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sábado, 28 de maio de 2022

Juiz de Fora: a Manchester mineira

(Por Arnaldo Silva) Juiz de Fora, além de Manchester Mineira é também conhecida como a “Princesa de Minas”. A cidade conta atualmente com cerca de 540 mil habitantes, segundo o IBGE, em 2022. É o maior município da Zona da Mata Mineira, o quarto município mais populoso de Minas Gerais e o 36º mais populoso do Brasil.
          Está na sétima posição entre os 853 municípios mineiros, de acordo com Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM), medido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). Com índice de 0,778, considerado alto, Juiz de Fora está entre as 10 melhores cidades de Minas Gerais para se viver. (Fotografia acima de Brunno Estevão)
          Distante 283 km de Belo Horizonte e a 185 km do Rio de Janeiro, Juiz de Fora faz divisa com Santos Dumont, Ewbank da Câmara, Piau, Coronel Pacheco, Chácara, Bicas, Pequeri, Santana do Deserto, Matias Barbosa, Belmiro Braga, Santa Bárbara de Monte Verde, Lima Duarte, Pedro Teixeira e Bias Fortes.
          Sua área territorial total é de 1 429,875 km². Somente na parte urbana do município, são 317,740 km². A cidade é banhada diretamente pelo Rio Paraibuna (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_), Rio Cágado e Rio do Peixe e seus afluentes, o Rio Monte Verde e o Rio Grão Mogol.
Origem
          Juiz de fora tem origens no Ciclo do Ouro, no século XVIII, quando foi aberto o Caminho Novo da Estrada Real a partir de 1707 que ligava Ouro Preto MG ao Porto do Rio de Janeiro. Nos trechos do Caminho Novo, povoados e arraiais foram se formando. Entre esses povoados e arraiais criados, está Santo Antônio do Paraibuna, formado em 1713, que deu origem ao que é hoje, Juiz de Fora.
          O desenvolvimento do arraial de Santo Antônio do Paraibuna começou de fato no início do século XIX, com a decadência da exploração mineral em Minas Gerais e o surgimento de uma nova riqueza, o café.
          Lugar de terras férteis, água de qualidade e clima ameno, propício para a cultura de café, a região da Zona da Mata Mineira começou a receber um grande fluxo de migrantes e imigrantes, após o fim do Ciclo do Ouro. Não demorou muito, o pequeno arraial de Santo Antônio do Paraibuna começou a crescer, ao ponto de ser elevado à distrito. 
          Inicialmente vinculado a Barbacena, desmembrou-se em 31 de maio de 1850, tornando-se cidade emancipada em 1856, com o nome de Cidade do Paraibuna. O nome atual, Juiz de Fora, passou a ser adotado em 1865. E a data de fundação da cidade é o dia de seu desmembramento de Barbacena, 31 de maio de 1850.
A Manchester Mineira
          
Nos áureos tempos da riqueza propiciada pelo café e seu pioneirismo na industrialização, Juiz de Fora prosperou ao ponto de ser comparada à cidade inglesa de Manchester, primeira cidade inglesa a desenvolver-se comercial e industrialmente. No caso, a comparação com Juiz de Fora se deve ao fato da cidade mineira ter sido a pioneira no desenvolvimento comercial e industrial em Minas Gerais. Por esse motivo, Juiz de Fora é também chamada de “Manchester Mineira”. (na foto acima de Tharlys Fabrício, vista noturna parcial de Juiz de Fora MG)
          A crise econômica de 1929, que afetou todo o mundo, atingiu em cheio os municípios mineiros produtores de café, principalmente Juiz de Fora. Foram décadas de estagnação econômica, até 1960, com a cidade se recuperando e voltando a se desenvolver.
          Se desenvolveu tanto ao ponto de ser o que é hoje, uma das mais desenvolvidas e industrializadas de Minas Gerais, com boa infraestrutura urbana, educação em todos os níveis, uma economia forte, agricultura e pecuária de ponta, setor de serviços de boa qualidade e um comércio bastante amplo e representativo em todos os setores.
          Com isso, a cidade exerce uma grande influência em Minas Gerais, principalmente na Zona da Mata e nas regiões Sul e Central do Rio de Janeiro, fazendo jus ao apelido que ganhou nas primeiras décadas do século XX, de “Manchester Mineira”.
Cultura e formação religiosa
          A cidade se desenvolveu, cresceu e ainda recebeu um grande número de imigrantes, principalmente italianos, alemães, árabes, libaneses, sírios, dentre outros povos, no século XIX e XX. Desses povos, juntamente com os antigos moradores, africanos, indígenas que habitavam a região e migrantes que vieram de outras regiões de Minas e do Brasil, formou-se a identidade cultural, social, econômica, arquitetônica, folclórica e religiosa de Juiz de Fora.
          Os povos que deram origem à Juiz de Fora, no século XIX, trouxeram seus costumes, tradições, cultura e suas crenças religiosas para a cidade como o protestantismo, catolicismo, metodismo, espiritismo, islamismo, catolicismo ortodoxo, além dos sírios que praticavam o Rito Bizantino, os libaneses, adeptos do Rito Maronita e árabes islâmicos. Esses três últimos povos se instalaram na cidade entre as décadas de 1950 e 1970.
          Esses povos contribuíram para o crescimento e desenvolvimento industrial e econômico de Juiz de Fora, deixando um pouco de sua religiosidade, cultura, arquitetura, tradições e costumes, presentes até os dias de hoje na cidade.
Fazendas e distritos
          Por sua história, passado e riqueza, Juiz de Fora guarda relíquias arquitetônicas dos tempos do Brasil Colônia, da época do auge do Ciclo do Café, além da beleza de sua arquitetura colonial do século XIX e da arquitetura eclética e neoclássica do século XX.
          Riquezas essas ainda visíveis nas belas fazendas centenárias na zona rural do município, muitas delas hoje, hotéis fazenda.(na foto acima de Márcia Valle/marciavalle_at_, fazenda em Juiz de Fora MG)
          Boa parte dessas fazendas e seus imponentes casarões podem ser vistos nos distritos juiz-foranos de Sarandira (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_), Chapéu d'Uvas, Rosário de Minas, Humaitá, Torreões e Dias Tavares. (na foto abaixo a Estação Ferroviária de Dias Tavares, inaugurada em 1894, fotografada pelo Fabrício Cândido de dentro de uma cabine de trem de carga)
Estrutura urbana
          O município tem grande potencial turístico e uma excelente infraestrutura para eventos diversos e uma rede hoteleira e gastronômica de qualidade, além de dois aeroportos, o Aeroporto Francisco Álvares de Assis, inaugurado em 1958, a 7 km do centro da cidade e o Aeroporto Regional da Zona da Mata.
           Juiz de Fora conta ainda com uma boa malha ferroviária para transporte de carga e rodoviária, com acesso às rodovias federal como a BR-040 e BR-116. (fotografia acima de Tharlys Fabrício)
Atrativos Turísticos
          Entre seus atrativos turísticos destaca-se prédios históricos, em estilo colonial e eclético em sua área urbana, fazendas centenárias, trilhas, cachoeiras, rios, paisagens naturais, além da Represa João Penido, um dos maiores atrativos do município (na fotografia acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_).
          Conta ainda com belas praças e parques como o Parque da Lajinha (na foto acima da Terezinha Ognibene), o Aeroclube de Juiz de Fora, inaugurado em 5 de março de 1938, e Memorial da República Presidente Itamar Franco.
          Um dos pontos turísticos mais atraentes de Juiz de Fora, a 923 metros de altitude, é o Morro do Imperador, conhecido ainda por Morro do Cristo e Morro da Liberdade. No Morro do Imperador, além do mirante e a espetacular vista da cidade, uma singela e centenária capela, se destaca (na foto acima de Brunno Estevão).
          No centro da cidade está uma das mais charmosas e atraentes ruas de Juiz de Fora, a Rua Halfeld. O nome é em homenagem ao engenheiro alemão Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld, também conhecido como Henrique Guilherme Fernando Halfeld, (Clausthal-Zellerfeld, Reino de Hanôver, 23 de fevereiro de 1797 — Juiz de Fora, 22 de novembro de 1873 e sepultado no Cemitério Municipal de Juiz de Fora.
          Formado em Bergakademie Clausthal, Halfeld chegou ao Brasil em 1825, sendo o patriarca da família Halfeld no Brasil. Foi um dos fundadores de Juiz de Fora, idealizador de diversas estradas por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Como exemplo, a Estrada do Paraibuna, que ligava Vila Rica, então capital de Minas Gerais a Paraibuna, na divisa com o Rio de Janeiro. Foi a partir dessa estrada, que novos povoados surgiram ou os que já existiam, cresceram e se tornaram cidades, como Juiz de Fora, por exemplo. (na foto acima do Marcelo Melo a arquitetura eclética do Centro de Juiz de Fora, com destaque para a fachada do Cine Theatro Municipal)
          A rua que homenageia o engenheiro alemão é mais importante de Juiz de Fora. Na Rua Halfeed concentra-se diversos bares, restaurantes, cafés, cinemas, a Câmara Municipal, galerias de lojas, o Edifício Clube Juiz de Fora, onde está o painel “Cavalinhos” de Cândido Portinari, coreto, parque infantil, centenárias árvores, o Parque Halfeld (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_ a Igreja de São Sebastião com o Parque Halfeld), além do Cine-Theatro Central (na foto abaixo do Tharlys Fabrício).
          Inaugurado em 30 de março de 1929, o Cine-Theatro Central é um dos maiores atrativos de Juiz de Fora e um dos mais importantes palcos teatrais de Minas Gerais e também do Brasil se tornando um bem patrimônio nacional, tombado em 1996 pelo Patrimônio Histórico Nacional.
          Tem ainda a Usina de Marmelos, fundada pelo industrial Bernardo Mascarenhas. Inaugurada em 1889, foi a primeira usina hidrelétrica da América do Sul.
          Além de levar energia para indústrias fundadas no final do século XIX, a usina gerava energia pública. Antes de Marmelos, existiam pequenas usinas setorizadas no Brasil e América do Sul, que geravam energia para pequenas propriedades e pequenas indústrias, já Marmelos não, foi a primeira usina hidrelétrica na América do Sul a produzir energia em grande quantidade para indústrias e para iluminação pública.
          Juiz de Fora conta com shoppings, cinemas, 7 teatros, o Conservatório Público de Música, o Mercado Municipal, um variado e extenso comércio para todos os gostos e tipos.
          Cidade de fortes tradições culturais, desde sua origem, Juiz de Fora sedia o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, diversos grupos de corais e bandas, várias orquestras, entidades e centros culturais, grupos de capoeira e teatros.
          Conta vários museus como o Museu Ferroviário, o Museu de Arte Murilo Mendes, Museu de Crédito Real, Museu Usina de Marmelos, Museu de Malacologia e o de Ciências da UFJF, o Museu de História Natural, o Museu Mariana Procópio, dentre outros.
         Além disso, conta com entidades culturais como a Academia de Poetas e Prosadores, O Espaço Cultural Banco do Brasil, o Centro de Música Sustenidos e Bemóis, o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, a Corporação Musical Artistas Amadores da Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora e Sociedade de Belas Artes.
          Templos religiosos de diferentes denominações como islâmicos, espíritas, evangélicos e ortodoxos como exemplos a Igreja Melquita de São Jorge, no bairro Santa Helena, a Primeira Igreja Batista de Juiz de Fora e diversos  templos católicos como a Igreja de Nossa Senhora da Glória, a Catedral Metropolitana de Juiz de Fora, a Igreja do Rosário, de São Sebastião, e a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro do Imperador (na foto acima do Jefferson Formigioni).
          Juiz de Fora se destaca também pelo seu artesanato, por sua gastronomia e pelo seu carnaval, um dos mais tradicionais e considerado, um dos melhores de Minas Gerais.

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