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terça-feira, 14 de abril de 2020

Biribiri: charme, natureza e história

(Por Arnaldo Silva) Uma bucólica, charmosa, atraente e histórica vila mineira, inserida no interior dos 17 mil hectares do Parque Estadual do Biribiri, criado em setembro de 1998, na Serra do Espinhaço. Essa área, protegida pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) abriga uma rica flora nativa, bem como espécies de nossa fauna como o gambá, jandaia-da-testa-vermelha, a codorna-mineira, o capacetinho-do-oco-do-pau, o pica-pau-da-cabeça-amarela, a onça-parda, o lobo-guará, o carcará, o gavião do Cerrado, dentre outras espécies. 
          Esse lugar, rodeado por exuberante natureza como a cachoeira da Sentinela e a dos Cristais, cujas rochas foram cortadas com talhadeiras em busca de diamantes no auge da mineração são os principais atrativos naturais. Tem ainda o Poço da Água Limpa e o Poço do Estudante, matas nativas com trilhas, o caminho calçado por escravos, cascatas diversas e rios, como o Rio Biribiri, que moveu as turbinas de uma hidrelétrica gerando energia para o casario e fábrica de tecidos que funcionava na região. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Esse lugar de beleza cênica é Biribiri, a 15 km de Diamantina, no Alto Jequitinhonha, a 290 km de Belo Horizonte. (foto acima de Nacip Gômez)
          O termo biribiri tem vários significados. É uma fruta da família da carambola. É também um peixe nativo da região Amazônica e para os africanos, é um tambor de guerra e buraco grande pelos antigos na linguagem indígena tupi-guarani. (na foto acima de Elvira Nascimento a Cachoeira do Sentinela e abaixo, Cachoeira dos Cristais)
          Para os mineiros, é uma das mais lindas vilas que temos. A vila foi construída no final do século XIX, em 1876, com igreja e moradias em estilo colonial, para abrigar funcionários da Companhia Industrial de Estamparia, uma antiga fábrica de tecidos, hoje desativada. 
          A fábrica foi fundada pelo bispo Dom João Antônio Felício dos Santos e seus familiares, oriundos do Serro. A família atuava na mineração. A fábrica funcionou de 1877 até 1973, produzindo algodão grosso, tendo o Rio de Janeiro como seu principal comprador.       
          Quando de sua construção e em plena atividade, contava com 32 casas habitadas, uma escola, um clube, uma usina hidrelétrica, igreja e uma população de cerca de 600 pessoas. Hoje em Biribiri, a vida passa devagar, no maior sossego. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Com a extinção da estrada de ferro na região, na década de 1970, a fábrica entrou em declínio, fechando suas portas. Com o fechamento da tecelagem, seus moradores foram embora, em busca de emprego em outras cidades. (na imagem acima de Giselle Oliveira, a antiga fábrica de tecidos, em ruínas)
          A vila chegou a ficar completamente desabitada. Ficou a história e a beleza do casario e igreja da Vila, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), mantido pela Cia Estamparia como museu vivo da história de Minas Gerais, garantindo assim a preservação do patrimônio. (fotografia acima e abaixo de Nacip Gômez)
          A vila hoje é completamente vazia, com a presença de alguns vigilantes e poucos moradores, que conta-se nos dedos. Por isso é chamada de “vila fantasma”. Sua história e o charme do seu casario, além das belezas naturais envoltas à vila, atraem visita de turistas que vem ao local conhecer o charme, sossego e paz que Biribiri proporciona, além de contemplar a beleza de suas cachoeiras e paisagens, além da própria vila. Em Biribiri tem um bar que serve deliciosos tira gostos e um restaurante, com comidas típicas mineiras.
          Em Diamantina (na foto acima de Elvira Nascimento) existem guias que acompanham turistas até a vila, bem como pousadas e hotéis para os turistas se hospedarem.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Sem colher, sem garfo e com as mãos

(Por Arnaldo Silva) A cozinha da casa de mineiro está inserida na cultura, tradição e história. A nossa culinária faz parte da identidade cultural e histórica, que move nossas tradições. Uma fusão perfeita entre as sofisticadas receitas portuguesas, com a cozinha africana e indígena, que deu origem as cores e sabores da melhor cozinha do Brasil.
          A história da criação dos pratos da culinária, não só mineira, mas brasileira, não foi tão simples assim não. Num país recém-descoberto e ainda em povoamento, portanto, sem uma base alimentar existente, conseguir comida era difícil e os primeiros pratos surgiram por necessidade mesmo. (Imagem acima feita por Felipe Oliveira/@paulistaniatradicional, usando a técnica da IA, mostra momento da refeição de tropeiros nos séulo XIX)
          A vida era difícil até para comer. Não existiam talheres e nem pratos. Garfos, facas, colheres, pratos e panelas de ferro fundido, eram artigos de luxo, presentes apenas nos palácios das nobrezas europeias e nos imponentes casarões e palacetes da nobreza brasileira, em formação.
          Em Minas Gerais chegou pelas mãos dos portugueses que vieram para cá atraídos pelo ouro. Mas o uso de talheres e pratos ficava restrito à fidalguia já que eram importados de Portugal e eram caríssimos, inacessíveis à maioria do povo.
          Caldeirões e panelas de ferros eram levados pelos tropeiros, mas eram utensílios trazidos de Portugal, por não existir à época fundição de ferro no Brasil, tendo surgido tal ofício apenas no século XIX. A maioria da população usava como pratos as cuias de cuité e cabaças, colheres rústicas de madeira e panelas feitas com barro ou pedra sabão.(o artista plástico Rui de Paula retrata em sua tela a chegada de tropeiros em Ouro Preto MG)
          Naquela época, o problema não era só fazer a comida, e sim como comê-la. Como não tinham talheres e a maioria sequer sabia o que era uma colher ou garfo, comiam era com as mãos mesmo. Nem precisa dizer que as noções de higiene e asseio nos tempos antigos eram mínimas.
          Comer com as mãos era comum no mundo todo àquela época. Para comer alimentos líquidos, como mingau de milho verde ou caldos, usavam cavacos, os pedaços de cuias de cuité que serviam de colher. Simplesmente quebravam as cuités, retiravam as pontas e pronto, usavam como colher, por isso o nome, cavacos.
          Por comerem com as mãos, os alimentos que surgiam visavam facilitar a vida dos tropeiros, viajantes e demais pessoas. Detalhe que a comida mineira em sua origem não tinha sal. Isso porque o sal era um produto difícil de chegar aos rincões do nosso sertão, porque vinha do litoral, em lombos de burros, com prioridade para abastecimento da nobreza e portugueses ricos. Somente a partir de 1710, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e a chegada maciça de portugueses, que o sal passou chegar com mais frequência e em maiores quantidades.
          
          Um dos pratos apreciados naqueles tempos era o Feijão Tropeiro, já que era fácil de comer com as mãos. Quando descobriram que da mandioca ralada saia uma farinha ótima, aumentou a opção de comida mais fácil, misturando a essa farinha carnes desfiadas, ovos fritos, rapadura, queijo, couve, linguiças, etc. Assim surgiu a nossa famosa farofa.
          Da farinha de milho surgiu o nosso famoso fubá suado com queijo ou carne de sol desfiada. Era fácil pegar um punhado com as mãos e levar à boca.
          Bolos, biscoitos e bolinhos também, bem como milho, mandioca e batata assados na brasa. Quando se comia doces cremosos, por exemplo, usavam cascas de frutas como da goiaba, lascas de rapadura ou pedaços de queijo para pegá-los, que serviam mais ou menos como colher. Desse hábito surgiram boas combinações, hoje tradicionais em nossa mesa, como o queijo com a goiabada e com doce de leite.
           Outro detalhe para facilitar a vida na hora de comer com as mãos naqueles tempos, era o corte nos produtos. Quando no lugar existia faca, os cortes das carnes e verduras, por exemplo, eram bem grandes, nada de picadinho. (mais ou menos como na foto acima da Regina´s Farm/Fazendinha da Regina)
          Quando não tinha faca para cortar, eram cozidos ou assados por inteiro. Quando prontos, picavam a carne com as mãos mesmo. 
          Tudo isso para facilitar pegar os alimentos com as mãos.
As origens dos principais pratos da nossa culinária foram nas cidades que tiveram maior presença dos portugueses, aventureiros, bandeirantes e africanos. Cidades como Ouro Preto, Serro, Santa Bárbara, Catas Altas, Mariana, Sabará, Santa Luzia, Diamantina, Pitangui, dentre outras tantas que receberam grande número de europeus, bandeirantes, africanos, juntando com os indígenas, que já viviam em nosso território.
          Foram estes povos que deram início a formação de nossa rica culinária, cultura e arquitetura. Deixaram receitas e conhecimentos que permanecem em nossas mesas há mais de 300 anos.
          Deu para perceber que comer naqueles tempos não era nada fácil. Nem imagina como era a vida dos tropeiros pelos rincões de Minas. Com o crescimento populacional, foram surgindo povoados, cidades e lugares para os tropeiros e viajantes comerem, descansarem e alimentarem seus animais. Encontrar lugar para comer era difícil, mas existia. Esses lugares chamavam-se Casa de Pasto, Parada de Pouso e também Rancho de Tropeiros.
          Os tropeiros, viajantes ou mesmo quem morasse nas redondezas podiam entrar, pernoitar e se alimentar. Seria hoje como se fosse uma parada que encontramos em beiras de estradas. Nas casas de pasto deixavam os animais para tomar água e descansar, enquanto comiam e bebiam nas tabernas da localidade. (o artista plástico Rui de Paula retrata em sua tela a chegada de tropeiros em uma de suas paradas, em Ipoema, distrito de Itabira MG)
          Nas grandes cidades da época como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador e Ouro Preto, existiam pequenas confeitarias e casas de pastos. Eram bem poucas, mas existiam. Passaram a crescer em número, a partir de meados do século XIX quando começaram a servir refeições em pratos esmaltados, com garfo e colher. Foi uma novidade na época. Uma curiosidade geral que atraiu atenção de todos que viviam nas cidades. Queriam saber como era comer num prato com garfo e colher.
          Nessas casas tinha-se a opção de comer em pratos com colher e em pratos com garfo. Isso dependia do prato. Por exemplo, se fosse um frango ao molho pardo ou com quiabo, melhor era comer com colher. Mas se o prato fosse carne na lata com batata ou mandioca, era mais prático o garfo. Os pratos podiam ser acompanhados de cachaça ou licores.
          No século XIX começaram a surgir pequenas indústrias de fundição no Brasil, que faziam talheres, panelas de ferro, facas, pratos esmaltados e outros utensílios, popularizando no século seguinte, entre todas as camadas da sociedade, bem como uma melhor noção de asseio e higiene que começou a ser mais difundido no país a partir de 1870. Conheça agora algumas receitas que por serem secas e fácies de pegar com as mãos, eram as preferidas.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Cabeça de Boi: sossego, natureza e simplicidade.

(Por Arnaldo Silva) Rodeada pela impactante Serra do Espinhaço, Itambé do Mato Dentro fica a 121 km de Belo Horizonte. É uma pacata e aconchegante cidade, com pouco mais de dois mil habitantes. (foto acima de Mateus Perdigão) O município tem forte vocação para o turismo, graças as suas belezas naturais impressionantes. Destaca-se ainda na cidade pequenos comércios, a culinária típica mineira e a produção agropecuária, principalmente o cultivo de bananas. Itambé do Mato Dentro faz divisa com Morro do Pilar, São Sebastião do Rio Preto, Passabém, Santa Maria de Itabira, Jaboticatubas e Santana do Riacho.
Além da simplicidade e beleza da cidade, entre a Serra do Cipó e a Serra do Lobo encontra-se o maior atrativo turístico de Itambé do Mato Dentro, o distrito de Santana do Rio Preto, mais conhecido como Cabeça de Boi (na foto acima de Mateus Perdigão). Tem esse nome devido a um produtor rural, que ao invés de se dedicar a atividade agrícola, vocação do distrito, investiu em bois, introduzindo várias cabeças de bois em sua propriedade. Assim a localidade começou a ser chamada de Cabeça de Boi, embora seu nome oficial seja Santana do Rio Preto.
 O lugar é pitoresco, seus moradores são simples e hospitaleiros. É uma típica vila mineira, onde nos fins de tarde, seu povo se encontra na pracinha principal para colocar a prosa em dia. Para quem gosta de uma boa moda de viola caipira e deliciosos tira gostos, a dica é o Bar do “Sô” Agostinho (na foto acima do Barbosa) ou então, a deliciosa comida mineira do restaurante do Vicente, destacando a sua famosa batata chip, que todo visitante adora.
Cabeça de Boi é tranquilidade, sossego e calmaria. O único barulho que se ouve na vila é o dos pássaros e o som das águas.(foto acima de Mateus Perdigão) Essa beleza e calmaria, simplicidade e paz, atraem centenas de visitantes à vila para vivenciarem a natureza, tomar banhos em suas águas limpas e cristalinas, que formam belíssimas cachoeiras, destacando a Cachoeira do Intancado, do Lajeado e das Maçãs, as mais procuradas. Amantes de esportes radicais como escalada, tirolesa, rapel, rafting, wakeboard, bungee jump e trilheiros, estão sempre presentes em Cabeça de Boi, já que a charmosa vila oferece todas as condições de praticar esses esportes. (na foto abaixo de Arnaldo Quintão, a Cachoeira do Intancado)
Em Itambé do Mato Dentro o visitante encontra três aconchegantes e charmosas pousadas e restaurantes com comida caseira. A cidade é bem tranquila e um convite ao relaxamento, sem o estresse das grandes cidades. Já em Cabeça de Boi não tem posto de gasolina e nem caixa eletrônico. Sinal de celular, só da Vivo. Do centro da cidade até Cabeça de Boi, são cerca de 10 km, mas não tem ônibus para o local. O visitante teria que vir de carro, moto ou em grupos de vans. Caso contrário, o jeito é pegar um taxi até o distrito. As cachoeiras e paisagens ficam próximas ao povoado e tem acesso gratuito. São cerca de 1hora e 30 minutos de caminhada. Se perguntar aos moradores locais, eles darão todas as orientações. (na foto abaixo de Sérgio Mourão, a Cachoeira das Maçãs)
 Para chegar a Itambé do Mato Dentro o caminho é pela BR 381. Ao chegar a João Monlevade, siga em direção a Itabira, prestando atenção nas placas indicativas. De Itabira até Cabeça de Boi são 50 km. Se vir de ônibus, na Rodoviária de Belo Horizonte, compre passagens no guichê da empresa Saritur direto para Itambé do Mato Dentro. Chegando à cidade, pegue um táxi. Como foi dito acima, não há ônibus direto para o distrito. (na foto abaixo de Arnaldo Quintão, estrada para Cabeça de Boi)
Uma época boa para ir a Cabeça de Boi é em julho, no inverno. Isso porque acontece tradicionalmente no distrito o Festival da Banana, fruta com cultivo tradicional não só em Cabeça de Boi, mas em todo o município de Itambé do Mato Dentro (na foto abaixo de  Vinícius Barnabé). 
Durante a Festa da Banana, os moradores enfeitam a vila, montam barracas de bambu para realizar uma das mais tradicionais festas da cidade e região. Durante os dias da Festa da Banana são realizados shows musicais diversos e apresentações típicas das festas juninas como, casamento na roça, barraquinhas com comidas e bebidas típicas juninas e bananas com os pratos preparados com a fruta, como banana com melado.

terça-feira, 31 de março de 2020

Proseando em português e mineirês

(Por Arnaldo Silva) Aqui ó gente, mesmo eu estando arroiado de trabalho, arredei a mesa para um canto e resolvi conversar um pouco com vocês, mas garanto que não estou culiado com ninguém. Vamos apiá aqui em casa, sentar a beira do fogão a lenha e prosear.
         Não vou escrever nada errado, na grafia portuguesa, só vou mostrar como é o nosso mineirês. Escrever errado é uma coisa, é falta de conhecimento de nossa língua. Sotaque são as características do linguajar e dialeto é uma variedade linguística de cada região, como por exemplo, o dialeto caipira. Entendeu? Se não entendeu, dá um jeito de entender porque eu não vou desenhar não, vou é escrever. 
         Para não atazaná oceis, vou ataiá a a prosa para que entendam bem. Já estou avisando, não é nenhuma bagaça e muito menos bobiça o que vai ler. Mas também não é para caça confusão comigo por causa disso. Capaiz que eu vou querer me enfiar em confusão. Estou é cascando fora disso.
          Quero só que entendam a diferença de escrever certo e escrever em mineirês, que não é errado, é dialeto, se escreve como se pronuncia, mas agora, entender, ai já é outra coisa, só mineiro entende mesmo.
          Arrudia todo mundo e vamos lá entender o meu causo. Se alguém ficar com dor na cacunda, levantae dá uma esticada e se reclamar, vai é levar uma cunda daquelas. Já que arrudiou aqui, cê num pode arriá logo agorinha né. Só se você não for de atacá nada, ai já é problema do seu trem.
          Vou tomá só um cadim desse cafezinho aqui na minha xicrinha, cadiquê tô gosto de cafezim quentim, descendo pelas guela antes de escrever. Assim o causo fica bão dimais da conta né sô? É aquela lasquêra uai!
          E por falar nocê sô, como cumé que está a cumade? Ceis tão bão ou não? Seus filhos continuam custosos? Eu fico só espiando eles, divera que são levados por dimais. Êta disgrama só. Tem hora que dá aquela girisa de tanta bagunça que eles fazem, mas deixa, são meninos. Deixa bagunçá a vontade.
          Mas toma um golin de café também. Não vai me fazer a disfeita de não tomar. Isso é feidimais. Pega a xícra e toma a vontade.
          Mas cumpadi, não é que estou te deixando encantoado, mas não fica encasquetado comigo não. É que quero saber quem que embuchou por essas bandas? Tem muita gente enrabichado por aqui, eu tô meio vuado dos causos aqui da vila.
          Não fica pensando que eu sou entojado e nem esteja estorvano, mas eu sempre fico veiáco com essas coisas e não gosto mesmo de me fingi di égua, mesmo que eu nem facidéia do que é ou esteja garrado em algum trem.
          Mas se não quiser falar, não tem problema. Nada de gastura compadi, fica tranquilim ai porque aqui ninguém vai inventá moda pra te intojá..
          Istudia mesmo teve um caboclin aqui e perguntou onde era a casa do Zezín da Fiota. Expliquei direitim. No dia seguinte o caboclo parou por essas bandas de novo numa brabeza danada. Ele disse que andou muito. Bobiça dele. Só que porque eu disse que era logo ali ó! Era mesmo, mais ou menos uns 300 km de a pé. Pertin né sô. Num pulin de nada ele chegava lá. Não precisava fazer malcriação comigo e nem caçuá de mim e ficar dando manota na porta da casa do zôto. Fiquei com uma raiva dele que até esqueci de colocar minha matula na capanga.
        Pelo menos aquela murrinha foi embora. Ô moço intojado sô! Estava me deixando um mucado jirizado e ainda ficou jogando nhaca nimim.
         Nusinhora do céu, me benzi com isso, curuiz incredo, mas trem ruim não pega nimim não. Mas não custa nada umas rezadinha né.
          E ainda queria fazer umas catiras comigo. Não tenho nada para catirar nem liguei. Vai ver que ele queria me passar a manta. Óia só, melhor panhá o terço na jibêra e rezá. Assim a gente vai pelejando e esquecendo o pocaso dos outros prá mode não deixar as coisas prus coco qui nem uns tipim faz.
          No final das contas eu rachei os bico de ri daquele marmota. Não estou nem quimportamilando com isso. Eu sarto é de banda mesmo. Sungo os trem pra riba e assim a gente segue em frente.
          Tem base um trem desses eu ficar com a moringa quente por isso? Pra mode quê? Quem esquenta a moringa é cabeça de fosqui eu lá tenho fucin de fosqui? Trem trapaiado sá! Não é sô, é sá mesmo. Tô falando é com a mulher do compadi agora.
          O jeito é pegar minhas trenheira e arraiá na cama né uai? A hora que eu estiver varado de fome vou lá na cozinha e como qualquer trem que tiver por lá.
          Vou esquecer aqueli tipin, já tô berando uns 50 e tantos, tá na hora de não ficar aperriado com trenzim a toa. Só sei que se ele bater por essas bandas, vou socá um trem nele que ele não mete o fucim aqui nunca mais.
          Inté logo cumpadi e cumadi que eu vou arriá de vez!

Fotografia ilustrativa de Nilza Leonel em Vargem Bonita MG)

quarta-feira, 25 de março de 2020

Monte Verde atrai turistas o ano inteiro

(Por Arnaldo Silva) Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas é lembrada como a “cidade dos namorados”, “Letônia Mineira”, “cidade do chocolate” e também de “cidade do frio” por seu inverno rigoroso, em seus quase 1600 metros de altitude. É o ponto mais alto de Minas. Não é por menos que Monte Verde está no topo do turismo no Brasil. É um dos lugares mais procurados e mais bem avaliados por turistas. (foto acima de WDiniz)
          Dá pra pensar que a cidade é movimentada somente no inverno onde as paisagens geladas com fortíssimas geadas dão brancura e suavidade à esplêndida paisagem da Serra da Mantiqueira. (foto acima de Anthony Cardoso/@anthonyckn) Muitos pensam que Monte Verde é turismo em apenas uma estação.
          Engana-se, não é não. Monte Verde é turismo o ano todo, todos os meses, todas as semanas e todos os dias são turistas chegando de todos os cantos do Brasil e do mundo. (foto acima de WDiniz) A charmosa vila de origem letã, não alemã, como muitos pensam. Seus fundadores vieram de uma ex República da extinta União Soviética, a Letônia e se fixaram na região por considerar a paisagem local semelhante ao país do Leste Europeu. 
          Além do frio, chocolate, vinhos, aconchegantes pousadas com chalés ou quartos com lareiras e vistas maravilhosas, a paisagem de Monte Verde, principalmente no inverno, lembra o inverno Europeu. Além disso, o que mais atrai os turistas à Monte Verde, fora do período de inverno?  (foto acima de Ricardo Cozzo e abaixo de WDiniz)
          O bucolismo da pitoresca Vila é o maior atrativo. O charme de seu casario e suas ruas. A arquitetura singular que dá ares europeus à vila. Outro tesouro valioso de Monte Verde é seu cerca de seis mil moradores, muito acolhedores, hospitaleiros, gentis e sabem como ninguém valorizar a cultura de origem Europeia da Vila e as tradições mineiras, principalmente a culinária. (foto abaixo de WDiniz)
          Nos restaurantes da Vila, você pode apreciar tanto um frango com quiabo, quanto um chucrute alemão. Um tutu de feijão ou um joelho de porco alemão. Doces mineiros ou doces Europeus. Você pode tomar vinho de Minas ou importados. Cervejas artesanais com a tradicional receita de pureza da Baviera. Os doces sabores dos licores mineiros também. Chocolates finos e cachaças genuinamente mineiras, fabricadas nos alambiques da região. (foto abaixo de Ricardo Cozzo)
          Em Monte Verde, o turista experimenta as melhores fondues do Brasil. Por falar em fondue, sabe o que é? Esse prato é suíço e sua base é o queijo aquecido sobre uma espiriteira. A fondue de Monte Verde é fantástica. Por falar em queijo, o nosso mais valioso produto artesanal é produzido na cidade e é da melhor qualidade. Sabor da Mantiqueira. 
          Têm ainda compotas, doces caseiros, que são destaques e que agradam a todos. Nos restaurantes de Monte Verde você encontrará pratos para todos os gostos e bolsos. E isso é um dos grandes atrativos da Vila.                  O interessante é que a culinária, artesanato, religiosidade e cultura mineira são preservadas. Monte Verde  é uma típica vila europeia, encrustada no coração de Minas. É um dos principais destinos turísticos do Brasil, com altas avaliações dos principais sites de turismos nacionais. (foto acima de Dener Ribeiro na Chocolateria Monte Verde)
          Monte Verde (na foto acima e abaixo de Ricardo Cozzo) está a 490 km da capital mineira, via BR 381. A 167 quilômetros da capital paulista e 206 quilômetros de Campos do Jordão. Os municípios mineiros próximos a Monte Verdes são: Itajubá, Três Corações, Varginha e Pouso Alegre. 
          Venha conhecer Monte Verde, a Letônia Mineira, cidade dos namorados, do chocolate e do povo mais acolhedor e hospitaleiro do Brasil.

segunda-feira, 23 de março de 2020

O doce sabor da infância da receita de brevidade

(Por Arnaldo Silva) Numa tarde chuvosa estava a relembrar minha infância, e me veio à mente as brevidades que minha avó fazia. Era uma delícia. Sentava no banco da cozinha e comia brevidade com gosto. Chovia muito nesse dia e me lembrei das tardes chuvosas lá na roça, tomando café, comendo brevidade e ouvindo o tilintar dos pingos da chuva no velho telhado da casa.
          Me deu saudades do sabor da brevidade, mesmo as lembranças estando distante, não vivia mais na roça e sim na cidade. Parei numa padaria muito chique e requintada e pedi brevidade. A moça que me atendeu me olhou e perguntou? O que é brevidade?         
          Quem ficou espantado fui eu com a pergunta. Uma receita tão antiga, passada de geração para geração, desconhecida pelos mais novos? 
          Ela chamou a confeiteira, que entendia de tudo. Para meu espanto, perguntou?
          - Essa receita é mineira? Como que ela é?
          Respondi:
          - Claro que é. Receita do século XIX, um bolinho de polvilho, feito em forminhas, cuja receita, surgiu por volta de 1875. Saiu das senzalas mineiras para nossa mesa. Uma das mais antigas e tradicionais receitas mineiras, bem como a rosca, broinha, sequilho, biscoito de polvilho frito e assado, pão de queijo, bolinho de chuva, bolos de milho, bolo de fubá, rosquinha, etc. É só para citar essas como exemplo, já que são várias as nossas quitandas surgidas nos séculos 18 e 19 que compõem as receitas mineiras, criadas ou adaptadas de receitas portuguesas, africanas e indígenas do século XVIII e XIX. A própria brevidade foi adaptada, já que na receita original, usava-se polvilho de araruta, uma planta cuja raiz era feito o polvilho. Com a popularização da mandioca e plantio em grande escala, quase não se vê mais araruta. Usa-se agora o polvilho de mandioca.
          A confeiteira que entendia de tudo me olhou com cara de espanto, apenas se limitou a perguntar como era a brevidade. Explique direitinho e foi até a cozinha e me aparece de volta com uns cupcakes e peti gateau, me perguntando se era a mesma coisa.
          Desisti. Fui pra casa procurar a receita e eu mesmo fazer.
          Perguntei para minha mãe sobre a receita e procurando em seu caderninho antigo, encontrou a tão procurada receita tradicional de brevidade, um bolinho leve, gostoso, cheiro e sabor de infância feliz.
          Está ai a receita para que vocês façam e resgatem essa delicia de nossa culinária. Não podemos deixar as inovações culinárias do século 21, ofuscar as delícias da nossa cozinha.
          Pra começar, você vai precisar de forminhas metálicas, tipo aquelas que se faz empadas, só que maior e também forminhas de papel. Você encontra em lojas do ramo e em supermercados.
Essa receita dá mais ou menos uns 30 bolinhos. Então, chame a criançada, os primos e vizinhos para comer.
          A massa tanto pode ser para o bolinho, quanto para o bolo, nesse caso, use uma fôrma untada com manteiga com furo no centro e deixe assando por 30 a 40 minutos ou até que fique dourado.
Os ingredientes para a brevidade são:
. 750 gramas de polvilho doce
. 250 gramas de rapadura raspada
. 6 ovos
. 1 colher de sopa rasa bicarbonato de sódio
. Cravo-da-Índia a gosto
Modo de preparo
- Bata as claras em neve e acrescente as gemas.
- Bata por 2 minutos na batedeira e acrescente a rapadura e misture por mais 2 minutos.
- Coloque o polvilho aos poucos, deixando bater até ficar uma massa consistente
- Desligue a batedeira e coloque o bicarbonato, misture bem com uma colher de pau.
- Despeje a massa nas forminhas e leve ao forno a 180º por 30 a 40 minutos.
Após esse tempo só servir e se deliciar com essa gostosura secular.
Nota: Antes de perguntar, a receita é original e não se usa nenhum outro líquido senão os ovos. Simples assim.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Fortuna de Minas: a cidade dos pássaros livres

(Por Arnaldo Silva) Uma pequena, pacata, charmosa e aconchegante cidade a menos de 100 km de distância de Belo Horizonte e com menos de três mil habitantes. Cidade de povo simples, hospitaleiro, onde todos se conhecem e sabem um pouco um do outro. Essa cidade é Fortuna de Minas. O município faz divisa com Esmeraldas, Paraopeba, Maravilhas, Pequi, São José da Varginha, Cachoeira da Prata e Inhaúma, na Região Central do Estado. 
          A cidade é tranquila, bem cuidada e limpa, mas um detalhe chama a atenção: praticamente não se vê gaiolas com pássaros presos. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Havia um tempo em que olhavam para o céu e para as árvores e não viam vidas. Os pássaros não eram vistos livres e sim, caçados e capturados para serem aprisionados em gaiolas. O canto dos pássaros em gaiolas era canto de tristeza. Não viam mais ninhos nas árvores e nem os bandos de aves sobrevoando os céus da cidade.
          Foi com essa constatação que, por iniciativa do morador local Washington Moreira Filho, essa realidade triste começou a mudar. Washington sonhava em ouvir o canto dos pássaros livres e as praças da cidade cheias de canários, rolinhas, trinca-ferros e outras aves. Com a ideia fixa, começou a conscientizar os moradores de Fortuna de Minas a trazer de volta os pássaros para seu habitat natural. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, monumento ao pássaro livre e ao búfalo, já que Fortuna de Minas é também conhecida como a Terra do Búfalo)
          Sua ideia era convencer os moradores a abrir as gaiolas e soltar os pássaros. Não foi fácil convencer pessoas a mudar uma cultura, errada, mas enraizada há anos no cotidiano de suas vidas. Aos poucos a ideia foi ganhando apoio, inicialmente bem pequeno, mas crescendo na medida do tempo que as pessoas adquiriam consciência, colocando-se no lugar do pássaro que não é objeto decorativo e nem nasceu para viver preso e sim ao ar livre, em meio a árvores, vivendo em seu habitat natural. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          A cada dia, a cada semana, a cada mês, novas pessoas foram se comovendo com a atitude dos amigos e vizinhos e aderindo à ideia, abrindo as gaiolas, deixando os pássaros livres e não mais os capturando ou caçando-os. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Matriz de Santo Antônio)
          Inclusive, instrumentos de caça e aprisionamento das aves, como alçapões, deixou de ser fabricado numa marcenaria que funcionava há décadas na cidade, cujo carpinteiro, “Seu’ Zé, que chegou a ter 18 pássaros presos em gaiolas, se solidarizou com a iniciativa e aderiu à campanha. 
          O próprio “Seu” Zé, que no início da campanha tinha 85 anos, libertou as aves presas, deixando à época em que tomou essa atitude exemplar, uma declaração comovente de quem se conscientizou e abraçou a iniciativa: “Ninguém quer ficar preso. O canto é bonito. Estou orgulhoso de ter uma vida desse jeito, e eles também. Os passarinhos também querem viver tranquilos”, declarou “Seu” Zé.
          Somente os pássaros que nasceram em cativeiro não foram libertados, por não saberem caçar, mas prender e engaiolar novos pássaros não mais. Foi questão de consciência adquirida. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, Monumento ao Motociclista)
          O resultado é impressionante. Os pássaros estão por toda parte no município, principalmente nas matas, seu habitat. São canários-chapinhas e trinca-ferro, que se misturam a outros pássaros como o João-de- Barro, pica-pau, beija-flor, pardais, periquitos, etc.
          O mais interessante ainda é que a cidade que comprava gaiolas e fabricava alçapões, passou a investir em outra atividade: construir casas para pássaros. A ideia partiu de artesãos locais, que se inspiraram nas casas do joão-de-barro para criarem as casinhas. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          Isso não quer dizer que as aves irão morar nas casas, isso porque a casa das aves é em seu habitat natural, onde fazem seus ninhos em troncos ocos de árvores ou outro lugar que julguem seguros para chocarem seus ovos, longe dos predadores naturais. 
          As casas feitas pelos artesãos são espaços para os pássaros se alimentarem ou mesmo fazerem seus ninhos com segurança. A população espalha canjiquinha, fubá e alpistes nas praças, casinhas e outros lugares para que as aves se alimentem. Assim permanecem na cidade, colorindo a vida, alegrando o dia com suas belezas e seus cantos maravilhosos! (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          Essa iniciativa é sem dúvida uma das mais corretas e adequadas. Quem ama a vida, não aprisiona. Pássaros nasceram com asas para voar, serem livres e viverem em seus habitat. Que o exemplo de Fortuna de Minas, seja seguido por outras cidades. Mas não espere a cidade fazer, faça sua parte. Não aprisione as aves, abra as gaiolas. Quer ouvi-los cantar, cuide deles, dê comida, coloque alpiste, fubá, canjiquinha no chão, numa bandeja ou mesmo numa casinha que eles vêm e irá colorir sua rua, sua praça, seu jardim. E cantarão felizes simplesmente por estarem livres. Quem é livre, é feliz!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Marmelópolis mantém viva a tradição do marmelo

(Por Arnaldo Silva) A cidade tem marmelo no nome em razão da fruta ser abundante em suas terras. Seu nome original era “Queimada”, quando ainda era distrito de Delfim Moreira, no Sul de Minas.
          Boa parte das plantações de marmelo ficou no município, quando sua emancipação em 1962, por isso a cidade adotou este nome, pela abundancia e tradição do cultivo do marmelo e produção de marmelada no antigo distrito de Queimada, hoje Marmelópolis. Polis = cidade, ou seja, “Cidade do Marmelo”. (fotografia acima do Renato Ribeiro/@jrrenatoribeiro com a fruta no pé, no perímetro urbano da cidade)
          Marmelópolis faz divisa com Delfim Moreira, Virgínia e Passa Quatro no Sul de Minas e Piquete e Cruzeiro em São Paulo. A cidade é pacata, charmosa, aconchegante, muito atraente e conta menos de três mil moradores, simpáticos, gentis e muito hospitaleiros. É uma típica cidade do interior mineiro. (fotografia acima de Jair Antônio Oliveira)
           Além do marmelo, da sua exuberante natureza, como cachoeiras, matas nativas de araucárias e áreas naturais preservadas, o frio é um dos atrativos da cidade. É uma das mais frias de Minas Gerais e o inverno é bastante rigoroso, com geadas constantes, transformando a paisagem local de forma notável, fazendo com que a pequena cidade da Mantiqueira, se pareça com as charmosas vilas portuguesas. (fotografia acima de Renato Ribeiro)
          Esses atrativos atraem turistas para a cidade, que buscam vivenciar a natureza plena, bem como curtir o charme de uma tradicional cidade do interior mineiro, e experimentar a famosa truta da Mantiqueira (na foto acima de Jair Antônio Oliveira, do Restaurante Monte Moriá), a tradicional marmelada, suco de marmelo, a manteiga GHEE sem lactose e sem colesterol ruim e outros pratos deliciosos feitos com o marmelo.
A origem do marmelo
          O marmelo (na foto acima de Jair Antônio Oliveira) tem sua origem no Oriente Médio se expandindo para o restante do mundo através da Grécia. É uma fruta muito apreciada no Oriente Médio há milhares de ano. Acredita-se que a fruta já existia no paraíso de Adão e Eva. In natura tem o sabor um pouco ácido, por isso é mais consumida em forma de sopa, compota, geleia, licor e doce, a famosa marmelada. Sua aparência lembra muito a pera e a maçã.
          Quando do pecado homem, citado na Bíblia, foi oferecida uma fruta. A mitologia diz que foi uma maçã, mesmo a fruta não sendo de origem desta região e nem o nome da fruta é citada na narrativa bíblica, as ilustrações do fruto proibido mostra uma maçã. Se a narrativa bíblica se referir mesmo a uma fruta real, com certeza, a fruta do pecado original seria o marmelo, pelo fato de ser uma fruta comum na região e com sua origem onde a passagem é narrada.
 O resgate do cultivo do marmelo 
          O marmelo foi introduzido no Brasil pelo português Martin Afonso de Souza em 1532, se adaptando muito bem à região Sul do país e no Sul de Minas. (na foto acima de Jair Antônio Oliveira, a flor do marmeleiro) O cultivo do marmeleiro foi introduzido na região da Mantiqueira entre os séculos XIX e XX. Somente em Marmelópolis, foram plantados mais de mais de dois milhões de pés, tornando a cidade a maior produtora da fruta no país, bem como o maior produtor de marmelada.
          Entre as décadas de 1940 e 1970, no auge da popularização da marmelada, existia na região mais de 20 indústrias atraídas pela grande oferta da fruta. Entre essas fábricas, uma delas era a gigante Cica, que hoje não existe mais. Onde funcionava a fábrica da Cica, é atualmente a sede da Prefeitura de Delfim Moreira.
          O fechamento das empresas foi gradativo, tem seu auge na década de 1980. (na foto acima de Renato Ribeiro, uma dessas fábricas fechadas, em ruínas) Um dos fatores que levaram ao fechamento das fábricas foi a industrialização de outros doces em Minas e no Brasil, como por exemplo, o doce de leite e de frutas diversas, como a goiabada. Com isso a produção de marmelada na região foi reduzindo, bem como o plantio da fruta, chegando ao fechamento das empresas existentes na cidade. Hoje resta existe apenas uma única fábrica de marmelada na cidade e o cultivo da fruta restringido a pequenas propriedades.
          Mas essa realidade vem mudando com a retomada da produção de marmelo no município, por iniciativa da família do Moisés Ribeiro Cunha, proprietários da única fábrica de marmelo atualmente na cidade. O objetivo é resgatar uma das mais antigas atividades agrícolas de Minas Gerais, e devolver à cidade o posto de terra do marmelo, aumentando a produção da fruta e da marmelada. (foto acima de Jair Antônio Oliveira)
          A iniciativa vem entusiasmando alguns produtores e reanimando os antigos, que estão fazendo novas plantações ou mesmo recuperando antigas plantações, bem como ampliando a área de plantio.
          É uma forma de manter viva a tradição do marmelo na cidade, cuja produção da marmelada foi de grande importância para a economia local, bem como fez de Minas Gerais um dos grandes produtores do doce Brasil. (na foto acima de Renato Ribeiro, plantação de marmelo no município)
          O povo mineiro tem no sangue o amor por sua cultura e faz parte do nosso povo esse instinto de conservação. Marmelópolis está se recuperando, voltando a ser a cidade do marmelo e da marmelada.
          O povo da pacata Marmelópolis lembra com saudades, do cheiro da fruta, do doce tilintando nos caldeirões das antigas fábricas, da fartura nos tempos da colheita da fruta.
          Esse mesmo povo não está apenas na saudade hoje. Estão reagindo e trazendo de volta a cultura do marmelo.
A Festa do Marmelo
          Um dos eventos que ajudam na divulgação da cidade, bem como incentivo na produção do marmelo e produção de seus derivados, é a tradicional Festa do Marmelo de Marmelópolis, que acontece no outono, geralmente nos fins de março para início de abril. (na foto abaixo, de Cássia Almeida, visitantes esperando a abertura do salão para conhecer os produtos derivados do marmelo e artesanato, na Festa do Marmelo em 2019)
          A cidade com menos de três mil habitantes praticamente triplica nos dias da festa. No evento, o visitante conhece todos os produtos feitos com marmelo, como sopa, licor, geleia, compota e claro, marmelada, além dos produtos derivados do leite e azeites orgânicos, tradicionais na região. O visitante terá oportunidade ainda de conhecer o artesanato local, a culinária típica da cidade, como a truta da Mantiqueira e pinhão, além dos pratos da cozinha mineira. Durante os dias de festa há apresentações de oficinas culturais e ainda a apresentação de bandas regionais que cantam e tocam em estilos diversos com o Sertanejo Raiz, Pop Rock, Jazz e MPB. (na foto abaixo de Renato Ribeiro, show musical com grande presença de público durante a Festa do Marmelo)
          Marmelópolis fica a cerca de 460 quilômetros da capital Belo Horizonte, 255 quilômetros de São Paulo e 305 do Rio de Janeiro.
Os benefícios do marmelo e receitas tradicionais
          Consumida in natura ou em forma de chá, ajuda no combate a aftas, males da gengiva, inflamações estomacais e dores na garganta. Por ter ação antisséptica e antiespasmódica, ajuda no combate a casos de enjoos e vômitos. É ainda calmante, ajuda no tratamento de queimaduras, cólicas e problemas pulmonares.
          No Brasil é consumida como chá, com a infusão de suas folhas, in natura e principalmente em forma de marmelada.

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