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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Cordisburgo, o Grande Sertão Veredas e a Casa do Elefante

(Por Arnaldo Silva) Com menos de 10 mil habitantes, Cordisburgo, na Região Central Mineira, a 120 km de Belo Horizonte, é uma cidade de grande importância para a história e cultura de Minas Gerais, já que foi em Cordisburgo que nasceu o escritor, médico, diplomata, contista, novelista, romancista João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de julho de 1908 – Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967), considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. 
          A cidade reconhece e valoriza a obra de seu ilustre filho, homenageado em com o portal "Grande Sertão Veredas", obra de autoria do artista Leo Santana. Em tamanho natural, o monumento feito em bronze é composto por seis cavaleiros montados em seu cavalo, entre eles, o próprio Guimarães Rosa, em pé e um cachorro. Os cavaleiros são emoldurados por um pórtico de chapa de aço. (na foto acima e abaixo do Thelmo Lins, o portal Grande Sertão Veredas)
 Origem do nome
         O nome do município vem junção da palavra Cordis, do latim, que significa coração e burgo, palavra da língua alemã, que significa cidade. Ou seja, Cordisburgo significa “Cidade do Coração”. Sua origem começa no século XIX com a formação de um pequeno arraial em 1883 a partir da chegada à região do padre João de Santo Antônio. 
          O povoado cresceu e foi reconhecido como distrito entre 1890/1891 com o nome de Cordisburgo da Vista Alegre e por fim, emancipada em 23 de dezembro de 1938, adotando o nome de Cordisburgo. O município faz divisa com Curvelo, Araçaí, Paraopeba e Santana de Pirapama.
Cidade tranquila e pacata
          A cidade é cidade pacata, aconchegante, charmosa e com atrativos turísticos, naturais e arquitetônicos impressionantes, belas praças, igrejas singelas como a Capela de São José que vê abaixo na foto do Edson Borges e outros atrativos, mostrados na sequência.
Pontos turísticos de Cordisburgo
- Matriz do Sagrado Coração de Jesus

          A Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus é um dos destaques de Cordisburgo por sua beleza arquitetônica, tanto interior, quanto no exterior e pela bela praça e casario, que compõem o conjunto da Matriz.
          A arquitetura da igreja foi inspirada no ecletismo, um estilo arquitetônico que surgiu na Europa no final do século XIX e predominante no Brasil nas primeiras décadas do século XX. No estilo eclético a ideia principal era combinar os principais elementos da arquitetura medieval, clássica, gótica, neogótica, renascentista, barroca e neoclássica em um só estilo.           
          O ecletismo abrangia não apenas a arquitetura, mas as artes visuais, moda, pinturas, design, etc.
          No Brasil, boa parte dos templos construídos no início do século XX foi em estilo eclético ou eclético com a Art Déco, estilo arquitetônico que surgiu e passou a predominar nas construções europeias, a partir de 1910.
          Um desses templos é a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, cujas linhas arquitetônicas têm a influência do ecletismo e Art Déco em seus traçados, principalmente na parte exterior frontal e em seu interior, destacando o piso em ladrilho hidráulico, na iluminação com luminárias verticais, uma das marcas do ecletismo e nas janelas e vitrais. (foto acima de Thelmo Lins)
- Casa de Guimarães Rosa
          A casa em que nasceu Guimarães Rosa foi transformada em museu em 1974, dedicado à vida e obra do famoso escritor brasileiro, bem como mostra como era a vida, os móveis, os utensílios domésticos, as vendas, roupas do início do século passado e outros objetos que pertenciam à família do escritor de “O Grande Sertão Veredas”. 
          É uma típica casa do interior mineiro do início do século XX, bem preservada e com história em cada detalhe, bem como a venda do pai de Guimarães Rosa, que funcionou até 1923. Tudo original com uma imensa riqueza cultural e histórica.
- Zoológico de Pedras Peter Lund
          A Praça Peter Lund é um atrativo interessante de Cordisburgo. Têm bancos, coreto, jardins, árvores, mas um toque especial mestre de obras e escultor Stamar de Azevedo Júnior, o popular Tazico, transformou a praça num dos grandes atrativos da região. (foto acima e abaixo de Lee Camargo)
          O escultor esculpiu estátuas de animais do período Pleistoceno, usando telas, areia e cimento. Esses animais foram identificados pelo dinamarquês Peter Lund, que encontrou fósseis de várias espécies de animais que viveram na região há centenas de milhares de anos Dentre essas espécies estão a Preguiça-gigante, o Tigre-dente-de-sabre, o Toxodante, a Preguiça-pequena, o Tatu-gigante e o Mastodonte. Por isso a praça passou a ser chamada popularmente de Zoológico de Pedras.
- Casa do Elefante
          Outra grande obra do Stamar, que pode ser vista logo na entrada da cidade, é a Casa do Elefante. Com 8,5 metros de altura e 12 metros de largura foi construída em estrutura de ferro, tijolo e cimento. A casa replica um elefante com detalhes artísticos nas unhas, pintadas de bege, cílios de arame, olhos de acrílico, dentes feitos com ferro, gesso, fibra e papelão. Da tromba, jorra água que rega um pequeno jardim com uma flor que representa, para os budistas, a pureza espiritual, a flor de lótus. 
          A obra, custeada com recursos próprios do escultor, foi inspirada na deusa hindu Lakshmin, que representa vitória e sucesso, representado na figura de uma elefanta e não de um elefante. Seria então a Casa da Elefanta, mas popularizou-se como Casa do Elefante e assim é chamada. A elefanta é ornamentada de acordo com as tradições indianas.
- Gruta do Maquiné
           É uma das principais grutas do Brasil, considerada como o berço da paleontologia brasileira e uma das mais belas do mundo. Foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, por isso o nome. O cientista e naturalista dinamarquês, Peter Wilhelm Lund, passou a estudar e pesquisar a gruta a partir de 1834. (foto acima de Fernando Campanella)
          A Gruta de Maquiné tem 650 metros de galerias e sete salões que são o Salão do Vestíbulo, o Salão das Colunas, do Trono, do Carneiro, dos Lagos, das Fadas e do Dr. Lund, todos devidamente iluminados e com passarelas, que permitem aos visitantes conhecerem a gruta. A visita é acompanhada por guias especializados. Na gruta existem pinturas rupestres e formações rochosas impressionantes.
- O Arraial do Conto
          O casario, a cozinha, a capela e os traçados das ruelas do Arraial do Conto foram inspirados nas construções do barroco mineiro dos séculos XVIII e XIX. Lembra perfeitamente uma típica vila colonial com ruas calçadas em pé-de-moleque, casas e casarões em estilo colonial, cozinha tradicional, com fogão a lenha de onde saem os tradicionais pratos da culinária mineira e ainda, uma charmosa capela com traços arquitetônicos das antigas igrejas do interior mineiro, dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
No Arraial do Conto podemos encontrar um alambique tradicional que produz a autêntica cachaça mineira, passeios de charretes, um enorme galpão que lembra as antigas fábricas de tecidos da região, bem como a Venda do Emídio, uma autêntica e impressionante réplica das antigas vendas mineiras, em todos os seus detalhes. 
          Lugar charmoso, aconchegante, com uma tranquilidade e sossego impressionante! Esse lugar que mais parece um sonho é um hotel e fica na zona rural de Cordisburgo. Rodeado por exuberante paisagem, o Arraial do Conto mostra de forma viva e concreta, a cultura mineira em sua arquitetura, religiosidade, tradição e culinária.

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