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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A lenda da Zagaia

(Por Maria Mineira) Lenda ou não, a história da Zagaia é muito conhecida aqui na região. Conto a versão do meu bisavô Tininho. Seu pai, José Justino foi tropeiro e grande conhecedor da Serra da Canastra e suas histórias.
          Enquanto na região das minas, as pessoas estavam voltadas para a abundância da extração de ouro e diamantes, a produção de alimentos era escassa, para suprir as suas necessidades. Os tropeiros tiveram grande importância econômica, pois, além de animais, faziam também o comércio de carne, toucinho, farinha, rapaduras e queijos, que eram transportados nos cavalos, ou carros de bois. Em caixotes de madeira, ou em broacas (bolsas de couro).
          Certa vez, um tropeiro e dois filhos empreenderam viagem, levando além das mulas, três carros, puxados por várias juntas de bois, conduzidos por escravos, que também tratavam de fazer o carregamento das cargas nos mesmos. Haviam partido do Desemboque, cidade, à época, com quase três mil habitantes, considerada a mais próspera da região, onde existia um entreposto comercial. O destino dos tropeiros era São João Del Rei, aonde chegariam ao fim de um mês.
          Em certa parte do caminho, na rota dos viajantes, ficava a fazenda da Zagaia. Passados alguns meses os tropeiros não retornaram da empreitada. Então, o filho mais novo reuniu alguns homens, preparou um carregamento e seguiu viagem com o intuito de descobrir o paradeiro do pai e dos irmãos. Durante o trajeto, indagava, e a última notícia que o rapaz tivera, é que eles haviam sido vistos perto da Serra da Canastra, a poucas léguas do Sertão da Farinha Podre, antigo nome de uma área que hoje é a cidade de Sacramento e parte do Triângulo Mineiro.
          Depois de muitas léguas, resolveram pernoitar e o único local para descanso era a fazenda Zagaia. Aquela propriedade solitária funcionava como estalagem para viajantes. Os proprietários deram abrigo a toda a tropa, mas ao serem indagados, não souberam informar nada sobre o tropeiro desaparecido.
         A refeição foi servida por uma jovem escrava, esta encantou o tropeiro com a sua beleza e bons modos e por conta disso, antes de seguir viagem, ele a encontrou a sós na cozinha, a presenteou com um corte de chita e um pedaço de fumo de rolo. Combinou vê-la outra vez, em sua volta. Da janela, a moça espiava com olhar triste, a tropa se afastando e sumindo na estrada do chapadão.
          Semanas depois, os tropeiros retornavam já com o dinheiro da venda dos produtos e foram convidados pelos donos da fazenda a pousar ali. A escrava, ao ver de volta o rapaz pelo qual havia se afeiçoado, chamou-o a um canto dizendo a ele que, à noite se deitasse debaixo da cama indicada pela fazendeira e não sobre a cama. Não queria falar mais nada, rogou-lhe que só fizesse o que lhe pedia.
          Estranhando tal pedido, e vendo-a aos prantos, o rapaz desconfiou que algo muito ruim estivesse por acontecer. Tanto insistiu que ela acabou contando o segredo da Fazenda Zagaia. Aterrorizado, ele soube pela escrava, do trágico destino do pai e irmãos: quando retornaram com o dinheiro, o proprietário da fazenda os convidou a passarem a noite no quarto maior, pelo preço do menor. O velho tropeiro e seus filhos aceitaram de bom grado, ignoravam que, escondida no teto, havia uma zagaia pronta para ser lançada sobre eles e dar-lhes o descanso eterno.
          A Zagaia era uma enorme peça de madeira com grande quantidade de pontas de ferro. Os donos a amarravam logo acima das camas, perto do telhado. A outra ponta da corda ficava no quarto ao lado, onde esperavam. Ao ouvir os hóspedes se mexendo na palha dos colchões, era sinal que já estava na hora... Sem dó nem piedade soltavam a corda e zagaia despencava, cravando suas pontas nos hóspedes.
          Assim foram mortos o velho tropeiro e os filhos. Depois de roubarem todos os pertences e dinheiro, jogaram os três corpos do alto de um penhasco, nos fundos da fazenda.
          Enamorada, a moça não queria o mesmo destino para o seu benfeitor. À noite, o ajudou a se esconder em outro ponto do quarto e aguardaram em silêncio, até que os fazendeiros assassinos acionassem a Zagaia.
          Revoltado, sem pensar duas vezes, o filho do tropeiro quis vingar o pai e os dois irmãos. Antigamente nesses sertões a justiça era feita assim: “Aqui se faz aqui se paga”. Na mesma noite reuniu os camaradas e deu cabo da vida do fazendeiro e de todos os seus comparsas, poupando apenas a escrava, que levou consigo. Assim terminou uma longa série de assassinatos no Chapadão da Canastra.
          Num precipício perto da fazenda foram encontrados os restos mortais do tropeiro e seus dois filhos, juntamente com as ossadas de centenas de viajantes incautos que por ali passaram e foram vítimas dos assassinos da Fazenda da Zagaia.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Conheça André do Mato Dentro

(Por Arnaldo Silva) André do Mato Dentro é um distrito de Santa Bárbara MG a 110 km de Belo Horizonte. (na foto acima, do Barbosa, a Igreja de Santo Antônio)
          A região faz parte da Serra do Gandarela, um santuário ecológico dos mais belos e importantes de Minas Gerais.(Casario do distrito. Foto do Barbosa)
          André do Mato Dentro possui vários atrativos turísticos com áreas de Mata Atlântica com vários lagos e cachoeiras. (foto acima do Barbosa) O distrito é pitoresco, com casas simples e charmosas. A Paróquia de Santo Antônio é o ponto de encontro dos moradores do Vilarejo e local que concentra as festas, principalmente, religiosas.
          As festas de Santo Antônio e São Geraldo, tradicionais do distrito, acontecem em outubro. Entre as festas, acontece sempre a Cavalhada Feminina. 
          A Cavalhada foi criada em 1999 por meninas da comunidade, relembrando a luta entre Mouros e Cristãos da antiguidade. A Cavalhada Feminina já é tradicional na região e a única do gênero na região e é um dos motivos da presença de grande público na festa.
          Os moradores do local vivem da agricultura. O mel de abelhas produzido no local é de alta qualidade. (na foto acima, do Barbosa, a simplicidade e encanto das construções de André do Mato Dentro) Agora que conhece André do Mato Dentro, faça uma visita ao distrito. Serão todos bem vindos! 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Conheça a Vila Colonial de Macacos

(Por Arnaldo Silva) Bem pertinho de Belo Horizonte, uma charmosa e pitoresca vila chama a atenção para os amantes da natureza, ótima gastronomia e história colonial. É a Vila de Macacos, também chamada de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, a 30 km de Belo Horizonte. (na foto abaixo, de Andréia Gomes, a Matriz de Macacos)
Origem do nome
          Macacos, era a alcunha dada pelos bandeirantes que exploravam o ouro na região no século XVIII, aos contrabandistas de ouro, que ficavam sobre as árvores observando o movimento na mineração e usavam trilhas pelas matas para contrabandear o metal. Com isso o nome do lugar passou a se popularizar como Macacos, mesmo tendo como nome oficial, São Sebastião das Águas Claras.
          Com a presença constante de bandeirantes, o arraial foi se formando e crescendo. Em 1718 é construída uma pequena capela, dedicada a São Sebastião, hoje uma das relíquias históricas de Minas Gerais. Sua primeira reforma foi em 1801, tendo acontecido ao longo dos séculos novas reformas, sendo a última recentemente. São Sebastião das Águas Claras é uma das poucas localidades da região da Grande Belo Horizonte, que ainda preservam construções do período colonial. 
O fim do Ciclo do Ouro
            A partir de meados do século XIX o ouro já não é mais encontrado como antes, fazendo com que as atividades mineradoras se extinguisse na região, com muita gente indo embora para buscar novas ocupações. Os que ficaram na vila buscaram se diversificar, investindo na agricultura e pequenos comércios de gêneros de primeira necessidade. (foto acima e abaixo de Guido Berkholz)
Atrações arquitetônicas e naturais de Macacos
          Por sua proximidade de Belo Horizonte e suas belezas naturais, Macacos começou a viver nova fase de exploração, agora com o turismo gastronômico, de aventura e ecoturismo tendo como atrações as cachoeiras dos Macacos, Dantês, Ponte, Central e dos Mendes. Com isso, condomínios, bares, restaurantes finos e pousadas foram se instalando na histórica Vila ao longo das últimas décadas, transformando Macacos no centro de turismo na Região Metropolitana de Belo Horizonte.    
Como chegar
De carro: Pela Av. Nossa Senhora do Carmo - BR 040 sentido Rio de Janeiro. Entrar à direita, logo após a placa que indica a Mineração MBR, km 25.
De Ônibus: Ônibus 3915 - São Sebastião das Águas Claras

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Túnel da Mantiqueira e a Revolução de 1932

(Por Arnaldo Silva) A Garganta do Embaú era parte do “Caminho geral do Sertão”, quando bandeirantes paulistas rumaram para o sertão mineiro, através de uma passagem na divisa de Minas com São Paulo, no século XVI. 
A Garganta do Embaú
          No caminho dessa passagem, existia uma enorme falha geográfica, que lembrava uma garganta. Nessa falha geográfica existiam minas d´água, que escorriam e formavam pequenas bicas d´água, chamada pelos índios, que viviam na região de “Embaú", traduzindo do tupi-guarani para o português significa “bica d´água." Por isso o nome Garganta do Embaú. 
          Com a descoberta do ouro em Minas, esse caminho fez parte da antiga Estrada Real, que escoava o ouro retirado das terras mineiras para o porto de Paraty/RJ.
          A Garganta do Embaú fica em Passa Quatro, no Sul de Minas Gerais, na divisa com Cruzeiro/SP, a1133 metros de altitude, no alto da Serra da Mantiqueira. A região tem grande valor histórico para mineiros e paulistas. (foto acima de Paulo Santos)
O túnel entre Minas e São Paulo
          Em 1882, o Imperador Dom Pedro II, ordenou a construção de um túnel ferroviário, embaixo da Garganta do Embaú, com extensão de 997 metros, exatamente na divisa de Minas com São Paulo. Essa extensão passou a fazer parte do trecho da Ferrovia Minas Rio, que na época ligava Minas ao Rio de Janeiro em 170 km de ferrovia, transportando passageiros e escoando a produção agrícola da região.        
           A parte paulista do túnel começava no km 23 e a parte mineira, no km 24. Um ano depois de iniciada a obra, o túnel foi inaugurado em 5 de março de 1883 e contou com a presença do Imperador, acompanhado pela Família Real e com a presença de figuras importantes de Minas e São Paulo que entendiam ser esta obra de grande importância para o desenvolvimento da região, tanto de Minas, quanto de São Paulo. 
          Esse trecho entrou em operação em 14 de junho de 1884. A inauguração foi registrada em foto, como podem ver, acima, com autoria atribuída a Marc Ferrez.
          A construção desse túnel uniu mineiros e paulistas, pelos benefícios que a obra traria para os dois lados. A ferrovia significava desenvolvimento.
 
Da esperança de desenvolvimento à guerra        
          Já no século XX, neste mesmo lugar, onde mineiros e paulistas estavam unidos e satisfeitos com a obra, ironicamente, foi marcado por uma das mais sangrentas batalhas do século XX, justamente entre mineiros e paulistas. A alegria da inauguração ficou para trás. No túnel ficaram lembranças de lágrimas, dor, sofrimentos e tristeza. (foto acima de Paulo Santos, o túnel hoje, abandonado)
Vargas e a Revolução
          Getúlio Vargas (São Borja/RS, 19/02/1882 - Rio de Janeiro, 24/08/1954) assumiu o poder em 1930, decorrente de um movimento chamado de “Revolução de 1930”, instalando o chamado “governo provisório” que durou 15 anos. Foi um governo ditatorial, com ações implacáveis e sangrentas contra seus adversários. 
          Com ascensão de Vargas ao poder, a elite paulista, principalmente os produtores de café, perdeu os privilégios que tinha quando era presidente, o paulista Washington Luís, derrubado por Getúlio. Tentando reaver seus privilégios e discordando com os rumos que o Governo dava ao país, os paulistas tentaram unir os estados para derrubar Getúlio Vargas. 
          O Governo Federal não ficou parado. Vargas agiu rápido, mobilizando tropas e conquistando apoios dos presidentes dos estados (governadores) e conseguiu neutralizar a tentativa de influência paulista nos estados, preparando-se política e militarmente para por fim a revolta. Mas os paulistas acreditavam que conseguiriam depor Getúlio Vargas, promover novas eleições e aprovar uma nova constituição, através de uma Assembleia Nacional Constituinte, suas principais reivindicações. 
          Acreditando que tinham forças para derrubar Getúlio do poder, a elite paulista mobilizou as massas populares para marcharem rumo a Capital Federal, na época, o Rio de Janeiro. Iniciaram o que passou a se chamar “Revolução Constitucionalista de 1932”. Saíram da Estação de Cruzeiro SP, rumo a Três Corações, no Sul de Minas, para fazerem baldeação até o Rio de Janeiro.
          A viagem dos paulistas foi curta, durou apenas 34 km. As tropas que iriam para o Rio de Janeiro, não passaram de Passa Quatro MG, cidade mineira na divisa com Cruzeiro/SP.
No meio do caminho: Minas Gerais
          Para chegar a este destino, de ocupar a Capital Federal e depor Getúlio, tinham que passar por Minas Gerais. Esse era o problema, Minas Gerais estava no caminho dos paulistas e reagiu a tentativa das tropas paulistas entrarem em Minas Gerais. As tropas mineiras, aliadas à Getúlio Vargas, não permitiram o avanço das tropas paulistas em seu território, minando o objetivo inicial dos revoltosos de chegar ao Rio de Janeiro. 
O Sétimo Batalhão de Caçadores Mineiros
          Coube ao 7º Batalhão de Caçadores Mineiros, sediado em  Bom Despacho MG, Centro-Oeste de Minas, comandado pelo Tenente-Coronel Fulgêncio, impedir o avanço dos paulistas. As tropas mineiras deixaram Bom Despacho de trem, rumo a Passa Quatro, no Sul de Minas, entrando em confronto direto com as tropas paulistas. Mineiros e paulistas entraram em guerra. Era a Revolução de 1932. (na foto acima oficiais e praças do 7ºBCM na Estação de Trem de Bom Despacho MG, antes do embarque para o Sul de Minas/Foto 7ºBPM de Bom Despacho). 
Juscelino Kubitscheck
          Às Tropas Mineiras, se juntou o médico Juscelino Kubitschek, anos depois, prefeito de Belo Horizonte, Governador de Minas e Presidente da República. JK havia ingressado na Força Pública de Minas Gerais em 1931, com a patente de capitão-médico, atuando no Hospital Militar. 
          Casou-se com Sarah Lemos, em 30 de dezembro de 1931 e no dia 9 de julho de 1932, com apenas 6 meses de casado, foi enviado ao front de batalha. JK assumiu o hospital de campanha, instalado em Passa Quatro, se dedicando com afinco à sua tarefa, sem hora para começar ou encerrar os trabalhos no hospital.
          A sede do 7º Batalhão de Caçadores Mineiros continua até os dias de hoje sediado em Bom Despacho MG, hoje com o nome de ,  7º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais. À época, o 7ºBCM tinha uma extensa área de atuação regional, que compreendia o Centro-Oeste Mineiro, Campo das Vertentes, Noroeste de Minas, Triângulo Mineiro e Sul de Minas. (na foto abaixo, militares do BCM se preparando para embarcar para a divisa de Minas com São Paulo, na Estação de Trem de Bom Despacho MG. Foto cedida pelo 7ºBPM de Bom Despacho MG)
          Os homens do 7º BCM foram para o combate com o firme propósito de defender o território mineiro e a unidade do Brasil, já que a maioria dos Estados da Federação estavam aliadas ao Governo Federal. Foram para impedir e encerrar de vez o movimento revoltoso iniciado pelos paulistas. E foram vitoriosos. Os militares mineiros partiram da Estação de Bom Despacho rumo ao Sul de Minas. (na imagem abaixo, momento da partida dos militares rumo ao Sul de Minas, na Estação de Bom Despacho MG, antes, os militares rezam e são abençoados pelo vigário da cidade. Foto cedida pelo 7º Batalhão da Polícia Militar, de Bom Despacho).
A batalha entre mineiros e paulistas
          As tropas do 7º BCM, ao chegarem ao Sul de Minas, foram logo se preparando para o confronto, se instalando em pontos estratégicos nas cidades mineiras na divisa com São Paulo. Sob o comando do Tenente-Coronel Fulgêncio, os militares mineiros montaram barricadas e ações estratégicas de guerra, fechando o cerco ao paulistas.  
87 dias de guerra
          A guerra foi travada entre julho e outubro de 1932, sendo o Túnel da Mantiqueira, entre os vários campos da batalha nas divisas dos dois estados, palco das mais duras ações de guerra.
          Com o avanço dos mineiros, impondo derrotas e muitas baixas aos paulistas, e temendo ficarem encurralados, recuaram e por fim, se renderam, encerrando o conflito.
          Foram 87 dias de intensos combates, com um saldo oficial de milhares de feridos e 934 mortos de ambos os lados. Informações extraoficiais dizem que esse número de mortos e feridos foi bem maior, principalmente do lado derrotado, o dos paulistas. 
          Um desses mortos, foi o comandante das tropas mineiras, o Tenente-Coronel Fulgêncio. Como todos os outros militares que foram para o combate, deixou sua cidade, se despediu da família, dos amigos e foi cumprir sua missão e como tantos outros, não voltou para casa.(a foto acima, cedida pelo 7ºBPM, mostra a missa de corpo presente em Passa Quatro, do Tenente-Coronel Fulgêncio).
          Na imagem acima, cedida pelo 7º BPM, momento que o caixão do militar é levado para sepultamento e abaixo, o seu sepultamento, em Passa Quatro MG.
Quem ganhou, quem perdeu?
          Numa guerra não existe vencedores e nem perdedores. Existe dor, perdas, mortes, tristeza, traumas. Todos perdem. Não há o que se comemorar. Guerra é uma mancha vergonhosa no coração de um povo. 
          Ficaram as lições desse episódio triste da nossa história para as gerações e as marcas de uma guerra de brasileiros contra brasileiros, de mineiros contra paulistas, presentes nesse local. Por isso o Túnel do Embaú, é de grande importância para a história, mineira, paulista e brasileira, do século XIX e XX. 
          Apesar de derrotados, os paulistas foram atendidos posteriormente em algumas de suas reivindicações como a convocação de uma Assembleia Constituinte, com a finalidade de criar uma nova constituição, que foi promulgada em 1934. 
          A ditadura Vargas se manteve por 15 anos no poder, de 1930 até 1945. Getúlio Vargas retornou ao poder em 1950, desta vez por volto popular, ficando no cargo até agosto de 1954, quando se suicidou. 
9 de julho e o Sétimo Batalhão
          Dia 9 de julho marca para os paulistas o início da "Revolução Constitucionalista de 1932", inclusive a data é comemorada pelos paulistas. Por ironia do destino, 9 de julho marca a fundação do 7º Batalhão de Caçadores Mineiros.
          A data do aniversário do Batalhão e não da Revolução de 1932, é lembrada todos os anos em Bom Despacho MG pela importância do 7º BCM, hoje 7ºBPM, para a história de Minas Gerais, pelos homens que contribuíram para nossa história e deram suas vidas em defesa do território de Minas Gerais, honrando seus compromissos com a sociedade. 
Homenagens ao Coronel Fulgêncio
          Em Passa Quatro, onde o Tenente-Coronel Fulgêncio tombou em combate, a Estação de Trem que ficava na divisa com Cruzeiro SP, teve o nome mudado logo após o fim do conflito, para Tenente-Coronel Fulgêncio. Foram os próprios militares, em honra ao seu comandante, que alteram, com permissão das autoridades da época. Como podem ver na imagem ao lado, cedida pelo 7ºBPM.
          Em Bom Despacho, o Tenente-Coronel Fulgêncio e os combatentes que deixaram a cidade rumo ao Sul de Minas e morreram em confronto, nunca foram esquecidos e são sempre lembrados, um por um, nome por nome. 
          No quartel, um museu com fotos, cartas e objetos da época da Revolução de 1932, conta a história do conflito e é aberto a visitação pública.          
          Em 26 de setembro de 1985 foi criada a Medalha do Mérito Coronel Fulgêncio de Souza Santos, pelo decreto nº 24.973, destinado a agraciar, em diferentes graus, integrantes da Polícia Militar que participaram do movimento revolucionário de 1932, no Túnel da Mantiqueira, instituições e personalidades civis que tenham prestado relevantes serviços à União dos Militares de Minas Gerais. Essa medalha é uma das principais honrarias mineiras. (na imagem abaixo, cedida pelo 7ºBPM, carta manuscrita descrevendo a morte do Tenente-Coronel Fulgêncio). 
O fim do ramal ferroviário
         As atividades ferroviárias do túnel foram encerradas em 1991, com o fechamento do ramal de Cruzeiro/SP a Três Corações/MG e o túnel foi esquecido, mas sua história e marcas, não. 
          Hoje, o Túnel da Mantiqueira é ponto turístico para os visitantes que fazem o passeio no Trem da Mantiqueira, que faz o trajeto entre a Estação de Passa Quatro, até a Estação Coronel Fulgêncio, na divisa com Cruzeiro/SP. (Coronel Fulgêncio é este da foto que está na galeria dos ex-comandantes do 7º Batalhão da Polícia Militar, em Bom Despacho MG. Foi o primeiro comandante do Batalhão, instalado em 9 de julho de 1931. Foto cedida pelo 7ºBPM). 
O tombamento do Túnel da Mantiqueira           
          Por sua importância histórica para Minas Gerais, em 30 de maio de 2017, o Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais (CONEP) aprovou por unanimidade o tombamento do Túnel da Mantiqueira como Patrimônio Histórico de Minas Gerais. 
(Agradecemos à Tenente Lorena, da Seção de Comunicação Organizacional do 7º BPM, pela gentileza em ceder as fotos que fazem parte do Museu do Batalhão que ilustram a matéria)       

domingo, 10 de dezembro de 2017

Florada das cerejeiras em Maria da Fé

(Por Arnaldo Silva) Com a chegada do inverno, começam a surgir as primeiras flores da cerejeira. Sua florada se estende até meados de julho e tomam conta da cidade de Maria da Fé, no Sul de Minas. Além do azeite e do frio, a florada das cerejeiras atraem gente de toda a região. Encantam turista e os moradores. A beleza das cerejeiras impressiona.
Fotografia: Leonardo Bueno
        De origem japonesa, é uma árvore sagrada no oriente, conhecida pelo nome popular de "sakura".É uma espécie típica de climas frios, já que necessita de pelo menos 1000 horas de frio intenso e altitudes acima de 1000 metros.
Fotografia: Rinaldo Almeida
         Altitude e frio em Maria da Fé é o que não falta, como em toda a região da Serra da Mantiqueira. As cerejeiras ainda podem ser vistas cerejeiras em outras cidades como Gonçalves, Monte Verde, Marmelópolis, etc.
Fotografia: Rinaldo Almeida
        Com o fim de Rede Ferroviária e retirada dos trilhos no ramal de Maria da Fé, no início dos anos de 1980, abriu-se a oportunidade de arborizar as partes desativadas da ferrovia, principalmente na área central. Assim, onde passava o trem, foram plantadas várias espécies de cerejeiras, sendo escolhida uma variedade que se adaptasse bem ao clima e solo da região. São dezenas de espécies de cerejeiras existentes entre ornamentais e frutíferas. 
Fotografia: Cássa Almeida
        A espécie escolhida e plantada na cidade foi a Cerejeira-do-Japão, também conhecida como Prunus serrulata, espécie de médio porte e de grande beleza em sua florada.É impossível não associar Maria da Fé ao frio, azeite e cerejeiras. 
 Fotografia: Cássia Almeida
        Hoje são centenas de Cerejeiras espalhadas por todo o município, principalmente na avenida principal da cidade onde podem ser vistas, contempladas e admiradas por toda a cidade e pelos visitantes, que vão à cidade somente para contemplar e fotografar essa maravilhosa árvore. 
Fotografia: Leonardo Bueno
        Sua florada é anual e como citado acima, começa no fim do mês de junho e se estende até meados de julho. É um espetáculo imperdível e o visitante, encontra cerejeiras em toda a cidade. 

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A florada dos girassóis em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Quem passa pelas estradas do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Norte de Minas e Sul de Minas, entre maio e junho, tem o privilégio de contemplar a florada dos girassóis (Helianthus annuus). (na foto acima de Eduardo Henrique, girassóis entre Uberlândia e Nova Ponte, no Triângulo Mineiro)
          Dificilmente alguém não para admirar os girassóis floridos, nessa época do ano, para registrar e se fotografar em meio aos milhares de girassóis de dois metros de altura. Os girassóis fascinam, simplesmente fascinam por sua beleza. (foto acima do Wellington Diniz em Florestal)
          Bem antes da chegada dos portugueses e espanhóis na América Latina, os girassóis estavam presentes no continente, fazendo parte da cultura alimentar dos povos indígenas desde o ano 1000 a. C, segundo informações de pesquisadores. Quando Francisco Pizzaro, um conquistador e explorador espanhol, chegou à América, no início do século XVI, encontrou objetos dos Incas com imagens de girassóis, moldadas em ouro, em referência ao deus do Sol. (na foto acima de Cris Ferreira, girassóis em Uberlândia MG, Triângulo Mineiro)
          Historiadores, afirmam que a planta está presente nas Américas há milhares de anos, tendo como origem a América do Norte, se expandindo para a América Central e do Sul, fazendo parte da cultura, religiosidade, crendices e alimentação dos Incas, Maias, Astecas e demais povos indígenas do Continente. (na foto acima de Conceição Luz, plantação de girassóis em Areado MG, Sul de Minas) O girassol tem esse nome porque gira do nascente ao ponte, acompanhando a trajetória do sol.
          Os povos antigos, como os Incas, usavam os girassóis na alimentação misturando suas sementes com outros vegetais.  Hoje girassóis são plantados em escala industrial no mundo, sendo usado na produção de óleo para a culinária e na produção de biodiesel. Suas sementes são usadas como alimento para os pássaros e na mistura de alimentos para o gado. (foto acima de Djacira Antunes em Estrela do Sul MG)
          A flor do girassol, que na verdade é um conjunto formado por dezenas de folhas, são comercializadas em floriculturas, como plantas ornamentais. (foto acima de Wellington Diniz)
          Além de sua utilidade comercial e industrial, é uma planta de rara beleza, que atrai polinizadores, principalmente abelhas e os olhares de todos que ficam encantados com a cor dourada da planta. (na foto acima, de Manoel Freitas, plantação de Girassóis em Manga MG, no Norte de Minas)
          Sua cor amarelo-cintilante ou vermelho, encanta e ao longo dos séculos, presente em várias simbologias no mundo, como por exemplo, na Igreja Católica, onde a planta é um dos símbolos da páscoa Cristã. (na foto acima e abaixo, de Djacira Antunes, plantação de girassóis em Estrela do Sul, no Triângulo Mineiro)
          Segundo o Cristianismo, a humanidade deve estar voltada para a luz, que é Jesus e o girassol, para sobreviver, tem que ter sua corola voltada para o sol. Por isso é um dos símbolos dessa data cristã, junto com a palmeira, o coelho, os ovos de chocolate, o pão, o vinho, o peixe, o cordeiro, o sino, a quaresma, os óleos santos e a cruz.
          É também uma planta mitológica, como por exemplo, a crença de que ter 11 pés de girassóis em casa atrairá fama, sucesso, sorte e felicidade. Uma crendice antiga de que se colocar sementes de girassóis a beira da janela de quarto de uma mulher, quando engravidasse, seu filho seria homem, além de outras tantas crendices espalhadas pelo mundo afora. (na foto acima da Marlene Silva em Florestal, detalhes do girassol vermelho).
          Vale salientar que a florada do girassol inicia, em maio é feita a colheita dos girassóis e a área plantada, durante a entressafra, pode ser novamente plantada com girassóis ou outra cultura, como soja, milho, sorgo, etc. Isso depende do produtor, que pode até nem plantar girassóis em determinadas épocas, devido as condições de mercado. (fotografia cima de Cleusa Ely em Muzambinho, no Sul de Minas)
          Portanto, não espere ver a florada de girassóis o ano todo, nesses lugares citados acima. Apenas em sua época de florada, em maio, mas de preferência, se informe antes, entrando em contato com as Secretarias de Agriculturas das Prefeituras locais, ou Sindicatos Rurais, das cidades onde tem plantações de girassóis para obter informações, exatas se houve plantio e se recebem visitas.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A menor e mais bela Basílica do mundo está em Minas

(Por Arnaldo Silva) Construída no século XVIII, por volta de 1767, no ponto mais alto da Serra da Piedade em Caeté MG, distante 55 km de Belo Horizonte e 16 km de Caeté. A charmosa e singela Ermida de Nossa Senhora da Piedade, forma o conjunto com a Igreja das Romarias, anexo a ermida, construção mais recente, edificada a partir de 1974 e projetada pelo arquiteto carioca Alcides da Rocha Miranda. O conjunto foi elevado a basílica pelo Papa Francisco, em 2017.
          O templo religioso é um dos mais importantes santuários do Brasil e um dos principais pontos de peregrinação de fiéis, além de ter para Minas Gerais, alto valor histórico, por sua arquitetura e arte barroca presente em seu interior. (fotografia acima de Henrique Caetano)
          Com o reconhecimento, a pequena Igreja das Romarias, com capacidade para cerca de 60 fiéis, passou a denominar-se Basílica Estadual de Nossa Senhora da Piedade - Padroeira de Minas Gerais. 
          A elevação das ermidas a basílicas se deu nas comemorações dos 250 anos de história de fé e peregrinação à Serra da Piedade, lugar sagrado para os mineiros, tanto é que Nossa Senhora da Piedade é a Padroeira do Estado de Minas Gerais.
          Desde a elevação a basílica, a Ermida de Nossa Senhora da Piedade passou a se chamar Basílica da Ermida da Padroeira de Minas Gerais - Nossa Senhora da Piedade, com capacidade para cerca de 100 fiéis, no interior do templo, sendo atualmente a menor basílica existente no mundo. Não existe nenhuma outra basílica em todo o planeta menor que a de Nossa Senhora da Piedade, sediada em Minas Gerais. E entre as menores basílicas do mundo, a Basílica de Nossa Senhora da Piedade, é para nós mineiros, a mais bela também. (na foto, de Josiano Melo, o altar da Basílica de Nossa Senhora da Piedade) 
          A basílica, além de grande valor religioso para os católicos mineiros, é de grande valor histórico e arquitetônico para Minas Gerais, sendo um dos patrimônios mineiros mais visitados por turistas e fieis. A Ermida guarda um dos tesouros do nosso Barroco, a imagem de Nossa Senhora da Piedade, cuja autoria é atribuída ao mestre Aleijadinho. Por ano, o Santuário recebe entre 500 e 700 mil pessoas. 
         Mesmo os que não sobem a serra, com o objetivo religioso, busca um contato maior com a natureza. (foto acima de Henrique Caetano) Estar no topo da serra é como estar tocando no céu, literalmente. A natureza em volta é um proporciona uma beleza impressionante. São 1746 metros e altitude. Lugar ideal para meditação, oração, encontro com Eterno e descanso para a mente. 
          A vista do alto da serra (foto acima de Douglas Arouca), principalmente no inverno e dias nublados, impressiona os visitantes. Dá para ver em 360 graus as cidades de Belo Horizonte, Caeté, Contagem, Lagoa Santa, Nova União, Raposos, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Um paraíso chamado Santo Hilário

(Por Arnaldo Silva) Santo Hilário, é distrito da cidade de Pimenta MG, na Região Oeste de Minas. Fica a 235 km de Belo Horizonte. Pimenta faz divisa com as cidades de Pains, Formiga, Guapé e Piumhi. O pequeno povoado com menos de 200 habitantes, fica as margens do lago de Furnas. (na fotografia acima e abaixo de Jefferson Souza/Jefferson Souza/@jeffersonsouza_, Santo Hilário, vista por dois ângulos diferentes)
          O distrito tem um ar bem interiorano, mesclado a uma agitada vida típica de cidades do litoral, graças as águas do Lago de Furnas, suas paisagens e cachoeiras paradisíacas. É um dos lugares mais procurados de Minas pelos Turistas e um dos mais belos pontos turísticos do Estado. (foto abaixo, registrada pelo Jefferson Souza)
PRINCIPAIS ATRATIVOS DE SANTO HILÁRIO
          Além do Lago de Furnas, Santo Hilário oferece ao turista vários opções de diversão e descanso. (fotografia de Jeffeson Souza)
PONTE SANTO HILÁRIO
          A ponte oferece uma vasta vista do Lago de Furnas. (na foto acima de Jefferson Souza/@jeffersonsouz_)

HOTEL PENA BRANCA
          
As ruínas do velho Hotel Pena Branca (na foto acima de Maria Mineira) é um dos lugares mais procurados de Santo Hilário, pela vista linda que oferece e pelo lugar exótico, iniciado em 1976 com as obras paralisadas na alvenaria, muito procurado por casais de noivos e modelos para fazerem fotos de seus books. O empreendimento foi adquirido por um grupo empresarial e prevê-se a conclusão das obras, sem tempo determinado. (foto abaixo de Jefferson Souza/@jeffersonsouza_)
TRILHAS
          A pé, de bike ou de moto, Santo Hilário oferece opções de trilhas com paisagens de tirar o fôlego. Uma das trilhas mais procuradas é a que leva à Capela de Nossa Senhora. A beleza da paisagem vista pelo caminho supera qualquer cansaço. (foto abaixo de Pedro Beraldo)

CACHOEIRAS
          Santo Hilário tem cachoeiras magnificas, de água limpa e cristalina. As mais procuradas são: Cachoeira Quaresma ou das Andorinhas, a Cachoeira do Chapadão e a Cachoeira do Lajeado. Esta última fica numa propriedade particular e o dono cobra uma pequena taxa por pessoa. (foto abaixo de Jefferson Souza/@jeffersonsouza_)
PASSEIO DE BARCO
          Sem dúvida alguma, os passeios de barco são a grande atração de Santo Hilário. De barco pode-se navegar pelas águas do Lago de Furnas. Um passeio maravilhoso e imperdível. No povoado, tem barcos a disposição do turista para este passeio. 
MAIS INFORMAÇÕES
          A cidade de Pimenta possui restaurantes, pousadas e hotéis, bem como as vizinhas Formiga, Piumhi, Pains e Guapé. Santo Hilário tem uma pousada e alguns moradores alugam casas para turistas, em temporadas, bem como no distrito e na sede, existem guias especializados.

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