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quinta-feira, 21 de março de 2019

Tradição religiosa nas cidades históricas mineiras

(Por Arnaldo Silva) A religiosidade em Minas vem do interior. Não somente das cidades do interior, mas do interior de nossa gente. Na fé e manifestação de sua religiosidade, o povo mineiro se reencontra e se fortalece.
          As festividades religiosas são marcos da fé do mineiro, principalmente a Semana Santa, onde nosso povo revive o sofrimento de Jesus do calvário à crucificação, morte e ressurreição da mesma forma que eram feitas há 300 anos. (na foto acima da Ane Souz, Procissão de Ramos em Ouro Preto MG)
 
          A fé leva o povo a buscar contato direto com Deus, entender o sofrimento de Jesus por isso preservam as tradições, de séculos, acompanham todo o ritual religioso, desde as confissões, procissões, missas e penitências. (foto acima a imagem de Nossa Senhora das Graças de autoria de Saulo Guglielmelli, de Morro do Ferro, distrito de Oliveira MG)
          Quem participa está lá pela fé, quem vai às cidades históricas, vê cultura e, tradição preservadas nas procissões pelas estreitas ruas das cidades coloniais mineiras, ao som de cânticos melancólicos, rezas fervorosas, intercaladas pelas badaladas dos sinos das igrejas de nossas cidades históricas. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, interior da Igreja de Nossa Senhora da conceição em Catas Altas MG)
Diamantina
          Em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, distante 292 quilômetros de BH,  a Semana Santa é marcada por uma forte devoção popular e a presença da Guarda Romana dá mais brilho e emoção à festividades. (na foto acima de Giselle Oliveira, celebração de Corpus Christi em Diamantina)
          São cerca de 50 homens que se vestem como os soldados Romanos da época de Jesus e caminham pela ruas históricas da cidade nas cerimônias da encenação da Paixão, condenação e morte e ressurreição de Jesus. Caminham com passos e movimentos compassados, portando escudos e batendo as alabardas (arma romana composta por uma longa haste) produzindo um som que lembra dor e sofrimento. (foto acima de Giselle Oliveira)
          A Guarda Romana é tão importante para a cidade que foi registrada como bem imaterial do patrimônio municipal. 
Pitangui
          Pitangui está a 125 km de Belo Horizonte, na Região Centro Oeste de Minas. Fundada em 1715, foi uma das primeiras cidades mineiras. Com mais de três séculos de história, Pitangui preserva suas tradições, principalmente religiosas.  (fotografia acima de Nicodemos Rosa)
          Há mais de 300 anos, acontece a "Procissão do Fogaréu" no dia de Santa Cruz, 3 de maio de cada ano. A procissão encena a saída dos soldados romanos para prenderem Jesus. Somente homens participam da procissão, seguindo a risca a tradição tricentenária. Saem pelas ruas históricas de Pitangui, em ritmo lento cantando hinos de louvor, vestidos come túnicas brancas, cobrindo a cabeça e segurando tochas ou luminárias nas mãos. 
Congonhas
          Congonhas é uma das mais importantes cidades históricas de Minas. Fica a 88 km de Belo Horizonte.  É na cidade que está o Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, uma das mais impressionantes obras do maior artista brasileiro de todos os tempos, Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho (1730-1814). (foto acima de Marcelo Santos) Os passos da Paixão de Cristo é a obra prima de Aleijadinho que conta com  66 figuras em cedro representando a ceia, horto, prisão, flagelação, coroação de espinhos, cruz às costas e crucificação de Jesus. 
Ouro Preto
          A Semana Santa em Ouro Preto MG, cidade Patrimônio da Humanidade, distante 100 km de Belo Horizonte atrai gente de todo mundo. As ruas recebem serragens e arte, como no dia de Corpus Christi. As celebrações são da mesma forma que 300 anos atrás, inclusive com cantos em latim. (foto acima e abaixo de Ane Souz)
          A Semana Santa em Ouro Preto é organizada pelas Paróquias de Nossa Senhora da Conceição, no bairro Antônio Dias em ano ímpar e pela Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, em ano par.
          A beleza da fé, das vestimentas usadas pelos religiosos, a decoração das janelas dos casarões coloniais, a luz das velas levadas pelo povo em cortejos pelas ruas históricas da cidade se transformam num espetáculo que dá gosto de se ver. É uma verdadeira volta ao tempo. 
Mariana
          Mariana a mais antiga cidade de Minas, tem mais 320 anos de história Fica apenas 20 km de Ouro Preto e a 120 km de Belo Horizonte. Desde os primórdios de sua existência, a Semana Santa é o evento religioso mais importante da cidade e com tradições seculares. Todos os anos acontece a procissão das almas, onde fiéis se cobrem com túnicas brancas, carregam velas e saem pelas ruas da cidade na madrugada da sexta-feira da Paixão. (fotografia acima de Ane Souz)
          No domingo, por ser significar a Ressurreição de Cristo, as ruas são enfeitadas com lindos tapetes coloridos onde crianças vestidas de anjos passam por essas ruas. Os moradores enfeitam suas sacadas e janelas com colchas, toalhas bordadas e flores. O toque dos sinos são espetáculos à parte.  O evento religioso se concentra principalmente na Catedral da Sé e na Praça Minas Gerais. Além das procissões, tem malhação do Judas, decoração das rua com flores e serragens e shows à noite. 
São João Del Rei 
          Na cidade histórica que fica a 185 km de Belo Horizonte a tradição e devoção dos fiéis atravessam séculos (foto acima de Wilson Paulo Braz). A Semana Santa é um dos marcos da fé dos moradores de São João Del Rei. Cânticos em latim, rituais seculares, cerimônia do lava-pés, encenação da crucificação e ressurreição de Jesus, missas, apresentação de corais e orquestras, acompanhadas por 25 padres, numa manifestação de fé e religiosidade oriundas das Irmandades do século 18. Além disso, decorar as ruas do Centro Histórico com tapetes de serragem e flores pelos moradores é uma tradição valioso para os fiéis que fazem questão de participar ajudando a decorar suas ruas. 
Tiradentes
          Tiradentes fica a 15 km de São João Del Rei e a 190 km de Belo Horizonte.(foto acima de César Reis) O evento religioso mais importante da cidade é a Semana Santa. O ponto de partida ou chegada é a Igreja de Santo Antônio. O ritual religioso da Semana Santa é preservado desde os tempos do Brasil Colônia, há 300 anos e duram 19 dias. Missas, procissões, encenações, vigílias e todo o ritual da Semana Santa é praticado com o envolvimento de toda a cidade. No domingo de Páscoa, as janelas do preservado casario da cidade ficam decoradas com toalhas bordas e flores. A cidade fica mais linda ainda nesse dia.
Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas
          No alto da Serra da Piedade, em Caeté, distante 51 km da Capital, acontece todos os anos uma das mais belas celebrações da Semana Santa em Minas. Por estar no topo da Serra da Piedade, o Santuário, que é a menor basílica do mundo, parece que está no céu. O visual é impressionante e emociona a todos. Nossa Senhora da Piedade é a Padroeira de Minas Gerais. Durante dos dias de celebração da Semana Santa, no Santuário tem missas e vigílias em intenção das almas, onde os fiéis rezam pelas almas dos que estão no purgatório.
          Um pouco perto de Caeté, está Barão de Cocais MG, distante 95 km de Belo Horizonte. Na cidade acontece a bênção dos fogos de artifícios, também conhecida por "Cerimônia da Luz", no sábado de Aleluia, no Santuário de São João Batista
         Na vizinha Santa Bárbara (na foto acima de Thelmo Lins), a 105 km de Belo Horizonte acontece há mais de 40 a encenação dos Passos da Agonia pelo Grupo de Teatro Âncora em frente a Igreja Matriz de Santo Antônio, no Centro Histórico. É encenação da Paixão e morte de Cristo.
          Em Catas Altas (na foto acima de Elvira Nascimento), pertinho de Santa Bárbara e distante 120 km de Belo Horizonte, a tradição na Semana Santa é a procissão de Ramos e a comemoração da Ressurreição de Jesus Cristo. As festividades religiosas acontecem no entorno da Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Sabará 
          Sabará está a 20 km a 20 km de Belo Horizonte. Nessa cidade tricentenária, a Semana Santa é revivida como no período colonial. Um dos costumes preservados até os dias de hoje em Sabará é o de enfeitar enfeitar as imagens de Nossa Senhora das Dores com rosas, e a de Nosso Senhor dos Passos com folhas de rosmaninho, manjericão e alecrim, que dão um perfume suave nos templos dos séculos XVIII e XIX. 
          Um outro ritual em Sabará, do século 18, considerado único no Brasil, é a abertura do santo sepulcro do Senhor Morto, que acontece na Igreja de São Francisco na véspera da Sexta-feira da Paixão. No caso, é numa quinta-feira, quando os fiéis saem as ruas em procissão do enterro, relembrando a crucificação de Jesus e ficando em vigília e oração. Na Sexta-feira da Paixão, antes do sol nascer por volta das 4 horas da manhã, os fiéis saem da Igreja de São Francisco em procissão, até o Morro da Cruz encenando a via-sacra e retornam em seguida. Esse ritual dura em média 3 horas. 

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