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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

7 distritos e vilas coloniais de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) Diamantina está a 292 km de Belo Horizonte, no alto do Vale do Jequitinhonha, a 1280 metros de altitude, aos pés da imponente Serra do Espinhaço. Sua origem data de 1713, com a descoberta de minas de diamantes na região. Fundada com o nome inicial de Arraial do Tijuco, foi elevada à cidade em 6 de março de 1831. É uma das mais belas cidades do Brasil e Patrimônio Histórico Nacional desde 1938, além de ser Patrimônio Cultural da Humanidade, título que recebeu da Unesco em 1999.
          Seus casarões são suntuosos e imponentes e suas igrejas, verdadeiras obras de artes, com destaque para as igrejas de Nossa Senhora do Rosário, de São Francisco de Assis, Igreja do Carmo, de Nossa Senhora do Amparo, dente outras. A Basílica do Sagrado Coração de Jesus e a Catedral de Santo Antônio, grandes destaques da cidade, além de suas pitorescas vilas, delicadas e charmosas ermidas, além de belezas naturais, como a Vila de Biribiri, na foto acima do Nacip Gomêz.
          Diamantina (na foto acima de Giselle Oliveira) é famosa pelo charme de suas construções coloniais e clássicas, como a Casa do Glória, a Casa de Chica da Silva, a casa e a Praça JK, o Teatro Santa Isabel, o Mercado das Flores, o Museu do Diamante, O Pão de Santo Antônio, sua culinária, seus queijos, as tradicionais vinícolas e pelas serestas e Vesperata. Se destaca ainda por sua cultura e festividades religiosas, como a Festa do Divino, a Folia de Reis, as encenações da Semana Santa e as cores e belezas da arte e devoção do povo, no dia de Corpus Christi. 
Os arredores de Diamantina
          O que pouca gente conhece em Diamantina, são seus arredores. São pequenas vilas e charmosos povoados, com história, riquezas arquitetônicas, comida caseira, artesanato e produtos artesanais da roça, como licores, vinhos, queijos e doces, além e belezas paradisíacas, que até parecem cenários de novelas como a Lagoa Azul, na foto acima do Anderson Sá, na vila de Guinda.
          Entre os arredores de Diamantina, está a  charmosa, romântica e bucólica Vila Biribiri (na foto acima de Elvira Nascimento), distante 36 km do Centro de Diamantina. É um dos lugares mais visitados em da cidade por sua beleza natural e pela história em torno da Vila, construída em estilo colonial, no século XIX. Seu casario, todos pintados na cor azul e branco, foi construído para abrigar os operários da Indústria Têxtil, que se instalou na localidade. 
          Hoje, a fábrica não existe mais, ficou a história e a beleza arquitetônica da Vila, um dos mais charmosos pontos turísticos de Minas, além da região de Biribiri ser uma área de preservação e belíssimas cachoeiras como a Cachoeira dos Cristais (na foto acima do Marcelo Santos) e do Sentinela.
01 - Distrito de Curralinho 
          Além de Biribiri, nos arredores de Diamantina, encontra-se bucólicas e tradicionais vilas, elevadas a distritos. São 10 ao todo, com destaque para Extração, o nome atual de Curralinho, mas mesmo assim, todos se referem ao distrito como Curralinho, distante 11 km de Diamantina MG. Bucólica, charmosa, povo gentil e hospitaleiro, a vila com origens no século XVIII conta com pouco mais de 800 moradores. Na pequena vila construções coloniais e paisagens naturais deslumbrantes se destacam. Inclusive, por sua arquitetura e paisagens naturais, Curralinho foi cenário da segunda versão da novela Irmãos Coragem, da Rede Globo (fotografia acima de Anderson Sá)
02 - Distrito de Conselheiro Mata
          Outro atraente distrito de Diamantina é Conselheiro Mata, com cerca de 1 mil habitantes, atualmente. É uma charmosa Vila Colonial, com origens no século XIX. (fotografia acima da Márcia Rodrigues/@marciaartescomjornal)
          Conselheiro Mata tem como destaque, a Cachoeira do Telesforo (na foto acima do Marcelo Santos). Um paraíso com água pura e cristalina e ainda uma enorme praia natural, com areia branquíssima. Essa cachoeira é muito procurada por turistas para banhos e descanso.
03 - Distrito de Guinda
          Guinda é outro pitoresco distrito, distante apenas 12 km do Centro de Diamantina. A Vila, com origens no período colonial, foi elevada a distrito em 1905 e conta com cerca de 800 moradores. Lugar de rara beleza, com grande destaque a Lagoa Azul e suas formações rochosas no entorno, que atraem visitantes de toda a região. (fotografia acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
04 - Distrito de Mendanha
          Outra charmosa Vila, com origens nos tempos coloniais, é Mendanha (na foto acima da Giselle Oliveira), distante 48 km do Centro de Diamantina. Elevada à distrito em 1873, Mendanha conta atualmente com cerca de 700 habitantes. Seu casario colonial, sua matriz, sua cozinha caseira e seu povo acolhedor, são destaques, bem como o Rio Jequitinhonha e as praias pluviais que formam em seu leito, são destaques do distrito.
05 - Distrito de Sopa 
          Sopa conta atualmente com cerca de 600 habitantes e está a 16 km distante do Centro de Diamantina. É outro distrito diamantinense de grande destaque, por sua história e origens, do século XVIII. Seu casario colonial bem preservado e sua história, são de grande importância para Minas Gerais. 
          Em Sopa, o principal atrativo, era a Igreja de Santa Rita de Cássia, datada de 1810. Era um dos mais belos templos do período colonial em Minas e tombado como patrimônio municipal em 2004 e patrimônio cultural de Minas Gerais, reconhecido pelo IEPHA, em 2011. Por sua importância para a história mineira, foi completamente restaurado em 2015. (na foto acima de Giselle Oliveira, em 2018, antes do incêndio)
          Quatro anos depois de sua restauração, em 4 de outubro de 2019, Sopa ganhou as manchetes dos principais telejornais do país, quando a Igreja de Santa Rita de Cássia, foi destruída por um terrível incêndio. O fogo destruiu mais de 200 anos de história em segundos, deixando apenas em pé, suas paredes laterais. 
          Mas a vida segue. Sopa continua linda, atraente, pitoresca e charmosa. A comunidade, aliada à Prefeitura, órgãos públicos e à Diocese de Diamantina, vem somando forças, para buscar recursos para reconstruir sua igreja, símbolo de sua fé, tradição e história. 
06 - Distrito de São João da Chapada
          Com cerca de 1500 habitantes, está São João da Chapada, outra charmosa vila colonial, com origens no século XIX, distante  30 km do Centro de Diamantina. Criada com o nome original de Chapada, em 1870, passou a se chamar São João da Chapada, quando de sua elevação a distrito, em 1912. O destaque da charmosa Vila é a Igreja de Santo Antônio, datada de 1873.
          São João da Chapada conta com o subdistrito de Pinheiro, lugar bem pacato, com seu casario em estilo colonial. São poucos os seus moradores mas todos muito acolhedores e hospitaleiros. No pequeno povoado se destaca a capela de São Sebastião (na foto acima da Giselle Oliveira) é um dos seus maiores destaques, além da Capela de Nossa Senhora da Conceição. Pinheiro está numa localização de altitude elevada, permitindo assim uma linda vista da região
07 - Distrito de Inhaí
          Santana de Inhaí ou simplesmente Inhaí, tem sua origem no início do século XVIII, tendo sido um dos primeiros povoados surgidos na região. O pequeno arraial prosperou e cresceu, tendo sido elevado a distrito em 1853. Conta hoje com cerca de 1.650 habitantes e está a 85 km distante do Centro de Diamantina.
          É uma típica vila colonial mineira em traços arquitetônicos, cultura e religiosidade. Destaca pela singeleza de suas construções coloniais, bem como sua igreja Matriz, dedicada a Sant´Ana, localizada no centro da vila. A igreja, tem em seu entorno um cemitério, cercado em alvenaria. O templo tem sua arquitetura, pinturas e entalhes muito bem trabalhados. A Igreja de Sant´Ana é uma típica obra do barroco mineiro e um dos mais importantes templos da região e de grande relevância histórica para Minas Gerais. Por isso, a Igreja de Sant´Ana, foi classificada pelo IPHAN em 1952.
Outros distritos
          Com mais de 2 mil habitantes elevado a distrito em 1962, Desembargador Otoni é um dos mais populosos distritos de Diamantina.
          Elevado a distrito também no ano de 1962 e contando com cerca de 1.400 moradores, Planalto de Minas é outro lugar atraente em Diamantina.
          Já Senador Mourão (na foto acima do Anderson Sá), é um dos mais populosos distritos diamantinenses. Com mais de 2.300 habitantes atualmente, a vila tem origens no século XIX, tendo sido elevado a distrito em 1891, com o nome de Campinas. Em 1943, passou a se chamar Senador Mourão.
          Todos os povoados, vilarejos e distritos de Diamantina (na foto acima de Giselle Oliveira), são ricos em história e com singelas e charmosas construções do período do Ciclo do Ouro com marcas em sua arquitetura do período eclético, neogótico e clássico, do fim do século XIX e XX. Além disso, são dotados de belezas naturais espetaculares, um riquíssimo artesanato e cultura e tradições seculares preservadas, principalmente as tradições religiosas.
          Vale a pena conhecer Diamantina e seus arredores. Uma viagem no tempo, na história, cultura e gastronomia de Minas Gerais.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Queijo: origens, benefícios e importância para Minas

(Por Arnaldo Silva) 20 de janeiro é o Dia Mundial do Queijo. A data foi criada de comum acordo entre os principais queijeiros de todo o mundo, para lembrar e comemorar a existência de um dos mais antigos e importantes alimentos do planeta, o queijo.
          Presente em nosso cotidiano, seja no café, no lanche, no preparo de bolos e pratos salgados, acompanhado de doces ou vinhos, é um alimento indispensável e de grande importância social, cultural e econômica, em todos os continentes. (fotografia acima de autoria de Ricardo Cozzo/@ricardocozzofotografomv em Monte Verde MG)
Benefícios do queijo
          O queijo é um dos alimentos mais nutritivos que existem no mundo e um dos que possuem mais proteínas também. Os queijos brancos, mais frescos, são os que contém maiores quantidades de proteínas. Já os curados, de casca amarela, são os que concentram maior teor de gordura. Mas engana-se quem pensa que a gordura presente nos queijos sejam prejudiciais à saúde.(foto acima da Camila Costa, o Queijo da Cristina, de Vargem Bonita MG)
          Segundo pesquisa da University College Dublin (Irlanda), divulgada pelo American Journal of Clinical Nutrition, a gordura presente no queijo, é benéfica e ajuda a combater o mau colesterol. Além disso, nutricionistas estão percebendo que pessoas que se alimentam moderadamente com queijos, iogurtes e outros alimentos fermentados, tem menos riscos de desenvolverem doenças cardíacas e diabetes. (na foto abaixo do Fabrício Rodrigues, o tradicional Queijo do Reino de Santos Dumont MG)
          Além disso, o queijo é rico em Vitaminas A, B, B12, D, E e K2, além de serem importantes fontes de minerais como o cálcio, fósforo, zinco e iodo. E claro, para o organismo absorver bem os nutrientes presentes nos queijos, a moderação no consumo é importante. Tudo que é em excesso, não é bom para ninguém. Queijo é bom demais, ainda mais acompanhada de um cafezinho bem mineiro ou um vinho tinto, fino. (na foto abaixo, os queijos do "Seu" João Melo, da Serra do Salitre)
A origem do queijo
          Há mais de 6 mil anos presente na humanidade, o queijo movimenta economias, sustenta famílias e faz parte da cultura, história de vários países e regiões do mundo. É tão importante que faz parte da identidade cultural, histórica e gastronômica de países, como França, Suíça e Itália, além de estados regionais, como Minas Gerais, onde o queijo está presente desde o século XVIII, sendo uma das maiores tradições do Estado e sua maior identidade gastronômica. 
          A origem do queijo é incerta. Acredita-se que tenha surgido por um acaso. Segundo a história antiga e oral, não oficial, o queijo surgiu no mundo árabe.
          Um mercador saiu pelos caminhos para vender sua mercadoria e consigo levava cantis de água. Devido a falta de água, devido a estiagem em sua região, colocou leite em um dos cantis para matar a sede pelo caminho. Com o sol forte, parou para se refrescar e ao abrir o cantil, percebeu que o leite estava diferente. Tinha uma parte líquida, que ficou por cima, o soro, e no fundo, uma massa. Retirou o líquido e deixou a massa no cantil. Percebeu que com o passar das horas, a massa ganhava corpo e ficava mais sólida, ficando mais saborosa quando salgada. (na foto acima, a Queijeira Cristina/@queijodacristina, de Vargem Bonita MG, Serra da Canastra)
          Assim surgiu o queijo em sua forma primitiva, que era o queijo coagulado, sem soro e salgado. 
          Baseada nessa receita casual, monges europeus, durante a Idade Média, desenvolveram receitas de vários tipos de queijos e começaram a fazer a iguaria nos mosteiros, numa produção artesanal e com grande qualidade. Se transformaram em queijos finos, sendo esses tipos de queijos, desenvolvidos há séculos nos mosteiros europeus, responsáveis pelos destaques que países europeus tem hoje na produção de queijos. 
O tradicional queijo de leite cru na atualidade
          Mesmo com a evolução da humanidade e novas tecnologias de produção industrial, o queijo artesanal, feito com leite cru, está presente no mundo inteiro. É o preferido, já que faz parte da tradição e cultura de uma cidade, de um estado e de um país, há centenas de anos.
          No caso do Brasil, normas sanitárias e leis, regulando a produção artesanal de queijos, estão facilitando a legalização de queijarias, bem como a expansão da produção queijeira, principalmente mineira, para todo o país. Isso porque o Queijo Minas é o mais consumido no Brasil, seguido pelo queijo parmesão, mozzarella e prato. No mundo, o queijo mais consumido é o Chedar, Os franceses são os maiores consumidores de queijos no mundo. Já os Estados Unidos, são os maiores produtores de queijos, produzindo mais de 600 tipos de queijos diferentes. (na foto abaixo, queijos feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares, do Rancho 4R em São Roque de Minas)
          Com as novas leis e regras sanitárias, os queijos mineiros, com selo do IMA e Mapa, vem conquistando cada dia o mercado nacional, tornando-se mais acessível ao brasileiro em geral, ampliando sua presença nas gôndolas dos supermercados. O mundo dos queijos é muito abrangente. Muito mesmo. São milhares de tipos de queijos presentes no mundo. 
Os tipos de queijos 
          São mais de 4 mil tipos de queijos diferentes em todo o mundo. Entre esses milhares, alguns tipos se destacam pela qualidade, sabor, textura, estando entre os melhores do mundo como os queijos Edam e o Golda, da Holanda, o Chedar, da Inglaterra, o Pecorino, Parmiggiano, Provolene, Mozzarella, Grana e o Parmesão, da Itália e o Ementhal e o Gruyère, da Suíça e os Queijos Minas da Serra da Canastra e do Serro.  
O queijo Minas    
          Queijo Minas é o nome dado a todo queijo feito em Minas Gerais, independente da região queijeira, da cura ou tipo de queijo. Um erro é pensar que Queijo Minas se resume aos populares Queijo Minas Padrão e o Frescal, o queijo fresco e branquinho, produzido em larga escala nos laticínios mineiros.
          O Frescal e o Padrão, são apenas dois dos vários tipos de queijos produzidos em Minas Gerais. São os mais populares, mas existem dezenas de tipos de Queijo Minas com características e identidades próprias, com textura, cor, sabor e massa, diferentes dos Frescal e Padrão. 
          Os queijos, bem como suas características, variam de acordo com cada cidade e região produtora mineira. São diferentes, sabores e texturas também diferentes como o Canastra, o Cabacinha, o Araxá, o Queijo de Alagoa (na foto acima, da Fazenda Bela Vista) , O Queijo Terras Altas da Mantiqueira, os queijos da Serra do Salitre, do Triângulo Mineiro, o queijo cozido do Vale do Jequitinhonha, o queijo artesanal do Serro, o Queijo Cruzília e de outras cidades e regiões mineiras.
Queijos Minas entre os melhores do mundo
          
São queijos diferentes, mas todos são Queijo Minas. Os melhores queijos do Brasil estão em Minas Gerais e muitos de nossos queijos, figuram no seleto clube dos melhores do mundo, com várias premiações em concursos internacionais. (na foto abaixo, um desses queijos premiados, o Queijo do Serro, do produtor Túlio Madureira)
          A mais recente, foi no último Mondial Du Fromage, realizado tradicionalmente na França. É a Copa do Mundo dos Queijos. Nesse concurso, os queijos brasileiros foram medalhistas, recebendo ao todo, 57 medalhas. Dessas 56, 40 foram para os queijos mineiros. Liderança absoluta na produção de queijos finos e de qualidade no Brasil, que vem chamando a atenção de países tradicionalmente queijeiros como Itália, Suíça, Noruega e França.
          Falar que os queijos mineiros são os melhores do Brasil e estão entre os melhores do mundo, não são apenas palavras e sim fatos reais, como as 40 medalhas conquistas na terra do país mais famoso, em termos de queijos, a França. 
          São premiações atrás de premiações, sucesso atrás de sucesso, reconhecimento atrás de reconhecimento. E olha que os que reconhecem os queijos mineiros como melhores do mundo, são os queijeiros franceses, italianos, suíços, noruegueses, ingleses, etc. Vem de pessoas que entendem e de países que estão há séculos no mundo dos queijos. (na foto abaixo, os queijos Canastra da Queijaria Roça da Cidade, em São Roque de Minas)
Os mais produtores de queijos no mundo
          Os principais produtores mundiais de queijos atualmente são, em ordem: Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Brasil, Rússia, Polônia, Egito e Turquia. 
          A presença do Brasil como um dos maiores produtores de queijos do mundo é graças a Minas Gerais, Estado que concentra a maior produção queijeira do país. 
Dia 20 de janeiro: Dia Mundial do Queijo
          Por tudo isso que leu acima, percebemos a importância dessa data. O queijo, não é apenas um alimento. É identidade de um povo, é cultura e tradição passada por gerações. Fazer queijo, é acima de tudo, uma arte e os queijeiros são os artistas.
          O grande segredo da qualidade do queijo mineiro vem da união das famílias em torno do modo artesanal de fazer queijos. Ao fazer um queijo, o mineiro coloca sua tradição, sua história, seu coração e seu saber, passados por gerações. É isso que dá o sabor diferenciado aos nossos queijos. (foto abaixo Queijo do Rancho 4R, feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares)
          Ao comprar um queijo mineiro, você não está comprando apenas um produto. Está adquirindo junto uma história de lutas, sofrimentos e persistência. Está adquirindo uma vida, um sonho e uma tradição que vem desde o século XVIII. No queijo que está adquirindo, está o amor do povo mineiro por suas tradições, por sua cultura e história.
          Ao colocar um queijo mineiro em sua mesa, está colocando a identidade maior de um povo, que se identifica com o modo artesanal de fazer queijos. Está colocando Minas Gerais em sua mesa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

De Aiuruoca para o mundo: a arte da Cutelaria

(Por Arnaldo Silva) Cutelaria é uma arte. Quem trabalha com a cutelaria é tem o ofício de cuteleiro. É a arte de fabricar instrumentos e utensílios metálicos de perfuração e de corte como facas, espadas, machados, facões, punhais, canivetes, navalhas, etc. Para ser um cuteleiro, exige-se muito esforço e principalmente, habilidade na arte de trabalhar o metal, que dará origem ao instrumento ou utensílio a ser fabricado. 
          Diferente dos instrumentos e utensílios, como facas de cozinhas, feitos em série, por indústrias, a cutelaria é um trabalho totalmente artesanal e manual em sua origem, por isso, os cuteleiros, são considerados artesãos. Cada instrumento feito pelos cutelaria, são únicos. Eles transformam o metal em pura arte. Arte essa enriquecida com detalhes e pinturas artesanais em madeira, o que faz desses instrumentos artigos de luxo. 
          O Brasil se destaca nessa arte e conta com excelentes cuteleiros. Em Minas Gerais, um dos destaques vem da cidade de Aiuruoca, no Sul de Minas. É o artesão cuteleiro Marcelo Moreira Arantes. 
          Com 40 anos, Marcelo Arantes é cuteleiro profissional fulltime. Iniciou-se na cutelaria apenas como hobby, após encontrar uma revista Magnum de março de 1995. Nesta revista, leu uma matéria de Luiz Villa sobre como fazer sua primeira faca. A beleza da arte despertou seu interesse e seguindo as informações na matéria, começou a fazer sua primeira faca. Nada comparada as de hoje em dia, porém foi uma paixão em trabalhar as propriedades do aço.
          Feita a primeira, veio a vontade de fazer a segunda, terceira e aí não parou mais, porém sempre intercalando com outros serviços, como restaurações, marcenaria e por final ourives em São Paulo. 
          Com vontade de voltar à sua terra natal, Aiuruoca, e exercer seu ofício em sua cidade, perto de sua família, tomou a decisão de se dedicar a cutelaria como profissão. Com apoio de irmãos, pais e amigos, se dedicou, passou apertos, construiu suas ferramentas para que pudesse melhorar cada dia mais a arte, criou a M. ARANTES - Exclusive Handmade Knives. Em 2018, após receber uma oferta de um amigo metalúrgico para se profissionalizar, procurou o Master Smith pela ABS - American Blade Smith, Dionatam Franco, para o curso iniciante profissional de cutelaria, onde aprendeu técnicas de forjamento, tratamentos térmicos, ética profissional, acabamentos milimétricos e perfeitos, fazendo assim facas com qualidade superior para o mercado Nacional e Internacional. 
          Construindo facas em aços inoxidáveis e carbono, sejam de caça, campo, cozinha, churrasco e personalizadas de acordo com cliente, inclusive, com o nome do próprio, como na foto acima. A M. ARANTES abriu um mercado de admiradores da arte da cutelaria. 
          Com peças nos EUA, França entre outros países, suas facas de cozinha alcançaram grandes nomes da Culinária, como o Chef Francês Patrick Martin (diretor do Le Cordon Bleu no Brasil), Chef francês Olivier Cozan (grande incentivador da carreira) Chef Fernanda Ribeiro (São Paulo), como também conquistou o Repórter e apresentador da TV Band Marcio Campos, construiu uma faca especial para a Presidência da República, que traz as cores da Bandeira Nacional, representando nosso Brasil. 
          Marcelo lembra que o mais importante é que toda faca seja construída com dedicação e perfeição, seja uma faca simples ou complexa, seja para uma pessoa famosa ou para uma pessoa simples, todos clientes devem ser tratados igualmente, com respeito, compromisso, educação, responsabilidade, atenção e ética. “O cliente feliz é minha satisfação”. 
          No dia 13 de dezembro de 2020, recebeu a confirmação da participação no livro “Legado do aço” (Legacy of Steel), que será lançado em 2021, um dos maiores e mais completo livro da cutelaria mundial, onde contará com grandes nomes na cutelaria nacional e internacional.
(As informações e fotografias para essa reportagem foram fornecidas por Marlon Moreira Arantes, de Aiuruoca MG)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

As 25 cidades mais altas do Brasil

(Por Arnaldo Silva) O Brasil não é um país de altitudes elevadas, ao contrário, a maior parte de nosso território é formado por altitudes bem baixas e nem se compara as altitude de alguns países da América Latina, Europa e Ásia. Abaixo de 200 metros de altitude, está 40% do nosso território. Entre 201 e 600 metros de altitude, estão 45% do nosso território. Apenas 12% estão entre 601 e 900% e 3% do nosso território, está acima dos 901 metros de altitude. (na foto abaixo de Ricardo Cozzo, Monte Verde MG, que está a 1554 metros de altitude)
          O Estado brasileiro onde concentra as mais altas altitudes no Brasil é Minas Gerais, estado com características montanhosas, por isso, não é de surpreender, que a maioria das cidades acima de 901 metros de altitudes no país, concentram-se em Minas Gerais. 
          Existe uma grande diferença entre altitude e altura de picos, serras, montanhas e morros. Por exemplo, Alto Caparaó MG, na Zona da Mata Mineira (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade), está a 997 metros de altitude, acima do nível do mar, mas seu ponto mais alto, o Pico da Bandeira, está a 2892 metros de altitude. Isso porque a altura de um determinado relevo, leva em conta a distância vertical de sua base, até seu topo. (na foto abaixo de Giselle Oliveira, Diamantina MG, a 1280 metros de altitude)
          Já a altitude de cada município é feita como base na medida vertical, partindo do ponto central da sede do município, até o ponto zero, que é o mar. Os morros, picos, serras e montanhas, não entram no cálculo da altitude final de cada município. (na foto abaixo do Geraldo Gomes, a cidade de Delfim Moreira MG, a 1200 metros de altitude)
          Vamos então conhecer as cidades mais altas do Brasil. A maioria das cidades brasileiras, acima de 1000 metros de altitude estão em Minas Gerais. Para a lista não ficar muito extensa, apresentamos as 25 cidades que estão acima de 1199 metros de altitude, acima do nível do mar. (na foto abaixo de Jair Antônio Oliveira, Marmelópolis MG, a 1277 metros de altitude)
          Entre essas 25 cidades, 1 está em São Paulo, 1 na Bahia, 1 no Distrito Federal, 1 em Goiás, 1 no Rio Grande do Sul, 5 em Santa Catarina e 15 em Minas Gerais.
- 01 - Campos do Jordão (SP) – 1.628 m
- 02 - Monte Verde, distrito de Camanducaia (MG) – 1.554 m
- 03 - Senador Amaral (MG) – 1.505 m
- 04 - Urupema (SC) – 1425 m
- 05 - Bom Repouso (MG) – 1.371 m
- 06 - São Joaquim (SC) – 1360 m
- 07 - Gonçalves (MG) – 1.350 m 
- 08 - São Tomé das Letras MG - 1.318 m
- 09 -  Ceilândia (DF) – 1.287 m
- 10 - Diamantina (MG) – 1.280 m
- 11 - Marmelópolis (MG) – 1.277 m
- 12 - Piatã (BA) – 1.268 m
- 13 - Maria da Fé (MG) – 1.258 m
- 14 - Alto Paraíso de Goiás (GO) – 1.253 m
- 15 - Nova Resende (MG) – 1.250 m
- 16 - Bom Jardim da Serra (SC) – 1.245 m
- 17 - Datas MG – 1.240 m
- 18 - Munhoz (MG) – 1.235 m
- 19 - Matos Costa (SC) – 1.237 m
- 20 - Serra do Salitre (MG) 1.220 m
- 21 - Bocaina de Minas (MG) 1.210 m
- 22 - Bueno Brandão (MG) – 1.204 m
- 23 - São José dos Ausentes (RS) – 1.210 m
- 24 - Calmon (SC) – 1.210 m
- 25 - Delfim Moreira (MG) – 1.200 m
 Fonte das informações: Site do IBGE e das Prefeituras locais.

A arte Decoupage em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Uma técnica de artesanato de origem Europeia, vem ganhando adeptos e se popularizando em Minas Gerais. É a Decoupage (découpage, uma derivação do verbo découper), que significa, recortar. Embora a escrita e pronúncia sejam francesas, a arte Decouipage surgiu entre os artesãos de Florença, na Itália, no século XVIII. 
          Devido à falta de recursos para decorarem suas casas ou reformarem seus móveis, surgiu a ideia entre os moradores florentinos, de cobrir as mobílias e objetos de suas casas, com desenhos em papel, com o objetivo de dar mais vida ao ambiente em que viviam. 
          A partir dessa ideia, artistas e artesãos de Florença, começaram a aprimorar a técnica de recortes e colagens. Assim surgiu a arte denominada de “Estilo Florentino”, posteriormente chamada de Decoupage. 
          A técnica foi largamente usada pelos artesãos locais que usavam reproduções de obras de arte famosas, reproduzindo obras com cenas bíblicas, inicialmente e posteriormente, já no século XX, obras diversas da arte italiana. Reproduziam as famosas obras de arte em móveis em madeira e ferro, utensílios domésticos como pratos, objetos em vidros e talheres, ferramentas e utensílios de uso dos trabalhadores do campo e da cidade, sendo essa a essência da arte, que prevalece até os dias de hoje.
          Diferente da arte de origem austríaca, Bauernmalerei, que usa a pintura à mão, diretamente nos objetos, a Decoupage usa recortes de revistas, tecidos e outros tipos de papel colados. Os recortes cobrem as superfícies dos objetos, onde a arte será aplicada, recebendo pintura, feita com pincéis e tintas comuns ou já próprias hoje para a arte, disponíveis em papelarias e lojas de produtos para artesanatos. 
          A técnica requer um gasto mínimo. Precisa-se de cola, pincel, stencil ou guardanapos, tinta, recortes de gravuras de jornais e revistas. Nas papelarias e lojas de produtos para artesanato podem ser encontrados materiais próprios para executar essa arte como papéis o papel Decoupage, colas, pincéis, tintas, guardanapos, etc.
          Consiste em lixar a peça que será decorada; pintar com tinta a peça na cor de fundo desejada e após secagem, outra camada de tinta; passar cola sobre o local que receberá a figura, recortar o papel Decoupage; passar cola sobre o local que receberá o papel ou as letras; fixar bem para evitar bolhas e por fim, após secagem, passar verniz sobre a camada. Outros detalhes em palavras e pinturas vai de acordo com a criatividade e talento do artista. 
          Como citei no início, essa arte vem ganhando adeptos e se popularizando em Minas, com vários artesãos se destacando nessa arte. Entre esses artesãos, está Beatriz do Lino Mar, a Bia do Lino ou Beatriz do Lino, da cidade de Bocaiuva, no Norte de Minas, na foto acima. 
          Vocês vão entender melhor sobre a arte Decoupage, com quem entende. Segundo a artesã, é uma arte que pode ser feita em vidros, madeiras, plásticos, tecidos e ferragens. 
          A artesã diz que prefere de fazer sua arte em ferragens e objetos rurais, domésticos e móveis em MDF. “Comecei por um acaso, em um latão antigo de leite que encontrei no meio das sucatas do meu falecido pai que trabalhava como ferreiro. Depois fiz um curso rápido em uma caixa de MDF, em uma loja de matérias para artesanato. Passei a usar a técnica em ferragens, e daí tomei gosto e prazer nesta técnica, já que não pinto a mão livre”, conta a artesã.
          Bia do Lino diz ainda que a Decoupage “é uma técnica muito usada também em sabonetes, ótima opção para ofertar como lembrancinhas”, mas diz que o trabalho que mais tem pedidos sãos os feitos em ferragens e instrumentos e utensílios de uso rural, embora considere a arte nesses instrumentos mais difícil, porque são materiais pesados, maiores e o trabalho, é mais demorado.
          No trabalho em latão ou em enxadas, o fundamental é lixar bem a superfície e em seguida, passar primer, um produto encontrado em casas de materiais para artesanato. A artesã usa a tinta PVA e a Suvinil branca, porque segundo ensina, é necessária uma primeira mão de tinta branca e uma segunda mão, de tinta de outra cor, combinando com a imagem a ser desenhada. 
          Hoje, encontrar os materiais básicos para fazer a arte é mais fácil, já que estão disponíveis em papelarias, como o guardanapo e o papel decoupage. “As imagens, ou desenhos, ou estampas, uso guardanapos, como se vê nas enxadas, que é realmente um guardanapo”, mostra a artesã na foto acima. A artista usa ainda o stencil, uma lâmina vazada, encontrada em papelarias e lojas de produtos para artesanato em vários modelos, em alguns de seus trabalhos.
          Segundo Bia, ao usar o guardanapo, “deve-se retirar as duas películas brancas e descarta-las e usar apenas a terceira, já que são três películas. Usa-se a que tem a estampa, ou imagem." 
          Já o papel Decoupage, a artesã prefere usá-lo nos latões, porque, segundo ela, é melhor por ser “mais grosso que o guardanapo, e em folha única. Pode se usar também o papel scrapbook, que é mais grosso. Para colar, Bia do Lino diz preferir a cola branca, própria para Decoupage, vendida em papelarias e lojas de produtos para artesanato. 
          Detalhando mais a técnica, Beatriz dá a dica: logo após colar qualquer um destes papéis, sobre o objeto trabalhado, antes que a cola venha secar, deve se colocar um plástico sobre o papel e alisar suavemente por cima, de dentro para fora, para retirada de possíveis bolhas e o papel ficar esticado e bem colado. Pode usar uma bucha de pano por exemplo, para alisar o plástico, recomenda a artesã. 
          Após a secagem, aplica-se a Goma Laca, produto encontrado em casa de materiais para artesanato, em toda a extensão do papel, aplicando em seguida, após a goma estiver seca, verniz fosco ou o que dá brilho. Todos encontrados em casas de materiais para artesanato e em papelarias. 
          A artesã trabalha em sua própria residência, em Bocaiuva MG. “Não tenho ateliê, trabalho no quintal de casa, ou dentro de espaço de uma construção que há anos venho tentando terminar. Neste período de isolamento, dediquei mais a esta tarefa." 
          Antes de se dedicar à arte Decoupage, Beatriz do Lino era comerciária. Hoje, apaixonada por sua arte, se dedica por completo ao artesanato e cuidados com a família. “Amo o que faço, faço com amor. É tanto que procuro meus trabalhos de arte, nos momentos de paz de espírito.” Em momentos de paz e harmonia espiritual, o resultado é outro, garante a artesã. 
          Além disso, Bia do Lino exalta sua cidade: “Moro em Bocaiúva MG, terra do Senhor do Bonfim, dos catopés, ou como muitos conhecem por congadas, e a poucos anos, venho desenvolvendo, aperfeiçoando e aprendendo cada dia um pouco desta técnica de decoupage.”
          Encerrando a matéria, Beatriz do Lino Mar se diz agradecida a Deus e a todos que apreciam e valorizam seus trabalhos, que não são poucos, são muitos e a cada dia, o trabalho da artesã mineira vem sendo requisitado em todo o país. O contato com a artesã pode ser feito telefone (38) 997269546.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Mar de Espanha de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Carinhosamente chamada de “Mar de Minas” e “Maresp”, Mar de Espanha conta hoje com cerca de 13 mil habitantes. Está a 358 km de Belo Horizonte e a 60 km de Juiz de Fora MG. Faz divisa com os municípios de Além Paraíba, Chiador, Guarará, Pequeri, Santana do Deserto, Santo Antônio do Aventureiro, Senador Cortes e Maripá de Minas. Quem nasce em Mar de Espanha é “mar-de-espanhense”. 
          Mar de Espanha é uma típica cidade do interior mineiro. Pacata, atraente, charmosa, povo hospitaleiro e acolhedor. É uma cidade histórica da Zona da Mata Mineira. (na foto acima de Marley Mello, capela de N. S. Aparecida a caminho do distrito de Saudade em Mar de Espanha MG)
          Nos séculos XVIII e XIX, as terras férteis da Zona da Mata atraíram um grande número de aventureiros e gente disposta a investir na produção agrícola, já que a extração mineral começou a dar sinais de decadência, ainda no século XVIII. Uma das atividades que começou a ganhar impulso na região naquela época foi a cafeeira. O café transformou a região numa das mais ricas regiões do Brasil, nos tempos da Colônia. 
          Várias fazendas de café foram sendo formadas nessa época e muitos povoados, que deram origem a várias cidades. Entre esses povoados, surgiu Mar de Espanha. (na foto acima de Marley Mello, vista parcial da cidade)
          A cidade teve origem em uma pequena rancharia, formada por poucas casas, já que o local eram ponto de passagem de viajantes e tropeiros, que cortavam a região, a caminho de São João Nepomuceno. Na rancharia, os viajantes eram atendidos, descansavam, se alimentavam e seguiam seu caminho.
          Com o passar dos anos, com a riqueza gerada pelo café, casas e sobrados começaram a ser construídos e a pequena rancharia, passou a ser povoado, com o nome de Arraial do Cágado.
          Em 1815, o arraial foi elevado à Vila e a distrito em 10 de setembro de 1851, quando adotou o nome de Mar de Espanha, um nome popular na região, nessa época. A sabedoria popular diz que o nome foi dado por dois irmãos espanhóis, que chegaram ao Brasil no início do século XIX, se estabelecendo na região.
          Os irmãos construíram um pequeno porto, onde faziam travessia de balsa sobre o Rio Paraíba, próximo a foz do Rio Paraibuna. Transportavam alimentos, carros de bois, gado, pessoas, tudo. O leito do rio tinha uma extensão bem larga e a vista, lembrava aos espanhóis, o mar, de seu país, a Espanha. 
          A saudade e as lembranças do país de origem, fez os espanhóis chamar o lugar de “El mar d´Spaña”, Mar de Espanha. Com o passar do tempo, o topônimo passou a ser usado como nome de uma fazenda e quando o arraial foi elevado a distrito, decidiu-se pela mudança do nome Arraial do Cágado, para Mar de Espanha, permanecendo este nome até os dias de hoje.
          Nessa época, o distrito era subordinado a São João Nepomuceno e o arraial contava com cerca de 2 mil habitantes. A riqueza gerada pelo café, propiciava uma vida econômica ativa no distrito que contava com um comércio variado, vida social ativa, várias ruas com casarões e sobrados suntuosos, construídos pelos barões do café. Muitos desses casarões, tanto na área urbana, quanto na rural, estão presentes ainda hoje em Mar de Espanha. E muito bem conservados e cuidados. Em 27 de junho de 1859, Mar de Espanha deixa de ser distrito para ser uma cidade emancipada.
          A data da elevação de Mar de Espanha à distrito, 10 de setembro de 1851, é considerada como data da fundação oficial do município, sendo o aniversário da cidade comemorada neste dia. 
          Mar de Espanha (na foto acima de Marley Mello) teve sua origem na agricultura, mas sua economia hoje é bastante diversificada, tanto na agricultura, com destaque hoje para a pecuária leiteira e seus derivados, quanto em outros setores industriais, como a mineração. Conta um comércio variado que atende bem a população, pousadas e hotéis charmosos e aconchegantes, boa qualidade de vida, produção artesanal de doces e quitandas, restaurantes com comidas típicas e uma boa rede de prestação de serviços. 
          Outro destaque em Mar de Espanha (na foto acima do Marley Mello) é o turismo, já que a cidade faz parte da história dos tempos dos “barões do café”, tendo sido de grande importância para a região desde sua fundação.
          O município é dotado de uma riqueza natural imensa e belezas singelas que impressionam. Nascentes, córregos, rios que em seu percurso forma belas cachoeiras como a Cachoeira do Pedro Duim, da Bocaina, Estevão Pinto e Fumaça, as mais procuradas. 
          Além da beleza e imponência das fazendas de grande importância para o município, como a Fazenda Calambau, a Fazenda Vista Alegre, a Fazenda São Sebastião, o Sítio das Estrelas, o Sítio Harmonia, muitas delas do tempo dos Barões do Café. Pelas fazendas e comunidades rurais, podem ser vistas singelas casas de colonos, belíssimos casarões e charmosas capelas.
          A cidade preserva em sua arquitetura (foto acima do Marley Mello), a beleza e o charme das construções coloniais dos séculos XVIII e XIX, além das construções clássicas e ecléticas do século XX. 
          Em sua arquitetura urbana, Mar de Espanha conta com vários monumentos históricos como a antiga estação ferroviária Estevão Pinto (na foto acima do Marley Mello) prédio do Fórum da Comarca, a sede da Prefeitura, o Santuário de Nossa Senhora das Mercês, a segunda igreja erguida na Zona da Mata, a Igreja de Santa Efigênia e seu mirante, o prédio da Cadeira Pública, o Clube Recreativo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o prédio onde funcionava o matadouro municipal, a Igreja de Santo Antônio.
          Tem ainda as charmosas ruas históricas com seus antigos casarões (na foto acima de Márcia Valle), bem com o Parque Ecológico Doutor José Francisco Schettino, o Horto Florestal, o Sítio Arqueológico na Comunidade do Córrego da Areia, com pinturas rupestres datadas de 10.000 anos, o Vale da Minerva, o Monte Altíssimo, dentre outras belezas naturais e arquitetônicas. 
          Mar de Espanha se destaca ainda na religiosidade, cultura, artesanato e preservação das tradições populares, em destaque para a Festa da Padroeira e o Carnaval. No interior do Santuário de Nossa Senhora das Mercês (na foto de Márcia Valle), encontra-se um pequeno fragmento da ossada de Luiz Orione (1872-1940). Foi doada pelo Vaticano à cidade, por ter sido a única cidade mineira visitada pelo sacerdote italiano, da ordem dos Salesianos, na década de 1920. Beatificado em 1980, Luiz Orione foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 2004. Hoje é São Luiz Orione. A cidade guarda com orgulho a relíquia do Santo, em seu santuário.
          Mar de Espanha é uma cidade acolhedora, de povo simples, que recebe os visitantes de braços abertos e tem muita história para contar e muitas belezas para te mostrar.

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