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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

As 15 mais belas capelas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Basílica, Catedral, Paróquia, Igreja, Capela e Ermida. Essa é ordem hierárquica dos templos católicos. Basílica é a mais alta na hierarquia dos templos católicos. Diferencia das catedrais por ser mais pomposa e ter alguns privilégios, como por exemplo, altar reservado ao papa, cardeais e outras autoridades superiores da Igreja. Já uma Catedral, seria a sede da diocese, que é um conjunto de paróquias, tendo um bispo como superior, responsável. As igrejas são os templos principais que formam a Paróquia, tendo uma delas, designada como matriz.
          As Capelas são pequenos templos, com atendimentos religiosos específicos, mas sem contar com os serviços religiosos normais do dia a dia das igrejas, como esta acima, registrada pelo Peterson Bruschi, a Capela do Senhor do Bonfim, datada do século 1789, integrada ao casario colonial da Rua Monsenhor Barros - Santa Quitéria, em Catas Altas MG, Região Central.
          Esses pequenos templos foram e até hoje são construídos em locais mais distantes da Matriz, como por exemplo em casarões de sedes de fazendas, colégios, universidades, presídios, conventos, quartéis, quilombos, aldeias indígenas e comunidades rurais ou mesmo dentro das cidades, com funções específicas.
          Uma dessas capelas, com funções específicas, é a Capela do Santuário Schoenstatt Tabor da Liberdade ou Santuário da Mãe Rainha, em Confins, a 30 km de BH, a 5 minutos do Aeroporto Internacional (na foto acima de Elvira Nascimento). Construída em 2003, a singela Capela, é uma réplica do Santuário Schoenstatt, movimento religioso pertencente à Igreja Católica Apostólica Romana, fundado pelo Padre José Kentenich, em 1914, na cidade de Schoenstatt, na Alemanha. No mundo, são cerca de 200 santuários existentes e no Brasil, são 22. O santuário tem uma ótima estrutura para receber os fiéis, devotos da Mãe Rainha, que vem de todas as regiões do Brasil, principalmente em maio e outubro, para expressarem sua devoção a Mãe Rainha. É uma das referências do turismo religioso em Minas Gerais.
          Já as ermidas, são pequeninos templos, geralmente construídos em locais ermos e distantes das fazendas e vilarejos ou mesmo, (na foto acima do Marley Melo, uma pequena ermida, na Zona Rural de Mar de Espanha MG, Zona da Mata).          
          Em tempos antigos, era tradição construir capelas e ermidas nas fazendas e comunidades rurais, devido às dificuldades do povo em ir às igrejas assistir às missas e participar das atividades da paróquia.
          Nas capelas, faziam as rezas dos terços e celebravam as principais festas religiosas como Semana Santa, Corpus Christi e festas dos santos padroeiros de cada capela, além dos festejos tradicionais, como Festas Juninas e agradecimentos pela colheita ou graças alcançadas.
          Uma das capelas que se destaca em Minas Gerais, sendo considerada uma das mais belas, é a Capela do Senhor do Bonfim (na foto acima do Arnaldo Quintão), no topo do Morro Redondo, em Ipoema, distrito de Itabira MG, Região Central. O Morro Redondo está a 1.180 metros de altitude, acima do nível do mar. É um lugar ideal para fotografar, meditar e contemplar a natureza, já que do mirante, ao lado da Capela, é possível avistar os distritos de Ipoema, Serra dos Alves e Senhora do Carmo, além da Mina do Cauê, o Santuário do Caraça e o município de Bom Jesus do Amparo.
          São milhares de capelas espalhadas pelos 853 municípios e 1772 distritos mineiros, cada uma mais linda que a outra e algumas, como a Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, iniciada em 1717, são verdadeiros tesouros de nossa história (na foto acima do Jairo Nunes Ferreira)
          A Capela é um esplendor de beleza e um dos mais belos exemplares do estilo Nacional Português em Minas Gerais, a primeira fase do Barroco Mineiro, além de contar com traços orientais em suas ornamentações interiores.
          Infelizmente não temos como postar todas, por isso, escolhemos, apenas 15 capelas que se destacam por sua relevância histórica e arquitetônica para Minas Gerais. São capelas reconhecidas como patrimônios municipais, do Estado de Minas Gerais e do Brasil, através tombamento pelos órgãos de cultura das prefeituras locais, pelo IEPHA e IPHAN.
1ª - Capela de São José da Serra em Jaboticatubas
 
          Uma singela capela, com arte, adornos e contornos bem mineiros, em estilo colonial, encanta quem visita a pitoresca e bucólica Vila Colonial de São José da Serra, distrito de Jaboticatubas, apenas 25 km do Centro da cidade. A mimosa vila é um encanto, com seu casario em estilo colonial, bem preservado, o marco do Cruzeiro, datado de 1800 e sua capela, em tom azul e branco, com data de 1922, formam um dos mais simples, singelos e importantes conjuntos arquitetônicos mineiros. Da charmosa e atraente capela, tem-se como vistas, as belezas naturais da Serra do Cipó. (foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
2ª - Capela de Santana em Belo Vale
          Em Belo Vale, distante 88 km de Belo Horizonte, no Vale do Paraopeba, o Vale do Charme Mineiro, está um dos mais queridos templos religiosos de Minas e um dos marcos da fé católica da cidade: a Capela de Santana, na Comunidade de Santana do Paraopeba, a 9 km de Belo Vele.
          Construída em1735 pelos escravos, a mando de Manoel Sobreira e Manoel Machado, dedicaram a Capela a Santa Ana, a mãe de Maria e avó de Jesus. 26 de julho é o dia da santa e nesse dia, foi descoberto ouro na região. Por isso a dedicação do Capela à Santana. A arquitetura da Capela evidencia a transição do estilo Nacional Português, para o início do Barroco Mineiro. A Capela possui altares e retábulos em madeira muito bem trabalhadas, bem como seus ornamentos internos, talhas douradas no altar-mor e pinturas no forro, evidenciando assim a fase clássica da arte barroca mineira.
          Desde sua construção, a Capela passou por algumas reformas, apresentando em sua arquitetura, elementos do estilo barroco e a partir de 1920, recebendo retoques em estilo eclético. Em 1929, uma grande intervenção, modificou a fachada original da Capela, abrindo arcos em sua porta e janelas, e acrescentando elementos diferentes do estilo barroco original da Capela. De original, restou em sua fachada, a data grafada, quando da construção do templo: 1735. A Capela passou por nova restauração recente, em 2020, de sua parte arquitetônica, cabendo agora a restauração de seus elementos artísticos interiores.
3ª - Capela do Rosário em Milho Verde
          A singela e mimosa capela do século XIX, dedicada à Nossa Senhora do Rosário, erguida pela devoção e fé dos negros livres e escravos, é um dos mais importantes templos setecentistas de Minas Gerais. Pouco se sabe sobre sua história, construção e data de seu início e conclusão da obra. A certeza é que é do século XIX e que é uma das maiores preciosidades da arquitetura mineira. (na foto acima de John Brandão/@fotografo_aventureiro.)
          Ladeada por um charmoso e simples casario colonial, localizada no topo de uma colina, de onde se tem uma bela vida em redor, principalmente do Pico do Itambé, fica em Milho Verde, distrito da cidade do Serro MG no Vale do Jequitinhonha.
          Erguida em barro, com estruturas em madeira bruta, mas bem trabalhadas, principalmente na sua fachada, chanfrada e com torre central, telhado em duas águas e ornamentos interiores em talhas simples. A pequena capela se destaca por ser um dos mais belos símbolos da mineiridade e simplicidade mineira e uma das mais visitadas e fotografadas capelas do Estado.
4ª - Capela da Penha em Passos
          Uma arquitetura diferente e singular para as capelas do século XIX, em forma octogonal e muito atraente (na foto acima de William Cândido), construída por Antônio de Faria e sua esposa, por gratidão à Nossa Senhora da Penha, por graça alcançada. A construção começou em 1863 e foi concluída em 1867, com bênção do padre João da Fonseca e Melo. Passou uma reforma na década de 1960 e outra, na década de 1980. Em 2008 passou por um novo processo de restauração, administrado pelo arquiteto André Nery, tendo sido concluído em 2009. É um dos maiores símbolos da religiosidade de Passos, um povo com tradições vivas, reconhecido pelo amor às sus tradições e preservação das festividades religiosas seculares. Por sua importância, a Capela de Nossa Senhora da Penha, é um bem tombado pela administração municipal desde 1998.
5ª – Capela do Senhor do Bonfim em Santa Luzia
          No Centro Histórico de Santa Luzia, cidade distante apenas 20 km de Belo Horizonte, uma charmosa capela erguida entre o final do século XVIII e início do século XIX, chama atenção, em meio a suntuosas construções do período colonial na cidade. É a Capela do Senhor do Bonfim (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade), restaurada e entregue à população em 2006, pelo IEPHA/MG. 
          É uma típica construção do Barroco Mineiro, com telhado em duas águas, porta frontal, duas portas no fundo, um sineiro sem torre e duas janelas frontais. As paredes tem a cor branca, com a base, em madeira, na cor azul. É um dos tesouros arquitetônicos de Minas Gerais. Em seu altar-mor, segue o estilo rococó, com ornamentação feita em talhas bem trabalhadas e no altar, a imagem do Senhor do Bonfim, esculpida por um escravo, que fez a obra em troca de sua carta de alforria, segundo a tradição oral.
6ª – Capela de Santa Quitéria em Catas Altas
          Construída por volta de 1728, no século XVIII, no alto de uma colina em Catas Altas MG, Região Central, a Capela Setecentista de Santa Quitéria é uma das mais expressivas construções em estilo Nacional Português em Minas Gerais. A base de sua estrutura é madeira maciça e barro, com frente chanfrada e torre central. Em seu interior, elementos do estilo joanino e rococó, ornamentam o altar-mor. (fotografia acima de Tom Alves/tomalves.com.br)
          A Capela foi tombada em 1999 pelo Núcleo Histórico de Catas Altas e também pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG)
7ª - Capela de São Francisco em Monte Verde
          Monte Verde tem sua origem em imigrantes vindos da Letônia (Latvijas Republika), país do Leste Europeu, na parte oriental do Mar Báltico. Seu fundador é o letão Verner Grimberg, percebendo semelhanças do lugar com seu país, como as paisagens, o frio e belezas naturais, adquiriu uma fazenda na região. Com o passar do tempo, outros letões começaram a chegar e um povoado a se formar, sendo hoje, Monte Verde, um dos mais badalados centros de turismo no Brasil. Os letões, fundadores de Monte Verde, deixaram um pouco da história, culinária e a arquitetura da Letônia, presente em todos os cantos da charmosa vila, de 6 mil habitantes.
          Uma dessas construções, em estilo letão, que se destaca, é a Capela de São Francisco de Assis (na foto acima de Sérgio Mourão), localizada na principal via de Monte Verde e bem ao lado da Paróquia de São Francisco de Assis. A pequena Capela, representa o estilo de vida de São Francisco de Assis, em sua simplicidade e humildade.
8ª – Capela do Porto do Saco
          No final do século XVIII e nos primeiros anos do século XVIII, foi formada uma fazenda, na curva do Rio Grande, em Carrancas MG, Campo das Vertentes. Essa curva lembra um saco, com a fazenda passando a ser associada a essa curva, sendo chamada de Fazenda do Saco.
          
Segundo a tradição oral, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição foi encontrada à beira do Rio Grande. Retirada da beira do rio, foi levada para uma capelinha de madeira na fazenda. Dona Júlia Maria da Caridade, proprietária das terras, decidiu construir uma capela, de alvenaria para abrigar a imagem. (na foto acima de Rogério Salgado) A tricentenária capela foi erguida em pedra, na cor branca, com 4 janelas e porta frontal, portas e janelas laterais, em madeira, sem torre e sineira interna, sendo ainda, cercada por uma murada de pedras. Sacristia com retábulos, pinturas e ornamentos simples, em estilo rococó. No assoalho da Capela, estão os túmulos dos seus benfeitores. Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG, a Capela é ainda, o primeiro patrimônio municipal de Carrancas e em torno da Capela, um povoado, hoje distrito, começou a ser formar a partir de 1879 está a 18 km do Centro de Carrancas.
9ª - Capela do Patriarca São José em Cordisburgo
          Construída em 1883 pelo Padre João de Santo Antônio, foi dedicada ao Patriarca São José. Em torno da Capela (na foto acima do Edson Borges), em estilo colonial e até os dias de hoje, preservada em sua originalidade, formou-se um povoado, com o nome de Vista Alegre. O pequeno povoado, deu origem à cidade de Cordisburgo, na Região Central. Por isso a importância da Capela para a história e formação do município, conhecido ainda pelas grutas, como a de Maquiné e por ser a terra do escritor Guimarães Rosa.
10ª - Capela Bom Jesus de Matosinhos em Couto de Magalhães
          Construída no final do século XVIII, a Capela do Senhor Bom Jesus de Matozinhos (na foto acima de Leandro Leal), na cidade de Couto de Magalhães de Minas, no Vale do Jequitinhonha, é uma das mais singelas e belas arquiteturas do Barroco Mineiro. Tombada pelo IEPHA/MG em 2 de junho de 1977, a capela segue o estilo das construções barrocas, com fachada bem simples, com uma única torre e uma beleza impactante em seu interior. 
          Destaca pela beleza dos retábulos, com pinturas e esculturas seguindo o estilo rococó e também o estilo joanino, com destaque para as imaginárias nos altares laterais do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Rita, de Santana, além de dois crucifixos. Retábulos são estruturas artísticas com louvores, instalados atrás ou acima do altar, feitos em madeira, mármore, pedra-sabão ou outro tipo de material, encerrando um ou mais painéis, pintados ou esculpidos.
11ª – Capela do Sagrado Coração de Jesus em Tabuleiro
          Conceição do Mato Dentro é uma cidade histórica mineira, distante 170 km da capital. Com origens nos primeiros anos do século XVIII, a tricentenária cidade se destaca pela riqueza do seu patrimônio arquitetônico. Destaca atualmente pela mineração, por suas paisagens espetaculares, pelo ecoturismo e seus distritos, igualmente ricos em tradição, história e arquitetura. Entre esses distritos, está Tabuleiro, distante 18 km do Centro da cidade. (foto acima de @vinicusbarnabe) Além de estar no distrito, a maior cachoeira de Minas, a Cachoeira do Tabuleiro, com 273 metros de queda, o Poço do Pari, Poço Pari, o Sítio Arqueológico do Dourado, a Lapa dos Gentios e Piscina da Lapa do Rio Preto, além da Cachoeira do Zé Cornicha.
          O bucolismo e mineiridade da charmosa e acolhedora vila colonial está presente em suas construções e em seu povo, muito hospitaleiro e acolhedor. Vivem na mimosa vila, pouco mais de 1 mil moradores. Tabuleiro guarda um dos tesouros do barroco mineiro: a capela do Sagrado Coração de Jesus.
          A capela e toda a vila simbolizam a nossa mais genuína mineiridade, evidenciando a harmonia da arquitetura barroca, com a simplicidade de seu povo e com a natureza. Erguida no topo de uma colina, que permite uma bela vista da vila e da natureza em redor, tem acesso por uma ladeira em pedras e escadaria, muito bem cuidada e iluminada. 
          A Capela possui em seu exterior detalhes bem simples com estrutura em madeira, na cor vermelha, portas e janelas na cor azul, com contornos vermelhos, uma torre com sineira, portas e janelas laterais e telhado em duas águas. Seu interior conta com altar-mor, retábulos, pinturas e ornamentos bem simples, mas muito bem preservados e cuidado com muito carinho por seus moradores.
12ª – Capela do Rosário em Grão Mogol
          Uma capela singular e de grande importância para a cidade histórica norte-mineira, de Grão Mogol MG, com origens no século XVIII, com suas construções no estilo colonial e em pedras, abundantes na região. Um dos destaques da cidade é a Capela de Nossa Senhora do Rosário. Erguida em pedra sobre pedra, janelas de madeira em formato de arco e telhado colonial e altar em talhas bem trabalhadas que impressionam pela beleza e riqueza, dedicado à Nossa Senhora do Rosário, retratada no altar segurando um terço, e com vestes em azul. A capela foi tombada em 2001 como patrimônio municipal. (fotografia acima de Tharlys Fabrício)
13ª - Capela de São Francisco de Paula em Tiradentes
          Edificada no alto de um morro, com gramado em sua frente e a tradicional cruz, com os instrumentos usados nas chagas de Jesus, está a singela Capela de São Francisco de Paula. É uma das mais importantes capelas, edificadas durante o Ciclo do Ouro, na cidade histórica de Tiradentes MG.
          Erguida em meados do século XVIII, foi tombada como patrimônio nacional pelo IPHAN, em 27 de janeiro de 1964. Por estar num lugar alto, com ampla vista para a cidade, em especial, a Matriz de Santo Antônio, subir o morro, conhecer a capela e fotografar a cidade e a Serra de São José, é quase que um ritual dos turistas que visitam Tiradentes.
          Diferente das tradicionais capelas erguidas em no município, a Capela (foto acima do César Reis) possui as sineiras não em torres e sim no corpo da fachada, que tem ainda duas janelas e uma porta em madeira bruta. Em seu interior, encontra no retábulo-mor a imagem de São Francisco de Paula, além das imagens de Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo. No lado direito da Capela, um painel de autoria de G. Rodrigues, feito na década de 1940, retrata moradores de Tiradentes, assistindo uma missa. Nas laterais da Capela, pode se ler a reprodução de dois ex-votos, datados do século XVIII. Em um desses ex-votos, pode-se ler a seguinte frase: “Mercê que fez São Francisco de Paula a Bernarda Maria, dando saúde a um seu escravo por nome José; que por espaço de cinco dias não comeu nem bebeu, nem fez operação alguma. Anno de 1787”. Um ex-voto, palavra em latim que significa “por força de uma promessa”, é um presente que um fiel oferece ao seu santo de devoção, em consagração, renovação de uma promessa ou agradecimento de uma graça alcançada.
14ª - Capela de Santa Rita em Serro
          É o maior símbolo da cidade do Serro MG, Vale do Jequitinhonha, e uma das mais singelas e belas construções coloniais do Estado de Minas Gerais. (foto acima de Elvira Nascimento) Erguida no topo de uma colina, com vista de 360 graus da cidade, com acesso por uma escadaria de 57 degraus, está a Capela de Santa Rita, construída por volta de 1745, no século XVIII.
          A arquitetura da Capela é simples, charmosa e atraente. Seu telhado é em duas águas, com fachada poligonal, com uma porta central e duas laterais e 5 janelas e uma única torre, onde está um relógio. Em seu interior, talhas em detalhes dourados e pinturas marmorizadas e motivos florais, nas paredes, feitas no século XIX, completam a harmonia da arte barroca mineira. A Capela está inserida no Conjunto Arquitetônico do Serro, tombado como Patrimônio Nacional pelo IPHAN em 1938.
15ª - Capela de Santo Antônio do Canjica
          Em Tiradentes, no Campo das Vertentes está uma das mais singelas e simples capelas mineiras, tanto em seu exterior, quanto em seu interior. Dedicada a Santo Antônio, data dos primeiros anos do século XVIII, erguida numa área de mineração de ouro. À época, as pedras de ouro encontradas nas minas em torno da capela tinham o tamanho dos grãos do milho da canjica. Por esse motivo, a localidade passou a se chamar Canjica e a capela, dedicada a Santo Antônio, teve o acréscimo de Canjica, passando a se popularizar com o nome de Capela de Santo Antônio do Canjica e é esse nome até os dias de hoje. (foto acima do César Reis)
          A simplicidade da Capela e do bairro, contrasta com sua importância para a região, durante o Ciclo do Ouro, já que era a principal área de exploração mineral de Tiradentes, no século XVIII. Mesmo um pouco distante do Centro Histórico de Tiradentes, o bairro do Canjica e sua capela, por sua importância histórica, são considerados, pelo IPHAM, partes do conjunto paisagístico e arquitetônico da cidade histórica mineira.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Inconfidentes: a Capital Nacional do Crochê

(Por Lucas Silva Dantas*) Inconfidentes, localizada no interior do Sul de Minas Gerais, é uma cidade encantadora na sua simplicidade, na sua beleza e na riqueza dos seus talentos. Localizada a 441 quilômetros da sua Capital Belo Horizonte com acesso pela BR-381 e MG-290, a cidade possui aproximadamente 7.300 habitantes e 149 Km2, fazendo divisa com os municípios de Bom Repouso, Borda da Mata, Bueno Brandão, Ouro Fino e Tocos do Moji.
Fotografia de Cesar Augusto Neves, por meio do seu projeto “Um Novo Olhar sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc.
          Segundo a historiadora Leyde Moraes Guimarães no seu livro “Inconfidentes: a terra que me viu nascer” (2010):
          “Naturalmente os primeiros habitantes desta região foram os gentios – talvez o gentio caiapó (habitante das matas) – que dominaram a vasta região da cabeceira do rio Mogi-Guaçu. Inconfidentes está situada em território que era ocupado por eles. A nação caiapó pertencia ao grupo jê e era de caráter bravio. Dominava desde a cabeceira do rio Araguaia, em Goiás, até as cabeceiras dos rios Oriçanga e Mogi-Guaçu. Suas aldeias se estendiam pelos vales dos rios.
          Geralmente estabeleciam residências nos lugares onde mais abundavam a caça e a pesca. ”
          Segundo Elaine Garcaia Reberte, em seu trabalho denominado “Histórico de Inconfidentes” (1998):
          “A vinda dos bandeirantes em busca de ouro nas margens do Rio Mogi Guaçú também marca a história de Inconfidentes. O território era chamado Povoado de Mogi Acima e pertencia ao município de Ouro fino. O ourofinense Júlio Bueno Brandão tomou todas as providências junto ao Governo Estadual para que fosse criado uma Colônia Agrícola de Estrangeiros, onde foi concedido e iniciada em 22 de maio de 1910. Intitulada Núcleo Colonial de Inconfidentes as terras foram distribuídas para os colonos italianos, espanhóis, portugueses, russos, estonianos, franceses, suíços e outras nacionalidades. Desta forma, Inconfidentes não nasceu de um assentamento, mas da colonização por colonos estrangeiros e nacionais."
Fotografia de Maria Stela Rissatti, por meio do seu projeto “Uma proposta de arquivo histórico de garra da população de Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc.
          Inconfidentes se tornou município em 30 de dezembro de 1962, o nome da cidade é uma alusão aos heróis da Inconfidência Mineira, como Tiradentes e Alvarenga Peixoto.
          A cidade de Inconfidentes apresenta na sua formação os contornos de vários povos, etnias, culturas e tradições diversas. Tem um histórico de luta e resistência para deixar de ser núcleo colonial, para se desligar de Ouro Fino, até ser oficializada como município. Desde a sua criação, a cidade foi pensada por engenheiros da época, com projeção das praças, quarteirões, entre outros espaços, para que pudesse um dia ser reconhecida como cidade.
          Em Inconfidentes está sediado o Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Campus Inconfidentes, um dos maiores polos de ensino e pesquisa do Brasil. Segundo o site do Instituto:
          “O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – campus Inconfidentes, tem sua origem em 28 de fevereiro de 1918, pelo Decreto nº 12.893, nove anos após a criação da primeira Escola Agrícola no Brasil, ainda como Patronato Agrícola, vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Permaneceu assim até o final da década de 50, quando então passou a ser denominada a Escola Agrícola “Visconde de Mauá”, oferecendo curso ginasial, durante toda a década de 60. No dia 29 de dezembro de 2008 a Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes/MG, passou a denominar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes, juntamente com as ex- escolas agrícolas de Machado e Muzambinho. Com a sua criação, os Institutos deverão ter forte inserção na área de pesquisa e extensão, visando estimular o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas e estendendo seus benefícios à comunidade.”
Fotografia de Rosiane Aparecida Silva, por meio do seu projeto “Um Olhar Sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc
          Inconfidentes é reconhecida como a Capital Nacional do Crochê, sendo uma das maiores produtoras de crochê, malhas, fios, fibras e tapetes do Sul do Minas Gerais. O crochê está no dia a dia da população, se transformou em fonte de renda de muitas pessoas do município, deixando um legado histórico e cultural para a cidade. O modo de fazer crochê foi tombado como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais através da lei Nº 22896, DE 11/01/2018. A cidade integra o Circuito Turístico das Malhas, sendo uma das maiores produtoras de malhas e de crochê do Estado.
          A cidade se tornou famosa por sua produção artesanal de peças com essa técnica, tanto em linha de seda quanto em linha de barbante. O crochê está na decoração das árvores, no tapete das casas, nas lojas de artesanato, nas roupas e acessórios, nas mãos de crocheteiras que ensinam suas filhas, suas netas e passam essa arte de geração em geração. O crochê produzido em Inconfidentes se espalha pelas lojas de todo o País. Estima-se que mais de 2 mil pessoas fazem o artesanato no município, comprovando o ditado popular que diz que em Inconfidentes toda família tem uma crocheteira.
Fotografia de Caroline Silva Dantas, por meio do seu projeto “Mãos (In)Visíveis”, para a Lei Aldir Blanc.
          Para trazer visibilidade as malharias, comércios, artistas e artesões do Município foi criado a CrocheMalhas, um importante evento da cidade com cerca de 4 dias de exposição com desfiles, shows e outros eventos organizados para atrair turistas e a população das cidades vizinhas. Nos dias de realização da CrocheMalhas a cidade toda se reúne para apreciar a exposição de malhas, crochês, entre outros artesanatos e produções.
          Em 2005, Inconfidentes entrou para o Rank Brasil como o maior artesanato linear em Crochê do Brasil com um tapete de 2.578,09 metros. A peça de crochê foi estendida desde a entrada da cidade, passando pela avenida principal, decorando toda a praça da igreja e entrando até o pavilhão de exposições da CrocheMalhas.
          Para além do crochê Inconfidentes também possui outras riquezas e conta com a produção de alho, café, verduras, legumes, frutas, bucha, leite, queijo, danone, doce de leite, entre outros produtos que trazem riqueza, fartura e que são o sustento de muitas famílias da cidade. Os produtores rurais estão espalhados por todo o município, que possui extensa Zona Rural, com plantações e produções diversas, incluindo a pecuária.
Fotografia de Rosiane Aparecida Silva, por meio do seu projeto “Um Olhar Sobre Inconfidentes”, para a Lei Aldir Blanc 
Fotografia Ana Luiza Silva Ribeiro do Vale, por meio do seu projeto “Sobre Olhares”, para a Lei Aldir Blanc.         
          Inconfidentes também faz parte do roteiro turístico do Caminho da Fé, caminho de peregrinação inspirado no milenar caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Para além do Caminho da Fé Inconfidentes também está no trajeto do Caminho da Prece, Caminho de Nhá Chica, Caminho das Graças e Prosas e Caminho das Capelas. Inconfidentes possui hotéis, hostel e pousadas prontas para receber turistas e peregrinos que por aqui passam e desejam conhecer melhor o município!
          Seja para apreciar as árvores revestidas de crochê, para peregrinar pelos diversos caminhos que passam pelo município, para imergir no turismo rural e conhecer picos e cachoeiras, para comprar os artesanatos, provar o café, os queijos e doces, para conhecer o IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes e seus inúmeros cursos técnicos, para visitar a Igreja e as diversas capelas do município, visite e conheça Inconfidentes!
Fotografia de Ana Luiza Silva Ribeiro do Vale, por meio do seu projeto “Sobre Olhares”, para a Lei Aldir Blanc.
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*Lucas Silva Dantas é educador e artista, natural de Inconfidentes e colaborador do Turismo e da Cultura do município
Referências Bibliográficas: Livro “Inconfidentes a terra que me viu nascer - aspectos históricos gerais” escrito por Leyde Moraes Guimarães (2010); Trabalho “Histórico de Inconfidentes”, escrito por Elaine Garcia Reberte (1998)

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Itapanhoacanga: preciosa joia da Estrada Real

(Por Arnaldo Silva) Itapanhoacanga, em tupi-guarani significa “Serra da Cabeça Preta”. É um nome que dá para enrolar a língua, mas também, ensina muito. Principalmente sobre a história da mineração de ouro e diamantes, nos tempos do Brasil Colônia.
          Itapanhoacanga é um charmoso, atraente e acolhedor distrito de Alvorada de Minas, pequena cidade mineira com pouco mais de 4 mil habitantes, a nordeste da Região Central. O município está a 210 km de Belo Horizonte, com aceso pela MG-010. Faz divisa com os municípios do Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Sabinópolis. (na foto acima do Anderson Sá, o letreiro do distrito e abaixo, do Marcelo Santos, a Igreja do Rosário)
          Quem quer conhecer a Estrada Real e sua história, tem que conhecer Itapanhoacanga, uma charmosa e atraente vila colonial mineira, onde vivem cerca de 1700 pessoas.  A vila tem origens no inicio do século XVIII. Tem ainda como tradição as tradicionais Marujadas, Bumba Meu Boi e a Folia de Reis, preservadas em sua originalidade.
          Além de sua riqueza arquitetônica e folclórica, encontra-se no distrito, belíssimas paisagens, principalmente às margens dos rios Landim, Campina e Tanque do Carumbé, além desses rios serem pontos de lazer de seus moradores.
          A economia de Itapanhoacanga tem como base a agricultura, pequenos comércios, o turismo e a mineração, com exploração atualmente de jazidas de minério, na região. A mineração se estende de São Sebastião do Bom Sucesso, antigo Sapo, distrito de Conceição do Mato Dentro MG, até as proximidades do município do Serro MG. A atividade vem reativando a economia de toda região, onde estão as jazidas de minério. (fotografia acima de Luciana Silva)
          No Século XVIII, Itapanhoacanga era distrito do Serro do Frio e se destacava no garimpo, sendo o distrito que gerava mais riqueza, com exploração de seus garimpos de ouro. Essa riqueza, além de sua posição privilegiada, transformou Itapanhoacanga num pouso do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real. Ligava o Serro do Frio à Ouro Preto. Quem vinha da região de Diamantina, passava pelo Serro do Frio e pousava em Itapanhoacanga. 
          O trecho da Estrada Real, em Itapanhoacanga é hoje a rua principal do distrito. Por essa rua, passaram governadores, fidalgos portugueses, mercadores, tropeiros, garimpeiros e tropas diversas. Nessa rua passaram também importantes viajantes e pesquisadores, como John Mawe, em 1808 e Saint-Hilaire, em 1816. (foto acima e abaixo da Luciana Silva)
          No auge do Ciclo do Ouro, no século XVIII, era uma das regiões mais movimentadas da Estrada Real. Com a escassez do ouro, o movimento sofreu drástica redução, bem como o declínio econômico, não só em Itapanhoacanga, mas em todas as cidades produtoras de ouro e diamantes, foi visível. O que ficou do auge da riqueza, foram as ricas construções coloniais e principalmente, as igrejas, ornadas em ouro puro, com talhas e pinturas muito bem trabalhadas. Hoje, relíquias de nossa história e de um imenso valor cultural.
          Itapanhoacanga conta um pouco desse tempo e preserva em sua arquitetura, cultura e religiosidade, as tradições dos séculos XVIII e XIX. 
          Entre as maiores riquezas, presentes no distrito, são hoje consideradas de grande valor arquitetônico e de grande importância histórica, para Minas Gerais. 
          Uma delas é a Igreja de São José, um dos mais importantes templos da arte barroca mineira, tombado pelo IPHAN em 1972. (foto acima de Giselle Oliveira) A obra teve início em 1746, tendo sido concluída em 1785. Dois anos depois, era concluída a pintura do forro. Em estilo rococó, com12 belíssimos painéis, representando cenas da vida de José, o pai de Jesus. No forro, está grafada a seguinte frase: “No ano de 1787, pintou esta pintura Manoel Antônio da Fonseca, por mandado do Capitão José Pereira Bonjardim, que por sua devoção deu as tintas”. A igreja conta uma portada e duas janelas frontais que impressionam pelo fino acabamento, bem com as talhas internas, principalmente na ornamentação do altar-mor. 
          A Igreja de São José foi restaurada, entre 1999 e 2000, e como podem ver na foto acima, carece de nova restauração. E será restaurada.
          Ao custo de 4 milhões de reais, a Igreja de São José de Itapanhoacanga, será totalmente restaurada pelo IPHAN, em parceria com a multinacional inglesa Anglo American PLC, uma das maiores mineradoras do mundo, que atualmente, atua na exploração mineral na região.
          A parceria entre o órgão federal e a minerador, é fruto fruto da assinatura de um Termo de Compromisso, para restaurar esse importante patrimônio histórico de Minas Gerais, num prazo de 24 meses. Será uma restauração completa, começando pela parte artística da igreja, como portada, forros, altar, pisos, elementos decorativos, etc. A igreja contará ainda com proteção contra descargas elétricas, alarmes, proteção contra incêndios, além de sonorização e instalações hidrossanitárias adequadas.  
          Outra igreja de destaque e de grande valor em Itapanhoacanga é Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (na foto acima de Giselle Oliveira). É outra obra magnífica do Barroco Mineiro, com a pintura dos painéis de seu forro atribuídas a Manuel Antônio da Fonseca. Acredita-se também que um dos discípulos de Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde, tenha participado da pintura dos painéis do forro da Igreja. (fotografia abaixo da Luciana Silva)
          Por sua história, por sua riqueza arquitetônica e por sua importância nos tempos da exploração do ouro e diamantes, Itapanhoacanga é uma das maiores joias de toda a Estrada Real, do Barroco Mineiro e de Minas Gerais. Carrega em seus três séculos de existência, boa parte da história de Minas Gerais. É a história viva, presente e preservada do Caminho dos Diamantes, da Estrada Real e de Minas Gerais. Quem quer conhecer na prática a Estrada Real e a história do Ciclo do Ouro, tem que conhecer Itapanhoacanga e região.

domingo, 24 de janeiro de 2021

A rotina de trabalho do João de Barro

(Por Arnaldo Silva) Sempre são exibidas imagens de outras aves ocupando as casas do João de Barro (Furnarius rufus) que trabalha tanto e vem outras espécies e ocupam a casinha deles. É o que todos pensam e mostram em fotos, veem na sequência da matéria. Mas será isso verdade? 
           Não, não é verdade. O João de Barro leva em média 30 dias para fazer sua casinha. Observando a rotina do dia a dia do João de Barro, foi percebido que eles tem um senso de organização e disciplina durante a construção de suas casas, que impressiona em muito. (fotografia acima de Raul Moura)
A rotina diária do João de Barro
          Acompanhando a rotina diária do João de Barro, desde o início da construção de sua casinha, até a finalização da obra, foi observado que o "Pedreiro da Floresta", não trabalha sozinho. Sempre está acompanhado de sua companheira, que o ajuda na construção da casa. 
          Sua casa tem uma entrada, onde o casal pode passar tranquilamente e espaço que acomode bem os dois, além de ser forrada com penas e pelos, para que a fêmea ponha os ovos e os filhotes fiquem confortáveis e mais protegidos dos predadores.
          Antes de começarem sua obra, escolhem o melhor lugar para sua edificação, que tem em média 30 cm, em formato esférico e com uma abertura. Optam por lugares como troncos firmes de árvores ou mesmo postes, que lhes deem segurança e que tenha menos corrente de vento. Calculam ainda a posição da casa, sempre na posição contrária aos ventos. (fotografia acima de Eduardo Afonso)
          Escolhem com atenção onde irão retirar a matéria prima para construírem juntos, sua morada. Retiram o barro úmido da natureza, misturam com palha e esterco de gado e amassam bem, usando os bicos e os pés. (fotografia abaixo de Eduardo Afonso)
          Escolhido o local de sua casa e onde irá retirar a matéria prima sua casa, percebeu-se que o casal de João-de-Barro, começava a trabalhar por volta das 7 horas da manhã, dava uma pausa por volta do meio dia, retornava pouco tempo depois e parava o trabalho por volta das 17 horas. Ou seja, trabalhava em média de 8 a 10 horas por dia, de segunda a sábado, sempre com a ajuda de sua companheira.
          Um detalhe interessante observado na rotina do casal de João-de-Barro é que eles não apareciam aos domingos para trabalhar. Em nenhum momento, durante os dias de construção de sua casinha, o casal foi visto trabalhando nesse dia da semana.
          Depois da casa e o ninho já prontos, eles se mudam e lá ficam, mas não a vida toda. Vocês pensam que depois da construção ele fica descansando, curtindo a casinha? Nada disso. Acabou sua casa, pouco tempo depois, já começa a construir outra. O João de Barro constrói sua casa e nela vive por alguns meses apenas. O tempo de duas, três ou quatro ninhadas. (fotografia acima de Odilon Euzébio, casas de João de Barro em na zona rural de Inhapim MG)
          Esse ciclo é repetido constantemente. Ele não para de trabalhar. As outras espécies de aves, entre elas os periquitos, tuins, canários-da-terra, etc., só se aproximam da casa quando o João de Barro não está mais vivendo nela. Somente quando o João de Barro já fez sua outra casinha, é que outras aves, as ocupam. Em sua maioria, as espécies não invadem o habitat dos outros. A natureza tem suas leis e estas são respeitadas. (na fotografia acima de Paulo Santos em Itamonte MG, periquitos ocupando a casa do João de Barro)
          Há poucas exceções, já que algumas espécies, tem como hábito usar ninhos de outras aves, já prontos, independentemente da espécie que seja. 
          Como exemplo, o pardal, que chega a expulsar aves de seus ninhos, para usá-lo, bem como o chupim, que coloca seus ovos, em ninhos alheios, para que as aves choquem e criem seus filhotes.
          Essas espécies invadem qualquer ninho, podendo também invadir, o ninho do João-de-barro e lá, depositarem seus ovos. As demais espécies, não. Apenas quando o João-de-barro deixa sua casinha, elas ocupam sua moradia.
A lenda

          No século passado, existia uma crença de que o João de Barro não aceitava traição e deixava sua amada presa na casinha para o resto da vida. (fotografia acima de Paulo Santos em Itamonte MG)
A lenda ganhou mais popularidade pela música "João de Barro", composta por Teddy Vieira e Muhib Cury, interpretada por grandes nomes da música sertaneja brasileira como Tonico e Tinoco e Sérgio Reis.
          A letra foi inspirada nessa crença popular, mas pesquisadores, que estudaram e analisaram o comportamento da ave durante anos, não encontraram nenhuma evidência da veracidade desse fato. É apenas uma lenda, nada mais que lenda.

Conheça uma das mais lindas plantas para ruas e jardins

(Por Arnaldo Silva) É um arbusto que chega a 3,5 metros com copa arredondada. Suas folhas são verdes e entre o fim do outono e início do inverno, no mês de maio, ela perde suas folhas, surgindo uma florada abundante com delicadas flores brancas no formato de estrela. Por ter a florada em maio, é chamada na minha região, Centro Oeste de Minas de Mês de Maio. É conhecida também por Noivinha, Neve da Montanha, Névoa da Montanha, Cabeça-de-Velho, Cabeleira-do-vovô, Cabeça-branca. É uma planta bastante difundida na América Latina. Seu nome científico é Euphorbia leucocephala. (fotografia acima de Luís Leite)
          Originária da América Central, é constantemente usada na arborização urbana e jardins pela beleza das flores brancas e por ser uma espécie adequada à vias urbanas. (foto acima e abaixo de Arnaldo Silva no Engenho do Ribeiro MG)
          Pode ser plantada em jardins, praças, calçadas ou como cerca vivas. No seu crescimento, é bom fazer podas nos galhos após a primeira florada. As vezes são plantadas em calçadas estreitas e atrapalhará a locomoção. Faça a poda somente dos galhos baixos, se for necessário alguma poda. Recomendado as podas somente após a florada e no máximo 30% da planta deve ser podada para não prejudicar o desenvolvimento da planta. Melhor não fazer poda.  Quanto maior a copa, mais florida e linda ficará. (foto abaixo de Wilson Fortunato)
           Quando fizer a poda ou quebrar algum galho, evite contato com a seiva. É tóxica, pode irritar a pele. Bem como evite que crianças e animais domésticos toquem na seiva.
          Ao plantar a Mês de Maio (foto acima de Wilson Fortunato), dê preferência a solo fértil, adubado, bem drenado, com sol pleno e irrigado periodicamente. A planta é resistente a estiagem e não se adapta bem a locais com sombra e pouco sol, bem como a temperaturas muito baixas, embora resista.. 
          É uma árvore fantástica, que dá beleza a uma rua, praça ou jardim. (foto acima de Luis Leite) Eu mesmo tenho duas plantadas em meu jardim e incentivo outras pessoas a fazerem mesmo, plantarem Mês de Maio. Se propaga por sementes e estaquia. Você pode retirar um galho de uma planta adulta e fazer o plantio, o mesmo processo que se faz com o plantio de rosas. Mas se preferir em lojas de jardinagem de sua cidade, encontrará mudas com facilidade.

Filtro de barro brasileiro é o mais eficiente do mundo

(Por Arnaldo Silva) Invenção genuína brasileira, o tradicional filtro de barro é o sistema mais eficiente de purificação de água do mundo, segundo estudos feitos por cientistas norte-americanos, publicado no livro “The Drinking Water Book”, em português, “O livro da água potável”, de autoria de Colim Ingram. O livro, no original em inglês, disponível em livrarias e nas plataformas online, traz diversos estudos e pesquisas sobre a água, filtragem, engarrafamento, qualidade, etc.
          Um dos assuntos deste livro é sobre a eficiência do nosso filtro de barro, presente desde o início do século passado nas casas brasileiras. Porém, não há data precisa da invenção do filtro e nem quem foi o primeiro fazer um filtro de barro com velas no Brasil. A certeza é que sua origem surgiu diante da necessidade da população em ter água potável, no final do século XIX para o início do século XX, devido a água, nessa época não ser de boa qualidade. 
          Os brasileiros tinham que ir com latas e potes na cabeça até minas d´água ou rios buscar água, usada para lavar vasilhas que servia lavar roupa, tomar banho, cozinhar e beber. Para chegar água até a população mais abastada das cidades, a solução da época era a construção de chafarizes com água chegando até os moradores numa rudimentar canalização, mas sem tratamento algum de impurezas, o que gerava vários problemas de saúde à população da época.
          Não existia no Brasil, na época, conhecimento algum sobre a purificação da água, fato que mudou apenas com a chegada de imigrantes ao Brasil, no final do século XIX, em especial, os italianos, que trouxeram da Europa velas que filtravam água, existente no Velho Continente, usando filtros de pedra e de metal. 
          Embora o filtro e as velas sejam bem rudimentares, a água era melhor que a existente na época, por ser mais limpa. A questão era o material usado na fabricação, pesado e difícil de encontrar no país na época, principalmente o metal, além de estarmos num país tropical e quente, a água desse tipo de filtro não ficava muito fresca. (o filtro assim é na Fazendinha da Regina (@reginasfarm), tradicional, em trabalhos artísticos)
          A realidade só mudou quando um desses imigrantes italianos, que infelizmente a história não registrou o nome, que trabalhava no interior de São Paulo, percebeu que com a argila brasileira poderia se fazer potes e filtros com melhor qualidade, por ser um material fácil de trabalhar, resistente após a queima e por ser abundante, além de ser mais leve que o de pedra e mais fácil de fazer, que o de metal, além de permitir trabalhar de forma artística as peças. 
          Assim começaram a fazer os moldes inspirados nos filtros europeus, em dois compartilhamentos, com a parte superior e inferior separados, por uma camada de barro e a vela, na época feita cerâmica, com carvão em seu interior, colada na parte superior da peça, fazendo a filtragem por gotejamento.
          A ideia deu muito certo, com a água saindo limpa das torneiras e bem fresca e gostosa de beber. Rapidamente se popularizou, deixando de lado a água retirada nos chafarizes restritas a lavagem de roupas e banhos.
          Hoje pouco mudou desse tempo para cá na forma de fabricação desse filtro. O que mudou foi o processo de fabricação da vela, que hoje é feita com uma camada mais densa de carvão ativado, cuja função é tirar o cloro, uma outra camada de prata coloidal, que tem a função de purificar mais ainda a água, com outra camada de argila bem porosa, garantindo assim a eficácia maior da filtragem e melhor qualidade da água, que a vela original.
          A água passa pelos poros da argila, pela camada de prata coloidal, pelo carvão e por fim gotejada, saindo por rosca fixada no centro da vela e presa à parte inferior do filtro. É gota por gota, por isso a qualidade da água é ótima, limpa, saudável, fresca e gostosa.
Ao longo dos anos e com vários estudos, concluiu-se que as velas removem impurezas presentes na água, filtrando com eficiência o cloro, pesticidas, ferro, alumínio, além de reter 95% de chumbo e ainda, 99% do Criptosporidiose, parasita presente na água, causador de doenças.

          Vale lembrar que para a manutenção da qualidade da água, os filtros devem ser lavados sempre, mas sem o uso de produtos químicos. Use apenas a parte macia da esponja limpa, molhada com água. O mesmo faça com as velas, limpando-as com a esponja e trocando-as de 6 em 6 meses, pelo menos, porque as impurezas presentes na água ficam impregnadas em suas superfícies, mesmo lavadas, por isso é bom a troca regularmente.
          Outro fator importante para a melhor eficiência na filtragem da sua água é cuidar da caixa d´água, lavando-a regularmente, bem como cuidando bem das torneiras, mantendo-as limpas e higienizadas. 
 
          Outra questão sobre os filtros de barro é uma camada branca que aparece na parte externa do filtro. Isso é normal, faz parte da composição do material usado na fabricação do filtro, a argila. Não é mofo e nem bolor e sim um fenômeno natural chamado de eflorescência, que ocorre por ser a argila um material poroso. Esses poros presentes na argila são atravessados por partículas de água, com uma parte dessas partículas, mais próximas à superfície do filtro, evaporando em contato com o calor exterior. No caso, ocorre uma troca de calor do ambiente interno com o externo. Na evaporação de algumas partículas, uma parte dos sais mineiras presentes na água ficam impregnados na superfície do filtro, formando uma camada esbranquiçada. É esse processo de troca de calor que faz com que a temperatura da água dentro do filtro se mantenha estável, na média 5ºC, ou seja, sempre fria e fresca. 
          Portanto, essa cor branca comum nos filtros, são os sais minerais das partículas de água, quanto mais partículas evaporarem e mais sais minerais, tiverem a água, maior será a camada branca. Caso queira retirá-la, use apenas esponja molhada com água pura, sem sabão ou detergente.
          Na limpeza do filtro de barro, não use nenhum produto químico, seja no exterior ou no interior, porque pode alterar o sabor da água, além de comprometer a eficiência do filtro. Para manter a água sempre fria e fresca, o ideal é manter o filtro longe de fontes de calor, como fogões e raios de sol.
          Mesmo com a facilidade de encontrar água hoje de qualidade, o bom e velho filtro de barro continua ativo, presente nas casas por opção e gosto. Nossos artistas, melhoraram ainda mais a aparência dos filtros, transformando-se em obras de arte, como na primeira foto e nesta, onde além dos filtros, tem outros trabalhos da artesã que faz ainda potes, canecas, pratos, bonecas, xícaras, bules, baixelas, etc, em argila, cujos tons variam de acordo com a argila usada, podendo ser branco ou vermelho. Um detalhe importante é que as pinturas são feitas com o próprio pigmento da argila, não se usa tintas, apensa o barro nos detalhes floras que decoram as obras. 
          São trabalhos feitos pela artesã Lilia Xavier, moradora de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG, no Vale do Jequitinhonha. Os filtros são artesanais, feitos à mão e ainda com a beleza da arte do Vale do Jequitinhonha. O contato da artesã Lilia Xavier é pelo whatsapp: 38 99852-0991 e ainda envia para todo o Brasil.

Sabia isso? A baunilha é uma orquídea

(Por Isabela Carvalho - Jornalista) Você já se perguntou qual a origem da essência de baunilha tão usada na gastronomia por oferecer aroma e sabor delicado a sorvetes, cremes, doces, chocolates, licores e produtos finais de confeitaria, além de usada até em perfumaria? 
          A matéria-prima dessa especiaria é o fruto seco da orquídea baunilha (vanilla planifolia), com formato de vagem, de onde se extrai a vanilina, que confere o conhecido sabor e aroma de baunilha. A planta é a única espécie da planta que frutifica. Ela é pertencente à família Orchidaceae, subfamília Epidendroideae, tribo Vanillinae e gênero Vanilla. As espécies que formam o gênero têm sua origem no sudeste do México, da Guatemala e outras regiões das Américas Central e do Sul, incluindo o Brasil. Desde o início da década de 1960, o México cedeu lugar de primeiro produtor no ranking mundial para a ilha de Madagascar. a segunda posição é ocupada pela Indonésia. (Fotografia abaixo gentilmente cedida pela Carol Costa/Minhas Plantas)          
          A vanilina é um dos compostos aromáticos mais apreciados no mundo, além de ser um importante flavorizante para alimentos, bebidas, é usada ainda em produtos farmacêuticos. Com várias propriedades como prevenção de doenças, antimutagênico, antioxidante, conservante e antimicrobiano.
          
A orquídea baunilha, diferente das que produzem flores exuberantes, começa a florescer cerca de três anos após o plantio, as mudas são feitas geralmente por estaquia. Outro diferencial é o fato de que a planta é terrestre. Não se instala no caule de uma hospedeira. Também não requer o substrato especial para as outras orquídeas, cresce em substrato rico em matéria orgânica. (na foto abaixo, a vagem da Baunilha, registrada pelo fotógrafo Eduardo Gomes de Montes Claros MG)
Sabor caro
          O quilo das vagens secas e prontas para o uso pode chegar a ser comercializado por mais de R$ 2 mil. São necessários sete quilos da fava in natura para a obtenção de um quilo de vagem seca. As bagas da baunilha precisam passar por um processo bastante longo, a fim de se obter a vanila, e esta é uma das razões para o preço elevado no mercado.
          Antes da colheita, as vagens precisam amadurecer. Em seguida, a fim de ressaltar o seu odor ocorrem muitas manipulações: calor inicial, secagem ao sol, ser curada na sombra, seleção e empacotamento. 
          Imediatamente após a colheita das vagens, tem início processo de cura. É um procedimento lento, difícil, cheio de segredos, mas responsável por determinar a qualidade da baunilha. Para se obter os melhores resultados é necessário conhecimento e paciência. 
          Atualmente, são usadas diversas formas de manejo, entretanto o princípio básico seguido é o tratamento das favas com calor, e a exposição ao sol para que ocorra a transpiração, a fim de eliminar toda a água. É assim que acontece o processo de transformação química dos aromas, que faz com que estes fiquem mais intensos. 
          Dentre as antigas formas de se obter a vanilina, as vagens eram curadas mergulhando-as em água quase fervente por 25 segundos. Em seguida, estas eram colocadas entre tecidos para absorção da umidade e colocadas ao sol para secar. Então eram envoltas em outro tecido e armazenadas em uma caixa fechada, depois eram retiradas e espalhadas ao sol por uma ou duas horas. A duração do processo permanecia por um período entre 2 ou 3 semanas até as vagens se tornarem escuras e macias. (na foto acima do Igor Messias, o fruto da orquídea baunilha, a única orquídea que dá frutos)
História - O povo asteca já fazia uso da baunilha na culinária, ao prepararam determinadas iguarias, dentre elas o chocolate. Os europeus, principalmente espanhóis, no começo da exploração da América, tiveram a oportunidade de observar os costumes astecas, foi quando puderam relatar a utilização das favas, no início do século XVI. Além de serem adicionadas aos alimentos, essas também eram utilizadas pelas mulheres, na elaboração dos primitivos cosméticos usados por elas, principalmente em rituais religiosos e momentos festivos. O nome vanilla, tem sua origem no castelhano vainilla (pequenas vagens), porque os frutos da orquídea são alongados, contendo as sementes. Vaina também é o diminutivo da de bainha. 
Características - A baunilha é cultivada apenas com o objetivo comercial de seus frutos, já que as flores não possuem atrativo, se comparadas à beleza de outras orquídeas. A planta é trepadeira, com caules cilíndricos, de coloração verde e 2 centímetros de espessura, apoiados por meio de adventícias de comprimento variável, para o seu desenvolvimento, e podem atingir de 1,5 a dois metros. A fixação é feita por meio de caulinares, responsáveis por aderirem troncos e galhos das árvores. 
          Quando elevadas, elas deixam seus ramos pendentes e assim florescem. As folhas da baunilha são curtopecioladas, ovais e lanceoladas, apresentam sulcos no sentido vertical de coloração verde mais escuro, de pecíolo curto, mais ou menos suculento, coriácea, verde-escuros, alternadas, algumas vezes reduzidas simplesmente a vestígios e ocasionalmente ausentes. De acordo com a espécie, possuem comprimento entre 15 a 24 centímetros e largura variável de 3 a 4 centímetros. Em cada nó da planta, opostas às folhas, nascem uma ou mais raízes aéreas, razoavelmente grossas.

          A floração surge a partir das axilas das folhas ou dos vestígios delas e possuem coloração amarelo-canário, com labelo cor mais intensa e com aproximadamente 15 centímetros de diâmetro. São flores vistosas, ordenadas em cachos, em quase todas as espécies, de curta duração, cerca de 24 horas e produzidas em sucessão. As pétalas e as sépalas são livres e iguais. O labelo é unido à base em uma coluna longa e estreita encoberta. O pólen é macio e farinhento e não é dividido em políneas distintas na maioria das espécies. As sementes são muito diferentes das encontradas em outras orquídeas, por apresentarem um tegumento (epiderme) muito duro e opaco, e externamente desenhada (esculpida). O fruto é uma cápsula alongada com medida variável de 20 a 25 centímetros de comprimento e 3 centímetros de espessura (vagem ou fava) e é onde está o verdadeiro valor econômico, por ser dele que se extrai baunilha. 
          Ácidos acéticos, vanilil etílico, açucares, álcool etílico, ceras, cinamato, eugenol, fermentos, furfurol, gorduras, mucilagens, resinas, taninos e a vanilina são os componentes químicos da vanila. A substância química responsável pelo o aroma da baunilha é a vanilina, presente nas essências em torno de 1,5%.
Produção - O plantio é relativamente simples e barato. A atenção precisa ser para o fato de que as plantas necessita de luminosidade moderada, em uma proporção de 50%, umidade constante e fertilização frequente, além de rega regular. Por se tratar de uma trepadeira, necessita de muito espaço para expansão, além de um suporte para se fixar. 
          O plantio deve ser feito por meio de hastes, nos meses mais úmidos, a fim de que as mudas não desidratem. Outro detalhe é que as orquídeas exigem solo rico em matéria orgânica. 
Polinização
          A partir do segundo ano de plantio pode ocorrer florescimento, mas é apenas a partir do terceiro ano que a planta produz maiores cargas de frutos. A polinização praticamente não ocorre por meios naturais, precisa ser feita manualmente. As flores aparecem por inflorescência nas axilas das folhas, em cachos com 15 a 20 flores cada, mas nem todas florescem.
Diariamente, de uma a duas flores se abrem e assim permanecem por 24 horas, é o período ideal para fazer a polinização manual. A flor precisa da ajuda humana porque uma membrana que separa o órgão reprodutor masculino do feminino dificulta a polinização natural feita pelos insetos.
          Para a polinização manual é necessário localizar a coluna, parte da flor onde se localizam o estigma e os estames. Com um estilete pontiagudo de madeira a polínea, uma massa onde os grãos de pólen estão agregados é retirada. Em seguida, esta é levada levada até a entrada do estigma, a partir daí ocorre a fecundação.

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