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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Itapanhoacanga: preciosa joia da Estrada Real

(Por Arnaldo Silva) Itapanhoacanga, em tupi-guarani significa “Serra da Cabeça Preta”. É um nome que dá para enrolar a língua, mas também, ensina muito. Principalmente sobre a história da mineração de ouro e diamantes, nos tempos do Brasil Colônia.
          Itapanhoacanga é um charmoso, atraente e acolhedor distrito de Alvorada de Minas, pequena cidade mineira com pouco mais de 4 mil habitantes, a nordeste da Região Central. O município está a 210 km de Belo Horizonte, com aceso pela MG-010. Faz divisa com os municípios do Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Sabinópolis. (na foto acima do Anderson Sá, o letreiro do distrito e abaixo, do Marcelo Santos, a Igreja do Rosário)
          Quem quer conhecer a Estrada Real e sua história, tem que conhecer Itapanhoacanga, uma charmosa e atraente vila colonial mineira, onde vivem cerca de 1700 pessoas.  A vila tem origens no inicio do século XVIII. Tem ainda como tradição as tradicionais Marujadas, Bumba Meu Boi e a Folia de Reis, preservadas em sua originalidade.
          Além de sua riqueza arquitetônica e folclórica, encontra-se no distrito, belíssimas paisagens, principalmente às margens dos rios Landim, Campina e Tanque do Carumbé, além desses rios serem pontos de lazer de seus moradores.
          A economia de Itapanhoacanga tem como base a agricultura, pequenos comércios, o turismo e a mineração, com exploração atualmente de jazidas de minério, na região. A mineração se estende de São Sebastião do Bom Sucesso, antigo Sapo, distrito de Conceição do Mato Dentro MG, até as proximidades do município do Serro MG. A atividade vem reativando a economia de toda região, onde estão as jazidas de minério. (fotografia acima de Luciana Silva)
          No Século XVIII, Itapanhoacanga era distrito do Serro do Frio e se destacava no garimpo, sendo o distrito que gerava mais riqueza, com exploração de seus garimpos de ouro. Essa riqueza, além de sua posição privilegiada, transformou Itapanhoacanga num pouso do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real. Ligava o Serro do Frio à Ouro Preto. Quem vinha da região de Diamantina, passava pelo Serro do Frio e pousava em Itapanhoacanga. 
          O trecho da Estrada Real, em Itapanhoacanga é hoje a rua principal do distrito. Por essa rua, passaram governadores, fidalgos portugueses, mercadores, tropeiros, garimpeiros e tropas diversas. Nessa rua passaram também importantes viajantes e pesquisadores, como John Mawe, em 1808 e Saint-Hilaire, em 1816. (foto acima e abaixo da Luciana Silva)
          No auge do Ciclo do Ouro, no século XVIII, era uma das regiões mais movimentadas da Estrada Real. Com a escassez do ouro, o movimento sofreu drástica redução, bem como o declínio econômico, não só em Itapanhoacanga, mas em todas as cidades produtoras de ouro e diamantes, foi visível. O que ficou do auge da riqueza, foram as ricas construções coloniais e principalmente, as igrejas, ornadas em ouro puro, com talhas e pinturas muito bem trabalhadas. Hoje, relíquias de nossa história e de um imenso valor cultural.
          Itapanhoacanga conta um pouco desse tempo e preserva em sua arquitetura, cultura e religiosidade, as tradições dos séculos XVIII e XIX. 
          Entre as maiores riquezas, presentes no distrito, são hoje consideradas de grande valor arquitetônico e de grande importância histórica, para Minas Gerais. 
          Uma delas é a Igreja de São José, um dos mais importantes templos da arte barroca mineira, tombado pelo IPHAN em 1972. (foto acima de Giselle Oliveira) A obra teve início em 1746, tendo sido concluída em 1785. Dois anos depois, era concluída a pintura do forro. Em estilo rococó, com12 belíssimos painéis, representando cenas da vida de José, o pai de Jesus. No forro, está grafada a seguinte frase: “No ano de 1787, pintou esta pintura Manoel Antônio da Fonseca, por mandado do Capitão José Pereira Bonjardim, que por sua devoção deu as tintas”. A igreja conta uma portada e duas janelas frontais que impressionam pelo fino acabamento, bem com as talhas internas, principalmente na ornamentação do altar-mor. 
          A Igreja de São José foi restaurada, entre 1999 e 2000, e como podem ver na foto acima, carece de nova restauração. E será restaurada.
          Ao custo de 4 milhões de reais, a Igreja de São José de Itapanhoacanga, será totalmente restaurada pelo IPHAN, em parceria com a multinacional inglesa Anglo American PLC, uma das maiores mineradoras do mundo, que atualmente, atua na exploração mineral na região.
          A parceria entre o órgão federal e a minerador, é fruto fruto da assinatura de um Termo de Compromisso, para restaurar esse importante patrimônio histórico de Minas Gerais, num prazo de 24 meses. Será uma restauração completa, começando pela parte artística da igreja, como portada, forros, altar, pisos, elementos decorativos, etc. A igreja contará ainda com proteção contra descargas elétricas, alarmes, proteção contra incêndios, além de sonorização e instalações hidrossanitárias adequadas.  
          Outra igreja de destaque e de grande valor em Itapanhoacanga é Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (na foto acima de Giselle Oliveira). É outra obra magnífica do Barroco Mineiro, com a pintura dos painéis de seu forro atribuídas a Manuel Antônio da Fonseca. Acredita-se também que um dos discípulos de Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde, tenha participado da pintura dos painéis do forro da Igreja. (fotografia abaixo da Luciana Silva)
          Por sua história, por sua riqueza arquitetônica e por sua importância nos tempos da exploração do ouro e diamantes, Itapanhoacanga é uma das maiores joias de toda a Estrada Real, do Barroco Mineiro e de Minas Gerais. Carrega em seus três séculos de existência, boa parte da história de Minas Gerais. É a história viva, presente e preservada do Caminho dos Diamantes, da Estrada Real e de Minas Gerais. Quem quer conhecer na prática a Estrada Real e a história do Ciclo do Ouro, tem que conhecer Itapanhoacanga e região.

domingo, 24 de janeiro de 2021

A rotina de trabalho do João de Barro

(Por Arnaldo Silva) Sempre são exibidas imagens de outras aves ocupando as casas do João de Barro (Furnarius rufus) que trabalha tanto e vem outras espécies e ocupam a casinha deles. É o que todos pensam e mostram em fotos, veem na sequência da matéria. Mas será isso verdade? 
           Não, não é verdade. O João de Barro leva em média 30 dias para fazer sua casinha. Observando a rotina do dia a dia do João de Barro, foi percebido que eles tem um senso de organização e disciplina durante a construção de suas casas, que impressiona em muito. (fotografia acima de Raul Moura)
A rotina diária do João de Barro
          Acompanhando a rotina diária do João de Barro, desde o início da construção de sua casinha, até a finalização da obra, foi observado que o "Pedreiro da Floresta", não trabalha sozinho. Sempre está acompanhado de sua companheira, que o ajuda na construção da casa. 
          Sua casa tem uma entrada, onde o casal pode passar tranquilamente e espaço que acomode bem os dois, além de ser forrada com penas e pelos, para que a fêmea ponha os ovos e os filhotes fiquem confortáveis e mais protegidos dos predadores.
          Antes de começarem sua obra, escolhem o melhor lugar para sua edificação, que tem em média 30 cm, em formato esférico e com uma abertura. Optam por lugares como troncos firmes de árvores ou mesmo postes, que lhes deem segurança e que tenha menos corrente de vento. Calculam ainda a posição da casa, sempre na posição contrária aos ventos. (fotografia acima de Eduardo Afonso)
          Escolhem com atenção onde irão retirar a matéria prima para construírem juntos, sua morada. Retiram o barro úmido da natureza, misturam com palha e esterco de gado e amassam bem, usando os bicos e os pés. (fotografia abaixo de Eduardo Afonso)
          Escolhido o local de sua casa e onde irá retirar a matéria prima sua casa, percebeu-se que o casal de João-de-Barro, começava a trabalhar por volta das 7 horas da manhã, dava uma pausa por volta do meio dia, retornava pouco tempo depois e parava o trabalho por volta das 17 horas. Ou seja, trabalhava em média de 8 a 10 horas por dia, de segunda a sábado, sempre com a ajuda de sua companheira.
          Um detalhe interessante observado na rotina do casal de João-de-Barro é que eles não apareciam aos domingos para trabalhar. Em nenhum momento, durante os dias de construção de sua casinha, o casal foi visto trabalhando nesse dia da semana.
          Depois da casa e o ninho já prontos, eles se mudam e lá ficam, mas não a vida toda. Vocês pensam que depois da construção ele fica descansando, curtindo a casinha? Nada disso. Acabou sua casa, pouco tempo depois, já começa a construir outra. O João de Barro constrói sua casa e nela vive por alguns meses apenas. O tempo de duas, três ou quatro ninhadas. (fotografia acima de Odilon Euzébio, casas de João de Barro em na zona rural de Inhapim MG)
          Esse ciclo é repetido constantemente. Ele não para de trabalhar. As outras espécies de aves, entre elas os periquitos, tuins, canários-da-terra, etc., só se aproximam da casa quando o João de Barro não está mais vivendo nela. Somente quando o João de Barro já fez sua outra casinha, é que outras aves, as ocupam. Em sua maioria, as espécies não invadem o habitat dos outros. A natureza tem suas leis e estas são respeitadas. (na fotografia acima de Paulo Santos em Itamonte MG, periquitos ocupando a casa do João de Barro)
          Há poucas exceções, já que algumas espécies, tem como hábito usar ninhos de outras aves, já prontos, independentemente da espécie que seja. 
          Como exemplo, o pardal, que chega a expulsar aves de seus ninhos, para usá-lo, bem como o chupim, que coloca seus ovos, em ninhos alheios, para que as aves choquem e criem seus filhotes.
          Essas espécies invadem qualquer ninho, podendo também invadir, o ninho do João-de-barro e lá, depositarem seus ovos. As demais espécies, não. Apenas quando o João-de-barro deixa sua casinha, elas ocupam sua moradia.
A lenda

          No século passado, existia uma crença de que o João de Barro não aceitava traição e deixava sua amada presa na casinha para o resto da vida. (fotografia acima de Paulo Santos em Itamonte MG)
A lenda ganhou mais popularidade pela música "João de Barro", composta por Teddy Vieira e Muhib Cury, interpretada por grandes nomes da música sertaneja brasileira como Tonico e Tinoco e Sérgio Reis.
          A letra foi inspirada nessa crença popular, mas pesquisadores, que estudaram e analisaram o comportamento da ave durante anos, não encontraram nenhuma evidência da veracidade desse fato. É apenas uma lenda, nada mais que lenda.

Conheça uma das mais lindas plantas para ruas e jardins

(Por Arnaldo Silva) É um arbusto que chega a 3,5 metros com copa arredondada. Suas folhas são verdes e entre o fim do outono e início do inverno, no mês de maio, ela perde suas folhas, surgindo uma florada abundante com delicadas flores brancas no formato de estrela. Por ter a florada em maio, é chamada na minha região, Centro Oeste de Minas de Mês de Maio. É conhecida também por Noivinha, Neve da Montanha, Névoa da Montanha, Cabeça-de-Velho, Cabeleira-do-vovô, Cabeça-branca. É uma planta bastante difundida na América Latina. Seu nome científico é Euphorbia leucocephala. (fotografia acima de Luís Leite)
          Originária da América Central, é constantemente usada na arborização urbana e jardins pela beleza das flores brancas e por ser uma espécie adequada à vias urbanas. (foto acima e abaixo de Arnaldo Silva no Engenho do Ribeiro MG)
          Pode ser plantada em jardins, praças, calçadas ou como cerca vivas. No seu crescimento, é bom fazer podas nos galhos após a primeira florada. As vezes são plantadas em calçadas estreitas e atrapalhará a locomoção. Faça a poda somente dos galhos baixos, se for necessário alguma poda. Recomendado as podas somente após a florada e no máximo 30% da planta deve ser podada para não prejudicar o desenvolvimento da planta. Melhor não fazer poda.  Quanto maior a copa, mais florida e linda ficará. (foto abaixo de Wilson Fortunato)
           Quando fizer a poda ou quebrar algum galho, evite contato com a seiva. É tóxica, pode irritar a pele. Bem como evite que crianças e animais domésticos toquem na seiva.
          Ao plantar a Mês de Maio (foto acima de Wilson Fortunato), dê preferência a solo fértil, adubado, bem drenado, com sol pleno e irrigado periodicamente. A planta é resistente a estiagem e não se adapta bem a locais com sombra e pouco sol, bem como a temperaturas muito baixas, embora resista.. 
          É uma árvore fantástica, que dá beleza a uma rua, praça ou jardim. (foto acima de Luis Leite) Eu mesmo tenho duas plantadas em meu jardim e incentivo outras pessoas a fazerem mesmo, plantarem Mês de Maio. Se propaga por sementes e estaquia. Você pode retirar um galho de uma planta adulta e fazer o plantio, o mesmo processo que se faz com o plantio de rosas. Mas se preferir em lojas de jardinagem de sua cidade, encontrará mudas com facilidade.

Filtro de barro brasileiro é o mais eficiente do mundo

(Por Arnaldo Silva) Invenção genuína brasileira, o tradicional filtro de barro é o sistema mais eficiente de purificação de água do mundo, segundo estudos feitos por cientistas norte-americanos, publicado no livro “The Drinking Water Book”, em português, “O livro da água potável”, de autoria de Colim Ingram. O livro, no original em inglês, disponível em livrarias e nas plataformas online, traz diversos estudos e pesquisas sobre a água, filtragem, engarrafamento, qualidade, etc.
          Um dos assuntos deste livro é sobre a eficiência do nosso filtro de barro, presente desde o início do século passado nas casas brasileiras. Porém, não há data precisa da invenção do filtro e nem quem foi o primeiro fazer um filtro de barro com velas no Brasil. A certeza é que sua origem surgiu diante da necessidade da população em ter água potável, no final do século XIX para o início do século XX, devido a água, nessa época não ser de boa qualidade. 
          Os brasileiros tinham que ir com latas e potes na cabeça até minas d´água ou rios buscar água, usada para lavar vasilhas que servia lavar roupa, tomar banho, cozinhar e beber. Para chegar água até a população mais abastada das cidades, a solução da época era a construção de chafarizes com água chegando até os moradores numa rudimentar canalização, mas sem tratamento algum de impurezas, o que gerava vários problemas de saúde à população da época.
          Não existia no Brasil, na época, conhecimento algum sobre a purificação da água, fato que mudou apenas com a chegada de imigrantes ao Brasil, no final do século XIX, em especial, os italianos, que trouxeram da Europa velas que filtravam água, existente no Velho Continente, usando filtros de pedra e de metal. 
          Embora o filtro e as velas sejam bem rudimentares, a água era melhor que a existente na época, por ser mais limpa. A questão era o material usado na fabricação, pesado e difícil de encontrar no país na época, principalmente o metal, além de estarmos num país tropical e quente, a água desse tipo de filtro não ficava muito fresca. (o filtro assim é na Fazendinha da Regina (@reginasfarm), tradicional, em trabalhos artísticos)
          A realidade só mudou quando um desses imigrantes italianos, que infelizmente a história não registrou o nome, que trabalhava no interior de São Paulo, percebeu que com a argila brasileira poderia se fazer potes e filtros com melhor qualidade, por ser um material fácil de trabalhar, resistente após a queima e por ser abundante, além de ser mais leve que o de pedra e mais fácil de fazer, que o de metal, além de permitir trabalhar de forma artística as peças. 
          Assim começaram a fazer os moldes inspirados nos filtros europeus, em dois compartilhamentos, com a parte superior e inferior separados, por uma camada de barro e a vela, na época feita cerâmica, com carvão em seu interior, colada na parte superior da peça, fazendo a filtragem por gotejamento.
          A ideia deu muito certo, com a água saindo limpa das torneiras e bem fresca e gostosa de beber. Rapidamente se popularizou, deixando de lado a água retirada nos chafarizes restritas a lavagem de roupas e banhos.
          Hoje pouco mudou desse tempo para cá na forma de fabricação desse filtro. O que mudou foi o processo de fabricação da vela, que hoje é feita com uma camada mais densa de carvão ativado, cuja função é tirar o cloro, uma outra camada de prata coloidal, que tem a função de purificar mais ainda a água, com outra camada de argila bem porosa, garantindo assim a eficácia maior da filtragem e melhor qualidade da água, que a vela original.
          A água passa pelos poros da argila, pela camada de prata coloidal, pelo carvão e por fim gotejada, saindo por rosca fixada no centro da vela e presa à parte inferior do filtro. É gota por gota, por isso a qualidade da água é ótima, limpa, saudável, fresca e gostosa.
Ao longo dos anos e com vários estudos, concluiu-se que as velas removem impurezas presentes na água, filtrando com eficiência o cloro, pesticidas, ferro, alumínio, além de reter 95% de chumbo e ainda, 99% do Criptosporidiose, parasita presente na água, causador de doenças.

          Vale lembrar que para a manutenção da qualidade da água, os filtros devem ser lavados sempre, mas sem o uso de produtos químicos. Use apenas a parte macia da esponja limpa, molhada com água. O mesmo faça com as velas, limpando-as com a esponja e trocando-as de 6 em 6 meses, pelo menos, porque as impurezas presentes na água ficam impregnadas em suas superfícies, mesmo lavadas, por isso é bom a troca regularmente.
          Outro fator importante para a melhor eficiência na filtragem da sua água é cuidar da caixa d´água, lavando-a regularmente, bem como cuidando bem das torneiras, mantendo-as limpas e higienizadas. 
 
          Outra questão sobre os filtros de barro é uma camada branca que aparece na parte externa do filtro. Isso é normal, faz parte da composição do material usado na fabricação do filtro, a argila. Não é mofo e nem bolor e sim um fenômeno natural chamado de eflorescência, que ocorre por ser a argila um material poroso. Esses poros presentes na argila são atravessados por partículas de água, com uma parte dessas partículas, mais próximas à superfície do filtro, evaporando em contato com o calor exterior. No caso, ocorre uma troca de calor do ambiente interno com o externo. Na evaporação de algumas partículas, uma parte dos sais mineiras presentes na água ficam impregnados na superfície do filtro, formando uma camada esbranquiçada. É esse processo de troca de calor que faz com que a temperatura da água dentro do filtro se mantenha estável, na média 5ºC, ou seja, sempre fria e fresca. 
          Portanto, essa cor branca comum nos filtros, são os sais minerais das partículas de água, quanto mais partículas evaporarem e mais sais minerais, tiverem a água, maior será a camada branca. Caso queira retirá-la, use apenas esponja molhada com água pura, sem sabão ou detergente.
          Na limpeza do filtro de barro, não use nenhum produto químico, seja no exterior ou no interior, porque pode alterar o sabor da água, além de comprometer a eficiência do filtro. Para manter a água sempre fria e fresca, o ideal é manter o filtro longe de fontes de calor, como fogões e raios de sol.
          Mesmo com a facilidade de encontrar água hoje de qualidade, o bom e velho filtro de barro continua ativo, presente nas casas por opção e gosto. Nossos artistas, melhoraram ainda mais a aparência dos filtros, transformando-se em obras de arte, como na primeira foto e nesta, onde além dos filtros, tem outros trabalhos da artesã que faz ainda potes, canecas, pratos, bonecas, xícaras, bules, baixelas, etc, em argila, cujos tons variam de acordo com a argila usada, podendo ser branco ou vermelho. Um detalhe importante é que as pinturas são feitas com o próprio pigmento da argila, não se usa tintas, apensa o barro nos detalhes floras que decoram as obras. 
          São trabalhos feitos pela artesã Lilia Xavier, moradora de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG, no Vale do Jequitinhonha. Os filtros são artesanais, feitos à mão e ainda com a beleza da arte do Vale do Jequitinhonha. O contato da artesã Lilia Xavier é pelo whatsapp: 38 99852-0991 e ainda envia para todo o Brasil.

Sabia isso? A baunilha é uma orquídea

(Por Isabela Carvalho - Jornalista) Você já se perguntou qual a origem da essência de baunilha tão usada na gastronomia por oferecer aroma e sabor delicado a sorvetes, cremes, doces, chocolates, licores e produtos finais de confeitaria, além de usada até em perfumaria? 
          A matéria-prima dessa especiaria é o fruto seco da orquídea baunilha (vanilla planifolia), com formato de vagem, de onde se extrai a vanilina, que confere o conhecido sabor e aroma de baunilha. A planta é a única espécie da planta que frutifica. Ela é pertencente à família Orchidaceae, subfamília Epidendroideae, tribo Vanillinae e gênero Vanilla. As espécies que formam o gênero têm sua origem no sudeste do México, da Guatemala e outras regiões das Américas Central e do Sul, incluindo o Brasil. Desde o início da década de 1960, o México cedeu lugar de primeiro produtor no ranking mundial para a ilha de Madagascar. a segunda posição é ocupada pela Indonésia. (Fotografia abaixo gentilmente cedida pela Carol Costa/Minhas Plantas)          
          A vanilina é um dos compostos aromáticos mais apreciados no mundo, além de ser um importante flavorizante para alimentos, bebidas, é usada ainda em produtos farmacêuticos. Com várias propriedades como prevenção de doenças, antimutagênico, antioxidante, conservante e antimicrobiano.
          
A orquídea baunilha, diferente das que produzem flores exuberantes, começa a florescer cerca de três anos após o plantio, as mudas são feitas geralmente por estaquia. Outro diferencial é o fato de que a planta é terrestre. Não se instala no caule de uma hospedeira. Também não requer o substrato especial para as outras orquídeas, cresce em substrato rico em matéria orgânica. (na foto abaixo, a vagem da Baunilha, registrada pelo fotógrafo Eduardo Gomes de Montes Claros MG)
Sabor caro
          O quilo das vagens secas e prontas para o uso pode chegar a ser comercializado por mais de R$ 2 mil. São necessários sete quilos da fava in natura para a obtenção de um quilo de vagem seca. As bagas da baunilha precisam passar por um processo bastante longo, a fim de se obter a vanila, e esta é uma das razões para o preço elevado no mercado.
          Antes da colheita, as vagens precisam amadurecer. Em seguida, a fim de ressaltar o seu odor ocorrem muitas manipulações: calor inicial, secagem ao sol, ser curada na sombra, seleção e empacotamento. 
          Imediatamente após a colheita das vagens, tem início processo de cura. É um procedimento lento, difícil, cheio de segredos, mas responsável por determinar a qualidade da baunilha. Para se obter os melhores resultados é necessário conhecimento e paciência. 
          Atualmente, são usadas diversas formas de manejo, entretanto o princípio básico seguido é o tratamento das favas com calor, e a exposição ao sol para que ocorra a transpiração, a fim de eliminar toda a água. É assim que acontece o processo de transformação química dos aromas, que faz com que estes fiquem mais intensos. 
          Dentre as antigas formas de se obter a vanilina, as vagens eram curadas mergulhando-as em água quase fervente por 25 segundos. Em seguida, estas eram colocadas entre tecidos para absorção da umidade e colocadas ao sol para secar. Então eram envoltas em outro tecido e armazenadas em uma caixa fechada, depois eram retiradas e espalhadas ao sol por uma ou duas horas. A duração do processo permanecia por um período entre 2 ou 3 semanas até as vagens se tornarem escuras e macias. (na foto acima do Igor Messias, o fruto da orquídea baunilha, a única orquídea que dá frutos)
História - O povo asteca já fazia uso da baunilha na culinária, ao prepararam determinadas iguarias, dentre elas o chocolate. Os europeus, principalmente espanhóis, no começo da exploração da América, tiveram a oportunidade de observar os costumes astecas, foi quando puderam relatar a utilização das favas, no início do século XVI. Além de serem adicionadas aos alimentos, essas também eram utilizadas pelas mulheres, na elaboração dos primitivos cosméticos usados por elas, principalmente em rituais religiosos e momentos festivos. O nome vanilla, tem sua origem no castelhano vainilla (pequenas vagens), porque os frutos da orquídea são alongados, contendo as sementes. Vaina também é o diminutivo da de bainha. 
Características - A baunilha é cultivada apenas com o objetivo comercial de seus frutos, já que as flores não possuem atrativo, se comparadas à beleza de outras orquídeas. A planta é trepadeira, com caules cilíndricos, de coloração verde e 2 centímetros de espessura, apoiados por meio de adventícias de comprimento variável, para o seu desenvolvimento, e podem atingir de 1,5 a dois metros. A fixação é feita por meio de caulinares, responsáveis por aderirem troncos e galhos das árvores. 
          Quando elevadas, elas deixam seus ramos pendentes e assim florescem. As folhas da baunilha são curtopecioladas, ovais e lanceoladas, apresentam sulcos no sentido vertical de coloração verde mais escuro, de pecíolo curto, mais ou menos suculento, coriácea, verde-escuros, alternadas, algumas vezes reduzidas simplesmente a vestígios e ocasionalmente ausentes. De acordo com a espécie, possuem comprimento entre 15 a 24 centímetros e largura variável de 3 a 4 centímetros. Em cada nó da planta, opostas às folhas, nascem uma ou mais raízes aéreas, razoavelmente grossas.

          A floração surge a partir das axilas das folhas ou dos vestígios delas e possuem coloração amarelo-canário, com labelo cor mais intensa e com aproximadamente 15 centímetros de diâmetro. São flores vistosas, ordenadas em cachos, em quase todas as espécies, de curta duração, cerca de 24 horas e produzidas em sucessão. As pétalas e as sépalas são livres e iguais. O labelo é unido à base em uma coluna longa e estreita encoberta. O pólen é macio e farinhento e não é dividido em políneas distintas na maioria das espécies. As sementes são muito diferentes das encontradas em outras orquídeas, por apresentarem um tegumento (epiderme) muito duro e opaco, e externamente desenhada (esculpida). O fruto é uma cápsula alongada com medida variável de 20 a 25 centímetros de comprimento e 3 centímetros de espessura (vagem ou fava) e é onde está o verdadeiro valor econômico, por ser dele que se extrai baunilha. 
          Ácidos acéticos, vanilil etílico, açucares, álcool etílico, ceras, cinamato, eugenol, fermentos, furfurol, gorduras, mucilagens, resinas, taninos e a vanilina são os componentes químicos da vanila. A substância química responsável pelo o aroma da baunilha é a vanilina, presente nas essências em torno de 1,5%.
Produção - O plantio é relativamente simples e barato. A atenção precisa ser para o fato de que as plantas necessita de luminosidade moderada, em uma proporção de 50%, umidade constante e fertilização frequente, além de rega regular. Por se tratar de uma trepadeira, necessita de muito espaço para expansão, além de um suporte para se fixar. 
          O plantio deve ser feito por meio de hastes, nos meses mais úmidos, a fim de que as mudas não desidratem. Outro detalhe é que as orquídeas exigem solo rico em matéria orgânica. 
Polinização
          A partir do segundo ano de plantio pode ocorrer florescimento, mas é apenas a partir do terceiro ano que a planta produz maiores cargas de frutos. A polinização praticamente não ocorre por meios naturais, precisa ser feita manualmente. As flores aparecem por inflorescência nas axilas das folhas, em cachos com 15 a 20 flores cada, mas nem todas florescem.
Diariamente, de uma a duas flores se abrem e assim permanecem por 24 horas, é o período ideal para fazer a polinização manual. A flor precisa da ajuda humana porque uma membrana que separa o órgão reprodutor masculino do feminino dificulta a polinização natural feita pelos insetos.
          Para a polinização manual é necessário localizar a coluna, parte da flor onde se localizam o estigma e os estames. Com um estilete pontiagudo de madeira a polínea, uma massa onde os grãos de pólen estão agregados é retirada. Em seguida, esta é levada levada até a entrada do estigma, a partir daí ocorre a fecundação.

Os benefícios do pequi para a saúde

(Por Arnaldo Silva) Faz bem para o fígado, ajuda a fortalecer a imunidade, protege o cérebro, facilita o trânsito intestinal. Esses são alguns dos benefícios do pequi.
          Muito utilizado na culinária do Norte de Minas, Nordeste e Centro Oeste do Brasil, o pequi é a principal fruta do Cerrado, segundo maior bioma do Brasil com 1,5 milhão de km² abrangendo 57% do território mineiro, os estados do Brasil Central (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), além de ocupar parte de São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí. (na fotografia acima de Lourdinha Vieira em Bom Despacho MG)
          O pequizeiro é uma árvore frutífera e oleaginosa, de médio porte, podendo chegar até 12 metros e é uma das espécies mais ameaçadas no Cerrado devido a queimadas, desmatamentos e uso de sua madeira na construção civil, complicando mais ainda o tempo de reposição da planta, que tem um crescimento lento e reprodução mais demorada. (na foto acima do Ernani Calazans em Francisco Badaró/MG, a polpa, os espinhos e a castanha do pequi)
          São poucas as sementes que germinam e mesmo assim o tempo de germinação é longo, em média 12 meses. Por isso que se faz necessário preservar a espécie. (na foto abaixo, do Wilson Fortunato em Bom Despacho MG, o pequizeiro)
O fruto do pequizeiro e seus espinhos
          O fruto do pequi é fica envolto a uma casca de cor verde escura. Em seu interior, ficam os frutos, que podem ser de 4 até 10 frutos. Tem a coloração amarela, um cheiro bastante forte e inconfundível.
Dentro do caroço há uma castanha protegida por espinhos. Ao comer pequi, deve-se tomar muito cuidado com esses espinhos.
          Esses espinhos ajudam na preservação da espécie evitando a presença de roedores como os ratos do campo, antas, capivaras. Se o fruto não tivesse essa proteção de espinhos, raramente veríamos os frutos do pequizeiro e sua germinação se tornaria mais difícil ainda.
Benefícios da polpa do pequi
           O fruto do pequizeiro (foto acima de Edson Borges) é formado pela polpa que o envolve e o caroço, que é a castanha. É um dos mais ricos alimentos dos povos do Cerrado, já que a fruta é rica em vitaminas A, C e E, betacaroteno, fibras, potássio e gorduras saudáveis e tem propriedades cicatrizantes, digestivas e anti-inflamatórias. 
          Ajuda a elevara imunidade, a melhorar a visão, a pele, a saúde capilar, contribui bastante para a redução do colesterol ruim, combate o envelhecimento precoce, além de ser importante para diminuir os radicais livres.
A castanha e o uso medicinal do pequi
           A castanha (foto acima de Manoel Freitas), se extrai óleo, que é rico em vitaminas A e E e ajuda no tratamento de doenças respiratórias. Este óleo substitui o óleo comum, usado na cozinha, como o óleo de soja, no preparo de comidas. 
          O óleo do pequi é usado também na indústria de cosméticos como xampus, cremes hidratantes para a pele e sabonetes.
          As cascas do fruto do pequi são usadas na medicina popular em forma de chá por conter propriedades febrífuga e suas folhas são usadas para limpar e desintoxicar o fígado.
          A castanha também pode ser consumida in natura, mas para isso tem que ter uma técnica para retirá-la, já que, como foi dito, ela é toda envolta em espinhos. O correto seria secar ao sol as sementes por uns 3 dias e torrá-la. Assim vai retirando a polpa até conseguir a castanha. Devido a essas dificuldades para retirá-la, a castanha do pequi é pouco consumida, mesmo sendo rica em nutrientes.
Como consumir o pequi
          O povo do Cerrado sabe que pequi não se mastiga, se rói, justamente para evitar os espinhos. Nada de morder o pequi. Tem que roer levemente sua polpa.
          O pequi pode ser consumido in natura, em doces, compotas, geleias, licores, em forma óleo, farinha e também no preparo de pratos salgados com arroz, carne ou frango. (foto acima de Edson Borges em Felício dos Santos MG e abaixo de Arnaldo Silva)
          Outro detalhe que chama a atenção nos pequizeiros são suas flores. São belíssimas, delicadas, leves, brancas e atraem polinizadoras.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Contagem, a Matriz de São Gonçalo e os Arturos

(Por Arnaldo Silva) Contagem é uma das maiores cidades de Minas Gerais, com cerca de 700 mil habitantes, sendo a terceira cidade mais populosa de Minas. Está situada numa região de alto desenvolvimento industrial, sendo a própria cidade, uma das cidades mais industrializadas do país, contando com indústrias de segmentos diversos, com parte estando em seus seis distritos industriais: Cidade Industrial, Jardim Industrial, Polo Moveleiro da Ressaca, Cinquinho, Cinco e Cincão. É uma das maiores geradoras de empregos e renda em Minas Gerais. (na foto abaixo, de Thelmo Lins, escadarias da Matriz de São Gonçalo do Amarante)
          Conta com uma intensa malha ferroviária para transporte de cargas, através da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, a Linha Garças a Belo Horizonte, ferrovia com acesso a Belo Horizonte, Divinópolis e Iguatama. Sem contar a sua intensa malha viária, com acesso fácil e rápido para a BR-262, BR-381 e BR-040, além de estar ligada à Belo Horizonte pela Avenida Amazonas e Via expressa. Do Centro de Contagem, ao Centro de Belo Horizonte, são apenas 21 km. O município faz divisa ainda com Esmeraldas, Ibirité, Betim e Ribeirão das Neves. 
          Contagem tem suas raízes nos tempos do Brasil Colônia, quando a Coroa Portuguesa criou ações para fiscalizar o movimento de pessoas, mercadores de escravos, mercadorias, cargas e tropas, através dos “Postos de Registros”. Tudo teria que ser fiscalizado com rigor e as mercadorias, contada uma a uma, principalmente gado e escravos. Esse rigor na fiscalização sobre a circulação de mercadorias, era para aumentar a arrecadação de impostos. (na foto acima de Arnaldo Silva, divisa entre Belo Horizonte e Contagem, no bairro Califórnia, próximo ao Metrô Eldorado)
          Um desses postos foi criado, em 1716, no início do século XVII, numa região conhecida como, Abóboras, onde hoje está a parte central da cidade. Os fiscais da Coroa Portuguesa ficavam o tempo todo contando o gado, os escravos e as mercadorias. Com o tempo, o lugar passou a se chamar Contagem das Abóboras, em referência ao ato de contar dos fiscais e do nome do lugar.
          Enquanto as cargas eram contadas e fiscalizadas, os tropeiros e mercadores, aproveitavam para descansar, pernoitar e se alimentar no local, já que as viagens pelo sertão eram bem longas. Com isso, algumas famílias se instalaram em torno do posto e começaram a oferecer comidas, bebidas e lugar para pernoites. Com isso, aos poucos, foi-se formando um pequeno povoado, que cresceu, devido ao grande fluxo de mercadores e tropas. Pouco tempo depois, por volta de 1725, era erguida uma pequena capela no povoado, dedicada a São Gonçalo, considerado o Santo protetor dos viajantes, passando o povoado a se chamar, São Gonçalo de Contagem das Abóboras.
          O Arraial cresceu rápido, foi elevado à vila, distrito e por fim, cidade emancipada em 30 de agosto de 1911, com o nome de Contagem. 
          Contagem, desde sua origem, no final do século XVII, se caracterizava pelo seu desenvolvimento. De seu passado nos tempos do Brasil Colônia, pouco restou, ficando como marcos de sua história antiga, a Igreja de São Gonçalo, construída em 1825, no século XVIII, substituindo a pequena capela erguida no início século XVII e algumas casas em estilo colonial e barroco, presentes no Centro, nas proximidades da Matriz de São Gonçalo. (na foto acima e abaixo de Thelmo Lins)
          A Matriz é um dos mais belos exemplares da arquitetura colonial mineira, mesmo tendo sofrido modificações em sua arquitetura original, nos séculos XIX e XIX, se mantém como uma das principais identidades da religiosidade dos contagenses. 
          Em seu altar, estão as imagens do padroeiro São Gonçalo do Amarante e da padroeira, Nossa Senhora das Dores, sendo que, desde 1806, durantes os festejos da Semana Santa, os contagenses celebram, o jubileu de Nossa Senhora das Dores, uma das mais antigas e tradicionais festas religiosas de Minas Gerais.
A Comunidade dos Arturos
          Contagem, desde seus tempos antigos, preserva suas tradições religiosas e folclóricas, com destaque para a Comunidade formada por descendentes de escravos, os Arturos. A história e origem da comunidade começa no final do século XIX, tendo sido formada numa área de 6.500 hectares, chamada de Domingos Pereira, hoje próximo ao Centro de Contagem, no bairro Jardim Vera Cruz.
          Tem esse nome porque são descendentes de Artur Camilo Silvério, filho de Camilo Silvério da Silva, trazido ao Brasil, num navio negreiro, vindo de Angola, em meados do século XIX. Desembarcando no Rio de Janeiro, foi enviado para trabalhar na exploração de minas e cultivo de lavouras, em Minas Gerais, passando a viver num povoado chamado de Mata do Macuco, em Santa Quitéria, hoje, Esmeraldas MG.
          Camilo casou-se com Felismiba Rita Cândida e teve 6 filhos, entre eles, Artur Camilo Silvério, nascido em 1885, quando vigorava a Lei do Ventre Livre. Artur, foi entre seus irmãos, o que mais prosperou. Casou-se com Carmelinda Maria da Silva, passando a viver com a esposa em terras que adquiriu, na localidade de Domingos Pereira, atualmente, bairro Vera Cruz, próximo ao Centro de Contagem.
          O casal teve 10 filhos que viveram e cresceram na propriedade, formando famílias, construindo assim uma comunidade com seus descendentes, formada atualmente por cerca de 90 famílias, estando hoje na quarta geração. São cerca de 600 pessoas vivendo em família, na comunidade, considerada uma das mais autênticas e originais do Brasil.
          Os Arturos se preocupam em preservar a pureza de suas raízes e tradições religiosas, divulgando-as através da percussão, dança afro e teatro, a vida e história dos negros, além de preservar, em sua originalidade, suas festas populares e datas significativas para a comunidade.
          A tradição, fé, religiosidade e cultura da comunidade dos Arturos, estão presentes nas Congadas de Nossa Senhora do Rosário, em outubro, na Festa da Capina, conhecida também por “João do Mato”, que acontece em dezembro, na Folia de Reis, em janeiro, o Batuque e na Festa da Abolição da Escravatura, em 13 de maio.
          A Comunidade dos Arturos, sua autenticidade e originalidade são tão importantes para Contagem e Minas Gerais, que em 2014, o Conselho Estadual de Patrimônio (Conep), em votação unânime, reconheceu a Comunidade como bem cultural de natureza imaterial, tornando assim, Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.
Outros atrativos de Contagem
Shoppings e Feiras
          Além do Centro Histórico, da Comunidade dos Arturos e da Matriz de São Gonçalo do Amarante, Contagem conta shoppings centgers de grande movimentação como os shoppings Itaú Power Shopping, o Big Shopping, Shopping Contagem. Conta ainda com a Feira de Arte e Artesanato do bairro Amazonas, existente desde a década de 1980, na Avenida Juscelino Kubitschek, além da Feira de Arte e Artesanato do bairro Eldorado, nas manhãs de sábado, na Avenida João César de Oliveira.  (na foto acima de Arnaldo Silva, das torres da antiga fábrica de cimento Itaú. No local funciona hoje o Itaú Power Shopping)
Barragem Várzea das Flores
         Como atrativos naturais, no município encontra-se a Barragem Várzea das Flores, na divisa com Betim, construída em 1972, para garantir o abastecimento de água na região. É muito procurada para atividades de lazer e esportes aquáticos na região. 
Parque Municipal Gentil Diniz
          Outro atrativo natural, é o Parque Municipal Gentil Diniz, na área central da cidade. É um dos atrativos da cidade, com destaque para sua área verde, com matas de Cerrado e remanescente de Mata Atlântica, numa área total de 30.000 m². Neste parque, tem ainda um casarão do século XIX, árvores frutíferas, pequenos animais, um anfiteatro, um pequeno trecho de uma estrada feita por escravos, no século XVIII, uma horta com plantas medicinais e duas nascentes. 
A Casa dos Cacos
Tem ainda a Casa dos Cacos, construída entre 1963 a 1989 por Carlos Luís de Almeida, professor de Geografia. A casa é toda revestida, inclusive o mobiliário e adereços, com cacos de louça e vidros coloridos, pacientemente trabalhados, durante décadas. É única nesse estilo no Brasil.
          Por ser uma cidade grande e desenvolvida, Contagem conta com dezenas de praças, áreas para esportes, clubes recreativos, bares e restaurantes sofisticados, com ótima gastronomia e uma agitada vida noturna.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Turismo nos arredores da cidade de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Ouro Preto, cidade histórica mineira a 100 km de Belo Horizonte, é Patrimônio do Estado de Minas, desde 1933 e Nacional desde 1938, é também Patrimônio Mundial, desde 1980, título concedido pela Unesco.
          Fundada em 1711 com o nome de Vila Rica, tornou-se capital de Minas, em 1721. Em 1823, Vila Rica, muda de nome e passa a se chamar, Ouro Preto, em alusão ao ouro, de superfície escura, encontrado nas minas da cidade. Permaneceu como Capital de Minas Gerais até o ano de 1897, quando a capital mineira foi transferida para a recém fundada Belo Horizonte, na época. (na fotografia acima do Leandro Leal, a Igreja do Carmo em Ouro Preto MG)
          A cidade conta atualmente com cerca de 80 mil habitantes. Esse mesmo número de habitantes, existia no auge do Ciclo do Ouro, quando a antiga Vila Rica, chegou a ser a maior cidade das Américas. Maior inclusive que Nova York, nos Estados Unidos e São Paulo no Brasil, que no século XVIII, contava com cerca de 15 mil habitantes, enquanto Ouro Preto, 80 mil. (na foto acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, o Museu da Inconfidência em destaque)
          O ouro de Ouro Preto foi levado para Portugal. Uma parte, ornamenta igrejas da cidade e do Brasil. Consideradas verdadeiras obras de arte, as igrejas ouro-pretanas impressionam pela riqueza de arte e talhas douradas bem trabalhadas, nas mãos do Mestre Aleijadinho e extasiantes pinturas do Mestre Ataíde e de outros mestres do Barroco Mineiro. São 12 igrejas, 4 capelas e 5 capelas dos Passos da Paixão, na cidade, sem contar nos distritos, subdistritos e povoados. 
          Já os museus, que são 12, contam a história do Brasil, sendo o Museu da Inconfidência, um dos mais ricos acervos de nossa história e um dos mais visitados por turistas, junto com a Casa dos Contos. (fotografia acima de Peterson Bruschi, com destaque para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição)
          Outro destaque da cidade é a Casa da Ópera, chamada de Teatrinho Barroco. (na foto acima da Ane Souz) Fundado em 1770, foi o primeiro teatro de todas as Américas e o mais antigo em atividade no Continente. Tem ainda a Estação Ferroviária e a tradicional Feira de Artesanato em Pedra Sabão, além das charmosas jardineiras, que levam turistas pelos cantos e encantos da cidade. Pelo Centro Histórico de Ouro Preto podem ser encontrados ainda 11 chafarizes que abastecia a cidade com água potável nos tempos do Brasil Colônia e em boa parte do século XX.
          Além disso, lojas, restaurantes, cafés e livrarias, instaladas em antigas construções e senzalas de séculos passados, são outros atrativos e lugares agradáveis de se estar. A cidade possui uma gastronomia riquíssima, pousadas que proporcionam aos hóspedes vivenciar um pouco da vida nos séculos passados, já que boa parte dessas pousadas, estão em antigos sobrados do século XVIII e XIX.
          Ouro Preto é história em cada canto, a começar pelos arredores da própria cidade. O visitante, quando chega à cidade, se concentra nos arredores da Praça Tiradentes, igrejas, museus e ruas em seu entorno. A história de Ouro Preto vai muito além do seu Centro Histórico. 
          Um lugar pouco conhecido, embora esteja a poucos metros do Museu da Farmácia, é o Morro da Forca (na foto acima do Wellington Diniz) Hoje o local é um belo mirante e também funciona como heliponto. Nos séculos XVII e XIX, esse lugar era palco de execuções de condenados à morte pela forca, em sua maioria, escravos e pobres. Por isso o nome, Morro da Forca.
          Os condenados eram levados até esse morro, acorrentados. Passavam por esse caminho, que veem na imagem. A população acompanhava a execução, como se fosse um dia de festa. Durante seu trajeto, até o fim do morro, onde ficava a forca e o carrasco à sua espera, o condenado era xingado, agredido e recebia cusparadas, pedradas e até fezes eram jogadas nos condenados. Após a execução, o condenado era decapitado e sua cabeça levada a antiga entrada da cidade e penduradas em poste, para servir de exemplo, numa nítida demonstração de poder e intimidação. 
          A antiga entrada de Ouro Preto fica no bairro Cabeças, que tem esse nome, justamente pelas cabeças dos condenados que eram pendurados em sua entrada. Sua rua principal, Rua Alvarenga (na foto acima de Arnaldo Silva), é uma das mais charmosas de Ouro Preto, com seu casario colonial preservadíssimo e rico em detalhes, bem como nessa mesma rua, está Igreja do Senhor Bom Jesus do Matozinhos, com construção iniciada em 1771, dedicada aos Santíssimos Coração de Jesus, Maria e José, São Miguel e Almas e Senhor do Matozinhos. O majestoso templo conta com obras do Mestre Aleijadinho em sua fachada e um dos maiores cemitérios de Ouro Preto.
          Saindo agora do Centro Histórico de Ouro Preto, vamos subir um pouco os morros da cidade e conhecer suas origens. Muita gente pensa que Ouro Preto começou na região onde é hoje a Praça Tiradentes. A formação do núcleo urbano onde está hoje o Centro Histórico de Ouro Preto começou nos primeiros anos do século XVIII, mas a origem da antiga Vila Rica, foi no Morro de São João, no final do século XVII, a dois km do Centro Histórico. 
          No alto do morro, uma relíquia histórica e bem preservada, data de 1698. É a Capela de São João, uma das mais antigas de Ouro Preto, situada na Praça São João do Ouro Fino.(na foto acima da Ane Souz) Singela, simples, mas rica em história e detalhes. Esses detalhes podem ser vistos durante as missas, que acontece aos domingos, às 17 horas e nos dias de festejos de São João. Sem contar que do alto do morro, tem-se uma espetacular vista do centro de Ouro Preto. 
          Próximo ao Morro de São João, está o Morro de Santana ou Morro da Queimada. No topo do morro, destaca a Igreja de Santana, construída no início da exploração do ouro, antes de 1720, no século XVIII.  (na foto acima da Ane Souz) No alto do morro, pode-se ter uma vista espetacular da cidade de Ouro Preto.
          No Morro de São Sebastião, a 2 km do Centro Histórico, além da bela vista, tem a Igreja de São Sebastião, datada de 1753, como atrativo principal. (na foto acima da Ane Souz) Para conhecer o interior da Igreja, melhor horário é nos dias de missas, aos sábados, às 15 horas e ainda nas manhãs de quartas e sextas-feiras, quando acontece a reza do terço.
          Visitando Ouro Preto, conheça os arredores da cidade. Com certeza descobrirá história em cada cantinho da cidade.      

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