(Por Arnaldo Silva) Em Diamantina, no Alto Jequitinhonha, encontra-se um dos grandes acervos da nossa história. A casa em que viveu o Contratador de Diamantes, João Fernandes de Oliveira (Nasceu em Mariana em 1720 – Faleceu em Lisboa, em 1779), um dos homens mais ricos naquela época, com sua mulher, a ex escrava Francisca da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva (Nasceu em Milho Verde, distrito do Serro MG, em 1732 – Faleceu em 15 de fevereiro de 1796, aos 64 anos, sepultada na Igreja de São Francisco de Assis, em Diamantina MG).
É um típico casarão da fidalguia do século 18 e um dos mais suntuosos casarões da região. Nesse casarão, o casal morou entre 1763 e 1771 quando o Contratador teve que partir para Portugal (morreu em 18 de março 1779 naquele país, sem nunca voltar para reencontrar Chica da Silva). A união dos dois nunca foi oficializada, já que naquela época as leis proibiam casamentos entre pessoas de origens raciais diferentes. (na foto acima, de Elvira Nascimento, a Casa de Chica da Silva, no fim da rua e abaixo, o interior da casa)
Foram 15 anos vivendo juntos. Dessa união o casal teve 13 filhos que foram: Francisca de Paula (1755); João Fernandes (1756); Rita (1757); Joaquim (1759); Antônio Caetano (1761); Ana (1762); Helena (1763); Antônia (1764); Luísa (1765); Maria (1766); Quitéria Rita (1767); Mariana (1769); José Agostinho Fernandes (1770).
Por não ser uma união permitida, filhos de brancos e escravas eram registrados sem o nome do pai, mas nesse caso, houve exceção. Todos os filhos de Chica da Silva com o Contratador foram batizados e registrados como filhos de João Fernandes de Oliveira. (na foto acima de Alexsandra Almeida, os fundos da casa de Chica da Silva e abaixo, um dos cômodos e mobiliário da casa)
Chica da Silva faleceu 17 anos (1796) após a morte de João Fernandes. Sua influência na sociedade, mesmo com a partida de João Fernandes para Portugal (1771) e falecimento (1779), era tanta que foi sepultada no interior da Igreja de São Francisco de Assis em Diamantina, um privilégio quase que exclusivo de brancos ricos naquela época. (foto abaixo de Alexsandra Almeida)
Hoje, o casarão em que viveu Chica da Silva virou um museu que conta a história da vida do casal e do casrão, sendo um dos mais visitados por turistas que vão à Diamantina.