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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Caminho da Luz: o caminho do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Quando da chegada das caravelas de Cabral ao Brasil, acredita-se que existiam uma média de 3 a 8 milhões de índios em nossas terras, falando 1300 idiomas diferentes e divididos em 1400 tribos. 
          A presença indígena no Brasil se resume atualmente a cerca de 380 mil índios, distribuídos em 125 etnias e falando 180 línguas. Até o século XVI, o território mineiro era ocupado por cerca de 100 grupos indígenas e outras centenas de povos indígenas nômades. 
          Hoje, são apenas 13 etnias presentes no Estado, que são: Aranã, Catu-Awá-Arachás, Kaxixó, Kiriri, Krenak, Maxakali, Mucuriñ, Pankararu, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Puris, Tuxá, Xacriabá, Xukuru-Kariri. Os indígenas que ocupavam a região da Zona da Mata Mineira, eram os Carajás e os Botocudos, do tronco linguístico macro-jê. 
          Os indígenas que viviam nessa região, consideravam o topo do que é hoje o Pico da Bandeira (na foto: Abraluz/Divulgação), em Alto Caparaó MG, um lugar sagrado. Isso porque, no topo da montanha, habitava, segundo a crença primitiva dos índios, Ruda, o deus da criação. Para chegar até a montanha sagrada, abriram trilhas pelas matas, numa caminhada feita durante dias, por 195 km, parando em alguns lugares, para fazer rituais de purificação para estar em contato com a divindade, no topo da montanha sagrada. 
          O modo de vida e caça dos indígenas, existe há milhares de anos, bem como suas crenças e rituais. O mesmo caso podemos dizer sobre o caminho aberto pelos indígenas na Zona da Mata, com início na Cachoeira de Tombos, até o todo da montanha, que eles consideravam sagrada, o Pico da Bandeira.  (Abaixo a cidade de Tombos MG.Foto: Abraluz/Divulgação) 
          Não há como precisar quando foi aberto, e nem a frequência que com faziam a caminhada até a montanha, já que a presença indígena data em Minas Gerais de milhares de anos atrás, bem como os registros de rituais e modo de vida, deixados em pinturas rupestres encontradas em cavernas de Minas Gerais e do Brasil e em vários sítios arqueológicos em regiões mineiras, onde foram encontrados igaçabas, objetos de caça e utensílios usados pelos índios em seu dia a dia, mostrando um pouco de seus modos de vida e sobrevivência, bem como suas crenças, práticas e rituais. 
          Segundo estudos, os índios brasileiros são descendentes dos povos asiáticos, chegando ao nosso continente pelo estreito de Bering, há cerca de 62 mil anos. Já a presença indígena no Brasil, segundo estudos arqueológicos recentes, aponta que a chegada dos primeiros habitantes brasileiros, data entre 20 mil e 40 mil anos, com vestígios desses povos encontrados entre o litoral da Bahia e Piauí. Com o passar dos milênios, esses povos foram se expandindo para o todo o território brasileiro, sendo em Minas, sua presença estimada entre 12 a 20 mil anos atrás.
          Com a chegada das entradas e bandeiras, acompanhadas de religiosos, em busca de ouro no nosso território, chegaram também doenças, violência e morte para os povos indígenas, além da escravidão. Os que sobreviviam nas invasões dos brancos, era capturados e chamados de carijós, na tradução, escravos. Boa parte dos carijós eram convertidos ao cristianismo e ainda, misturavam-se com brancos e negros, ocorrendo assim a miscigenação, perdendo os carijós com isso, sua identidade, como povo.
          Já no século XVIII, a presença indígena no nosso território tinha sido praticamente contida, com os povos que restaram fugindo para lugares distantes da presença dos colonizadores e reconstruindo, do que restou, suas comunidades.

          O caminho aberto pelos índios passou a ser usado por tropeiros e aventureiros, que vinham do Rio de Janeiro com destino ao Espírito Santo, ou mesmo para as tropas adentrarem-se no sertão mineiro, até os vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, pegando caminho para a Bahia, a partir do século XVIII. Com o fim das tropas, chegada da estrada de ferro e por fim, abertura de estradas, esse caminho acabou não sendo mais usado.
          Com o objetivo de resgatar o passado dos povos primitivos brasileiros, os índios, bem como a história que envolve o caminho, a partir do século XVIII, no final da década de 1990, um grupo de abnegados, entre eles, Albino Neves, se dedicou a pesquisar e estudar o caminho feito pelos índios, bem como todo seu percurso, do início em Tombos, até Alto Caparaó MG. (foto acima: Abraluz/Divulgação, o mapa de todo o caminho) O objetivo era recuperar o caminho original feitos pelos índios e resgatar um pouco de nossa história. A partir de 2001, começou a ser todo restruturado, e adaptado para ser feito novamente, com exatidão, o mesmo caminho, com mais conforto e segurança para os caminhantes.
          Quando o caminho foi recuperado, percebeu-se que ao longo de toda a trilha, brotavam da terra, cristais e pedras de mica, minerais reluzentes, que brilhavam como a luz, emanando uma mágica energia direto da terra, se espalhando pelas matas e rios, revigorando as forças dos caminhantes. Por isso o nome Caminho da Luz. (foto acima: Abraluz/Divulgação, em Caiana) Além da mica e cristais, pelo caminho podem ser encontradas ainda outros tipos de pedras, como ágata, minério, ouro de tolo, feldspato, caulim, bauxita, dentre outros minerais 
          O Caminho da Luz é hoje um dos principais atrativos turísticos do Estado e Patrimônio Cultural de Minas Gerais, desde 2009, através da Lei Estadual nº 18.086/09. De Tombos até Alto Caparaó, o caminho é todo sinalizado com setas amarelas e placas (foto acima e abaixo: Abraluz/Divulgação)
          Assim, o antigo caminho feito pelos índios, voltou a ser feito por peregrinos, ambientalistas, cavaleiros, ciclistas ou mesmo, quem gosta de uma boa caminhada.
          São 195 km, com saída da Cachoeira de Tombos (na foto acima do Sérgio Mourão), passando pelos municípios de Catuné, Pedra Dourada, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz, Caparaó, por fim, em Alto Caparaó, até o topo do Pico da Bandeira, o ponto mais alto de Minas Gerais, com 2792 metros de altitude. Durante o percurso, os caminhantes tem o privilégio de passar por cidades charmosas, santuários religiosos, matas nativas, cachoeiras e antigas estações de trem, além de poder conhecer um pouco da cultura, história e culinária de cada cidade.
          O antigo caminho feito antigamente pelos índios, é hoje uma tradicional rota peregrinação que atrai pessoas de Minas Gerais, do Brasil e do mundo. São pessoas que fazem o caminho por diversos motivos, como, religioso, para os que querem manifestar sua fé, visitando os santuários religiosos das cidades ao longo do percurso ou mesmo, para pagar alguma promessa, fazendo o Caminho da Luz, a pé. (foto acima e abaixo: Abraluz/Divulgação)
          E caminhando a pé, sempre estão os ambientalistas, que fazem o percurso com o objetivo de conhecer as paisagens, fauna, flora e belezas da região e os apaixonados pela riqueza de nossa história, presente na região, de forma significativa, que remonta à presença indígena e colonização portuguesa, Tem ainda os amantes de esportes como, ciclistas, que fazem o percurso de bicicleta, bem como os que preferem ir à cavalo, em grupos de cavalgada. Por ser um percurso longo, é aconselhável não fazer o Caminho da Luz sozinho, mas em grupos. 
          O Caminho da Luz é administrado pela Associação Brasileira dos amigos do Caminho da Luz – Abraluz, tendo como presidente, Albino Neves. Desde 2001, a entidade cuida do credenciamento, sinalização e outros detalhes, para que os caminhantes façam o trajeto com tranquilidade e segurança. A sua organização e estruturação, tem como inspiração, o “Caminho de São Tiago de Compostela”, na Espanha.
          O credenciamento é feito na cidade de Tombos, junto a Abraluz. Algumas agências de turismo, credenciadas pela entidade, oferecem pacotes fechados. A caminhada é feita todos os anos, organizada pela Abraluz e realizada sempre no terceiro domingo de julho, com inscrições feitas no Hotel Serpa, em Tombos. O caminho pode ser feito fora dessa época, por grupos de pessoas, orientados e credenciados pela Abraluz.
          Após a inscrição, o participante receberá uma credencial. É necessária, porque o caminhante terá que passar por propriedades particulares e a credencial, que seria um tipo de passaporte, permitirá que continue o percurso, ao apresentar a credencial nas propriedades particulares que exigirem. Em cada passagem, a credencial será carimbada.
          Para aproveitar melhor o Caminho da Luz, as belezas das paisagens ao longo de todo o percurso, das cidades, da culinária típica, do artesanato e da hospitalidade do povo da região, o ideal são 7 dias de caminhada, com tempo para almoço, café, jantar, pernoite e claro, aproveitar para conhecer melhor as cidades do Caminho da Luz. De bike e a cavalo o tempo do percurso é menor, mas o passeio mais emocionante é a pé, saindo logo de manhãzinha, após o café da manhã. A sugestão é dividir os 7 dias dessa forma:

1º Dia: No primeiro dia, bem cedinho, a concentração é na Cachoeira de Tombos (na foto acima - Abraluz/Divulgação). Com 62 metros de queda, é a maior da Zona da Mata e a quinta em volume de água no Brasil. A cachoeira impressiona pela beleza, bem como uma escultura, feita pelo escultor Afonso Barra, patrocinado por Albino Neves, em homenagem aos índios. A cidade de Tombos, distante 370 km da capital, conta hoje com cerca de 10 mil habitantes. É charmosa, singela, atraente, aconchegante, com construções charmosas, como a sua antiga Estação de Trem, hoje Museu Municipal, o secular Hotel Serpa, a Fazenda Oliveira, do século 19 e outros atrativos naturais e arquitetônicos. 
          De Tombos, o primeiro destino é Catuné, o maior distrito tombense, numa caminhada de 19 km por entre belíssimas paisagens naturais, que dá oportunidade de conhecer a fauna e flora da região, além de passar por fazendas de café e serras, que permitem uma vista privilegiada do entorno, bem como conhecer a Gruta da Pedra Santa, dedicada à Nossa Senhora de Lourdes (na foto acima: Abraluz/Divulgação). Um monumento, com imagem da santa abençoando uma peregrina está exposta na gruta. A obra foi esculpida por Afonso Barra, patrocinada pela Abraluz, através de seu presidente, Albino Neves. Deixando Cafuné, o destino seguinte será Pedra Dourada, numa caminhada de 22 km.
2º dia: Até Pedra Dourada, o trajeto é pura emoção e beleza, passando por paisagens nativas, montanhas, o Santuário da Água Santa e as águas minerais e curativas que jorram das pedras e refrescam a caminhada. Pedra Dourada é uma pacata e pitoresca cidade com cerca de 2500 habitantes. (foto acima de Brunno Estevão)
          A cidade é um charme, com destaque para a pedra que deu nome à cidade, a Pedra Dourada, que à luz do sol, fica na cor dourada, além da Pedra Redonda, (na foto acima do Brunno Estevão) No município, tem ainda belas cachoeiras, matas contínuas de Mata Atlântica, o famoso Parque São João e a Igreja de São José, única em estilo neogótico na região, tendo uma estátua de 2.30 metros em sua frente, com obra do escultor Afonso Barra patrocinada pela Abraluz e Albino Neves, em parceria com a Prefeitura Municipal. 
          Antes de partir para o próximo destino, que é Faria Lemos, vale a pena ir até o Sítio Pedra Dourada, na Comunidade das Favas, para uma parada na casa da dona Ercilene (na foto acima do Brunno Estevão), famosa quitandeira da região onde o visitante pode tomar um café com pão de queijo, rosca, broa, biscoitos, além de prosear bastante. Dona Ercilene e seu esposo são pessoas carismáticas, hospitaleiros, muito educados e ficam felizes com a presença dos peregrinos na comunidade. Em sua casa, todos fazem questão de experimentar uma das mais deliciosas iguarias da Zona da Mata, a pelinha de angu frita. Depois de sair da casa da dona Ercilene, é hora de rumar para Faria Lemos. São 25 km de caminhada. 
3º dia: No caminho para Faria Lemos está a belíssima Cachoeira do Varandão, ainda em Pedra Dourada (na foto acima:Abraluz/Divulgação), e na sequência da caminhada, já em Faria Lemos, tem a Cachoeira da Surpresa, linda, refrescante e ótima para a prática de rapel, além da Pedra do Lagarto. Nesse lugar, segundo a tradição oral, vivia isolado um velho e sábio pajé, que na cultura indígena, é aquele que tem contato com o mundo dos espíritos, tendo o dom da cura e domínio sobre as plantas medicinais. Vivia uma vida completamente ligada à natureza, recitando cânticos e louvores à mãe natureza. Um lugar místico, mágico e cheio de energias positivas.
          A cidade de Faria Lemos, hoje com menos de 4 mil habitantes, é uma cidade pacata e tranquila, popular na região por praticamente todos os seus habitantes terem um apelido. (na foto acima Abraluz/Divulgação, fazenda centenária em Caiana) Se destaca na agricultura, principalmente pecuária leiteira e por sua cachaça, como a produzida na centenária fazenda das Palmeiras.
          Tem ainda a beleza da Serra Azul, com seu pico a 1430 metros de Altitude e o rio Carangola e o ribeirão São Mateus, que banham o município.
          A Igreja Matriz de São Mateus, é outro destaque, única construída em estilo grego-românico na região. Em sua porta, um monumento em homenagem a São Mateus, à criança peregrina e ao afrodescendente, esculpido pelo escultor Afonso Barra, com patrocínio da Abraluz, através de seu presidente, Albino Neves. De Faria Lemos, o destino seguinte é Carangola, com 23 km de caminhada. (foto acima: Abraluz/Divulgação)
4º dia: O Caminho da Luz segue de Faria Lemos, passando pelo Córrego do Inhame, belas fazendas, pela Serra dos Cristais até chegar à Princesinha da Zona da Mata, Carangola (na foto acima de Terezinha Ognibene), uma cidade que guarda relíquias da presença indígena na região, como igaçabas, utensílios em cerâmicas, dentre outros objetos, encontrados em sítios arqueológicos do município. Uma das mais antigas cidades da Zona da Mata, Carangola tem suas origens no início do século XIX e conta com belíssima arquitetura urbana, guardando ainda traços arquitetônicos do período colonial, bem como da sua charmosa arquitetura eclética e neoclássica, tradicionais no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. 
          A cidade conta com cerca de 35 mil habitantes e é dotada de uma ótima estrutura urbana, belas praças, paisagens lindas, uma rica e típica culinária mineira, bem como fazendas centenárias e charmosas vilas coloniais, em sua zona rural (na foto acima da Terezinha Ognibene, a capela de São Manoel, na comunidade de mesmo nome).  Tem ainda Matriz de Carangola, dedicada a Santa Luzia. Na porta da Matriz, foi colocado um monumento de 2,30 metros de altura, feito pelo escultor Afonso Barra, com um fiel, cego, pedindo bênçãos à santa. A obra foi doada pela Abraluz. Partindo de Carangola, nosso próximo destino é Caiana, com 26 km de caminhada. (foto abaixo: Abraluz/Divulgação)
5º dia: Esse percurso é considerado o mais belo do Caminho da Luz, além de passar por trechos e construções da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, tem no caminho, paisagens impressionantes. Dificilmente os caminhantes não param para contemplar as belas desse trecho. São nascentes, córregos, mata nativa, a mina de cristais, a fonte Santa Clara, passando por belos paredões rochosos das montanhas mineiras, com o privilégio de ver nesses paredões, plantas nativas como orquídeas, avencas, bromélias, samambaias, dentre outras. Sem contar que é um trecho de altitude, que permite vislumbrar as belezas das montanhas de Minas, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. 
          A cidade de Caiana (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade) é bem pacata e aconchegante, emana uma energia que brota da terra, onde concentram-se minério, mica, cristais e além de pedras semipreciosas. Tem cerca de 6 mil habitantes, que vivem numa cidade bem organizada, com um povo muito bom e acolhedor. A Abraluz se faz presente no município, tendo doado ao município, um monumento dedicado a São João Batista, padroeiro de Caiana. O monumento esculpido por Afonso Barra, homenageia o peregrino idoso e os Templários, protetores dos peregrinos da Terra Santa. De Caiana, o destino é Espera Feliz, apenas 7 km de caminhada.
          Espera Feliz (foto acima de Elpídio Justino de Andrade), que além de ter este romântico nome, é conhecida também como “Cidade das Flores” e “Terra Fria. Na caminhada até a cidade, tem pelo caminho rios e cachoeiras belíssimas, com águas limpas e cristalinas. Uma cidade famosa por produzir um dos melhores cafés do Brasil, além de ser charmosa, muito bem estruturada, com bares e restaurantes típicos, além de seu casario e arquitetura elegantes, como a antigas estações de trem na cidade e em Pedra Menina. 
          Tem ainda a Igreja de São Sebastião e o monumento ao cavaleiro peregrino, na porta da igreja, esculpido pelo escultor Afonso Barra, com patrocínio da Abraluz, através de seu presidente, Albino Neves. (na foto acima Abraluz/Divulgação, um riacho entre Faria Lemos e Carangola) A cidade é muito bem estruturada, com belíssimas paisagens e uma culinária que vai atrair a todos. Doces e quitandas da cidade, nem se fala, são deliciosos. Espera Feliz é um lugar muito gostoso para pernoitar. No dia seguinte, nosso destino é Caparaó, com 13 km de caminhada. 
6º dia: No seguinte, bem cedinho, o destino é Caparaó, uma cidade pequena, com cerca de 6 mil habitantes, mas muito bela, aconchegante, povo hospitaleiro e terra de café, reconhecido no mundo inteiro por sua qualidade. Pelo caminho até Caparaó, o caminhante passará por uma impactante montanha, numa pitoresca comunidade chamada de Pedra Menina. (na imagem, Caparaó. Abraluz/Divulgação)
          Outra comunidade no Caminho da Luz é Galileia, pertencente a Caparaó, lugar de parada dos índios antes da subida até o topo da montanha, onde está hoje o Pico da Bandeira. Paravam onde é atualmente, esta comunidade, aos pés das montanhas. Descansavam e se preparavam para um ritual de purificação, antes de estarem subirem até o pico, em contato com a divindade que acreditavam viver no topo da montanha sagrada.
           No alto do Pico da Bandeira (na foto acima: Abraluz/Divulgação), a sensação é de estar acima das nuvens, literalmente no céu, impressiona e emociona. Os índios faziam todo esse percurso, movidos pela fé e agradecimento, além de reverenciar e fazer suas orações, rezas e rituais, no lugar onde acreditavam viver a divindade da criação. 
7º dia: No sétimo dia, em Alto Caparaó, cidade considerada a porta de entrada para o Parque Nacional do Caparaó, em Minas Gerais, vale a pena conhecer um pouco mais dessa charmosa cidade. Alto Caparaó (na foto acima de Terezinha Ognibene) conta hoje com cerca de 6 mil habitantes, com seu povo formado no início do século XX, por imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século XIX, vivendo em Nova Friburgo/RJ. Percebendo semelhança da região de Alto Caparaó com as paisagens europeias, alguns desses imigrantes deixaram Nova Friburgo, a partir de 1900 e fundaram um pequeno arraial, se juntando aos alemães, suíços, italianos e portugueses, além de mineiros e brasileiros de estados vizinhos, dando origem ao que é hoje, a cidade de Alto Caparaó.
          Na chegada à cidade, o caminhante recebe o último carimbo em sua credencial e o Certificado de Caminhante da Luz, concedido pela Abraluz. 

          Alto Caparaó é tão especial que estar na cidade já é um privilégio. Suas belezas naturais são impressionantes, como cachoeiras, matas nativas, poços paradisíacos, como os do Vale Encantado (na foto acima do Marcelo Santos), a parte mineira do Pico da Bandeira, com 2892 metros de altitude, onde está o topo, além de outro importante pico, com 2790 metros de altitude, o Pico do Cristal. (na foto abaixo do Sairo C. Guedes)
          A sugestão é aproveitar um pouco mais a cidade, conhecer seu povo, as igrejas de São Paulo Apóstolo e da Imaculada Conceição (na foto abaixo do Thelmo Lins), suas praças, bares, cafeterias, sítios e fazendas de café, seus produtos artesanais como cachaças, queijos, doces e cervejas, além de sua culinária e seu povo, que é muito acolhedor. 
A cidade é dotada de uma ótima rede hoteleira, com pousadas charmosas e aconchegantes, além da própria cidade ser uma das mais belas do circuito. Tranquila, pacata e de tradição cafeeira. No último concurso nacional de café, o café produzido no Sítio dos Tucanos ficou em 1º lugar, como o melhor café do Brasil. Os cafés especiais de Alto Caparaó são de altíssima qualidade e famosos no mundo. 
          Outro ponto interessante para se conhecer na cidade é o Marco do Triunfo (na foto acima: Abraluz/Divulgação), uma escultura toda em ferro, que fica em frente ao Restaurante Estância Gourmet, com detalhe na escultura do símbolo do Caminho da luz, o Caminho do Brasil.           
          Finalizando o Caminho da Luz, nosso destino final é subir os 2892 metros de altitude do Pico da Bandeira (foto acima do Thelmo Lins). O ideal é levantar de madrugada e subir até o topo do pico, a pé para aproveitar e assistir um dos maiores espetáculos naturais, o nascer do sol. 
          É tão belo que os índios consideravam o lugar sagrado. A impressão é de estar acima das nuvens, no céu, perto da divindade maior. Não tem quem não se impressione com a beleza e vista. A subida é de 18 km e durará em média, 2 horas. (foto acima de Marcelo Santos e abaixo de Sérgio Mourão)
          Assim encerramos nosso roteiro. Esse é o Caminho da Luz.
Agradecimento: Ao jornalista, escritor, idealizador do Caminho da Luz e Presidente da Associação Brasileira Caminho da Luz, Albino Neves, nosso agradecimento pelo apoio e gentileza por ceder pertencentes à entidade, que ilustram a matéria.

5 comentários:

  1. GRATIDÃO @⁨Arnaldo Silva⁩ por dispor do seu tempo para compartilhar conhecimento, histórias, lugares e muitas delícias da nossa querida Minas Gerais! Seu trabalho é sem dúvida magnífico!
    Abraços da
    Lee Camargo

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  2. Muito boa a descrição detalhada do trajeto. Tenho vontade de faze-lo.
    Abraço.
    Francisco Gurgel.

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  3. Excelente matéria. Conheço alguns trechos do Caminho da Luz, mas não fiz o trajeto que ainda hei de fazer, mas conheço toda a região do Caparaó, lado mineiro e capixaba. Subi ao Pico da Bandeira 8 vezes sendo uma pelo lado do ES. Essa reportagem irá divulgar em muito esse lugar e esse evento tão fascinante que crescerá e será conhecido tal qual o de Santiago de Compostela. Parabéns Arnaldo.

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