária nacional. 
          Desde aquela época, os nossos mais tradicionais pratos, como o tutu de feijão, frango com quiabo, costelinha de porco com angu, torresmo, feijão tropeiro, licores, queijos, café, doces e quitandas diversas já eram apreciados pelos brasileiros. 
          Minas Gerais é um prato cheio de histórias e sabores diversos e mesmo com os avanços tecnológicos, as receitas mineiras se mantém preservadas e apreciadas.
          Então já sabem por que 5 de julho é o Dia da Culinária Mineira. Uma data valiosa para Minas Gerais. 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Cores e sabores da infância!

(Por Arnaldo Silva) "Aê o chup-chup!" Dava gosto ouvir alguém gritando assim na porta da escola ou mesmo pelas ruas de terra de nosso bairro. Os olhos da criançada até brilhavam de alegria e era baratinho. No final da aula, estavam lá vários meninos com caixa de isopor gritando, oferecendo aquele saquinho com sucos coloridos, que a criançada adorava. 
          Os vendedores chegavam com as caixas cheias e logo estavas vazias. (a foto acima foi enviada pelo José Ronaldo de Bom Despacho MG)
          Onde eu morava, Belo Horizonte o nome era chup-chup. Em outros lugares chamam de dindim, gelinho, sacolé, geladinho e outros nomes. Mas para nós tanto faz o nome, o que vale é o sabor da saudade, a nostalgia daquele tempo gostoso de nossa infância.
          Ainda hoje o chup-chup faz sucesso, mas não é igual ao de antigamente. É raro vermos hoje pessoas saindo nas ruas com a caixa de isopor vendendo como antigamente, está industrializado e se encontram em supermercados e sorveterias. 

          Colocar suco num saquinho de plástico e congelar foi uma das ideias mais simples e que mais se popularizam no Brasil.
          Hoje a qualidade do chup-chup é melhor. Feito com água filtrada, leite pasteurizado e até com sucos naturais. Tem até chup-chup com leite condensado, coisa inimaginável para nossa época. Antes o chup-chup vinha das casas, feitas pelas famílias, hoje, praticamente essa prática artesanal acabou.
          Naqueles saudosos tempos meu amigo, era feito em casa mesmo, com água, açúcar e o popularíssimo ki-Suco. Nada mais que isso. E dá saudades viu. Quem viveu esse tempo, sente saudades, da alegria que esse saquinho proporcionava. Uma gostosa nostalgia. 

sábado, 18 de maio de 2019

Barão de Cocais, Gongo Soco, os ingleses e o Uai

(Por Arnaldo Silva) Uma charmosa, atraente, aconchegante e bela cidade histórica mineira, com cerca de 33 mil habitantes, Barão de Cocais, está apenas 93 km de distância de Belo Horizonte. Faz divisa com os municípios de Bom Jesus do Amparo, Caeté, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. (na fotografia abaixo de Gislene Ras, vista parcial da cidade)
          Sua origem data do início do século XVIII com a chegada de bandeirantes vindos do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, em busca do ouro na região. Desceram o Rio São João, onde encontraram novas minas de ouro, se estabeleceram, formaram um povoado, ergueram uma pequena capela. Deram o nome do arraial de São João do Presídio do Morro Grande, pelo arraial ter sido formado ao sopé de um morro extenso, chamado de Morro Grande. 
          Com a descoberta de novas minas na região, o arraial prosperava e novos moradores chegavam, atraídos pelo metal dourado, e outros metais, como a hematita (na foto acima, de Glauco Umbelino, igreja feita com hematita, próximo a Mina de Gongo Soco). Mas o que interessava mesmo era o ouro. Começaram a construir casas às margens do Rio São João, formando outro povoado, de nome Macacos, maior núcleo de Morro Grande na época. 
          A partir de 1764, a pequena e rústica capela começou a dar a lugar a outra maior, com talhas e arquitetura com as características da riqueza das igrejas construídas no auge do Ciclo do Ouro. A nova igreja, dedicada a São João Batista, conta com obras atribuídas ao Mestre Aleijadinho, responsável pela imagem de São João Batista, na portada de entrada do templo, esculpida em pedra sabão (na foto do Elpídio Justino de Andrade). A tarja do arco-cruzeiro, no interior da igreja também é atribuída ao Mestre do Barroco Mineiro. A ornamentação interna conta com talhas douradas em ouro, no estilo Rococó e pinturas do forro e altar atribuídas ao Mestre Ataíde. Foi concluída em 1785, 21 anos depois de iniciada. 
          Em 1891 a vila de São João Batista do Morro Grande era elevada a distrito. Já em 1938, o nome passou a ser apenas Morro Grande, tendo sido emancipado em 1943, adotando o nome de Barão de Cocais, em homenagem ao ilustre morador da Vila Colonial de Cocais, hoje, distrito da cidade, o barão, João Batista Ferreira de Souza Coutinho, conhecido na região como o Barão de Cocais, em alusão à localidade em que vivia, embora seu título de barão seja por Catas Altas. (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade, o coreto da Matriz de Barão de Cocais)
João Batista: o Barão de Cocais
          João Batista Ferreira de Souza Coutinho foi um excêntrico milionário de sua época, tendo recebido de Dom Pedro I, o título de barão. Este título era concedido pelo Imperador aos cidadãos comuns, mas ricos e poderosos, que não tinham nascido nobres, tornando-os nobres a partir de então, embora, a nobreza puro-sangue, os consideravam nobreza baixa, já que na hierarquia nobre, o barão era inferior ao título de visconde, que era inferior ao título de conde. Ou seja, barão era a hierarquia mais baixa da nobreza. Conde, visconde e barão, exerciam a função equiparada hoje às funções de prefeito, vice-prefeito e presidente da Câmara, respectivamente.
          Homem muito rico, vaidoso, não via constrangimento algum em ostentar poder e dinheiro. Fazia isso com excentricidade fora do comum, principalmente após ter herdado as minas de Congo Soco de seu sogro e já com o título de barão. 
          Entre suas extravagâncias, por exemplo, era construir suntuosos casarões com detalhes arquitetônicos bem trabalhados, como mandou fazer em Brumado, Santa Luzia e Sabará, além de Caeté, onde mandou construir um dos maiores e imponentes casarões do século XIX, um verdadeiro palacete, hoje um museu da cidade.
          Não gostava de ser comparado aos simples ricaços da época, fazendo questão de se diferenciar de todos e mostrar sua riqueza, principalmente no mobiliário de suas mansões que era os mais caros e luxuosos da época, no requinte de suas carruagens, pratarias da casa, etc. Gostava de promover festas constantes com temáticas personalizadas, como exemplo, tinha suas próprias baixelas, feita todas em ouro. A comida era servida em pratos maciços, que os convidados podiam levar para casa, como presente. Na hora da sobremesa ou quando servia caldos, canjicas ou outra coisa, mandava colocar grãos de ouro dentro, e claro, os convidados podiam ficar com os grãos. E não ficava somente nisso. Nas vezes que saia a cavalo pelas ruas de Catas Altas, Cocais e região, fazia questão de colocar uma ferradura de ouro em uma das patas do animal, presa de forma que no caminho, a ferradura se soltasse. Quem pegasse a ferradura, podia ficar com ela. 
          Como nessa vida o que vem fácil, vai embora fácil, o ouro começou a acabar e o barão começou a sentir o ouro exaurindo em suas minas, começando a entrar em decadência e sua riqueza, foi diminuindo. Começou a se endividar e os amigos que antes o bajulavam e recebiam seus presentes, sumiram. Após enfermidade, o barão morreu em 1839, deixando dívidas e sua família empobrecida.
Cidade rica em história e belezas naturais
          Tudo isso faz parte da história de Barão de Cocais e região, bem como a própria cidade, uma parte da história viva de Minas e do Brasil. Além de ser uma cidade histórica, com belas igrejas e casario colonial, Barão de Cocais, conta com várias belezas naturais, como rios, cachoeiras, serras com pinturas rupestres e belas paisagens nativas, além de encontrar-se nas proximidades do Santuário do Caraça, um dos principais pontos naturais, turísticos de Minas Gerais. 
          Além de suas belezas naturais e arquitetônicas (foto acima de Elpídio Justino de Andrade, o antigo Cartório da cidade), em Barão de Cocais, o Carnaval de rua, festa brega e festa de São João (padroeiro da cidade) são destaques. Em dias de calor, a famosa Cachoeira de Cocais, é a mais procurada. Fica na Serra da Conceição, apenas 4,5 km da Vila de Colonial Cocais. Esta cachoeira é especial, por ser um complexo com várias quedas, em destaque para suas águas que despencam de uma montanha de pedras, a 30 metros de altura, muito procurada por praticantes de esportes radicais como rapel, montain bike, canyoning, trekking. (na foto abaixo da Elvira Nascimento)
          Outra cachoeira é a da Cambota, formado pelas águas do córrego São Miguel, na Serra da Cambota, área situada numa região de transição de Mata Atlântica e Cerrado, fazendo parte do complexo da Serra do Espinhaço. É na Serra da Cambota que está a matriz de água da cidade, sendo essa região, riquíssima em componentes minerais.
          Além disso, é um dos pontos de turismo da cidade, com suas águas limpas, cristalinas, com vários saltos ao longo do trecho do córrego, que formam atraentes poços com suas águas na temperatura de 20ºC em média, perfeita para banhos. Além de poder se deliciar com suas águas, na serra, podem ser vistos orquídeas nativas e outras plantas da região como samambaias, sempre-vivas e canelas-de-ema, por exemplo.  
          Outro atrativo natural interessante em Barão de Cocais é o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, localizado na Serra da Conceição, a 1250 metros de altitude. São pinturas rupestres em três painéis, retratando caçadores perseguindo suas presas e rituais sagrados acontecidos no local, com muita semelhança com desenhos encontrados nas grutas de Altamira, na Espanha, e Lescaux, na França. O local chamou a atenção do cientista dinamarquês, Peter Lund, que esteve na região em 1843. (fotografia acima e abaixo de Elvira Nascimento)
           Os desenhos foram feitos usando pigmentos de minerais presentes na rochas da região, feitas há cerca de 6 mil anos, segundo conclusão de historiadores da Universidade Federal de Minas Gerais, analisando a cronologia dos minerais presentes no paredão, além de concluírem que o local foi moradia de povos antigos, pelo fato das pinturas no paredão mostrarem rituais e ações de caça, envolvendo pessoas, retratando sua forma de sobrevivência e crenças. Esses tipos de pinturas estão presentes em várias cavernas de Minas Gerais e no Brasil, sendo ao todo cerca de 780 sítios arqueológicos pelo país. Essas pinturas foram a forma dos povos primitivos tinham para expressarem suas crenças e retratarem seus modos de sobrevivências, deixando gravadas nos paredões das cavernas e serras, suas vidas, religiosidade, costumes e meios de sobrevivência, usando a mais antiga forma de expressão humana, a arte, através da pintura.
Gongo Soco, os ingleses e o Uai dos mineiros
           As ruínas da antiga mina de ouro de Gongo Soco (na foto acima de Glauco Umbelino) são mais que ruínas do século XVIII. É o testemunho presente da economia nacional durante o Ciclo do Ouro. A mina começou a ser explorada em 1745, vendida posteriormente a João Batista de Souza Coutinho, o Barão de Catas Altas e comprada desde por 79 mil libras esterlinas em 1826 pela empresa Brasil Imperial (Brasilian Gold Mining), com origem no condado da Cornualha, no Sudoeste da Inglaterra. A companhia, foi a primeira empresa inglesa a ser instalada no Brasil. Os britânicos exploraram Gongo Soco até 1856. 
          Na região, os ingleses deixaram um pouco de sua cultura e arquitetura, formando uma vila própria, com casario, hospital, igreja Anglicana, hoje em ruínas, e um cemitério, onde estão sepultados os ingleses que faleceram durante a presença da colônia na região. 
          O cemitério foi construído no alto de uma colina, cercado por um muro de pedras, com 10 lápides revestidas em pedra sabão e granito. Os sepultamentos seguiu a tradição dos ingleses, originários da Cornualha, que tinha a tradição de sepultar seus mortos de cócoras.(foto acima de uma lápide e abaixo, escultura no cemitério dos ingleses, fotografado pelo Glauco Umbelino)
          Os ingleses foram embora e a mina ficou paralisada, tendo sido retomada somente em 1986, quando foi adquirida pela Mineração Socoimex, que mantem protegido e guardado a herança deixada pelos ingleses. Herança essa que não ficou apenas na arquitetura ou história, mas na influência do linguajar dos mineiros.
          Uma das mais convincentes teses sobre a origem das palavras Uai e Sô dos mineiros, teve origem em Gongo Soco. De tanto ouvirem os ingleses falarem Why (porque), Where (onde) e Why Sir (o que é senhor), os mineiros, que trabalhavam para os ingleses, passaram a repetir e escrever, essas palavras, da forma que entendiam, "aportuguesada". Do why inglês, ficou o Uai, o why sir, ficou, uai sô e o where, ué.  
          Assim surgiu o uai, o ué, uai sô e sô, se popularizando na região e em toda Minas Gerais, segundo acreditam alguns estudiosos sobre o tema.     

sábado, 11 de maio de 2019

A cidade sagrada de Aiuruoca

(Por Arnaldo Silva) No Sul de Minas, no alto da Serra da Mantiqueira, a 989 metros de altitude e a 423 km distante de Belo Horizonte, está Aiuruoca, nome indígena que significa "Aiuru (papagaio) e oka (casa). Casa do papagaio. Suas paisagens montanhosas de Mata Atlântica, com cachoeiras despencando a dezenas de metros é um verdadeiro convite ao relaxamento total. Ambiente propício para meditação. (foto acima e de autoria de Jerez Costa)
          Aiuruoca tem pouco mais que 6 mil habitantes, distante 423 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Baependi, Cruzília, Serranos, Carvalhos, Seritinga, Bocaina de Minas, Minduri e Alagoa.
          É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais. Começou a ser desbravada em 1692 pelo padre João Faria de Melo, capelão dos Bandeirantes. A partir dessa época portugueses e paulistas começaram a chegar à região, por causa das minas de Aiuruoca. Em 1706, foi ocorre a fundação do arraial pelo paulista João de Siqueira Afonso. (foto acima de Jerez Costa)
          Aiuruoca integra o circuito turístico Terras Altas da Mantiqueira, sendo bastante procurada por turistas e amantes da natureza. As cachoeiras e picos, cuja altitude variam de 1300 a 2357 metros de altitude sendo o Pico do Papagaio o mais famoso (na foto acima, do Jerez Costa). Das 82 cachoeiras do município, cerca de quarenta são visitadas frequentemente pelos moradores e visitantes por suas águas limpas, cristalinas e poços que propiciam banhos relaxantes.
       A área urbana de Aiuruoca é um dos charmes do Sul de Minas, com tranquilidade típica do interior mineiro (foto acima do Marlon Arantes). Casarões antigos e bem cuidados, ruas de pedras, jardins e praças bem cuidadas são cenários bucólicos presentes na cidade, que encanta os visitantes.
          A charmosa Matriz de Nossa Senhora da Conceição, datada de 1726 com seus antigos altares de madeira, que chamam muita atenção pela beleza singular. Além das belezas naturais e do charme da cidade, em Aiuruoca a culinária é riquíssima. Queijos, Azeites (na foto acima de Marlon Arantes), mel, biscoitos, bolos, doces e todo o sabor da culinária mineira está presente nos restaurantes da cidade, bem como a artesanato também.
          É no Vale do Matutu, a 17 km do centro de Aiuruoca, que a energia das mágicas montanhas de Aiuruoca é mais sentida. O trajeto é por estrada de terra e poderá ver pelo caminho várias cachoeiras e paisagens espetaculares. Matutu é um povoado que conta com pousadas, restaurante e um rico artesanato, feito por seus moradores. (foto acima de Marselha Rufino)
          Boa parte dos moradores do povoado vieram de outras cidades, que encontraram no Matutu o lugar ideal para fugir do estresse e correria das cidades grandes, convivendo em harmonia com a natureza, com alimentação saudável, praticando yoga e meditação, fazendo artesanatos que ficam expostos no casarão do Matutu. Vivenciam a cultura hippie, em sintonia e respeito à natureza.
          No Matutu, há um templo ecumênico, independentemente da crença religiosa, é um lugar que merece ser visitado. Tranquilo, transmite paz, ótimo para um contato com o superior.
          Presente no Matutu está a o Santo Daime, que formam uma comunidade com mais de 100 pessoas que vivem no Vale, lugar que consideram perfeito para suas práticas espirituais, vivendo em harmonia plena com a natureza, conciliando o desenvolvimento humano com a preservação da natureza e cooperação social. (na foto acima do Marlon Arantes)
          Estando no Vale do Matutu, o visitante pode desfrutar das paisagens e cachoeiras, relaxar, meditar ou simplesmente contemplar por exemplo os 130 metros de queda da Cachoeira do Fundo. Outra cachoeira que vale a pena conhecer é a Cachoeira das Fadas. 
          Na cidade existe um templo da Eubiose, que consideram Airuoca uma das 7 Cidades Sagradas. A sede da entidade é São Lourenço, no Sul de Minas e tem como visão a Medicina do Futuro conectada com os anjos e devas.
          Místicos acreditam que Aiuruoca tem ligações com a cidade sagrada de Srinagar, a mais importante cidade do Vale da Caxemira, na índia. Segundo a crença, as duas cidades espargem vibrações para o mundo como o sétimo chacra, conhecido por coronal, o mais importante dos 7 chacras do corpo. É através desse chacra, segundo a crença, que alcançamos o plano espiritual, tornando a visão e propósitos de nossa missão aqui na terra mais claras. (foto acima de Jerez Costa)          
          Estar em Aiuruoca é vivenciar Minas Gerais em sua plenitude. A hospitalidade, a simplicidade, a culinária, arquitetura e o jeito mineiro de ser estão presente em cada canto da cidade. Aiuruoca é especial, por sua beleza, por suas cachoeiras, por sua história. Conhecer Aiuruoca é conhecer o coração de Minas Gerais. Quem vai a Aiuruoca, traz sempre um pedacinho dela em seu coração.

O Museu do Automóvel do Bichinho

(Por Arnaldo Silva com fotos de Fabinho Augusto) Bichinho é o charmoso distrito de Prados MG, na região do Campo das Vertentes a 200 km de Belo Horizonte. Fica entre entre Tiradentes e Prados, duas importantes cidades históricas de Minas Gerais.
          Bichinho, além de sua cultura, rica história do período colonial e seu valioso artesanato, famoso no mundo todo, tem ainda como atrativo o Museu do Automóvel.
          O museu conta com vários modelos de carros antigos, preservadíssimos que dá brilho nos olhos. O lugar é nostálgico, gostoso de ficar  e os modelos de carros expostos são cinematográficos. 
          Para os amantes de carros antigos de várias épocas, o distrito conta com o Museu do Automóvel. 
          Foi inaugurado em 2006, pelo colecionador de carros Rodrigo Cerqueira, que desde 1976 começou a adquirir e restaurar carros antigos. Quem vem a Bichinho não pode deixar de visitar o Museu do Automóvel.
          O Museu fica no Sítio Pau D'angu - Estrada Real Tiradentes / Bichinho (a cerca de 5 km de Tiradentes)
Horário de Funcionamento: Quarta a Domingo das 9h às 18h - Contato: (32) 3799-8033

quinta-feira, 9 de maio de 2019

São Bartolomeu: a joia de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Imagine você chegando num lugar que lembra as pequenas aldeias portuguesas. Nas casas, a única segurança são os trincos e tramelas. Não tem muros, o casario é rente ao passeio e nas ruas não tem asfalto, são calçadas com pedra. Nesse lugar, ouve-se o som do silêncio, quebrado apenas pelo barulho dos pássaros e pelo borbulhar dos doces feitos nos tachos de cobre. Em cada casa, os tachos de doces estão presentes. Lugar onde o povo cultiva uma simplicidade encantadora, recebem os visitantes com sorrisos e uma boa prosa mineira, como se já te conhecesse há tempos.
          Difícil imaginar um lugar assim hoje, mas ele existe. É São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG, a 100 km de Belo Horizonte. A Vila surgiu no final do século XVII, fundada por bandeirantes que chegaram à região em busca do ouro. Seus moradores, cerca de 750 moradores, tem orgulho imenso de viverem na pequena vila, que conta com cerca de 500 casas e casarões, no elegante estilo barroco mineiro. Orgulham-se dos doces, de sua Igreja Matriz, datada de 1705, dedicada a São Bartolomeu, uma das mais antigas igrejas de Minas Gerais, da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, de suas tradições, como a Festa do Padroeiro, em agosto e de ser a terra da goiabada cascão.
          Encanta ainda o belo e preservado casario colonial do século 18, as capelas de São Francisco e a de Nossa Senhora das Mercês, que fica no alto de um morro. Desse tem-se um visual perfeito de toda a vila e sua vasta natureza em redor. 
          É possível andar pelas ruas de São Bartolomeu sem ver sequer um morador na rua, principalmente em dias de semana. Uma tranquilidade e paz que impressiona quem vem de fora, acostumado com agitação de gente nas ruas. 
          A tradição de fazer doces é uma tradição secular no distrito, que desde o início de seu povoamento, com a chegada dos bandeirantes, no final do século 17. Desde aquela época a região era abundante em espécies frutíferas, como goiabeiras. Chegando ao distrito se percebe isso. Árvores frutíferas como jabuticabeiras, mangueiras, goiabeiras, dentre várias. 
          Seus moradores ficam nas espaçosas cozinhas ou nos quintais, com seus enormes tachos de cobre, fazendo o que sabem de melhor, doces, como o doce de leite e a famosa goiabada cascão. Aliás, o melhor espaço das casas de São Bartolomeu é a cozinha. A visita vai logo para a cozinha experimentar as quitandas e claro, os doces tradicionais mineiros. 
          São Bartolomeu é de uma tranquilidade que impressiona. O povo é sossegado, tranquilo e quando chega carro de fora, vão até a janela ou porta para dar uma espiada nos novos visitantes. Muitos saem pra fora e puxam conversa mesmo, no mais genuíno mineirês. A prosa é boa e conversam com a gente naturalmente, como se fôssemos amigos antigos. Uma conversa alegre, que nos faz bem. Nesse dia conheci o Bartinho, dona Nhanhá e a dona Lídia, na foto acima. Gente simples, gentil, educada e muito alegres. Adoram uma boa prosa.
            Hoje, a vila é distrito de Ouro Preto, mas São Bartolomeu existia antes mesmo de Ouro Preto existir. Ouro Preto foi fundado em 1711, no século XVIII. São Bartolomeu existia bem antes, surgiu no final do século XVII. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais, com um casario colonial bem preservado e uma rica história do período barroco. Pelo encanto, lugar pacato, tranquilo, onde se respira história, em cada canto da pequena vila, São Bartolomeu é uma joia. Lugar como esse é único no Brasil. Não tem igual. É a joia do barroco, é a joia da nossa cultura, a joia da nossa história, não só de Minas, mas do Brasil.  
          A joia de Minas faz parte do Caminho Velho da Estrada Real. Situado às margens do Rio das Velhas e do Parque Florestal do Uaimií, São Bartolomeu fica a 98 km de Belo Horizonte e 18 km de Ouro Preto, com acesso por Cachoeira do Campo, outro distrito ouro-pretano. Chegando a Cachoeira do Campo entre a esquerda, seguindo pela rua principal do distrito sentido Santo Antônio do Leite, até o cruzamento com a Rua Tombadouro, no alto do morro. Ao chegar nesse morro, tem pequena rotatória e uma placa sinalizando. Vire à esquerda e siga pelo asfalto. Quase no fim do trecho, a estrada é de terra, mas em boas condições de uso. Assim já chega a São Bartolomeu. 
          Andando pelas poucas ruas de são Bartolomeu, é possível sentir o doce aroma da goiabada. Se tiver ouvido mais aguçado, poderá ouvir o “estourar” das bolhas dos doces fervilhando nos enormes tachos de cobre nas espaçosas cozinhas sem abertas das casas. Praticamente todas as casas do distrito tem fornalha, tacho de cobre, fogão à lenha. Faz parte da identidade do povo mineiro.
          Fazer doces é vocação dos moradores da Vila. Quem sabe faz e bem feito. É um conhecimento que vem dos avós, dos bisavós, tataravós, até chegar à época que os bandeirantes chegaram ao distrito. E esse conhecimento foi passando de pai para filho, até chegar aos dias de hoje. A goiabada cascão de São Bartolomeu, cremosa ou em barra, é a legítima e autêntica goiabada, feita do mesmo jeito que há mais de 200 anos. É Patrimônio Cultural Imaterial de Ouro Preto.
          Tive o prazer de acompanhar esse processo na casa da Sonali, moradora do distrito. Quem batia a goiabada no tacho era a simpática Dona Doquinha, famosa doceira da Vila. O processo começa na escolha das melhores goiabas. Depois de lavadas, são cortadas ao meio para a retirada das sementes e peneirada. Em seguida e levada ao tacho de cobre, com a fornalha já aquecida despeja-se a polpa e cascas grandes da fruta. Por isso é que se chama goiabada cascão, pela presença das cascas no doce. O processo final é bater bem e sem parar por cerca de uma hora, para que a goiabada esteja no ponto.
          Isso as doceiras sabem de cor, a hora do ponto e ritmo da batida da enorme colher de pau. Além da goiabada, Dona Doquinha faz um doce de leite sensacional, do mesmo jeito, batido no tacho de cobre. E o sabor de um doce assim, experimentando na hora que está sendo feito, é outra coisa. Sabor indescritível! O bom mesmo é ver as doceiras despejando a goiabada e rapar o tacho. Essa rapa de tacho é boa demais! 
          Por falar em Sonali, à moradora que citei acima, tem um bar na rua principal do distrito e serve comida também. Preparou rapidinho essa deliciosa lasanha de espinafre acima. Em dias de festas e fins de semana o bar fica aberto, mas durante a semana as portas ficam fechadas. Só bater que ela abrirá e te atenderá muito bem. Come-se bem e a anfitriã é muito alegre, educada e, atenciosa. Além da comida ótima, experimentei a cerveja artesanal Los Bárbaros, de Santo Antônio do Leite, distrito ouro-pretano, e adorei. No local tem artesanato e lembranças do distrito, bem como o café especial Uaimií que é da região e vendido. E claro, tem doces caseiros diversos.
          Ao lado do Bar da Sonali, é a casa da Dona Serma e do Seu Vicente que me recebeu com muita hospitalidade. Experimentei o doce de rapa de leite. Não resisti e comprei. Tem doce de leite cremoso, de corte, pessegada, bananada, de limão capeta, laranja, de pêssego, figo e claro, a famosa goiabada cascão em barra e cremosa. Essa não pode faltar em lugar algum de São Bartolomeu. Tudo feito com carinho no fogão à lenha, bem como a comida que Dona Serma faz, tipicamente mineira e de sabor inconfundível! Vale lembrar que nessa casa funciona também o cartório do distrito.
 
          Como já disse antes, São Bartolomeu respira tranquilidade e sossego, onde o som mais alto que se ouve é o do silêncio quebrado às vezes pelos pássaros. Lugar ideal para quem gosta de sossego, relaxar e vivenciar a mais pura nostalgia e magia da beleza da vida no estilo bem mineiro, preservada desde os tempos do Brasil Colônia. Mesmo pequeno, São Bartolomeu, oferece uma ótima estadia na Pousada São Bartolomeu. Um ambiente simples, com quartos arejados, sem TV e tudo bem arrumado no maior capricho.
          Caso queira uma pousada com mais requinte, a dica é a Casa Bartô, um casarão em estilo colonial, com 10 amplas suítes e uma decoração nostálgica. Um ambiente perfeito para relaxamento e descanso. 
          Quem gosta de mais agitação, pode optar por ir a São Bartolomeu em dias de festas como a Festa da Goiabada Cascão, que acontece todos os anos entre abril e maio na rua principal. Esse evento faz parte do Calendário Gastronômico de Minas Gerais. Durante os três dias de festa, são apresentados os melhores doces do distrito e ainda conta com shows musicais, atividades culturais, mostra do artesanato local, culinária típica, outros produtos artesanais da região como cerveja e vinho de jabuticaba e passeios ecológicos. 
          Outra festa importante que acontece em no mês de junho é o Encontro de Tradições Culinárias, com cultura, música e a rica gastronomia dos moradores de São Bartolomeu que criam pratos especiais e apresentam no evento. Já em agosto, a festa é religiosa. No dia 24 acontece a Festa de São Bartolomeu e do Divino Espírito Santo, com missas, procissões e cortejos que celebram a devoção ao padroeiro do distrito, São Bartolomeu e ao Divino Espírito Santo. Nesse evento também, após as cerimônias religiosas, tem shows musicais. 
          Indo a São Bartolomeu, não fique apenas no entorno da Vila. O distrito tem opções naturais fantásticas como a Reserva do Uimií, cerca de 5 km do distrito. Uma reserva com 43 km2, considerada a primeira reserva ambiental do Estado, com uma exuberante natureza, com nascentes, riachos e cachoeiras. Uma dessas cachoeiras tem queda de 45 metros. A reserva fica aberta de 7 as 17 h. Outra opção é a Fazenda Nascer que oferece passeios, canoagem, rapel e camping. Tem um pequeno restaurante que funciona somente nos fins de semana. A fazenda fica próxima a Reserva do Uimií.
          Independente de qual for sua opção, dias festivos ou a calmaria que o distrito oferece, São Bartolomeu é especial. É um banho de paz, de cultura, de história e uma mostra rica de como é ser e vivenciar o ser mineiro. Vindo a Ouro Preto, venha conhecer São Bartolomeu, a joia valiosa do barroco mineiro. 

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