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terça-feira, 20 de março de 2018

Os Valos e os Currais de Pedra

(Arnaldo Silva) Até o início do século XX, cercas de arame e mourões em madeira não existiam, não apenas no Brasil no mundo. Uma ideia tão simples para cercar as divisas de fazendas e currais, demorou a ser "inventada". E quando foi, se popularizou rapidamente. (foto acima de Luis Leite do Curral de Pedra da Serra da Canastra)
          Mas como eram feitos os cercados para animais antigamente? Era pedra sobre pedra.
          Fazer currais e cercados de pedra é prática bem antiga.Essa prática foi introduzida na Europa e chegou ao Brasil, com os grandes proprietários de terras e gados, mandavam fazer currais de pedras em suas propriedades.
          No período Colonial e Imperial brasileiro eles se proliferaram. Eram feitos pelos escravos. Em Minas Gerais existem ainda vários currais e cercados em pedras preservados, bem como no Brasil e América do Sul.(na foto ao lado, do Marlon Arantes, um muro de pedras feito por escravos no Retiro dos Pedros em Aiuruoca MG)
          Em Minas principalmente, as pedras eram facilmente encontradas. o trabalho eram simples, mas pesado, consistia em colocar pedras sobre a outra, com 50 centímetros de diâmetro por um metro de altura.

          Se não existia cerca de arame e nem mourões naquela época, como eram feitas as divisas de fazendas? As fazendas eram enormes, grandes terras concentradas nas mãos de poucos privilegiados do regime Colonial ou Imperial. Eram através dos Valos, que são perfurações feitos no solo, com um metro de largura por 1 de profundidade mais ou menos.
Essa foto, de Arnaldo Silva, mostra um Valo, que dividia duas fazendas em Bom Despacho. Hoje tomado pela vegetação, é um pequeno curso de água.           
          O Valo surgiu em Roma e também era usado na Grécia. O objetivo era abrir fendas em torno dos muros das cidades, castelos e fortificações militares com o objetivo de protegê-las. Os muros eram altos e em cima do muro, eram colocados vidros ou pregos e o Valo era mais uma forma de segurança e proteção.  Em alguns casos, os valos que circundavam as cidades eram enchidos com água e colocados animais,  como crocodilos, com o objetivo de proteger as cidades, castelos e quartéis de invasores.
          Essa ideia foi comumente praticada na Europa e adaptada à América Latina, pelos colonizadores, não com o objetivo de cercar as cidades mas de marcar as divisas entre fazendas. 
          O trabalho era feito por escravos e tão somente na base da enxada, picareta e força dos braços. Centenas de milhares de escravos foram usados para fazer valos nas fazendas brasileiras.
          Esses valos, que dividia as fazendas, com o passar do tempo, deram origem a pequenos cursos de rios, córregos e ribeirões, ou até rios mesmo, devido ser alguns mais largos. Os próprios proprietários das terras, muitas das vezes, mandavam os escravos desviarem cursos de rios para os valos.
          Com o surgimento e avanço da Siderurgia no final do século XIX,começaram a produzir arames, principalmente os farpados. Com isso os valos, perderam sua utilidade. Os que não viraram cursos d´água, foram deixados de lado, sendo tomados por vegetação.

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