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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Colonização alemã em Bom Despacho

(Por Arnaldo Silva) Na década de 1920, o então presidente do Estado (governador), Artur Bernardes (1918/1922) optou por criar novas colônias de imigrantes em Minas Gerais. Duas colônias agrícolas foram criadas em Bom Despacho MG, Centro-Oeste de Minas, distante 150 km de Belo Horizonte.
          O Governo adquiria as propriedades, dividia em lotes de terras e construía casas para os colonos. Não era doado, os colonos tinham que pagar por lotes. Todo mês tinham que entregar à sede da colônia, 20% do que era produzido em cada propriedade. Quando quitavam o valor acordado, recebiam a posse definitiva das glebas. Isso levava anos. Quando quitadas, a colônia era emancipada e os colonos, donos em definitivo das terras.
          Em cada colônia tinha um casarão sede e uma família responsável por recolher os 20% a produção e repassar para o Governo. O casarão da Colônia Davi Campista é uma construção do século XIX e passou por algumas reformas no século XX e atualmente está sendo reformado pelo atual proprietário. (na foto acima, o pórtico do Cemitério da Colônia Davi Campista, feita pelos próprios alemães)
          Na época, Bom Despacho contava com oficina da Estrada de Ferro Paracatu, escritório, vila operário e um contingente enorme de trabalhos. Estima-se que cerca de 5 mil ferroviários trabalhavam e viviam em Bom Despacho.
          A Alemanha, no início do século XX, era uma forte economia industrial e bastante desenvolvida, bem como sua agricultura. O Brasil estava muito atrás em termos de desenvolvimento. Trazer alemães para o país era uma alternativa para melhorar a qualificação da mão de obra, além de implementar técnicas agrícolas e maquinários modernos.
         Além disso, a experiência de trazer imigrantes alemães para o Sul do país, criando colônias, foi uma iniciativa bem-sucedida nesta região, tornando-a próspera e desenvolvida nessa área, em relação as outras regiões brasileiras. O governo mineiro, na época, queria algo similar, por isso a preferência pelos alemães. (na foto acima colorizada pelo Rogério Salgado, mostra o casarão seda da Colônia Davi Campista na década de 1980)
Imigrantes em Minas Gerais
          Os primeiros imigrantes alemães começaram a chegar à Minas a partir de 1852, em Teófilo Otoni MG, Vale do Mucuri e em 1858, em Juiz de Fora MG, Zona da Mata, através de parceria do governo com a iniciativa privada.
          No final do século XIX e início do século XX, um grande número de descendentes dos primeiros imigrantes, entre alemães, italianos e outros povos, começaram a chegar à Minas Gerais, vindos de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e em maior número, de Santa Catarina e Espirito Santo, estado de maior concentração de descendentes alemães do Sudeste.
As duas colônias agrícolas de Bom Despacho
          14 de fevereiro de 1920 é o marco da criação da primeira colônia agrícola de imigrantes alemães em Bom Despacho. A primeira colônia criada na cidade foi a Colônia Álvaro da Silveira, nas terras da fazenda Capão, a 13 km de Bom Despacho. Esta colônia contava ainda com estação de trem e armazém ferroviário, como podem ver na imagem acima, tratada pelo Rogério Salgado, que mostra colonos e trabalhadores da ferrovia.
          A colônia ocupava uma área de 4.239 hectares, entre Bom Despacho e Leandro Ferreira, cidade limitada pelo Rio Lambari. Nesta época, Leandro Ferreira era distrito de Pitangui MG. Quando famílias foram instaladas de imediato não há informação precisa. Em 1929 na colônia Álvaro da Silveira, viviam cerca 75 famílias com 444 pessoas e outras famílias foram chegando na década de 1930.
          No ano seguinte, em 5 de fevereiro de 1921, era criada a Colônia Agrícola Davi Campista. Ocupava uma área de 1320 hectares nas terras da fazenda Cachoeira do Picão, a 5 km de Bom Despacho. Inicialmente, foram instaladas cerca de 50 famílias, num total de 274 pessoas. Na foto acima, o casarão sede da Colônia Davi Campista em 2012. Hoje seu atual proprietário está restaurando e recuperando todo o casarão.
Chegada à Bom Despacho
          A maioria dos imigrantes que vieram para Bom Despacho eram alemães e também vieram famílias holandesas, austríacas, húngaras, polonesas e suíça, como Rosa Korell, natural de Berna. Era parteira e muito popular na cidade. Na foto acima do Wesley Rodrigues, vista noturna de Bom Despacho.
          Deixaram uma Europa arrasada pela Primeira Guerra Mundial, mergulhada numa crise econômica sem precedentes no Continente, temiam uma nova guerra e piora ainda mais das condições de vida. Deixar a Europa foi a única opção em busca de segurança e trabalho. A América foi o destino escolhido e o Brasil, um dos países que mais recebeu imigrantes.
          Chegaram com poucos pertences e cheios de esperança em uma terra que onde não conhecia absolutamente nada. Cultura, clima, povo, língua, culinária, nada.
          Após três meses de viagem de navio, os imigrantes que viriam para Bom Despacho desembarcaram no porto do Rio de Janeiro e de lá encaminhados para uma quarentena na Ilha das Flores.
Em Bom Despacho  
          Em Bom Despacho, tiveram que passar por um período de adaptação e entenderem na prática, as diferenças entre América Tropical e Europa. O Centro-Oeste de Minas, onde está Bom Despacho, é caracterizado por vegetação típica de Cerrado. Inverno brando, numa média de 14°C graus e verão entre 27 e 35°C graus.
          As construções na colônia, no estilo colonial e bem simples, eram diferentes da arquitetura enxaimel alemã e a paisagem natural, totalmente diferente. Tiveram que conviver com frutas e verduras totalmente desconhecidas, como pequi, bacupari, araticum, jabuticaba, gabiroba, manga, ora-pro-nóbis, jiló, quiabo, dentre outras que sequer tinham ouvido falar.
          As bebidas comuns entre os alemães, vinho e cerveja era raro, já que não existia produção de vinhos na época e muito menos malte e lúpulo, base para fabricação de cervejas. Apenas nas colônias alemãs e italianas do Sul e São Paulo, eram encontradas.
          Existia em Minas o vinho de rosas, feito desde o século XVIII no Mosteiro de Macaúbas em Santa Luzia e vinho de jabuticaba, de Catas Altas MG. Os alemães nem sequer sabiam o que era isso. Aprenderam a conhecer a cachaça e os licores de frutas tropicais, tradicionais em Minas.
          Trigo aqui era inexistente, na época, como até os dias de hoje, era importado. O trigo é o principal ingrediente para pães e bolos e pão é tradição na Alemanha. São mais de 300 receitas diferentes de pães alemães.
          A pouca produção de trigo no Brasil resumia nas colônias do Sul, mas insuficiente. Foram apresentados ao fubá e polvilho de mandioca. Tiveram que aprender a fazer pão com esses ingredientes e também adaptar as receitas típicas alemãs aos ingredientes disponíveis na colônia.
          Pelo menos aqui tinha café em abundância, a bebida preferida dos alemães, além do vinho, cerveja e chás.
          Tinha também carne de porco e boi. Os alemães são apaixonados por salsichas assadas, joelho de porco, porco assado, bolinhos de carne e batata. Pratos com carne bovina e principalmente suína são imprescindíveis na mesa alemã. E também de aves, como o marreco. Mas essa ave era rara em Minas. Tinha era galinha e frango caipira, que gostavam também.
Substituindo ingredientes
          A culinária alemã é secular, cheia de cores e sabores e uma das melhores do mundo. Engana-se quem pensa que a cozinha alemã se restringe a cerveja, vinhos e salsichões. Os alemães em Bom Despacho tiveram que se adaptar à culinária mineira e adaptar na medida do possível, os ingredientes disponíveis à seus pratos típicos doces e salgados como o pretzel, wurstsalat, eisbein, sauerkraut, leberkäse, schweinsbraten, strudel, berline lebkuchen, stollen, rote, grütze, schwarzwälder, kirschtorte, etc.
          Nos pratos alemães com centeio, substituíram pelo fubá. Nos que usavam trigo, substituíram pela farinha de arroz. Como não tinha uva, fermentavam jabuticabas, que era abundante nessas terras e faziam vinhos. Não tinha malte e nem lúpulo para fazer cerveja. Mesmo assim faziam a bebida com milho e arroz. E assim foram adaptando seus pratos preferidos com os ingredientes locais e fazendo também os pratos regionais mineiros.
Costumes diferentes
          As dificuldades no início é se adaptarem aos costumes locais e ao clima. Por exemplo, os alemães estranharam muito o café da manhã do mineiro em geral. Era bem leve, com uma caneca de café simples, broa de fubá e biscoitos. Já o almoço e o jantar, mais pesado, com arroz, feijão, farinha, carne e legumes.
          Ao contrário da tradição alemã. O almoço e o jantar era mais leve. Já o café da manhã bem pesado, farto e variado.
          A mesa de café da manhã dos alemães contava com vários tipos de pães, geleias, café, chás, queijo, linguiça, carne de porco cozida, salsicha assada, batata assada e cozida, iogurte natural e cereais. Tradicionalmente tinha vinho e cerveja, mas como não produziam na colônia e nem conseguiam comprar, tinha então vinho de jabuticaba, licor e cachaça. Tudo isso só no café da manhã.
          Um outro hábito alemão, principalmente dos alemães da região da Pomerânia, estranhíssimo para os moradores da cidade era passar banha de porco no pão e comer, no café da manhã. Aqui se passa manteiga, mas banha de porco, nunca viram e nem quiserem experimentar.
          Imagina comer isso tudo nas primeiras horas da manhã e ir para a lida nas lavouras, em pleno Cerrado mineiro com sol a pino, a mais de 30 graus!
Relação com a comunidade
          A maioria dos imigrantes tinham uma relação muito distante dos moradores locais. 
          A vida dos imigrantes ficava restrita à colônia e nas comunidades rurais nas redondezas da colônia. Iam à cidade apenas para resolverem questões rápidas ou fazerem compras nos armazéns. Não eram todos, evidentemente. Muitos também faziam amizades, se relacionavam com os moradores locais e com o tempo, filhos e netos desses imigrantes se casaram com moços e moças da cidade.
          Mesmo os que os ficavam nas colônias, sem frequentarem muito a cidade, eram pessoas alegres, cordiais e recebiam os moradores locais muito bem nas colônias. Tinham cultura e formação profissional acima da média brasileira e muita educação e eram tratados com respeito pelos moradores da cidade.
          Um fato curioso na Colônia Davi Campista era a luz elétrica, na década de 1920. Os alemães construíram uma pequena usina, no fundo da sede que gerava energia elétrica para a casarão. Numa cidade onde a maioria vivia a luz de lamparinas, era uma novidade e tanto. Muitos iam lá só para ver como era a luz elétrica. Ainda restam vestígios dessa pequena usina com a roda d´água nos fundos, como podem ver na foto que fiz acima.
          Eram capacitados, muito trabalhadores e inteligentes. A própria comunidade local percebia isso e seus conhecimentos eram de grande valia para a comunidade. Isso porque contribuíam com a comunidade, compartilhando seus conhecimentos e aprendendo também.
          
Nas comunidades, era comuns festas e encontros de famílias no terreiro das sedes das colônias e também cafés coletivos, chamado de Café Colonial, por terem sido criados pelos colonos do Sul do Brasil. Colonial de colono, por isso o nome. Foram os imigrantes que criaram o café colonial.
          Além disso, lembravam as festividades alemãs, músicas folclóricas e tradições, como podem ver na imagem acima cedida pelo William Araújo/Bar do Tonhão e tratada pelo Rogério Salgado, alemães comemorando o carnaval na Colônia Davi Campista.
Uma dificuldade atrás da outra
          Não era apenas na questão de clima e culinária as dificuldades encontradas pelos alemães em nossas terras.
          Tinha a língua que ninguém entendia, as vestimentas que eram diferentes e a formação profissional dos imigrantes, bastante elevada para os padrões da época, mas estavam num país, na época, agrário e não existia tecnologia para produzir os maquinários e ferramentas que existiam na Europa. Tinham que trabalhar com ferramentas  rudimentares e até mesmo, criar suas próprias ferramentas de trabalho.
          O serviço era pesado e braçal, usando ainda animais de tração, além da falta de dinheiro para investimentos na melhoria de seus equipamentos. Vieram até com ferramentas industriais e muitos sequer, nem as tiraram das bagagens, por não terem como usar na época, por serem ferramentas para indústria e não para a agricultura.
          Em sua maioria, eram profissionais especializados na indústria de fundição, metalurgia e ferrovias. Alguns tinham inclusive experiência militar, como Bruno Kohnert e Frederico Seidler. Ambos lutaram pelo exército alemão na Guerra dos Boxers, na China (1899-1900) e na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Frederico Seidler era ferreiro e trouxe consigo para o Brasil sua oficina. Bruno Kohnert trabalhava com o pai na Krupp, uma das maiores indústrias da Alemanha e Europa na época.
          Além disso, conheceram da pior forma possível as doenças tropicais, como a malária, o tifo, a febre amarela, verminoses e outras doenças. Tiveram ainda que conviver com pragas diversas como bicho-do-pé, piolhos de galinhas, carrapatos, pulgas, barbeiros e percevejos, além de cobras e escorpiões.
          Mesmo com tantas dificuldades, perseveram, já que eram um povo valente e forte. Contavam com apoio das comunidades alemãs mineiras, principalmente de pastores luteranos, a religião predominante entre os alemães. Pastores luteranos vinham sempre de Juiz de Fora MG e Belo Horizonte darem apoios aos alemães das colônias bom-despachenses. Na foto acima cedida pelo William Araújo e tratada pelo Rogério Salgado, a família Walder, em sua casa na Colônia Álvaro da Silveira
A Segunda Guerra Mundial
          Na década de 1930 e início da década de 1940, a situação de vida e trabalho em Bom Despacho e nas colônias tinha melhorado muito. Já melhores adaptadas, prosperavam, mesmo com o mundo em guerra. Mas, tudo começou a mudar quando em 1942, o Brasil entra em Guerra contra a Alemanha e Itália.
          Bom Despacho era e é até os dias de hoje, uma cidade de forte presença militar. Naquela época era maior. Na cidade foi instalado em 1931, o 7° Batalhão de Caçadores Mineiros, hoje 7°BPM, além de contar com um quartel do Exército. Muitos militares bom-despachenses combateram na Revolução Constitucionalistas de 1932 e outros tantos, embarcaram para a Europa para lutarem na Segunda Guerra, integrando as Forças Expedicionárias Brasileiras. Na imagem acima, casal de alemães da Colônia Álvaro da Silveira.
          As notícias das atrocidades cometidas por alemães e italianos chegaram ao Brasil, gerando um clima hostil aos imigrantes e descendentes de imigrantes italianos e principalmente alemães. Em Bom Despacho não foi diferente. Os imigrantes começaram a serem vítimas de xenofobia e preconceito.
          Na medida que a situação da Guerra piorava, começaram a ser perseguidos, espancados e até presos, simplesmente pela nacionalidade, mesmo não tendo nada a ver com o que acontecia na Europa.
          Os alemães que viviam nas duas colônias da cidade ficaram apavorados e com muito medo. Retiraram seus filhos das duas escolas existentes nas colônias. Eram escolas mistas, com filhos dos alemães e dos moradores juntos. Outros, abandonaram suas propriedades e suas casas e começaram a ir embora com suas famílias
          Aconselhados e apoiados por pastores luteranos, migraram-se para regiões de maior concentração de imigrantes, como Santa Catarina e Espírito Santo, onde ficariam mais protegidos. Outros para outros países e alguns voltaram para Alemanha.
          As colônias começaram a desintegra-se. Ficaram poucas famílias alemãs nas colônias. Os que ficaram, não queriam sair da cidade, mesmo com a tensão que cercava os colonos. Tinha negócios, trabalhos, gostavam das colônias e seus filhos e netos, boa parte nascidos nessas terras. (na imagem acima cedida pelo William Cândido, uma das casas de colonos em Álvaro da Silveira)
          Os imigrantes mais velhos foram falecendo e sendo sepultados nos cemitérios das colônias. Até a década de 1980, alguns desses imigrantes ainda viviam em suas glebas, ou na cidade, com suas famílias. Viveram em Bom Despacho até os últimos dias de suas vidas. Acima o cemitério da Colônia Davi Campista, murado. O cemitério da Colônia Álvaro da Silveira não está cercado.
          Aqui ficaram porque gostavam e estavam bem-adaptados, criaram seus filhos ou tiveram outros aqui. Alguns filhos e netos dos imigrantes formaram famílias, casando-se com moradores de Bom Despacho e de outras cidades. Além disso eram respeitados e colaboraram com o crescimento da cidade. Na foto acima, ruínas do armazém da Colônia Álvaro da Silveira.
          Não só eles, mas todos os imigrantes que para Bom Despacho vieram, de alguma forma, deixaram um legado de grande valor para o desenvolvimento social, cultural, econômico e industrial da cidade e isso, é reconhecido. Na imagem acima cedida pelo William Araújo, casa em ruínas na Colônia Álvaro da Silveira.
Descendentes dos imigrantes
          Não é difícil encontrar na cidade, pessoas que carregam sobrenomes alemães. Alguns até leem, escreve e falam alemão fluentemente. São netos, bisnetos e trinetos dos imigrantes das duas colônias de Bom Despacho.
          De acordo com os registros de nascimentos, óbitos e casamentos dos cartórios de registro civil de Bom Despacho e Leandro Ferreira, onde ficava uma parte da Colônia Álvares da Silveira, foram encontrados sobrenomes das seguintes famílias de imigrantes:
Sobrenomes das famílias na Colônia Agrícola Davi Campista: Berber, Bock, Brack, Breitenbaum, Brulhardt, Butschkau, Eckert, Eppenstein, Evers, Feistel, Fischer, Gerards, Hahn, Janson, Karst, Kaulich, Katthagen, Kettrup, Klein, Klezewsky, Klimaschevski, Korell, Lotze, Michalski. Peifer, Polatschek, Reimer, Röppe, Schneidereit, Seidler, Westermann, Zellin.
Sobrenomes das famílias da Colônia Álvaro da Silveira: Anuth, Bartels, Bergerhoff, Bergmann, Berkert, Bobbia, Bokermann, Darge, Darmstädter, Denecke, Egen, Ehlert, Engemann, Escher, Fahner, Falkenburg, Frei Fronzeck, Fröseler, Gendorf, Gimpel, Gölz, Gottschalg, Gurgel, Guy, Hammerich, Hanke, Henrig, Honeker, HungerIsliker, Patria, Jensen, Jung, Kargl, Kling, Klitske, Knischewski, Kohnert, Korell, Koslowski, Köster, Krawzyk, Kresse, Kunert, Kunzler, Ledandeck, Ludgen, Ludwig, Lütkenhaus, Mangels, Mossler, Motskus, Müler, Müllerchen, Niegetrat, Nowasyk, Overlander, Paniz, Primus, Rabe, Reiferscheid, Richter, Roedel, Schierm, Schmidt, Steinbrecher, Tegeler, Tentz, Wagner, Walder, Weiser, Weller, Widmer, Winterink e Zuber.

domingo, 22 de maio de 2016

Cidade do Serro recebe turistas atraídos pelo queijo

(Por Arnaldo Silva) Serro é uma das mais charmosas e encantadoras cidades históricas de Minas Gerais, fica a 320 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha.(fotografia acima de Marcelo Melo)
          Dotada de belezas naturais fascinantes, cada dia mais, turistas vem à cidade conhecer seus encantos, sua arquitetura preservada, sua cultura, sua história, sua gente e seu famoso queijo.  
          A receita e o modo artesanal de fazer o queijo do Serro foram reconhecidos como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, em 2002 pelo Iepha, e do Brasil, em 2008, pelo Iphan. 
          Fundado em 28 de janeiro de 1714, o Serro guarda tradições, cultura, belezas naturais e uma fantástica história manifestada nas tradições preservadas há gerações, como a Festa de Nossa Senhora do Rosário e o modo artesanal de fazer queijo.(na foto acima, o Queijo do Serro nas escadarias da Igreja de Santa Rita. Autoria de Paulo Sérgio Procópio)
Serro e o queijo
          O queijo do Serro é um dos melhores do mundo, recebendo constantes premiações e medalhas, como nos últimos três concursos do mais importante concurso internacional de queijos, o Mondial du Fromage, realizado na França a cada dois anos. (na foto acima do Marcelo Santos, a escadaria de Igreja de Santa Rita)
          O queijo do produtor Túlio Madureira foi premiado nas três últimas edições com medalhas de bronze. Num concurso mundial, onde só participam a elite produtora de queijos no mundo, ter um queijo premiado é para poucos, ainda mais três vezes seguidas. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
Motivos do sucesso do queijo do Serro
          O clima, o manejo do gado, as pastagens, as bactérias lácteas somente encontradas no Serro e claro, a vocação queijeira do povo serrano, que vem de gerações e seu modo de fazer são do mesmo jeito que há dois séculos.
          O processo de fabricação do queijo do Serro é demorado, podendo durar mais de uma semana, fora o tempo de maturação, que pode ser de dias, meses, ano ou mais tempo. (foto abaixo de Tiago Geisler)
          O modo de fazer esse queijo consiste em adicionar um tipo de fermento e um coagulante ao leite fresco. Passada cerca de uma hora, é só fazer o corte da massa e triturar. Em seguida, retirar o soro e a massa juntos e, quando estiver consistente, colocar na fôrma. Espremer, lavar e depois colocar sal grosso em um dos lados são os passos seguintes. Depois é preciso esperar cerca de seis horas, virar e salgar o outro lado. Para ficar no ponto, são mais dois dias até retirar da fôrma e deixar na maturação.
           O modo artesanal de fazer o queijo do Serro foi registrado no filme “O mineiro e o queijo” do cineasta Helvécio Ratton. O filme é uma rica história sobre a tradição queijeira do povo mineiro com depoimentos dos produtores de queijos das regiões mineiras, entre elas, do Serro. 
          E o sucesso do queijo do Serro rompeu as fronteiras regionais e atrai gente de toda Minas Gerais, do Brasil e até do exterior para experimentar e conhecer o modo artesanal de fazer queijo do Serro, bem como conhecer a história, bem como os belos casarões e igrejas dos séculos XVIII e XIX, museus, os distritos serranos como Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras, dentre outros. 
As belezas naturais serranas
          Vale a pena conhecer também impressionantes paisagens serranas de Cerrado e Mata Atlântica e as belas cachoeiras, como a do Tempo Perdido, do Amaral e do Lajeado (na foto acima Nacip Gômez). Na cidade são encontrados guias de turismo, prontos para orientar os visitantes para que conheçam bem cidade, suas belezas, arquitetura e história.
A Bolerata
          Um evento que está se tornando tradição na cidade são as boleratas (na foto acima de Sônia Fraga) que acontece durante o ano na Praça Israel Pinheiro. Das sacadas dos casarões serranos, bandas locais tocam boleros e outros ritmos para os moradores e visitantes curtirem um pouco a boa música mineira e brasileira. 
O Trem-ruá
          Uma ótima dica é conhecer a grife do queijo Trem-ruá, termo criado pelo produtor Túlio Madureira (na foto acima/Divulgação) inspirado na palavra francesa “Terroir” (pronuncia-se terruá que seria a definição de origem das características de determinados produtos, de acordo com as características geográficas de cada região). É uma escola com cursos ministrados pelo Mestre Queijeiro Túlio Madureira que produz queijo do Serro com leite de gado Gir, sendo um dos queijos mais premiados no Brasil e exterior. 
          Mesmo que não vá ao Trem-ruá para aprender a fazer queijo, pode comprar os famosos queijos do Serro no local que fica na Rua São José, 422. (foto queijos do Túlio Madureira/Divulgação) O telefone da grife do queijo é (38) 99823-4207. O lugar é pitoresco com seu teto de dormentes e ambiente organizado com grandes variedades de queijos e o atendimento é ótimo! 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Igreja do Carmo: a igreja da torre nos fundos

(Por Arnaldo Silva) A Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Diamantina, no Alto Jequitinhonha, é um dos mais belos templos do período Colonial brasileiro. Datada do século XVIII, teve como benfeitor João Fernandes de Oliveira, o Contratador de Diamantes do Arraial do Tijuco, hoje Diamantina, marido de Chica da Silva.
          A Igreja de Nossa Senhora do Carmo (na foto acima de Elvira Nascimento), foi construída em frente à sua residência. É rica em detalhes, com os altares laterais e o altar-mor da nave banhados em ouro, além de pinturas e obras sacras magníficas feitas por grandes artistas da época como José Soares de Araújo, Manoel Pinto e por fim, a igreja ganhou obras de Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho. O contratador mandou instalar na Igreja, um órgão movido a fole, com mais de 750 cânulas e até hoje em funcionando perfeitamente.
          Mas um detalhe nesta igreja a diferencia das outras igrejas da cidade e de Minas Gerais. (foto acima de WDiniz) Não tem torre na frente. A torre principal da Igreja do Carmo fica nos fundos. Mas por quê? 
          Mesmo o todo poderoso Contratador de Diamantes, João Fernandes, não podia burlar as regras impostas pela igreja. Uma dessas regras era clara quanto a entrada de escravos forros ou não dentro dos templos. Pelas normas da Igreja, os negros não podiam ultrapassar o espaço das torres. Ou seja, não podiam passar da porta de entrada das igrejas.
          Nessa regra incluía sua mulher, Chica da Silva, negra alforriada. Não podia passar da porta das igrejas. 
          Essa norma causou desentendimentos entre o Contratador e os membros da Ordem Terceira do Carmo, responsável pelo templo. Esse desentendimento fez com que João Fernandes arcasse sozinho com os custos de construção da Igreja. (na foto abaixo, do Tharlys Fabrício, no fim da rua, a casa de Chica da Silva e João Fernandes em Diamantina)
          Como era ele quem estava pagando todo o custo da obra, ordenou aos construtores que a torre principal fosse mudada no projeto original, saindo da frente da igreja, como era normal e sendo construída nos fundos. Esta foi a solução que João Fernandes encontrou para não causar mais atritos com o Clero. 
          Assim, sua mulher, que para a sociedade da época era amante, pôde frequentar a igreja, com sua corte, sem ferir as leis da Igreja na época. Como a torre fica no fundo e a norma era de que negros não podiam ultrapassar o espaço das torres, ela pôde entrar normalmente dentro da igreja e participar das celebrações religiosas. 
          Essa atitude do Contratador foi uma das várias provas de amor à sua amada mulher, Chica da Silva, demonstrada publicamente.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A sobremesa mineira que conquistou o mundo.

(Por Arnaldo Silva) Certas combinações de alimentos parecem que nasceram um para o outro. É o caso da nossa popular e mineiríssima sobremesa Queijo com Goiabada, que além de agradar o paladar dos mineiros há mais 200 anos, é hoje uma sobremesa famosa no Brasil e em todo o mundo. (fotografia abaixo de Marino Júnior)
     Em Minas Gerais, sempre foi queijo com goiabada. Com sua popularização ganhou o sugestivo e romântico nome de Romeu e Julieta, alusiva ao clássico romance de William Shakespeare, escrito entre 1591 e 1595. 
     Romeu e Julieta formavam um par perfeito. Dai a inspiração para o nome e assim o nosso queijo com goiabada saiu das fronteiras mineiras para todo o mundo como Romeu e Julieta.
     De origem mineira, mais precisamente do Sul de Minas Gerais, esta mistura famosa surgiu ainda no período colonial, quando os portugueses iniciaram a produção de queijo em suas colônias. Não há registros precisos de quando começaram a consumir 
goiabada com queijo e nem o povoado exato, mas a origem é do Sul de Minas.Nessa região se popularizou e se expandiu para outras regiões do Estado, através dos Tropeiros. Acredita-se que essa combinação existia desde meados do século XVIII. 
     O doce preferido dos portugueses era a marmelada e na época não existia o marmelo no Brasil e identificaram na nossa goiaba um fruto capaz de dar um doce igual à marmelada consumida em Portugal. 
     Não ficou igual, ficou bem melhor, para muitos. Gostaram tanto que não chamaram de doce de goiaba e sim goiabada, lembrando a famosa marmelada de Portugal. 
     Os tropeiros e viajantes que precisavam de produtos que durassem muito tempo em suas longas viagens, levavam quilos de goiabada, e também rapadura. Esses dois doces eram consumidos normalmente após as refeições ou como adoçantes. O açúcar já era fabricado no Brasil nessa época mas perecia rápido demais devido a chuvas e calor forte. A rapadura e goiabada resistiam mais, duravam bem mais. Eram então imprescindíveis nas longas viagens.
     Desde a época dos tropeiros, o doce de goiaba com queijo faz parte da cozinha mineira. Doce de leite, figo, de goiaba combinado com queijo Minas não faltam nunca. O preferido sempre foi o queijo com goiabada. E claro, com o Queijo Minas, que tem um sabor diferenciado dos demais queijos. A combinação é perfeitíssima! (foto acima de Aldeia Fazenda Velha, restaurante em Andradas MG)
     Seja Queijo com Goiabada ou Romeu e Julieta, a nossa combinação se expandiu para todo o Estado e ganhou os mais nobres paladares de todo o Brasil e mundo.Em Minas é sempre  presente em nossas casas e oferecidas às visitas. 

sábado, 7 de maio de 2016

Cachoeira da Maria Rosa em Mato Verde

(Por Arnaldo Silva) Localizada no Norte de Minas, no município de Mato Verde, a Cachoeira da Maria Rosa é a maior queda d´água do Rio Viamão, além de ser uma das mais belas cachoeiras do Norte de Minas, na Região da Serra Geral.
          Distante 659 km de Belo Horizonte, Mato Verde faz divisa com Monte Azul, Catuti, Pai Pedro, Rio Pardo de Minas, Santo Antônio do Retiro e Porteirinha. A cidade conta cerca de 12.500 habitantes.
          O município de Mato Verde é dotado de belezas naturais espetaculares, sendo a Cachoeira da Maria Rosa considerada uma das mais belas quedas d´águas, não só do município, mas de todo o semiárido mineiro e da Serra Geral.
          As águas do Rio Viamão despencam em duas quedas d´águas por cerca de 50 metros de queda, formando dois poços de águas cristalinas. Embora seja uma cachoeira só, a temperatura das duas quedas são diferentes, o que atrai a curiosidade dos visitantes.
          Localizada numa região de mata nativa e bem preservada, conta com uma boa estrutura para receber os visitantes como banquinhos, um barzinho próximo, além de áreas para churrasco. É um dos maiores atrativos naturais da região, procurada o ano todo por moradores da região e visitantes.
(Fotografias de autoria de Marcelo Santos)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Cachoeira dos Cristais e do Sentinela em Diamantina

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais belas cachoeiras de Minas Gerais, a Cachoeira dos Cristais, em Diamantina MG, Vale do Jequitinhonha está inserida na área do Parque Estadual do Biribiri. A cachoeira fica apenas 12 km da portaria principal, do parque, que está sob responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG). (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Suas águas limpas, geladas e cristalinas, descem em pequenas quedas, formando poços paradisíacos, rodeado por paisagens rupestres características da região. São apenas seis metros de queda, num lugar calmo, tranquilo, natural e preservado. Ótimo para um convívio e contato pelo com a natureza. (foto acima de Edison Zanatto)
Como chegar à Cachoeira dos Cristais?
          Partindo de Diamantina, você deve seguir em direção ao Parque Estadual do Biribiri, no km 587 da MG – 367. (fotografia acima de Manoel Freitas)
A Cachoeira do Sentinela
          A cachoeira do Sentinela esta situada próximo à Vila de Biribiri, em Diamantina MG e está inserida na área do Parque Estadual do Biribiri, distante apenas 6 km da portaria do Parque. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          Lugar de fácil acesso, com estrada de terra bem conservada e belezas naturais espetaculares ao longo do percurso como matas nativas, formações rochosas e belíssimos campos rupestres.
          Suas quedas, em sequências, formam um belos poços de águas cristalinas, limpas e bem geladas. É uma opção ótima para longos e relaxantes banhos.

Conheça a Cachoeira da Casca D´anta

(Por Arnaldo Silva) A Casca D’ Anta está entre as maiores e mais belas cachoeiras do Brasil. São 186 metros de queda livre. As águas do Rio São Francisco, que nasce um pouco acima da boca da cachoeira, despencam sobre um leito de pedras e segue seu percurso. É uma das maiores atrações de Minas Gerais e o lugar mais visitado na Serra da Canastra. É imperdível! A Cascadanta é um espetáculo!
          
 Devido a força da água e pelas formações rochosas do entorno, o poço principal não é recomendado para banho, mas mesmo assim é um privilégio estar aos pés das águas do mais importante rio brasileiro, o nosso Rio São Francisco que nasce em São Roque de Minas, a 350 km de Belo Horizonte.
Como chegar na Cachoeira Casca D’Anta
          O acesso à cachoeira é feito pela portaria 4 do Parque Nacional (única da parte baixa do parque), localizada em São José do Barreiro, distrito de São Roque de Minas. (Fotografia acima  de John Brandão - In Memoriam)
          Ônibus, vans e carros não podem entrar, tem que ficar no estacionamento. Da portaria até a cachoeira são cerca de 2 km de caminhada por uma trilha de mata nativa do Cerrado. 
          É recomentado visitar a parte alta da cachoeira, como podem ver acima na foto. Nesse caso, o acesso é pela Portaria I, em São Roque de Minas. Da cidade, até a portaria e da portaria, até a parte alta que vê na foto acima, são 38 km. É uma vista incrível e ainda você pode conhecer a nascente do Rio São Francisco, que está nesta área. 
          Da nascente até a foz, as águas que nascem em Minas, atravessam 5 estados, percorrendo um total de 2.700 km até desaguar no mar.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A história de Chica da Silva

(Por Arnaldo Silva) Mulher de fibra, de personalidade forte, corajosa e mitológica. Deixou sua história e legado em Minas Gerais. Estamos falando de Francisca da Silva de Oliveira, ou como é mais conhecida, Chica da Silva. Nasceu escrava, em 1732, numa fazenda em Milho Verde, distrito do Serro MG, tendo sido batizada na mesma localidade na Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Conseguiu sua alforria, foi mulher do contratador de diamantes, João Fernandes de Oliveira, com quem viveu 15 anos e teve 13 filhos. Faleceu em 15 de fevereiro de 1796 aos 64 anos. (na foto acima de Fernando Campanella, tela de Marcial Ávila, retratando Chica da Silva exposto na sala da casa onde a ex-escrava viveu em Diamantina MG, hoje museu)
O contratador de diamantes
          João Fernandes de Oliveira nasceu em Mariana em 1720. Filho de portugueses, seu pai, era contratador de diamantes desde 1740, e deu seu nome completo ao filho. João Fernandes foi para Portugal ainda jovem estudar. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e nomeado desembargador do Paço em 1752. 
          A partir de 1740, somente podiam explorar pedras preciosas na Colônia quem tivesse contrato com a Coroa Portuguesa, sendo restrito a atividade somente a quem tivesse esse contrato. Quem tinha o privilégio de ter o contrato com a Coroa Portuguesa, era chamado de contratador. Explorar diamantes ou ouro sem contrato com a Coroa, era considerado crime e geralmente as penas eram severas. (na foto de Fernando Campanella, sacada da casa em que viveu Chica da Silva em Diamantina MG, antigo Arraial do Tejuco)
          João Fernandes era culto, formado nas melhores faculdades de Portugal, muito inteligente e de inteira confiança do Rei. Coube a João Fernandes de Oliveira a missão de voltar ao Brasil entre 1753 e 1754, para gerir uma das maiores riquezas da Coroa, as minas de diamantes do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina MG.
Retorno a Portugal
          Em 1770, com o encerramento de seu contrato com a Coroa e pressão da sociedade na época, João Fernandes voltou para Portugal, além de ter que resolver questões referentes a herança deixada por seu pai nesse país. Ficou em Portugal até os últimos dias de sua vida, vindo a falecer em Lisboa, no ano de 1779, aos 59 anos. (na foto acima de Raul Moura, a Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres erguida no século 18 em Milho Verde, distrito do Serro MG, onde Chica da Silva foi batizada)
A origem de Chica da Silva
          
Chica e o contratador foram dois personagens marcantes na história de Minas e principalmente de Diamantina. Uma história de riqueza, amor, poder, preconceito e superação. (na foto abaixo de Giselle Oliveira, o antigo Arraial do Tejuco, hoje Diamantina)
          Chica da Silva era filha de Maria da Costa, nascida na África, na região da Costa da Mina, região hoje formada pela Nigéria e Benim. Foi trazida para o Brasil ainda criança, por volta de 1720. Por isso foi acrescentado o sobrenome “da costa” ao da mãe de Chica. 
          Ao chegar ao Brasil, foi vendida e trazida para Milho Verde, sendo escrava de Domingos da Costa, homem negro e forro.
          Sobre o pai de Chica, pouco se sabe. Era homem branco de origem portuguesa, nascido e batizado no Rio de Janeiro, vindo para Minas, gozava de influência nas vilas de Bocaina, Três Cruzes e Itatiaia, na época, pertencentes a Vila Rica, hoje Ouro Preto.
O sobrenome Silva 
          Chica herdou a condição de escrava de sua mãe, numa época em que os escravos que nasciam na Colônia não tinham sobrenomes. Os que foram trazidos da África, recebia nomes portugueses, normalmente Francisco, José, Maria e Francisca, com os sobrenomes nos países ou regiões de origem. 
          Os que nasciam na Colônia recebiam nomes de acordo com seu grupo étnico de origem ou cor da pele, no caso de Chica, foi registrada como “Francisca mulata” ou “Francisca parda”. Em 1754, quando Chica tinha 22 anos, conquistou sua alforria. Seu nome como forra, passou a ser, “Francisca da Silva, parda forra”. Silva era um sobrenome comum entre os forros, embora seja um sobrenome português, de linhagem nobre, na Colônia era um sobrenome de pessoas sem procedência ou origem definida.
Primeira gravidez e alforria
          Antes de ser alforriada, Chica era escrava do minerador e médico português Manuel Pires Sardinha, que vivia no Arraial do Tejuco. Foi com Manuel Pires que Chica engravidou pela primeira vez, em 1751. 
          Embora não tenha reconhecido em cartório a paternidade, Manuel Pires batizou a criança com o nome de Simão Pires Sardinha, em homenagem ao Capitão dos Dragões do Distrito Diamantino, Simão da Cunha Pereira, que foi padrinho de batismo de seu filho, bem como deu-lhe alforria, colocando-o ainda como um de seus herdeiros em seu testamento e investindo em sua educação, mandando-o para Portugal, onde estudou e ocupou cargos importantes na Corte Portuguesa.
Amor à primeira vista
          Quem alforriou Chica da Silva foi João Fernandes de Oliveira. Assim que chegou ao Arraial do Tejuco, como o novo contratador de diamantes, conheceu Chica, em uma de suas visitas aos nobres do Arraial. João Fernandes, viu Chica e se encantou. Foi amor à primeira vista, literalmente, entre os dois.
          Fez oferta de compra de Chica, o que não foi recusado por seu senhor, que não teve como recusar um pedido de um dos homens mais influentes na Corte Portuguesa.
          Chica foi logo alforriada e passou a viver com João Fernandes como sua mulher. Com o nascimento de sua primeira filha, passou a adotar o nome de Francisca da Silva de Oliveira, mesmo não sendo casada formalmente com João Fernandes e nem podia porque as leis da época proibiam uniões entre brancos e negros.
Chica, João Fernandes e seus 13 filhos
          Nos 15 anos de união conjugal estável, o casal teve 13 filhos: Francisca de Paula (1755); João Fernandes (1756); Rita (1757); Joaquim (1759); Antônio Caetano (1761); Ana (1762); Helena (1763); Luiza (1764); Antônia (1765); Maria (1766); Quitéria Rita (1767); Mariana (1769); José Agostinho Fernandes (1770). Com o filho que teve com o médico Manuel Pires Sardinha, Chica teve ao todo 14 filhos.
          Nessa época, os filhos de homens brancos com escravas ou forras não eram registrados ou se tinham registros, era sem o nome do pai. 
          João Fernandes fez questão de colocar o seu nome na certidão de registros de seus filhos com Chica da Silva e foi além disso. Nunca escondeu seu amor por Chica da Silva e fazia questão de tornar sua relação pública perante todos, sem se incomodar com os julgamentos e preconceitos existentes na sociedade na época. Defendia sua mulher contra as investidas e preconceitos da sociedade.
A separação de Chica e João Fernandes
          O casal se separou em 1770, quando João Fernandes teve que voltar a Portugal. Com João Fernandes, partiu com ele seus 4 filhos homens, que estudaram nas melhores universidades do país, formando famílias e ocupando postos importantes na Coroa Portuguesa, recebendo ainda títulos de nobreza. (na foto acima de Alexsandra Almeida, os fundos da casa em que viveu Chica e João Fernandes, hoje museu Chica da Silva em Diamantina)
          João Fernandes de Oliveira deixou muitas propriedades para sua mulher, que garantiu a ela e as 9 filhas que ficaram, uma vida tranquila e confortável, estudando no melhor educandário da nobreza da época, o Mosteiro de Macaúbas em Santa Luzia MG, a 40 km de Belo Horizonte. 
          Do mosteiro algumas de suas filhas saíram para se casar e algumas seguiram a vida religiosa. Nessa época, as filhas da fidalguia tinham como opção casarem ou se tornarem religiosas.
Mãe zelosa 
          Chica se esforçou para conseguir bons casamentos para suas filhas, com homens portugueses. As que optaram por seguir a vida religiosa, teve o respeito e apoio de Chica, já que na época, eram as únicas alternativas para as moças honradas de família.
          Buscava ao máximo proteger seus filhos e filhas do preconceito social. Na época, famílias formadas por brancos e negros não eram bem vistas pela sociedade branca e escravocrata do Brasil Colônia.
Prestigio e influência
          Mesmo não sendo casada formalmente com João Fernandes, Chica gozava na época de prestigio e respeito por ser a mulher do contratador, vivendo uma vida restrita às fidalgas brancas. Possuía escravos que cuidavam de sua casa e propriedades, frequentava eventos sociais e irmandades. (na foto acima de Elvira Nascimento, a casa de Chica da Silva, ao fundo, em Diamantina, hoje Museu Chica da Silva)
          Irmandades ou confrarias eram união de pessoas com objetivos comuns. As irmandades mais importantes da época eram as religiosas, que construíam e mantinha igrejas. Por sua condição social e poderio financeiro, Chica era aceita e tinha fácil trânsito entre as irmandades tanto de brancos, quanto de negros. Colaborava com doações vultosas e pertencia às Irmandades de São Francisco e do Carmo, formada por brancos e das irmandades das Mercês composta por mulatos e a do Rosário, somente por negros.
          Mesmo após a partida de João Fernandes, Chica da Silva mantinha influência na sociedade, graças a sua personalidade, popularidade e seu poderio econômico. Esse fato pode ser percebido por sua presença nas irmandades do Arraial, bem como quando do seu sepultamento, em 1796.
Sepultamento
          Como era de costume na época, os membros das irmandades tinham o direito de serem sepultados nas igrejas mantidas pela irmandade. Chica, como participava de 4 irmandades, manifestou o desejo de que quando morresse, fosse sepultada dentro da Igreja de São Francisco de Assis (na foto acima de Elvira Nascimento), maior irmandade do Arraial do Tejuco e da comunidade branca. 
          E assim foi sepultada na igreja da irmandade de São Francisco de Assis, composta pela elite branca local, de acordo com sua vontade manifestada em vida.

A história de Dona Beja

(Por Arnaldo Silva) Nascida em Grotas de Pains, povoado rural de Formiga, Oeste de Minas, em dois de janeiro de 1800, viveu boa parte de sua vida em São Domingos do Araxá, hoje Araxá, no Alto Paranaíba. Mudou-se para Bagagem, atual Estrela do Sul no Triângulo Mineiro, por volta de 1853, onde faleceu em 20 de dezembro de 1873. Era filha de Maria Bernardo dos Santos e de pai desconhecido. Sua família era composta apenas da mãe, seu irmão, Francisco Antônio Rodrigues e seu avô.
          Estamos falando de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, uma das mulheres mais influentes e importantes de Minas Gerais no século XIX. (a tela acima é de autoria de Calmon Barreto, exposta no Museu Calmon Barreto em Araxá, mostrando Dona Beja moça e formosa) 
          O carinhoso apelido foi dado por Manoel Fernando Sampaio, por quem era apaixonada e noiva. Manoel Sampaio comparava o beijo de Ana como doçura e beleza de uma flor chamada “beijo”.
          Tanto na forma de falar e escrever, do noivo e dos que eram próximos a Ana, a pronuncia era ‘beja” e não “beija” com i, por isso se escreve e pronuncia Dona Beja. 
          Seu noivado seria como o de todas as outras moças de sua época, casar, ter filhos, cuidar da casa, ter uma vida de acordo com os padrões sociais da época. Mas quis o destino que sua história fosse diferente.
A formosa menina raptada 
          Ainda criança, a família de Ana Jacinta se mudou para Araxá, em 1805, quando a menina tinha apenas cinco anos. A menina foi crescendo e sua formosura foi logo sendo percebida. Era tão linda que causava forte inveja entre as outras meninas e mulheres da cidade, que mesmo adolescente, tinha uma beleza fora do comum, que deixava os homens da época extasiados com sua formosura.
          Sua beleza era impactante ao ponto de despertar o interesse de Joaquim Inácio Silveira da Motta, então ouvidor Geral da Comarca, que de passagem por Araxá, ficou fascinado ao vê-la. Logo começou a desejá-la, a ponto de mandar raptá-la, em 1814, quando Beja nem completara 15 anos. A menina foi levada à força para a Vila do Paracatu do Príncipe, hoje Paracatu, sendo forçada a viver como sua amante. (a foto, sem autoria identificada, mostra Dona Beja na meia idade)
          Sua mãe tentou de tudo para ajudar sua filha, mas naquela época era difícil uma ação das autoridades, já que essa prática era comum e pouco podia fazer. Aconselharam-na a comunicar o fato aos adversários do Ouvidor, que não eram poucos. Foi o que Maria Bernardo fez. 
        Ação que surtiu efeito, não de imediato, mas adversários influentes do Ouvidor começaram a agir e a usar o fato contra sua pessoa. Sentindo-se acuado, tentou de todas as formas livrar-se da acusação do rapto da adolescente e ainda ter sua vida devassada por seus inimigos, temendo ser julgado. Foi ai que decidiu deixar o cargo e a cidade, se mudando para Portugal. Assim, Beja se viu livre e retornou para Araxá.
Retorno a Araxá
          Chegando à cidade, Beja recebe com frustração a notícia que seu ex-noivo tinha se casado com outra. Mesmo assim, segundo a tradição oral, Beja ainda nutria amor por seu ex-noivo. Num encontro por acaso, num lugar conhecido como “Fonte Jumenta”, enamoraram-se, tendo Beja ficado grávida de sua primeira filha, Thereza Thomázia de Jesus, nascida em 15/02/1819. (na foto acima de Wilson Fortunato, a cidade de Araxá hoje)
          Além da frustração com o ex-noivo, Beja não foi bem recebida pela conservadora sociedade araxaense. Tratada com muita hostilidade, principalmente pelas mulheres de famílias abastadas, que viam em Beja um risco para os valores éticos, morais e religiosos das famílias, não se importando pelo fato da mesma ter sido rapta e forçada a viver como amante de outro homem. A sua beleza e atração natural incomodava demais e deixaram bem claro que ela era indesejada na cidade, sendo marginalizada pela sociedade da época. 
          Revoltada com a situação e com desejo de vingança contra seu noivo e sua família que sempre foram contra o relacionamento dos dois, Manoel foi morto a mando de Beja. Ela acabou sendo indiciada na época, mas por sua influência e amizades importantes, foi libertada, ficando livre da acusação. 
Beja - Cortesã
          Vingando-se também do moralismo e julgamentos sociais da época, decidiu ainda ser de fato o que a sociedade dizia o que era ela, cortesã. Vingava-se das mulheres que a condenavam, fazendo questão de ser amante de todos os maridos dessas mesmas mulheres que a julgavam. 
          Beja teve sua segunda filha, com João Carneiro de Mendonça. A caçula nasceu em 1838 com o nome de Joana de Deus de São José. 
Filhas e netos
          Sua primeira filha, Thereza, casou-se com Joaquim Ribeiro da Silva e teve seis filhos: Theodora Fortunata da Silva, Joaquim Ribeiro da Silva Botelho, Franscico Ribeiro da Silva, Saturnino Ribeiro, José Ribeiro da Silva e Antônio Ribeiro da Silva. Já Joana, casou-se com Clementino Martins Borges e teve sete filhos: Haideé, Mercedes Ester, João, Clemente, Amaziles e “Nhonhô”. 
Dinheiro e fama
          Quando retornou a Araxá, Beja construiu duas casas. Uma na cidade e outra na zona rural. Sua casa na cidade era igual às outras e nada de mais acontecia na casa. Ia nesta casa apenas para reuniões e recepcionar visitas, já que era mulher muito influente e conhecida na região. 
          Beja ficava mais tempo em sua chácara na zona rural, afastada da cidade e dos olhares da sociedade. Era um casarão em estilo colonial com espaçoso salão e local para recepção. Era nessa chácara, conhecida como Chácara do Jatobá, que Beja recebia seus admiradores, que viam da região, de São Paulo, Goiás, do Rio de Janeiro e outras localidades.
          A fama e beleza da cortesã estendia-se por todo o Triângulo Mineiro, na Corte Imperial e regiões mineiras. Eram visitas constantes, de gente influente e rica. 
          Nas festas que promovia, recebia presentes dos homens que a visitavam. Mas não era qualquer um que tinha o privilégio de estar com Dona Beja. 
          Recebia presentes como dinheiro, joias e pedras preciosas, mas tinha suas regras e era firme no que decidia. Mulher de personalidade forte, de liderança, não se subjugava a homem algum. Era ela quem escolhia suas companhias, como, quando e do jeito dela queria. Beja era dominadora e se impunha em situação superior em qualquer relação.
Mudança de Araxá para Bagagem
          Por volta de 1853, já na meia idade, Dona Beja decidiu mudar de vida e deixar Araxá com sua filha Joana e seu genro, Clementino. Colocou todos os seus pertences em várias carroças e carros de bois e seguiu em cortejo rumo a Bagagem, hoje Estrela do Sul, num trajeto de 200 km. 
          Naquela época, minas de diamantes tinha sido descobertas nesta cidade, levando uma corrida em busca de diamantes. Com a saída de Dona Beja de Araxá, o conservadorismo da sociedade local na época, agiu de forma a apagar todos os vestígios da presença da Cortesã na cidade. (na foto acima, Bagagem em 1906. A imagem fornecida pelo professor e historiador Mário Lúcio Rosa e nos enviada por Duva Brunelli)
          Em sua nova cidade, Beja se dedicou a trabalhar como mineradora, explorando diamantes nos garimpos, deixando a vida de cortesã para trás, se dedicando ao cuidado de sua filha e netos, fazendo caridade e também, se dedicando à fé religiosa.
Falecimento e último desejo
          Faleceu em 20 de dezembro de 1873, supostamente de tuberculose, agravado pela intoxicação por metais pesados, usados no garimpo. Pouco antes de sua morte, permitiu que fosse fotografada de pé, apoiada numa caseira. Foto hoje presente no Museu Dona Beja em Araxá.
          Antes de morrer, Dona Beja pediu para que seu caixão fosse adornado com enfeites de zinco e que fosse sepultada no cemitério da Igreja Matriz de Estrela do Sul. Naquela época os sepultamentos eram feitos dentro, nas portas e em cemitérios ao lado das igrejas.
Dona Beja não morreu
          A história de Dona Beja não terminou com seu sepultamento. Ao longo dos anos, a cortesã rejeitada e discriminada pela sociedade da época, se tornou uma das mulheres mais conhecidas do Brasil. O espirito de liderança de Beja é reconhecido até hoje. (na foto acima de Thelmo Lins, a antiga Bagagem, hoje Estrela do Sul)
          Era mulher de fibra, de coragem e acima de tudo, amava Minas Gerais e defendia o Estado e suas dimensões territoriais com toda a sua força e coragem, principalmente sua região, o Triângulo Mineiro. (na foto acima e abaixo de Duva Brunelli, ponte sobre o Rio Bagagem substituindo a antiga ponte construída por Beja. A ponte leva seu nome e foi inaugurada em 1985)
          As mulheres do seu tempo que a julgavam, hoje, talvez ninguém saiba quem foram ou sequer sabem seus nomes, mas de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, todos sabem o nome, quem foi e o que fez. 
          Um nome com fortes ligações com a cidade de Araxá, onde o nome Dona Beja está presente em nome de rua, nome cerveja, fonte de água, hotéis, pratos culinários, nome de bairro, etc. (na foto acima de Djacira Antunes, um dos vários casarões coloniais de Estrela do Sul)
          E não é por menos, Beja foi uma das personagens mais influentes, marcantes e intrigantes do século XIX, além de reconhecidamente ter sido uma das mulheres mais lindas de sua época.
          Hoje é uma das figuras mineiras de maior destaque, tendo sua história retratada em novela da extinta Rede Manchete em 1986, tendo Beja sido interpretada pela atriz Maitê Proença. Sua história também foi contada em livros e romances e sua vida e obra registrada no Museu Municipal Dona Beja, inaugurado em 1965, instalado num casarão com mais de 200 anos de existência (na foto acima de Arnaldo Silva), no centro da cidade.
          A partir de 1998, passou a chamar-se Museu Histórico de Araxá – Dona Beja.

domingo, 1 de maio de 2016

Cachoeira do Tabuleiro: a maior de Minas

(Por Arnaldo Silva) Com 273 metros de queda, a Cachoeira do Tabuleiro é a maior de Minas Gerais e a terceira maior cachoeira do Brasil. Está localizada em Conceição do Mato Dentro - MG, município distante 167 km de Belo Horizonte via MG 010, na divisa com os municípios de Serro, Dom Joaquim, Congonhas do Norte e Gouveia.
          Cercada por um imponente maciço rochoso com tons avermelhados, a Cachoeira do Tabuleiro impressiona por sua beleza única e singular. (foto acima de John Brandão - In Memoriam)
 
          No entorno da Cachoeira, campos rupestres, matas de Cerrado e pequenas manchas de matas de galeria, completa um dos mais belos cenários naturais do Brasil. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia) 
As águas que caem a 273 metros formam um poço com 18 metros de profundidade e 700 m² de diâmetro. O fundo do poço é formado por grandes blocos de pedras submersos, por isso, saltos e mergulhos radicais não são aconselháveis e sim, entrar na água naturalmente, desfrutando de sua energia e beleza. Devido a pouca incidência de raios solares e constante correntes de vendo, a temperatura da água do poço formado pela cachoeira sempre fica abaixo dos 20ºC, um convite a um refrescante banho em dias de calor, numa água de tom escuro, natural da região, limpa e cristalina. (fotografia acima de Leandro Leal)
          Suas águas formam seguem o curso do rio Ribeirão, adentrando em grandes vales, formando pelo caminho pequenos poços entre pedras.

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