(Por Arnaldo Silva) Itapanhoacanga, em tupi-guarani significa “Serra da Cabeça Preta”. É um nome que dá para enrolar a língua, mas também, ensina muito. Principalmente sobre a história da mineração de ouro e diamantes, nos tempos do Brasil Colônia.
Itapanhoacanga é um charmoso, atraente e acolhedor distrito de Alvorada de Minas, pequena cidade mineira com pouco mais de 4 mil habitantes, a nordeste da Região Central. O município está a 210 km de Belo Horizonte, com aceso pela MG-010. Faz divisa com os municípios do Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Sabinópolis. (na foto acima do Anderson Sá, o letreiro do distrito e abaixo, do Marcelo Santos, a Igreja do Rosário)
Quem quer conhecer a Estrada Real e sua história, tem que conhecer Itapanhoacanga, uma charmosa e atraente vila colonial mineira, onde vivem cerca de 1700 pessoas. A vila tem origens no inicio do século XVIII. Tem ainda como tradição as tradicionais Marujadas, Bumba Meu Boi e a Folia de Reis, preservadas em sua originalidade.
Além de sua riqueza arquitetônica e folclórica, encontra-se no distrito, belíssimas paisagens, principalmente às margens dos rios Landim, Campina e Tanque do Carumbé, além desses rios serem pontos de lazer de seus moradores.
A economia de Itapanhoacanga tem como base a agricultura, pequenos comércios, o turismo e a mineração, com exploração atualmente de jazidas de minério, na região. A mineração se estende de São Sebastião do Bom Sucesso, antigo Sapo, distrito de Conceição do Mato Dentro MG, até as proximidades do município do Serro MG. A atividade vem reativando a economia de toda região, onde estão as jazidas de minério. (fotografia acima de Luciana Silva)
No Século XVIII, Itapanhoacanga era distrito do Serro do Frio e se destacava no garimpo, sendo o distrito que gerava mais riqueza, com exploração de seus garimpos de ouro. Essa riqueza, além de sua posição privilegiada, transformou Itapanhoacanga num pouso do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real. Ligava o Serro do Frio à Ouro Preto. Quem vinha da região de Diamantina, passava pelo Serro do Frio e pousava em Itapanhoacanga.
No Século XVIII, Itapanhoacanga era distrito do Serro do Frio e se destacava no garimpo, sendo o distrito que gerava mais riqueza, com exploração de seus garimpos de ouro. Essa riqueza, além de sua posição privilegiada, transformou Itapanhoacanga num pouso do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real. Ligava o Serro do Frio à Ouro Preto. Quem vinha da região de Diamantina, passava pelo Serro do Frio e pousava em Itapanhoacanga.
O trecho da Estrada Real, em Itapanhoacanga é hoje a rua principal do distrito. Por essa rua, passaram governadores, fidalgos portugueses, mercadores, tropeiros, garimpeiros e tropas diversas. Nessa rua passaram também importantes viajantes e pesquisadores, como John Mawe, em 1808 e Saint-Hilaire, em 1816. (foto acima e abaixo da Luciana Silva)
No auge do Ciclo do Ouro, no século XVIII, era uma das regiões mais movimentadas da Estrada Real. Com a escassez do ouro, o movimento sofreu drástica redução, bem como o declínio econômico, não só em Itapanhoacanga, mas em todas as cidades produtoras de ouro e diamantes, foi visível. O que ficou do auge da riqueza, foram as ricas construções coloniais e principalmente, as igrejas, ornadas em ouro puro, com talhas e pinturas muito bem trabalhadas. Hoje, relíquias de nossa história e de um imenso valor cultural.
Itapanhoacanga conta um pouco desse tempo e preserva em sua arquitetura, cultura e religiosidade, as tradições dos séculos XVIII e XIX.
Itapanhoacanga conta um pouco desse tempo e preserva em sua arquitetura, cultura e religiosidade, as tradições dos séculos XVIII e XIX.
Entre as maiores riquezas, presentes no distrito, são hoje consideradas de grande valor arquitetônico e de grande importância histórica, para Minas Gerais.
Uma delas é a Igreja de São José, um dos mais importantes templos da arte barroca mineira, tombado pelo IPHAN em 1972. (foto acima de Giselle Oliveira) A obra teve início em 1746, tendo sido concluída em 1785. Dois anos depois, era concluída a pintura do forro. Em estilo rococó, com12 belíssimos painéis, representando cenas da vida de José, o pai de Jesus. No forro, está grafada a seguinte frase: “No ano de 1787, pintou esta pintura Manoel Antônio da Fonseca, por mandado do Capitão José Pereira Bonjardim, que por sua devoção deu as tintas”. A igreja conta uma portada e duas janelas frontais que impressionam pelo fino acabamento, bem com as talhas internas, principalmente na ornamentação do altar-mor.
A Igreja de São José foi restaurada, entre 1999 e 2000, e como podem ver na foto acima, carece de nova restauração. E será restaurada.
Ao custo de 4 milhões de reais, a Igreja de São José de Itapanhoacanga, será totalmente restaurada pelo IPHAN, em parceria com a multinacional inglesa Anglo American PLC, uma das maiores mineradoras do mundo, que atualmente, atua na exploração mineral na região.
A parceria entre o órgão federal e a minerador, é fruto fruto da assinatura de um Termo de Compromisso, para restaurar esse importante patrimônio histórico de Minas Gerais, num prazo de 24 meses. Será uma restauração completa, começando pela parte artística da igreja, como portada, forros, altar, pisos, elementos decorativos, etc. A igreja contará ainda com proteção contra descargas elétricas, alarmes, proteção contra incêndios, além de sonorização e instalações hidrossanitárias adequadas.
Outra igreja de destaque e de grande valor em Itapanhoacanga é Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (na foto acima de Giselle Oliveira). É outra obra magnífica do Barroco Mineiro, com a pintura dos painéis de seu forro atribuídas a Manuel Antônio da Fonseca. Acredita-se também que um dos discípulos de Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde, tenha participado da pintura dos painéis do forro da Igreja. (fotografia abaixo da Luciana Silva)
Por sua história, por sua riqueza arquitetônica e por sua importância nos tempos da exploração do ouro e diamantes, Itapanhoacanga é uma das maiores joias de toda a Estrada Real, do Barroco Mineiro e de Minas Gerais. Carrega em seus três séculos de existência, boa parte da história de Minas Gerais. É a história viva, presente e preservada do Caminho dos Diamantes, da Estrada Real e de Minas Gerais. Quem quer conhecer na prática a Estrada Real e a história do Ciclo do Ouro, tem que conhecer Itapanhoacanga e região.