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sexta-feira, 23 de julho de 2021

São João do Paraiso: a capital do doce de marmelo

(Por Arnaldo Silva) Cidade do Norte de Minas, São João do Paraíso está a 1073 metros de altitude e a 785 km, distante de Belo Horizonte, a 328 de Montes Claros MG e a 220 km de Vitória da Conquista/BA. São 24 mil habitantes no município, vivendo na sede e nos distritos de Mandacarú, Barrinha e Boa Sorte.
          São João do Paraíso faz parte da microrregião do Alto Rio Pardo, fazendo divisa com os municípios de Taiobeiras, Ninheira, Montezuma, Vargem Grande do Rio Pardo, Indaiabira, Berizal, Rio Pardo de Minas e Águas Vermelhas, em Minas Gerais e com Cordeiros, na Bahia. (na foto acima de @dronemoc, a Matriz de São João Batista, já reformada)
Origens de São João do Paraíso
          A cidade tem origem numa fazenda pertencente ao Conde da Ponte, formada no século XVIII, nas terras que anteriormente, eram habitadas por índios da etnia Tapuias.
          Com o passar do tempo, um pequeno vilarejo começou se formar, nesta fazenda, nas proximidades do Rio São João. O pequeno povoado cresceu e em 1833, o vilarejo foi elevado a distrito, com o nome de São João da Raposa, devido à grande presença dessa espécie de mamífero na fazenda. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          As terras férteis da região, atraiam sempre retirantes, vindos de várias regiões de Minas Gerais e principalmente da Bahia, fugindo da seca que assolava a região, na última década, do século XIX. As belas paisagens, rios, nascentes e a fertilidade das terras, contrastavam com a dura seca que assolava a região na divisa do Norte de Minas Gerais e Bahia, naquela época. A impressão que os retirantes tinham, era de que estavam chegando a um paraíso.
          Com o crescimento do distrito e a qualidade de suas terras, a Vila torna-se, na época, um importante centro comercial da região. Seu nome foi alterado, ainda nessa época, no final do século XIX. No lugar de raposa, ficou, paraíso, permanecendo o nome São João do Paraíso, até os dias de hoje. Em 1943, o distrito de São João do Paraíso foi elevado à cidade emancipada, com o município sendo instituído em 1.º de janeiro de 1944, data em que se comemora o aniversário da cidade.
Cultura, economia e tradições
          São João do Paraíso é uma típica cidade mineira. Pacata, com casario singelo, cidade limpa e charmosa, com um povo bom, acolhedor, simples e hospitaleiro.
          Como toda cidade do interior de Minas, a Matriz e os eventos religiosos, como Semana Santa, Corpus Christi, Natal, festa do padroeiro, São João Batista, Folia de Reis, dentre outros, são grandes atrativos, movimentando a cidade e atraindo visitantes. Em São João do Paraíso, destaca-se a bela Igreja de São João Batista, ponto de encontro e fé do povo paraisense e um dos mais belos cartões postais da cidade (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc). 
          Outro destaque da cidade é a preservação tradições culturais e folclóricas, como a fanfarra, a Folia de Reis, as festas juninas, em especial, a feste de São João, padroeiro da cidade, bem como as comemorações do aniversário de emancipação, no dia 1.º de janeiro, com desfiles, shows com bandas regionais, culinária típica e muita alegria.
          Além disso, se destaca pelo talento de seus artesãos e a beleza do artesanato que fazem, suas ruas bem cuidadas, com largos canteiros centrais (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc). E ainda, a Praça Artur Trancoso, uma das mais belas da região. Arborizada, com jardins bem cuidados e uma bela fonte luminosa, é uma das referências sociais e comercial da cidade, e um dos principais pontos de encontros dos paraisenses. 
          A economia da cidade tem como base o setor de serviços, na agricultura de subsistência e na pecuária. Conta com um comércio variado, com lojas, mercados, hotéis, bares e restaurantes com comida caseira.(fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc da Praça Arthur Trancoso)
          A extração vegetal, é uma das principais atividades econômicas do município, com destaque para o cultivo do eucalipto, principalmente, carvão vegetal, que abastece várias siderúrgicas mineiras. A cidade é ainda uma grande produtora e exportadora de óleo de eucalipto, matéria para a indústria de medicamentos e cosméticos. São João do Paraíso é considerada a Capital do Óleo de Eucalipto no Brasil.
O marmelo
          O maior destaque da economia de São João do Paraíso, atualmente, é uma planta com origens na Ásia Menor e Sudeste da Europa. É o marmeleiro (Cydonia oblonga), conhecido ainda como Pereira-do-japão, Marmeleiro-da-europa e marmelo, em referência ao seu fruto. Segundo historiadores, a espécie foi introduzida no Brasil pelo português, Martin Afonso de Souza, em 1530, no século XVI. (na foto acima de Renato Ribeiro, os pés do marmeleiro e abaixo, o seu fruto, o marmelo) 
          Seu fruto, o marmelo, é consumido no Brasil cru, em forma de sucos, em sopas e principalmente, em forma de doce, a popular, marmelada. As sementes do marmelo são usadas ainda na medicina popular, por ajudar a combater a diarreia. Vara de galhos de marmelo, era muito popular antigamente, usada como corretivos.
          Plantada inicialmente em São Paulo, no século XVI, se expandiu para a Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, onde a planta passou a ser cultivada em larga escala, a partir do início do século passado.
          Nas cidades de Delfim Moreira e Marmelópolis, no Sul de Minas, principalmente, concentrava-se as maiores plantações de marmeleiro do país, tendo ainda, várias fábricas, nessas duas cidades, como por exemplo, da Cica, em Delfim Moreira, que produziam a famosa marmelada, doce mais consumido no Brasil, no século XX.
          A produção da marmelada nessas cidades e região, começou a entrar em declínio, a partir da década de 1970, limitando hoje, em Marmelópolis, a uma única fábrica de que produz a famosa marmelada.
          Marmelópolis, vem buscando recuperar sua tradição na produção da marmelada, recuperando as antigas plantações de marmeleiros e plantando novas. Mesmo assim, o posto de capital do doce de marmelo, pertence atualmente, à cidade do semiárido mineiro do norte mineiro, São João do Paraíso.
          Segundo dados recentes do IBGE, sobre a Produção Agrícola Municipal (PAN), de cada setor das economias dos municípios brasileiros, São João do Paraíso é o maior produtor do doce de marmelo de Minas Gerais, seguido, por Marmelópolis, no Sul de Minas, em segundo, Itacambira, no Norte de Minas, em terceiro, Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, em quarto, Serro, no Vale do Jequitinhonha, em quinto, Cachoeira do Pajeú, no Vale do Jequitinhonha, em sexto e Delfim Moreira, no Sul de Minas, em sétimo.
          O marmeleiro e seu fruto, gera emprego e renda às famílias paraisenses. É a principal fonte de renda de cerca de 70 famílias do município, que vivem do plantio, colheita e produção de doce de marmelo.
          Em algumas propriedades, a produção anual é pequena, caseira (na foto acima do Manoel Freitas, a produção caseira do doce de marmelo em São João do Paraíso). Já em outras, a produção é maior, em toneladas. Por ano, são produzidos em média 350 toneladas do doce de marmelo em São João do Paraíso, com cada barra pesando em média 1,7 quilo.
          O doce de marmelo é considerado um doce nobre. É fabricado em São João do Paraíso, basicamente em sua forma artesanal, sem adição de conservantes, com os marmelos, cuidadosamente selecionados, garantindo assim um doce 100% natural. Os doces são vendidos embalados à vácuo e alguns, em palhas de bananeiras, o que garante maior durabilidade e preservação de seu sabor por mais tempo. (fotografia ilustrativa acima de Renato Ribeiro, o doce de marmelo)
          Com a abertura de novos mercados e a volta da popularização doce no Brasil, a tendência é o aumento das áreas plantadas e consequentemente, o aumento gradativo da produção.
          O doce de marmelo é de grande importância para a economia da cidade, que motivou os produtores da iguaria a organizarem-se para criar a Cooperativa dos Produtores de Marmelo de São João do Paraíso (Coopemar). O objetivo, com a fundação da cooperativa, é unir os produtores na busca por melhores rendimentos na produção, bem como melhorar mais ainda a qualidade do produto, buscando melhor qualificação dos produtores de doce de marmelo, dentre outros objetivos.
          Com essa iniciativa, organização e tradição, que a cidade adquiriu na produção do doce de marmelo, São João do Paraíso, vem se destacando no Brasil. A cidade é hoje a principal referência nacional na produção de um dos mais nobres e mais apreciados doces do mundo, o doce de marmelo.

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