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domingo, 24 de janeiro de 2021

Filtro de barro brasileiro é o mais eficiente do mundo

(Por Arnaldo Silva) Invenção genuína brasileira, o tradicional filtro de barro é o sistema mais eficiente de purificação de água do mundo, segundo estudos feitos por cientistas norte-americanos, publicado no livro “The Drinking Water Book”, em português, “O livro da água potável”, de autoria de Colim Ingram. O livro, no original em inglês, disponível em livrarias e nas plataformas online, traz diversos estudos e pesquisas sobre a água, filtragem, engarrafamento, qualidade, etc.
          Um dos assuntos deste livro é sobre a eficiência do nosso filtro de barro, presente desde o início do século passado nas casas brasileiras. Porém, não há data precisa da invenção do filtro e nem quem foi o primeiro fazer um filtro de barro com velas no Brasil. A certeza é que sua origem surgiu diante da necessidade da população em ter água potável, no final do século XIX para o início do século XX, devido a água, nessa época não ser de boa qualidade. 
          Os brasileiros tinham que ir com latas e potes na cabeça até minas d´água ou rios buscar água, usada para lavar vasilhas que servia lavar roupa, tomar banho, cozinhar e beber. Para chegar água até a população mais abastada das cidades, a solução da época era a construção de chafarizes com água chegando até os moradores numa rudimentar canalização, mas sem tratamento algum de impurezas, o que gerava vários problemas de saúde à população da época.
          Não existia no Brasil, na época, conhecimento algum sobre a purificação da água, fato que mudou apenas com a chegada de imigrantes ao Brasil, no final do século XIX, em especial, os italianos, que trouxeram da Europa velas que filtravam água, existente no Velho Continente, usando filtros de pedra e de metal. 
          Embora o filtro e as velas sejam bem rudimentares, a água era melhor que a existente na época, por ser mais limpa. A questão era o material usado na fabricação, pesado e difícil de encontrar no país na época, principalmente o metal, além de estarmos num país tropical e quente, a água desse tipo de filtro não ficava muito fresca. (o filtro assim é na Fazendinha da Regina (@reginasfarm), tradicional, em trabalhos artísticos)
          A realidade só mudou quando um desses imigrantes italianos, que infelizmente a história não registrou o nome, que trabalhava no interior de São Paulo, percebeu que com a argila brasileira poderia se fazer potes e filtros com melhor qualidade, por ser um material fácil de trabalhar, resistente após a queima e por ser abundante, além de ser mais leve que o de pedra e mais fácil de fazer, que o de metal, além de permitir trabalhar de forma artística as peças. 
          Assim começaram a fazer os moldes inspirados nos filtros europeus, em dois compartilhamentos, com a parte superior e inferior separados, por uma camada de barro e a vela, na época feita cerâmica, com carvão em seu interior, colada na parte superior da peça, fazendo a filtragem por gotejamento.
          A ideia deu muito certo, com a água saindo limpa das torneiras e bem fresca e gostosa de beber. Rapidamente se popularizou, deixando de lado a água retirada nos chafarizes restritas a lavagem de roupas e banhos.
          Hoje pouco mudou desse tempo para cá na forma de fabricação desse filtro. O que mudou foi o processo de fabricação da vela, que hoje é feita com uma camada mais densa de carvão ativado, cuja função é tirar o cloro, uma outra camada de prata coloidal, que tem a função de purificar mais ainda a água, com outra camada de argila bem porosa, garantindo assim a eficácia maior da filtragem e melhor qualidade da água, que a vela original.
          A água passa pelos poros da argila, pela camada de prata coloidal, pelo carvão e por fim gotejada, saindo por rosca fixada no centro da vela e presa à parte inferior do filtro. É gota por gota, por isso a qualidade da água é ótima, limpa, saudável, fresca e gostosa.
Ao longo dos anos e com vários estudos, concluiu-se que as velas removem impurezas presentes na água, filtrando com eficiência o cloro, pesticidas, ferro, alumínio, além de reter 95% de chumbo e ainda, 99% do Criptosporidiose, parasita presente na água, causador de doenças.

          Vale lembrar que para a manutenção da qualidade da água, os filtros devem ser lavados sempre, mas sem o uso de produtos químicos. Use apenas a parte macia da esponja limpa, molhada com água. O mesmo faça com as velas, limpando-as com a esponja e trocando-as de 6 em 6 meses, pelo menos, porque as impurezas presentes na água ficam impregnadas em suas superfícies, mesmo lavadas, por isso é bom a troca regularmente.
          Outro fator importante para a melhor eficiência na filtragem da sua água é cuidar da caixa d´água, lavando-a regularmente, bem como cuidando bem das torneiras, mantendo-as limpas e higienizadas. 
 
          Outra questão sobre os filtros de barro é uma camada branca que aparece na parte externa do filtro. Isso é normal, faz parte da composição do material usado na fabricação do filtro, a argila. Não é mofo e nem bolor e sim um fenômeno natural chamado de eflorescência, que ocorre por ser a argila um material poroso. Esses poros presentes na argila são atravessados por partículas de água, com uma parte dessas partículas, mais próximas à superfície do filtro, evaporando em contato com o calor exterior. No caso, ocorre uma troca de calor do ambiente interno com o externo. Na evaporação de algumas partículas, uma parte dos sais mineiras presentes na água ficam impregnados na superfície do filtro, formando uma camada esbranquiçada. É esse processo de troca de calor que faz com que a temperatura da água dentro do filtro se mantenha estável, na média 5ºC, ou seja, sempre fria e fresca. 
          Portanto, essa cor branca comum nos filtros, são os sais minerais das partículas de água, quanto mais partículas evaporarem e mais sais minerais, tiverem a água, maior será a camada branca. Caso queira retirá-la, use apenas esponja molhada com água pura, sem sabão ou detergente.
          Na limpeza do filtro de barro, não use nenhum produto químico, seja no exterior ou no interior, porque pode alterar o sabor da água, além de comprometer a eficiência do filtro. Para manter a água sempre fria e fresca, o ideal é manter o filtro longe de fontes de calor, como fogões e raios de sol.
          Mesmo com a facilidade de encontrar água hoje de qualidade, o bom e velho filtro de barro continua ativo, presente nas casas por opção e gosto. Nossos artistas, melhoraram ainda mais a aparência dos filtros, transformando-se em obras de arte, como na primeira foto e nesta, onde além dos filtros, tem outros trabalhos da artesã que faz ainda potes, canecas, pratos, bonecas, xícaras, bules, baixelas, etc, em argila, cujos tons variam de acordo com a argila usada, podendo ser branco ou vermelho. Um detalhe importante é que as pinturas são feitas com o próprio pigmento da argila, não se usa tintas, apensa o barro nos detalhes floras que decoram as obras. 
          São trabalhos feitos pela artesã Lilia Xavier, moradora de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG, no Vale do Jequitinhonha. Os filtros são artesanais, feitos à mão e ainda com a beleza da arte do Vale do Jequitinhonha. O contato da artesã Lilia Xavier é pelo whatsapp: 38 99852-0991 e ainda envia para todo o Brasil.

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