Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A Vila do Príncipe do Serro Frio

(Por Arnaldo Silva) A povoação no que é hoje a cidade do Serro começou em 1701. No ano seguinte, 1702, o pequeno povoado passou a ser chamado de "Arraial do Ribeirão das Minas de Santo Antônio do Bom Retiro do Serro do Frio".
          Em 1714 o arraial é elevado a Vila pelo governador Brás Baltasar da Silveira, com o nome de Vila do Príncipe. Em 1720 é elevada a sede da comarca, com o nome de Serro do Frio e por fim, à cidade emancipada, em 1838, já com o seu nome atual, Serro. (fotografia acima de Nacip Gômez)  
          É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais e uma das mais importantes cidades do Caminho dos Diamantes e Estrada Real, graças a sua história e as minas de ouro e diamantes que atraíram bandeirantes e portugueses no século XVIII.(na foto acima de Tiago Geisler, vista parcial do Serro) 
          A presença dos bandeirantes paulistas e portugueses deixou como herança uma arquitetura inigualável, simples, singela e muito rica em detalhes e história. A beleza de seu casario, suas belas igrejas, suas ruas traçadas no auge do Ciclo do Ouro, nos tempos do Brasil Colônia, impressionam pela riqueza dos seus traçados, bem como pela simplicidade da arquitetura colonial e barroca mineira.
          Famosa por seu queijo, de fama internacional, o Serro fica a 320 km distante de Belo Horizonte, no Alto do Jequitinhonha.  (foto acima de Tiago Geisler) Faz divisa com os municípios de Diamantina, Datas, Presidente Kubitschek, Sabinópolis, Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Couto de Magalhães de Minas, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Rio Vermelho. Segundo o IBGE, 21.940 pessoas vivem no município atualmente.
          Além de sua riqueza arquitetônica e história, o Serro guarda tradições folclóricas e religiosas, preservadas há mais de 300 anos, bem como sua rica culinária, tipicamente mineira, como o pão de queijo, requeijão, doces e os pratos típicos mineiros e ainda o queijo do Serro, registrado como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais em 2002, pelo Iepha e Patrimônio Imaterial do Brasil, em 2008, pelo Iphan. (foto acima de Tiago Geisler o queijo do Serro e abaixo, a tradicional Festa de Nossa Senhora do Rosário)
          Pelos 1.217,645 km² do Serro, encontramos serras, morros, rios e cachoeiras, além de pitorescos e charmosos distritos, com um rico acervo arquitetônico, cultural e histórico. Dotados de uma beleza ímpar e uma simplicidade que impressiona, os distritos serranos são dotadas de uma paz e tranquilidade que somente as vilas mineiras proporcionam.
          O município do Serro é formado por pequenos povoados, comunidades quilombolas (na foto acima de Tiago Geisler, Mata dos Crioulos) como o Quilombo Baú, Quilombo Ausente, Quilombo Vila Nova, Quilombo Queimadas, Quilombo Fazenda Santa Cruz e pelos distritos de Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras, Mato Grosso, Monjolos, Três Barras da Estrada Real e Capivari. A cidade e alguns distritos, possuem ótima estrutura para receber os turistas como guias, hotéis e  pousadas.
Conheça os distritos do Serro:
Milho Verde
          O mais famoso distrito do Serro é Milho Verde. Uma pequena vila, charmosa, pitoresca, harmonizada pela simpatia e hospitalidade de seus moradores. Foi nessa localidade, entre os anos de 1731 e 1735, que nasceu Chica da Silva, escrava e mulher do Contratador de Diamantes João Fernandes de Oliveira. (na foto acima de Raul Moura, a Igreja do Rosário, um dos cartões postais de Minas Gerais)
          Milho Verde possui cachoeiras paradisíacas e paisagens encantadoras, bem como seu belo casario e suas belas igrejas como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (na foto acima, de Raul Moura), onde Chica da Silva teria sido batizada. (na foto abaixo de Norma Bittencourt, a Cachoeira do Moinho)
Monjolos
          Também chamado de Pedro Lessa, o distrito de Monjolos, como é mais conhecido, é um pacato vilarejo, com todos os detalhes da simplicidade e tradição das pequenas vilas mineiras. Se destaca entre os distritos serranos por suas belas cachoeiras entre elas, a Carioca, Moinho de Esteira, Cascata do Carioca, Cachoeira do Pimenta e Lajeado que fica no povoado de Boa Vista de Lajes. Pinturas rupestres podem ser vistas em um sítio arqueológico, além da singular Pedra Montada, uma escultura natural, muito procurada pelos turistas.
São Gonçalo do Rio das Pedras
          Lembra mais um presépio por sua paz e tranquilidade que transmite. Rico em história e preservando festejos religiosos tradicionais que atraem sempre visitantes, o distrito é o recanto do sossego. Seu casario tem traços coloniais, bem preservados e suas belezas naturais, como várias cachoeiras, são de tirar o fôlego. (foto acima de Raul Moura) 
Mato Grosso
          A Vila Deputado Augusto Clementino, popular Mato Grosso, é um local de peregrinação e fé.(foto acima de Thelmo Lins)  A vila com sua igreja, praça e casario tem as características típicas das tradicionais vilas mineiras. Mas não tem moradores. As dezenas de casas do distrito ficam fechadas durante quase todo o ano. O casario só volta a ser ocupado no mês de julho, durante o Jubileu de Nossa Senhora das Dores, um dos mais tradicionais eventos religiosos da região. Em abril acontece na Vila a Festa do Padroeiro, na Capela de São Sebastião e em setembro, a tradicional Festa de Nossa Senhora do Rosário.
Três Barras da Estrada Real
          Seu casario colonial se destaca pela simplicidade e seu povo pela simpatia e hospitalidade. As belezas naturais do distrito, em conjunto com sua a calma e beleza arquitetônica é o lugar ideal para quem busca paz, sossego e qualidade de vida num só lugar. (foto acima de Raul Moura)
Capivari
          É um dos mais visitados distritos serranos. É em Capivari que está uma das mais belas cachoeiras de Minas, a Cachoeira do Tempo Perdido. É a porta de entrada para o Pico do Itambé, Parque Estadual criado em 1998, mais conhecido como o “teto do sertão mineiro”. Subindo até o topo do pico, são 2.002 metros. A beleza é impressionante! (foto acima e abaixo de Tiago Geisler)
          Um dos destaques de Capivari são as flores e seus coletores, o que garante o sustento de muitas famílias, sendo também um dos atrativos para os turistas que visitam Capivari. Além disso, a charmosa vila tem um belo e simples casario, com um povo carismático, bem simples e trabalhador. Dão valor enorme ao trabalho que fazem com a coleta de flores e seu artesanato, além de preservarem sua fé e tradições religiosas.
          O Serro te espera para uma visita. Na cidade o visitante pode contratar os serviços de guias especializados para poder conhecer melhor e aproveitar mais as belezas arquitetônicas, culturais, naturais e gastronômicas serrana. Caso queira mais informações, o telefone da Secretaria de Cultura e Turismo do Serro MG é (38) 3541-2754. (Fotografia acima de Tiago Geisler e abaixo de Nacip Gômez)
Como chegar ao Serro
Acessos MG-010, BR259, BR381, BR120
Horários de Ônibus de Belo Horizonte ao Serro:
- Via Curvelo - Diários, às 7 h; - Às sextas-feiras, às 7 e às 22:15 h; tempo de viagem: 6 h; Viação Serro.
- Via Serra do Cipó - Diários, às 6 e às 15 h; tempo de viagem: 6 h; Viação Serro.
- Serro-BH: Via Curvelo - Diários, às 15 h; - Aos domingos, às 13,20 e às 17 h; tempo de viagem: 6 h; Viação Serro.
- Via Serra do Cipó - Diários, às 6:15 h e 9,30 h; - De 2.ª a 6.ª, às 16 h;
- Diários, vindo de Rio Vermelho, por volta de 8 h; tempo de viagem: 6 h; Viação Serro. 
Mais informações de ônibus
- Rodoviária BH - ( 31 ) 3271-3000.
- Rodoviária Serro - ( 38 ) 3541-1366.
- Viação Serro - ( 31 ) 3201-9662 (rodoviária BH); ( 31 ) 3422-6690 (empresa BH).
- Saritur - ( 33 ) 3421-1196 (rodoviária de Guanhães); (31) 3479-4300 (empresa BH); ( 31 ) 3272-8525 (rodoviária de BH).
- Empresa São Geraldo - Tel: ( 38 ) 3531-3840 (Diamantina).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

As cores vivas da arquitetura de Martins Guimarães

(Por Arnaldo Silva) Lagoa da Prata é um município da região Centro Oeste de Minas. Faz divisa com os municípios de Luz, Moema, Japaraíba e Santo Antônio do Monte. Distante 202 km de Belo Horizonte, tem acesso pela BR 262, entrando no trevo de Moema, pela MG 170.
          Segundo o IBGE, Lagoa da Prata conta atualmente com 52.165 habitantes. É uma das mais prósperas cidades do Centro Oeste Mineiro, com uma ótima estrutura comercial e industrial contando com um variado comércio e indústrias de médio e grande porte, além de ter forte vocação para turismo, principalmente de aventuras. (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
          A cidade oferece atrativos turísticos naturais e de interesse ecológico como sua famosa praia, o Rio São Francisco, monumentos históricos e atividades eco turísticas praticadas na região, principalmente em seus distritos, sendo o mais procurado hoje, o Distrito de Martins Guimarães. (na fotografia acima de Rafael Robatine/Arquivo Sectur, vista parcial de Lagoa da Prata MG)
          O acesso ao distrito é pela MG 429. Até a vila, a estrada é toda pavimentada. As belezas do nosso cerrado estão presentes no distrito, além da beleza das correntezas do Rio Jacaré e 20 km de trilhas de Cerrado, o que atrai amantes de caminhadas e trilheiros. (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
          Martins Guimarães não chama atenção apenas por suas belezas naturais. Sua história, arquitetura e seu colorido casario, lembra muito o estilo da arquitetura, cores vivas e vibrantes do casario da famosa ilha de Burano, perto de Veneza, na Itália. (na foto acima de autoria de Thelmo Lins)
          As belezas naturais de Martins Guimarães e sua bem conservada e atraente arquitetura, vêm atraindo atenção de turistas de toda a região do Centro Oeste Mineiro, e também do Brasil. A pacata e pitoresca vila, é dotada de um charme incrível! Martins Guimarães é a Burano brasileira! (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
          Na Vila e zona rural vivem cerca de 400 pessoas. A economia do distrito é movimentada pelas atividades agrárias, de pequenos comércios e uma fábrica de cosméticos, de médio porte, a Fashion. Seus moradores são simples, muito hospitaleiros, gentis e demonstram um amor e carinho enorme à comunidade em que vivem.
A origem do nome 
          A história de Martins Guimarães é bem interessante. Seu desenvolvimento se deu no início do século XX com a chegada da Estrada de Ferro Oeste de Minas, que ligava Belo Horizonte a Garças, distrito de Iguatama, no Oeste de Minas. A ferrovia foi aberta entre 1911 e 1916, transportando carga e passageiros. A Estação de trem de Martins Guimarães, segundo os moradores, começou a ser construída em 1914 e inaugurada em 1916. (fotografia acima de Marcos Pieroni)
          O responsável pela obra foi o engenheiro José Francisco Guimarães Filho, mais conhecido por Martins Guimarães.
          Segundo dona Vanderléa Morais, que conhece profundamente a história da formação da vila, Martins Guimarães, contada por seu avô, hoje com 90 anos e lúcido, o engenheiro era holandês e usava dois nomes no Brasil. O original, holandês, muito difícil de falar, que nem ela e nem seu avô, lembram o nome. E o em português, Martins Guimarães, mais fácil de lembrar e de ser pronunciado, pelos moradores.
          O engenheiro fez carreira na Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), deixando sua assinatura em diversas estações pelo Brasil. Martins Guimarães foi chefe de tráfego da EFCB, em 1892, posteriormente, chefe de linha, chegando a diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil.
          Em sua homenagem, a estação de São José dos Campos em São Paulo, recebeu o nome de Estação Engenheiro Martins Guimarães. (na foto acima do Marcos Pieroni, o Rio Jacaré que passa atrás do distrito)
          Em Minas Gerais, em Lagoa da Prata, a estação construída pelo engenheiro José Francisco Guimarães Filho, passou a se chamar, Estação Martins Guimarães, em sua homenagem, e por fim, todo o povoado, que cresceu em torno da estação, passou a ser conhecido por esse nome. (foto da foto da estação Martins Guimarães, na década de 1980)
        Antes da chegada da Estação de Trem em Martins Guimarães, o povoado já existia, bem pequeno. Cresceu com a chegada de várias pessoas e famílias, vindas de diferentes cidades da região, como o próprio avô de dona Vanderléa Morais, que veio, solteiro, de Santo Antônio do Monte, para trabalhar num comércio, fundado pelo italiano, Anielo Greco, na vila. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
          Até os dias de hoje, o trem circula pelos trilhos do distrito, transportando somente cargas. O transporte de passageiros foi encerrado no início da década de 1990.
          Com a chegada do trem, a construção da Estação, bem como a venda, o povoado começou a crescer. Casarões em estilo barroco do século XIX começaram a ser erguidos e outros em estilo eclético, característicos do início do século XX. É uma vila tipicamente mineira, com toda beleza e simplicidade dos pitorescos e charmosos cantos de Minas Gerais. 
A união dos moradores pela comunidade 
          Com o fim do trem de passageiros, o distrito sofreu uma estagnação, se reerguendo com a instalação da indústria de cosmético Fashion e com a vinda novos moradores, principalmente de Lagoa da Prata, que começaram a construir casas no distrito para descanso de fins de semana ou mesmo fixar residência, já que a distância do distrito para Lagoa da Prata é de 30 km, com estrada pavimentada. (fotografia acima de @arnaldosilva_oficial)
          Percebendo a presença constante de visitantes e turistas, que vinham ao distrito para participarem de eventos religiosos e sociais em torno da Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, vivenciar um convívio pleno com a natureza, sentir a calmaria e tranquilidade que somente as tradicionais vilas mineiras proporcionam, os moradores de Martins Guimarães sentiram a necessidade de melhorar ainda mais a vila. (foto acima de Marcos Pieroni)
          Foi com a união da comunidade que o distrito começou a sofrer mudanças, principalmente na recuperação do casario, que ganhou vida nova com cores vivas, sobressaindo à alegria e beleza do conjunto arquitetônico. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
          Do mais chique casarão a mais simples casa, seus moradores foram incentivados a cuidar de suas residências, restaurando suas cores originais, melhorando sua calçada, cuidando de sua rua e de sua comunidade. 
          O resultado é uma melhor qualidade de vida para seus moradores e um aumento significativo de turistas. Como resultado imediato, houve um forte aquecimento da economia local, gerando mais empregos e impostos para o município. Está em fase final de construção uma pousada no distrito, bem como um restaurante, oferecendo mais opções aos turistas. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
          A maior riqueza de Martins Guimarães é seu povo. Simples, hospitaleiros, gentis, dotados de um amor enorme por sua terra e não escondem nem um pouco a alegria de ver suas casas todas coloridas e sua comunidade bem cuidada. 
          Estar em Martins Guimarães é sentir toda a beleza vibrante das cores de cada casa e a alegria de seu povo. A sensação é de estarmos num cenário de novela de época, um lugar de sossego, de alegria, de encanto. Natureza, simplicidade mineira, arquitetura barroca e eclética. Simbiose perfeita! (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
Reforma da Estação
          Uma das relíquias históricas de Martins Guimarães é sua antiga Estação de trem, hoje, abandonada. No local, enormes mangueiras dão sombra e frutos para seus moradores, mas o sonho de cada um que vive na Vila é ter sua velha estação restaurada. (acima, em 1990, com foto de Hugo Caramuru/Arquivo, quando ainda existia o trem de passageiros e abaixo, hoje, abandonada)
          Esse sonho pode estar perto de se realizar. Segundo os moradores, a Prefeitura abriu entendimentos com a Rede Ferroviária Federal, proprietária da Estação, para que o prédio seja reformado e possa ser usado pela comunidade. 
          Ainda está em fase de conversas, mas os moradores torcem por um final feliz e a comunidade possa ter sua estação toda restaurada, se tornando mais um atrativo para os turistas. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
          A vila de Martins Guimarães, conta hoje com uma charmosa pousada, "O lugar", que serve café da manhã, almoço e jantar, o Barmazém (na foto acima) e tradicionais botecos, em frente a linha de trem, com bancos e mesas sob frondosas mangueiras. 

A restauração do Vapor Benjamim Guimarães

(Por Arnaldo Silva) O Benjamim Guimarães  estava esquecido, abandonado e deteriorando-se pela ação do tempo no porto de Pirapora, desde 2014, quando foram detectados problemas estruturais que comprometia a segurança dos usuários. (foto abaixo de Rhomário Magalhães)
          A solidão e inatividade do velho Benjamim Guimarães está encerrando e em breve o charmoso e nostálgico barco será totalmente restaurado e voltará a navegar em breve nas águas do Rio São Francisco.
          Em dezembro de 2019, através do Ministério do Turismo, foi destinado a verba equivalente a 3,7 milhões para restauração completa do barco, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
          Será uma reforma completa com substituição total do casco do vapor, tendo sido este o principal problema apontado pela Marinha para interditar o barco. Além disso, o motor será restaurado, bem como o seu mobiliária e a parte superior da embarcação, toda em madeira.
Início da reforma
          Após os trâmites burocráticos, finalmente, em 9/11/2020, começou a restauração do barco a vapor Benjamim Guimarães, com o barco sendo retirado do Rio São Francisco, onde estava ancorado e levado para a doca, onde serão feitos os trabalhos de restauração total do barco. Mas foi por pouco tempo. As obras paralisaram e o custeio da reforma foi assumida pelo Estado e Iepha MG e por para a Prefeitura Municipal, que é a proprietária da embarcação. (na foto acima e abaixo do Rhomário Magalhães, o início dos trabalhos e restauração do Barco Benjamim Guimarães)
          
O projeto completo de restauração do Benjamim Guimarães foi feito pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). As obras serão executadas e custeadas pela Prefeitura Municipal de Pirapora, via financiamento pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
          Após atrasos no restauro, paralisações e burocracias, as obras de recuperação foram recomeçadas e segundo acredita a Prefeitura de Pirapora, a expectativa é que a reforma seja concluída ainda neste ano de 2024.
          Seguindo os prazos citados, o velho barco a vapor Benjamim Guimarães, estará navegando, completamente restaurado, pelas águas do Rio São Francisco, pelo menos no trajeto entre Pirapora a Barra do Guaicuí, na foz do encontra das águas do Rio das Velhas com o Rio São Francisco.
          Voltará em grande estilo pelas águas do Velho Chico e com novidades. A viagem no barco será voltada para o turismo e entretenimento dos passageiros. Além da tripulação, que estará vestida a rigor, o passeio contará com vesperatas e outras novidades, que irão proporcionar aos turistas, um passeio nostálgico, musical e muito atrativo.
A história do Benjamim Guimarães
         O barco foi construído no ano de 1913 pelo estaleiro James Rees & Com no Mississipi, Estados Unidos, chegou a navegar pelo Rio Mississipi antes de ser adquirido pela empresa da família do patriarca Benjamim Guimarães, na década de 1920, por isso o nome. (foto acima de Rhomário Magalhães, o Benjamim Guimarães na arte dos artesãos piraporenses)
          O Benjamim Guimarães foi trazido para Pirapora para navegar nas águas do Rio São Francisco, em viagens longas e continuas pelo rio e em seus afluentes, transportando passageiros e principalmente cargas. Saia de Pirapora no Norte de Minas, passando por várias cidades às margens do rio e ia até a Bahia.
          Com a ampliação da malha férrea para transporte de cargas e surgimento de estradas pavimentadas, bem como o aquecimento do mercado de venda de automóveis e caminhões, a navegação pelo Rio São Francisco começou a entrar em decadência e se tornando cada vez menos frequente como embarcação de transporte de cargas e passageiros, até parar a partir da década de 1970. Ficou por anos abandonado.
          A partir da década de 1980, o Benjamim Guimarães passou a fazer apenas viagens turísticas. Devido a sua importância cultural e histórica para Minas, em 1985, foi tombado como Patrimônio Histórico de Minas Gerais, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (IEPHA). Em 1986, já todo reformado e adaptado somente para viagens de turismo, foi reinaugurado com toda pompa em Pirapora MG.
          Com a reforma feita, Vapor passou a transportar 170 pessoas, entre tripulantes e passageiros. O barco possui três pisos: no primeiro, encontra-se a casa de máquinas, caldeira, banheiros e uma área para abrigar passageiros. No segundo piso, estão instalados doze camarotes e no terceiro, um bar e área coberta. Atingia a velocidade de 15 km por hora. Essa velocidade baixa permitia ao turista contemplar as paisagens pelo trajeto e aproveitar mais a viagem.   
          O combustível que movimenta o Vapor é simplesmente lenha. Consome um metro cúbico de lenha por hora, que faz com que o caldeirista tenha que abastecer constantemente a fornalha. É um trabalho duro, mas nenhum tripulante da embarcação reclamava. Todos tinham o maior prazer e orgulho em trabalhar no velho Benjamim Guimarães.  (foto acima de Rhomário Magalhães)
          O Benjamim Guimarães sempre foi a principal atração turística de Pirapora. Não há um morador da cidade que não tenha alguma lembrança, história para contar ou fotos do Benjamim Guimarães. Quando se fala em Pirapora, vem logo à mente, o barco navegando pelo Rio São Francisco. O vapor está incorporado à cidade, faz parte da identidade local e do povo que vive às margens do Rio São Francisco. É um cartão de Minas, orgulho do povo piraporense e mesmo se tornando apenas barco para turismo, ajudou a movimentar a economia local por décadas, já que o barco atraia todos os meses, centenas de turistas para a cidade.

sábado, 30 de novembro de 2019

11 tradicionais doces mineiros

(Por Arnaldo Silva) A história dos doces mineiros é tão antiga, quanto a origem de Minas Gerais. Desde o final do século XVII, doces e Minas Gerais, formaram uma união perfeita. Minas Gerais é o Estado do doce e do queijo.
            Esses dois foram as bases para o surgimento de novas iguarias e quitandas mineiras. Os doces que saiam dos tachos das cozinhas mineiras, saíram das divisas do Estado e também de nossas fronteiras, conquistando paladares mundo afora. Nossos doces fazem a alegria dos turistas que vem à Minas, que se deliciam com as infinidades de doces que saem de nossas cozinhas. (na foto acima da Sila Moura, doceria do Mercado Central de Belo Horizonte)
          A tradição doceira mineira é fruto da vocação do mineiro para cozinhar. Nas paradas das tropas pelo sertão mineiro, as frutas tropicais deram origem a doces, com as receitas aperfeiçoadas e em sua maioria, criadas, nas senzalas e cozinhas das fazendas coloniais. São mais de 300 anos de tradição doceira.
         
O mineiro sabe o sabor, cor, a textura, de cada doce, além do ponto certo do tipo de doce que deseja, seja cremoso ou de corte, de leite, ovos ou de frutas diversas. Sabe escolher bem as frutas e os ingredientes, que vão para o tacho. As frutas preferidas dos mineiros para doces são a goiaba, laranja da terra, figo, ameixa, limão, jabuticaba, mexerica, banana, mamão e abacaxi. (na foto acima, doces feitos pela Lourdinha Vieira de Bom Despacho MG)
          Isso porque o mineiro sabe que cozinhar é um ato de amor, prazer e alegria. É na cozinha que está o melhor da casa mineira. Da cozinha sai o que o mineiro tem de melhor para sua a família e visitas. E o principal ingrediente, que dá vida e sabor aos pratos mineiros é o amor, o prazer em cozinhar e a vocação do povo mineiro para a cozinha. São estes os principais ingredientes de uma das culinárias mais famosas e apreciadas do mundo.
          Cada região mineira tem sua gastronomia e história, de acordo com o clima, bioma, cultura e tradição. Seja no Triângulo Mineiro, Sul, Norte, Central, Leste, Noroeste, Jequitinhonha, Campo das Vertentes, Zona da Mata ou no Alto Paranaíba, em comum acordo, os doces fazem parte da identidade de todo o povo mineiro e de grande importância para a formação da identidade gastronômica mineira.
          É um legado de três séculos, passado de geração para geração, gerando renda, empregos e garantindo o sustento de milhares de famílias. Isso porque os doces feitos nos tachos dos fogões à lenha de Minas Gerais, estão hoje presente nas centenas de indústrias de doces, gerando emprego e renda para famílias e impostos para os municípios. (fotografia acima de Nilza Leonel no Sítio Talismã, em São Roque de Minas)
          Nossos doces estão presentes nos 853 municípios mineiros, nos 1772 distritos e em cada cozinha de fazenda pelos cantos de Minas Gerais. Algumas cidades se destacam na fabricação de doces artesanais pela tradição e vocação. São receitas passadas ao longo de séculos, de mãe para filha, de geração para geração. São doces que nunca faltam na mesa mineira.
          Uma dessas cidades que se destacam por sua tradição doceira é Baldim, a 95 km de Belo Horizonte, próximo a Serra do Cipó, fazendo divisa com Jequitibá, Jaboticatubas, Santana do Riacho, Santana do Pirapama, Funilândia e Matozinhos.
Baldim: a cidade do doce
          O pequeno município, com cerca de 8 mil moradores, se destaca na produção de doces artesanais e industriais. Baldim é uma das maiores produtoras de doces, do Brasil, abastecendo o mercado mineiro, nacional e inclusive, exportando para vários países. São doces finos, de altíssima qualidade e diversos sabores, com destaque para o doce de leite, produzido de forma artesanal nas fazendas do município. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a entrada da cidade de Baldim)
          A produção de doces em Baldim movimenta a economia da cidade, sendo inclusive, produzidos em grande escala na área rural, já que o município, é um grande produtor de leite, com grande parte de sua população, vivendo na área rural do município. A cidade vive e respira doce. Por isso é a conhecida como a “Cidade do Doce”. Quem quer saborear os melhores doces mineiros, de todos os tipos e sabores, o lugar é Baldim.
          Você vai conhecer os mais tradicionais doces mineiros, que saem dos tachos de nossas cozinhas para a nossa mesa. São 11. (fotografia acima de Nilza no Sítio Talismã em São Roque de Minas)
01 – O doce de leite
          É o mais delicioso e apreciado doce mineiro. Uma sobremesa deliciosa, principalmente, harmonizada com Queijo Minas Padrão ou outros doces, como o de figo e mamão. Está presente em todas as cozinhas de Minas Gerais desde o fim do século XVIII. Até os dias de hoje, dos tachos mineiros saem os mais saborosos e genuínos doces de leite artesanais, cremoso ou de corte, puro ou mesmo, com o acréscimo de frutas e até chocolate e Nutella. Além dos doces de leite artesanais, saem das indústrias mineiras, doces reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, pela qualidade e sabor, como o doce Viçosa, Boreal, Majestic, Sabores do Grama, Rocca, dentre tantos outros. (foto acima de Arnaldo Silva)
02 – Doce de leite na palha
          Muito popular em Minas, principalmente em Bom Despacho, na Região Centro Oeste, é um tipo de doce de leite diferente do tradicional. É o mesmo processo do doce de leite, mas ao invés do açúcar, é adoçado com rapadura. São 8 litros de leite, para 1,5 quilo de rapadura raspada. O resultado é um doce de sabor intenso, diferenciado, sem igual, com textura forte e saborosíssimo. É enrolado em palha hidratada de milho, o que dá um ar bem interiorano e mineiro ao doce. (foto acima de Arnaldo Silva)
03 – Doce de mamão e de abóbora
          Esses doces tem o mesmo modo de preparo. Feito com água e açúcar, com o mamão ou abóbora ralados ou cortados, podendo ser cremoso, ralado, de corte ou cristalizado. São saborosos e apreciadíssimos pelos mineiros, principalmente o doce de mamão. Já o doce de abóbora, pode ser incrementado com coco ralado. (fotografia acima de Luci Silva)
04 – Ambrosia
          É um doce feito com ovos, açúcar, leite, cravo e canela. A receita original chegou à Minas no início do século XVIII, com a chegada de milhares de portugueses, no início do Ciclo do Ouro. Trouxeram sonhos de riqueza, arquitetura e receitas, ao longo do tempo, adaptadas aos ingredientes mineiros. Entre essas receitas, a Ambrosia, hoje uma das principais guloseimas do Estado. (foto acima de Arnaldo Silva)
05 - Goiabada Cascão
          Tradicional doce feito em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, desde o final do século XVIII, a goiabada cascão é um dos mais deliciosos doces mineiros. Hoje, em parceria com o queijo Minas, está presente em todas as mesas, das mais simples e mais finas, do mundo inteiro. A popular sobremesa “Romeu e Julieta”, o par perfeito. Diferente da goiabada industrial, a goiabada cascão leva além da polpa da goiaba, a casca, por isso o nome. (fotografia acima de Judson Nani) 
06 – Pé de Moleque e Pé de Moça
          São dois doces muito tradicionais em Minas Gerais. O Pé de Moleque é feito com rapadura, amendoim torrado e água. É um doce popular nas festas juninas no Brasil, mas em Minas Gerais, está presente nas mesas mineiras todos os dias. (foto acima de Arnaldo Silva)
          Já o Pé de Moça, é bem parecido com o Pé de Moleque, mas com acrescimento de leite condensado à receita, o que torna o doce mais cremoso e bem macio.
          A cidade de Piranguinho, no Sul de Minas, se destaca no Brasil na produção deste doce. Inclusive, a cidade é a Capital do Pé de Moleque no país. O pé de moleque está faz parte da cultura, história, gastronomia e identidade de Piranguinho, desde o início do século XX, em suas barracas coloridas. Tem gosto e sabor de Minas Gerais.
07 – Rocambole
          A guloseima é uma massa de pão-de-ló, bem fina, com pouca gordura e recheada. Na massa fina, passa-se o recheio e depois, é enrolada. De origem Europeia, chegou à Minas na época do Império, se tornando tradicional na cidade histórica de Lagoa Dourada, próxima a Tiradentes e São João Del Rei, desde o início do século XX. O rocambole é a principal identidade gastronômica da cidade, considerada a Capital do Rocambole no Brasil. A guloseima é tão popular na cidade que em cada rua, esquina e canto, encontra-se rocambole. Em Minas Gerais, a iguaria ganhou recheios e o jeito mineiro de cozinhar. O recheio preferido dos apreciadores de rocambole é doce de leite caseiro. (na foto acima da Luciana Silva)
08 – Doce de casca de laranja da terra
          Receita secular, tradicional, desde os tempos do Brasil Colônia. Fazer esse doce requer tempo e paciência. Em média, 5 dias, mas compensa. O doce é delicioso. É feito com a casca da laranja da terra, uma fruta de sabor amargo, por isso pouco consumida in natura, mas dá um doce dos mais saborosos e tradicionais de Minas Gerais. (fotografia acima de André Saliya)
09 – Doce de figo
          Presente nos quintais mineiros, a fruta originária da região do Mediterrâneo, chegou à Minas, ainda nos tempos do Brasil Colônia e rapidamente, se popularizou nos pomares mineiros. Saia dos pomares, direto para os tachos de nossas cozinhas. O doce de figo, feito apenas com a fruta, água e açúcar, é um dos mais tradicionais e saborosos doces mineiros. Acompanha muito bem com nosso doce de leite, com doce de pêssego e com queijo Minas Frescal. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
10 – Doce de queijo
          Chamado também de bolinha de queijo, é um doce tipicamente mineiro, com origem na região da Serra da Canastra. A massa é feita com queijo Canastra curado, ovos, farinha de trigo e fermento. É cozido em água com açúcar. Quando pronto, as bolinhas são espetadas cravo, lembrando uma ameixa. Por isso é chamado também de ameixa de queijo. É bom demais da conta esse doce. (fotografia acima de Nilza Leonel)
11 - Os doces cristalizados e em compotas
          Os doces cristalizados dão água na boca só de olhar, bem como os doces em compotas. Por durarem mais tempo em conserva, são bastante comuns, hoje em dia. São doces especiais, finos, principalmente os doces cristalizados, ideais para quem quer adquirir uns quilinhos a mais. Isso porque são feitos com pequenas tiras das cascas e pedaços das frutas. Cristalizado, ficam deliciosos, crocantes e irresistíveis. Não dá para comer só um só pedacinho. As pessoas vão comendo sem se darem conta da quantidade, porque são irresistíveis mesmo. (fotografia acima de André Saliya e abaixo de Sérgio Mourão)
          Já os doces feitos em calda, são feitos com a fruta inteira, ou cortadas em grandes pedaços. Levam apenas água, açúcar e algumas especiarias. Dependendo das frutas, esses doces são feitos com as cascas, sementes e caroços também. Os doces em compotas mais populares em Minas são os de figo, laranja, jabuticaba, maçã, melão, jaca, mexerica, amora, banana, pêssego, pequi, morango, frutas vermelhas, mamão, goiaba, ameixa, limão, manga, pera, abacaxi, dentre outras frutas, além de abóbora, batata doce, cenoura, tomate, pimenta biquinho, etc.

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores