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domingo, 16 de outubro de 2022

Boa Esperança: turismo, a Serra e as águas de Furnas

(Por Arnaldo Silva) Cidade de clima ameno, paisagens e belezas deslumbrantes, bem estruturada para receber turistas e com ótima qualidade de vida, Boa Esperança, no Sul de Minas, é um dos mais atraentes pontos turísticos de Minas Gerais. O município faz parte do Circuito Turístico Grutas do Mar de Minas.
          Distante 280 km de Belo Horizonte, a cidade com cerca de 42 mil habitantes faz divisa com Ilicínea, Aguanil, Carmo do Rio Claro, Campos Gerais, Coqueiral, Santana da Vargem, Campo do meio, Três Pontas, Campo Belo e Guapé. (fotografia acima de Thelmo Lins e abaixo de Rogério Salgado)
          O acesso rodoviário para Boa Esperança é pela BR-369, MG-167 e BR-265, próxima a BR-381. A cidade não conta com aeroporto mas o acesso aéreo pode ser feito por aeroportos de cidades próximas como Alfenas, Campo Belo e Varginha, concluindo o trajeto de carro ou ônibus.
Economia
          Município de terras férteis, tem na agricultura uma de suas bases econômicas com destaque para a suinocultura, avicultura, pecuária leiteira e de corte, a cultura de arroz, alho, batata-inglesa, milho, cana-de-açúcar, mandioca, soja, tomate, variedades de frutas e café. 
          Boa Esperança é um dos grandes produtores de café do Sul de Minas e conta com a Capebe, a 5ª maior cooperativa cafeeira do país. Sua produção agropecuária abastece mercados regionais e de vários estados brasileiros. (fotografia acima de Rogério Salgado)
          Além disso a cidade possui um bom setor de serviços para atender turistas e visitantes, um comércio bem variado, pequenas e médias indústrias, pousadas e hotéis sofisticados, além de bares, lanchonetes e restaurantes com comidas típicas.
Breve história
          Elevada à cidade em 1869, sua história começa bem antes, no século XVIII, durante a descoberta de ouro na Região Sul de Minas, em 1778. Um pequeno povoado foi surgindo, denominado Dores do Pântano em 1804, devido a capela construída no povoado dedicada a Nossa Senhora das Dores. 
          O povoado cresceu em torno da fé em Nossa Senhora das Dores, se tornou freguesia, passando a se chamar apenas de Dores. Permaneceu com esse nome até ser elevada a vila em 1866, quando foi desmembrada de Três Pontas MG. Dois anos depois, em 1868, foi elevada à cidade independente, voltando ao nome anterior de Dores do Pântano.
          No ano seguinte, exatamente em 15 outubro de 1869, Dores do Pântano é elevada à cidade, adotando o nome de Dores da Boa Esperança, com o gentílico de dorense. Em 1938 passou a se chamar em definitivo, Boa Esperança, mudando o gentílico dorense para esperancense. Mesmo assim, o gentílico dorense é usado até os dias de hoje entre seus moradores.
A origem do nome Boa Esperança
          O nome do município foi inspirado na Serra da Boa Esperança, chamada assim desde o século XVIII quando a região começou a ser povoada, depois da descoberta de ouro. Naquela época, demarcavam pontos de referências para definirem as localidades, para facilitar a localização. Lugares como rios, grutas, pedras, picos, fendas, montanhas e serras, eram os mais preferidos.
          Ao chegarem à região, avistaram do alto de uma serra um vasto campo, com rios como o Rio Grande, córregos como o São Pedro, Três Pontas, Marimbondo e Maricota, além de várias, nascentes e pântanos. Com boa esperança de uma vida melhor e próspera, deram nome a serra de “Boa Esperança”. Com muita esperança, fixaram na região e formaram um povoado na proximidade da serra, que é hoje a cidade de Boa Esperança MG. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Essa serra é um dos maiores atrativos do município. Foi inclusive imortalizada e tornou-se conhecida no Brasil inteiro graças ao samba-canção “Serra da Boa Esperança”, do cantor e compositor carioca Lamartine de Azeredo Babo, que esteve na cidade 1937 e se encantou com a beleza da serra e da região.
          Lamartine Babo é de tamanhã importância para a cidade que leva o nome do troféu do tradicional Festival Nacional da Canção, realizado na cidade, bem como artista está imortalizado em um monumento público com seu busto nas cordas de um vilão, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, como podem ver na foto acima do Thelmo Lins.
O que fazer em Boa Esperança
          Lugar ideal para quem busca ar puro, lazer, contato com a natureza, cultura, práticas esportivas ou passeios com a família, Boa Esperança oferece ótimas condições para momentos agradáveis.
          Terra de gente hospitaleira e gente famosa como Nelson Freire e Rubem Alves, Boa Esperança se destaca no turismo em Minas Gerais, graças as suas belezas naturais, pela Represa de Furnas formada em 1958, pela Serra da Boa Esperança e pelo Lago dos Encantos que torna a cidade, que está a beira do lago, mais encantadora e linda em seus reflexos. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          O Lago dos Encantos é um lago formado pelo represamento das águas do Rio Cascavel, Maricota e Marimbondo. São 3 km² de extensão banhando a cidade entre as avenidas Juscelino Kubitschek, Perimental, Brasil, Governador Valadares Rua Capitão Neves e mais 5 km² entre a Barragem do Lago, Faixa de Segurança de Furnas e Ponte do Sr. Jarbas Barbosa, totalizando 8 km² de extensão. 
          Além disso, a cidade é bem arborizada e tranquila, conta com belas praças, monumentos, um charmoso e atraente casario e várias templos religiosos, com destaque para a Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade. (na foto acima do Thelmo Lins, o interior da Basílica)
          O Lago de Boa Esperança ou Lago dos Encantos, possibilita momentos agradáveis aos turistas, visitantes e moradores com pesca esportiva, passeios de lancha, jet-ski, e caiaque, passar horas junto a família ou amigos, na praia do Bicano, na praia do Celeiro ou mesmo nos vários bares, lanchonetes e restaurantes nas largas e arborizadas das avenidas a beira lago. (fotografia acima de Thelmo Lins)

          Quem gosta de adrenalina pode optar fazer trilhas, voos de ultraleve e claro, subir a Serra da Boa Esperança.
          Além da beleza da serra e riqueza de sua flora e fauna, subir a serra é uma caminhada ecológica incrível, com direito a conhecer o Pico do Branquinho, Pico das Antenas, Pico das Areias e o Pico da Igrejinha, além de conhecer a beleza das águas limpas e cristalinas das cachoeiras Nascente do Rio Sabaré, da Cava, da Cachoeirinha, da Cabana, do Capão Grande e Cachoeira das Areias.
          Estar em Boa Esperança é estar junto a natureza e belezas mineiras. Mais que isso, é estar junto a cultura popular do nosso Brasil, representada pelo Festival Nacional da Canção (Fenac) que acontece todos os anos, no mês de setembro, na cidade.
          Além do Fenac, diversos outros eventos realizados na cidade atrai turistas de toda a região como o Baile na Praça I, em janeiro, o Carnaval na Boa (Carnaboa), a Festa do Cooperado, Festas Juninas, Baile da Praça II, em julho, a Festa do Dia da Padroeira, Nossa Senhora das Dores, em setembro, além das festividades religiosas tradicionais da Semana Santa, Natal e Corpus Christi.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Monte Sião: do tricô, do turismo religioso e das porcelanas azuis

(Por Arnaldo Silva) Com cerca de 25 mil habitantes, Monte Sião é uma atraente, charmosa, turística e importante cidade do Sul de Minas Gerais. A cidade é destaque em todo o Brasil pelo tricô, malhas, moda e porcelanas. Monte Sião está a 470 km de Belo Horizonte e apenas 160 km de São Paulo, capital. Isso porque a cidade está na divisa com as cidades paulistas de Socorro, Águas de Lindóia e Itapira e na divisa com Jacutinga Ouro Fino e Bueno Brandão, em Minas Gerais.
          Monte Sião é referência no Brasil inteiro na área têxtil, em especial, na confecção em tricô, desde 1980 e também em moda. O município mineiro segue as tendências da moda das principias capitais mundiais da moda como Paris e Milão. (foto acima de Marcos Pironi, o portal de entrada da cidade)
          O turismo de negócios é um dos setores de maior impacto na economia da cidade. Todos os dias turistas chegam à Monte Sião para fazerem compras no atacado e no varejo, principalmente durante os dias de inverno quando acontece na cidade o tradicional Festival de Inverno. Outros eventos realizados na cidade durante o ano, como a Festa Nacional do Tricô, Trilhas das Malhas, o Encontro de Fuscas, Festa do Peão, festas religiosas tradicionais, atraem milhares de turistas à cidade.
          Além disso Monte Sião é uma estância hidromineral, com várias fontes de águas medicinais como a Virtuosa e Virtuosinha, as mais procuradas por suas propriedades medicinais.
          Monte Sião se destaca ainda na fabricação das tradicionais porcelanas azul e branca, única no Brasil. As porcelanas são artesanais e totalmente pintadas a mão, além disso, o visitante pode entrar na fábrica e conhecer todo o processo de produção das porcelanas, desde o barro, até a fase final, que é a pintura feita pelas mãos das artesãs locais. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          O passeio pela fábrica de porcelana é incrível. O lugar lembra as antigas construções medievais.
Origem de Monte Sião
          O povoamento do que é hoje Monte Sião teve início no século XIX, devido o fim do Ciclo do Ouro na Região. Como alternativa ao fim da mineração, os antigos garimpeiros começaram a trabalhar com agricultura e pecuária, já que as terras do Sul de Minas Gerais são férteis. Com isso foram se formando vários povoados que hoje são cidades.
          Entre os povoados formados, está Monte Sião que surgiu a partir de 1823 com o nome de Bairro do Eleotério. O povoado, começou a crescer em torno de uma pequena ermida dedicada à Nossa Senhora do Socorro. Em 1849, começou a ser construída no povoado, que era subordinado a Ouro Fino MG, um templo maior, dedicado a partir de então a Nossa Senhora da Conceição da Medalha Milagrosa, passando a ser esse o marco do surgimento de Monte Sião MG e considerado o primeiro templo da cidade. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, o Santuário da Medalha Milagrosa, hoje)
          O vilarejo que se formou no século XIX, se tornou distrito em franco desenvolvimento e cidade emancipada em 3 de novembro de 1936. O nome Monte Sião foi adotado por sugestão de frades franciscanos que notaram a semelhança do Morro do Pelado com o Monte Sião, da cidade santa de Jerusalém, no Oriente Médio.
A Imigração Italiana
          Com a chegada à região de imigrantes italianos a partir de 1887, para trabalharem no cultivo do café, a economia e estrutura local começou a crescer em passos largos. Os italianos trouxeram experiências na agricultura e indústria e foram de grande importância para o desenvolvimento da região. Sobrenomes italianos são comuns em Monte Sião.
Turismo religioso
          A cidade que nasceu no século XIX, em torno da devoção a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, é hoje um dos grandes centros de peregrinação religiosa. Devotos de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa vem de todas as regiões do Brasil à Monte Sião para pedir bênçãos, agradecer e adquirir a Medalha Milagrosa, para se protegerem de males. 
          A devoção a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa começou em 27 de novembro de 1830, quando a Virgem Maria apareceu a Catarina Labouré, uma humilde noviça francesa na Capela das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris.
          Na visão da noviça, a virgem apareceu com túnica branca com manto azul, mais justa e um cinturão na cintura. Trazia a letra “M”, sobre a letra, a cruz de Cristo e embaixo, os corações de Jesus e de Maria. Na visão da noviça, Maria estava sobre um globo pisando numa serpente e segurando outro globo menor com as mãos, oferecendo-o a Deus em gesto de súplica. (na foto acima do Thelmo Lins o interior do Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa em Monte Sião MG)
          Ainda segundo Cataria Labouré, a Virgem Maria lhe deu a seguinte ordem:” Mandar fazer uma medalha conforme este modelo”. E promete: “As pessoas que trouxeram com fé e confiança receberão graças especiais”.
          Com a descrição da aparição da Virgem Maria, feita pela noviça, e obedecendo sua ordem, foi cunhada esta medalha que passou a ser considerada milagrosa, popularmente chamada de Medalha Milagrosa e sendo difundida pelo mundo. A visão de Catarina Labouré se transformou em imagem e altares, com a mãe de Jesus sendo retratada de acordo com os relatos da visão da noviça.
          O altar do Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa em Monte Sião (na foto acima do Thelmo Lins) é fiel a descrição da visão da noviça francesa. Além disso, Monte Sião foi a primeira cidade do mundo a ter uma igreja dedicada a Medalha Milagrosa. Por isso a cidade é um dos mais importantes centros de peregrinação religiosa do país.
Turismo e atrações
          As fábricas e lojas de malhas além da fábrica de porcelana azul e branca são as maiores atrações de Monte Sião. São cerca de 800 malharias espalhadas por toda a cidade e os turistas podem ainda visitar as dependências da fábrica de Porcelana Monte Sião. (na foto acima do Marcos Pieroni, a loja da fábrica)
          Tem ainda como atrativos o Museu Histórico e Geográfico, Mirante da Santa (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade), o Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e o Mosteiro da Santíssima Trindade, além de outras charmosas igrejas como a Igreja do Rosário, de Nossa Senhora Aparecida e de Santa Terezinha.
          Além disso, a cidade é bem estruturada, com um excelente comércio, produção caseira de doces, quitandas e cachaças, artesanato, lindas e bem cuidadas praças como a Praça Prefeito Mário Zucato (na foto acima de Marcos Pieroni) e ruas bem cuidadas como por exemplo Rua dos Guarda-Chuvas (na foto abaixo de Marcos Pieroni) e ruas com árvores “vestidas” em tricô.
          Monte Sião conta ainda com uma boa estrutura de prestação de serviços, eventos e atendimento ao turista. A cidade conta ainda com uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de acesso rodoviário bem fácil, tendo como base a BR 381 (Fernão Dias).
          O município de Monte Sião conta com belezas naturais como cachoeiras, paisagens com matas nativas, nascentes, montanhas e serras, além da agricultura e pecuária com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar, milho, soja, mexerica, laranja, uva, mandioca, banana, feijão, noz e principalmente café arábica (na foto acima de Marcos Pieroni e abaixo do Elpídio Justino de Andrade, panorâmica da cidade).
          Seja para o turismo religioso, de negócios, ecológico ou cultural, Monte Sião te espera de braços abertos.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Guapé: a cidade que marcou encontro com o dilúvio

(Por Arnaldo Silva) Entre serras e montanhas, rodeada por águas, formando assim uma península, bem na encosta de um espigão, se estendendo até a Serra dos Macacos, encontra-se uma cidade charmosa, tranquila, turística e atraente. É Guapé, no Sul de Minas, um dos principais balneários náuticos do país.
          O município faz divisa com Capitólio, Alpinópolis, Formiga, Piumhi, Pimenta, Boa Esperança, Cristais, Ilicínea, Carmo do Rio Claro e São José da Barra. Está a 293 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 14 mil habitantes.
          Banhada pelas águas da Represa de Furnas, sua história é dividia por antes e depois das águas de furnas inundarem o município, na década de 1960. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, vista parcial de Guapé)
História antes de Furnas
          Antes de Furnas, a história de Guapé tem origens a partir de 1759, no século XVIII, quando chega à região a família do fazendeiro José Bernardes Ferreira Lara. Em 1825, no século XIX, o fazendeiro, juntamente com Felisberto Martins Arruda e Cândida Soares do Rosário, doou parte de suas terras para a construção de uma capela, em honra a São Francisco de Assis a pedido Dona Esméria Angélica da Pureza.
          Com a capela construída, o pequeno arraial começou a crescer. Posteriormente foi elevado a distrito subordinado a Boa Esperança MG, com o nome de São Francisco de Aguapé, em 1856. Nesse mesmo ano, em 9 de maio, a capela foi elevada a paróquia. Pouco tempo depois, o nome do distrito é alterado para São Francisco do Rio Grande.
          Em 7 de setembro 1923, o distrito é desmembrado de Boa Esperança e elevado à cidade, passando a adotar o nome de Guapé, instalado oficialmente em 3 de fevereiro de 1924, com eleição de prefeito e vereadores. (foto acima cedida pelo Grupo  Guapé - Memórias em Fotos e Fatos)
          Guapé é um nome indígena dada a uma planta aquática (Eichhornia) que significa “Caminho das Águas”. A planta, que tem a folhagem verde, tem como características cobrir toda a superfície de rios e lagos.
A cidade que marcou encontro com o dilúvio
          A vida em Guapé seguia normalmente, como todas as pequenas cidades do interior. Casario singelo, simples, em estilo colonial, matriz, praça com coreto, povo hospitaleiro. Essa tradicional rotina mudou por completo quando da formação do Lago de Furnas e instalação da Usina Hidrelétrica de Furnas, obra idealizada por Juscelino Kubitschek nos anos 1950.
          Em 19 de janeiro 1963, as comportas das da usina foram fechadas. Era o início do tão esperado encontro com o dilúvio, quando um mundão de águas encobriu a cidade e maior parte das terras rurais do município. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          O povo já sabia disso e se preparou por anos para esse dia, enquanto uma nova cidade era construída. Tudo que podiam retirar de suas casas, praças, igrejas, criação, fazendas, como objetos, carros de bois, carroças, decoração, gado, retiraram, para serem levados para a nova cidade numa parte alta do município.
          Até mesmo seus mortos, levaram. Não queriam deixar os restos mortais de seus entes queridos submersos. A nova cidade tinha tudo. Casas novas, ruas largas, saneamento, praças, igrejas, tudo. Só não tinha a história, as lembranças, o passado vivido por gerações. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          Os casamentos, as quermesses, os bailes, as rodas de viola, as novenas, as procissões, a missa na Matriz, o toque das bandinhas. Tudo isso ficou nas lembranças. A cidade nova, tinha conforto, mas não tinha lembranças, não tinha história.
          Todos sabiam que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria e até a data. 19 de janeiro de 1963. Era o encontro de Guapé com o dilúvio. E esse encontro ocorreu. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          A tão esperada cena diluviana e apocalíptica aconteceu aos olhos em lágrimas, de espanto, de perplexidade e prantos dos moradores que assistiram do alto da serra, as águas chegarem e indo aos poucos encobrindo toda a cidade que viveram e viveram seus antepassados. As águas foram inundando até nada ficar à vista, até mesmo a torre da igreja Matriz.
Coincidência do nome e lema da bandeira
          A antiga cidade, onde os moradores construíram suas vidas, seus sonhos e famílias, já não existia mais. Ficou debaixo d´água. Jornais e revistas da época noticiaram o ocorrido de forma dramática e dantesca.
          Tiverem que recomeçar do zero, se acostumar com o novo lugar, criar novos laços e seguir a vida. As autoridades decidiram inundar a cidade e não tinha como mudar. Por ironia do destino, campos, ruas, praças, tudo, passou a ser caminho das águas, exatamente a tradução do nome Guapé. As águas de Furnas inundaram 206 km² do município. (na foto acima do Professor Antônio Carias Frascoli, o Vale do Rio Grande em Guapé)
          Coincidentemente, na bandeira do município, criado em 1924, tem como lema “Fluctuat Ne Mergitur, ou seja, “Flutuarás, não afundarás”. Juntando com o nome da cidade, Guapé, que significa Caminho das Águas, percebemos uma coincidência enorme com seu destino final: o encontro com o dilúvio em 1963. Os mais supersticiosos diriam que o nome e o lema de 1924, seriam profecias que aconteceriam. E aconteceu 39 anos depois, em 1963 com as águas inundando 206 km² do município.
O dilúvio na mídia
          Revistas e jornais de Minas Gerais e do Brasil, da época, noticiavam constantemente os impactos da inundação na vida dos vilarejos e cidades que seriam inundados pelas águas de Furnas, descrevendo o evento como um dilúvio com data e hora marcados.
          Em sua edição 09 de 1959, a Revista O Cruzeiro trazia como manchete uma matéria especial sobre Guapé, com o título: “A cidade a espera do dilúvio” e em fevereiro de1963, quando as águas começaram a inundar o município, a mesma revista publicou outras duas matérias com o título “Guapé vai ser apenas um retrato na parede” e uma outra assinada por Rachel de Queiroz com o título “Cantiga para a cidade de Guapé, que vai desaparecer sob as águas da Represa de Furnas”.
          Em março de 1965 o Lago de Furnas já estava completamente formado. São 1.440 km², cinco vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Em linha reta, a extensão do Lago de Furnas corresponde a metade do litoral brasileiro. (na foto acima do professor Antônio Carias Frascoli a foz do Ribeirão Verde com o Rio Grande em Guapé)
Guapé depois do encontro com o dilúvio.
          Construída em uma parte mais alta, a nova cidade ficou isolada, margeada pelas águas de Furnas. Praticamente ilhada, formando uma península.
          Os primeiros anos foram difíceis para os moradores. O povo não tinha assimilado toda a situação, além de ter de recomeçar a vida do zero. Boa parte das terras férteis do município, às margens do Rio Grande, ficaram submersas. Somente na década de 1970 é que começou de fato a atividade rural do município, sua vocação original. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito  de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, a cidade de Guapé hoje)
          Começou a preparação da terra com o uso de técnicas de manejo mais avançadas para formação de pastagens para a pecuária leiteira e de corte, de cafezais, plantio de grãos e também o plantio de cana-de-açúcar para a produção de cachaça. Começou a desenvolver a pesca e extração de pedras, pecuária leitura e de corte. A agricultura é hoje um dos principais pilares da economia de Guapé.
          A cidade também começa a se despertar para o turismo. Se perdeu em terras férteis, ganhou mais beleza, com as águas do Lago de Furnas. Era o início de uma nova era para os guapeenses que passaram a investir no turismo como alavanca para seu desenvolvimento.
          Hoje Guapé é uma das mais belas cidades turísticas de Minas Gerais, com paisagens impactantes e espetaculares. Além disso, possui uma excelente estrutura urbana, boa qualidade de vida, e uma ótima rede hoteleira e gastronômica, com boa parte de hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica mineira, às margens do Lago de Furnas.
          Essas mesmas águas, além da beleza, proporcionam um clima ameno e ar leve, além de possibilitar a prática de esportes náuticos. As serras e montanhas de Guapé propiciam a prática de esportes radicais como rapel, escalada, parapente e voo livre. (fotografia acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito  de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique em Guapé)
          Além disso, trilhas e matas nativas são atrativos para os turistas, além da rica fauna e flora, sem contar a beleza de riachos e cachoeiras incríveis, paradisíacas, de águas limpas e cristalinas como a cachoeira do Garimpo, do Moinho, do Lobo, do Capão Quente, da Água Limpa, da Volta Grande, do Macuco, dentre outras tantas.
          Outro destaque do turismo de Guapé é o Parque Ecológico do Paredão, uma área de preservação formada por mata nativa, uma fenda entre as serras, aberta naturalmente pela ação do tempo, formações rochosas milenares e três belíssimas cachoeiras, além de trilhas ecológicas e com condições geográficas propícias para a prática de esportes de rapel e escalada. (foto acima e abaixo do professor Antônio Carias Frascoli)
          O lugar tem boa estrutura com área para camping, estacionamento, além de banheiros e restaurante.
          Além do turismo ecológico, Guapé tem atrativos urbanos como o Ipê Campestre Clube, a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no distrito de Aparecida do Sul, além de festividades durante o ano como o Carnaval, a Festa do Divino Pai Eterno e grupos folclóricos de Folia de Reis e Congadas, além da visita às comunidades rurais como Araúna, Santo Antônio das Posses, Pontal, Penas, São Judas Tadeu, Pedra Vermelha, Capoeirinha e Campestre. (na foto acima do Thelmo Lins, a Matriz de São Francisco de Assis)
          Venha conhecer Guapé, a cidade aguarda sua visita.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Senador Amaral: a cidade mais alta de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Senador Amaral faz divisa com os municípios de Cambuí, Bom Repouso, Camanducaia, Munhoz e Bueno Brandão. Está a 447 km distante de Belo Horizonte, a 171 km de São Paulo, a 94 km de Bragança Paulista, a 66 km de Pouso Alegre e a 20 km distante de Cambuí. 
          O acesso à cidade é a partir do km 895 da Rodovia Fernão Dias – BR-381, na altura de Cambuí, entrando na MG-295. (na foto acima do Arquivo da Secretaria de Cultura e Turismo de Senador Amaral, uma manhã abaixo de zero grau, em maio/2022)
          Antigo distrito de Cambuí, no Sul de Minas Gerais, Senador Amaral é uma cidade jovem. Foi elevada à cidade emancipada em 1992. Com 1496 metros de altitude, acima do nível do mar, é o município mais alto de Minas Gerais. (fotografia acima Arquivo Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Senador Amaral e abaixo, a Praça da Matriz, de autoria de Léo Flores)
          Além disso, Senador Amaral é o também o segundo município de maior altitude do Brasil, atrás apenas de Campos do Jordão/SP que está a 1640 metros de altitude.
O nome e origem
          Senador Amaral tem origem no final do século XIX, a partir de 1890 com a formação de um povoado no entorno da Igreja de São Sebastião, em Cambuí MG, em terras doadas pela família Borges. O lugar passou a se chamar São Sebastião dos Campos da Lagoa Grande. Adotou o nome de Senador Amaral em 1948, quando a vila foi elevada à distrito, permanecendo esse nome até os dias de hoje. (vista parcial da cidade. Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Senador Amaral)
          O nome da cidade é em homenagem a Eduardo Amaral, nascido em 16 de agosto de 1857 em Pouso Alegre MG. Foi vereador em Pouso Alegre, deputado Estadual entre 1911 e 1914 e senador entre 1915 e 1922.
Atrativos
          Cidade tranquila, pacata, com povo hospitaleiro e acolhedor, conta atualmente com pouco mais de 5.500 habitantes. (fotografia acima e abaixo: arquivo Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Senador Amaral)
          A cidade possui uma boa estrutura urbana, com um comércio variado, bom setor de prestação de serviços, charmosas e atraentes fazendas, pousadas, hotéis e restaurantes com comidas típicas, belezas naturais como matas nativas, campos e cachoeira paradisíacas, além de seu clima e de altitude, que a torna uma estância climática.
          Tem no setor agropecuário a base de sua economia, destacando-se as culturas do morango, brócolis e batata, além de ser um dos grandes produtores de flores e frutas vermelhas, graças a riqueza de seu solo. (foto acima: arquivo da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Senador Amaral)
Baixas temperaturas
          Além disso, é uma das cidades mais frias de Minas Gerais e do Brasil, com invernos rigorosos, abaixo de zero grau nos dias mais frios entre maio, junho e julho, que muda totalmente a paisagem do município.
          Para quem ama o frio, é uma das cidades mineiras mais atrativas. O inverno em Senador Amaral se iguala ao de Maria da Fé, Barbacena, Alto Caparaó, Gonçalves, Bueno Brandão e Marmelópolis, cidades mineiras consideradas as mais cidades frias do estado. (Fotografia acima e abaixo do Arquivo da Secretaria de Cultura e Turismo de Senador Amaral).
          Mesmo com temperaturas negativas e fortes geadas, nessas cidades só não neva devido o bloqueio das frentes frias pela massa de ar seco que predomina em Minas Gerais, durante o inverno. Essa massa de ar seco tem como característica principal a baixa umidade, o que dificulta com isso a ocorrência de neve em Minas Gerais.
Atrativos
          Entre os atrativos de Senador Amaral está o mirante da Pedra dos Garcias, a Pedra da Onça, a Cachoeira 3 Irmãos, a Cachoeira do Luís, a Cachoeira dos Avestruzes, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, o artesanato, os queijos e doces, Apiário Flores da Serra.
          Além disso, o visitante tem a oportunidade de conhecer plantações com diversidades de flores produzidas no município como orquídeas, astramélias e cravos. São campos de flores e mais de 3 mil estufas, além de plantações de morangos, framboesa, amora e blue berry (mirtilo).
O Vale do Egito
          É um pitoresco e inusitado complexo turístico formado por torre com uma vista em 360 graus, conhecida como “Castelinho”, que lembra as torres de antigos castelos, esfinge e enigmáticos túneis em estilo egípcio, construídos abaixo de uma serra. (foto acima e abaixo arquivo: Pousada Castelinho/Divulgação)
          São construções inspiradas na arquitetura do Vale dos Reis, do antigo Egito. O Vale dos Reis do Egito é um complexo de túneis, escavados entre montanhas. Esses túneis era passagem para tumbas, construídas para os faraós e nobres egípcios, entre os séculos XVI e XI, a. C.
          Inspirado no Vale dos Reis no Egito, foi construído em Senador Amaral, no Sul de Minas, seguindo o estilo egípcio. Da entrada principal, até a saída, são 210 metros de túneis. No trajeto, podem ser vistos os espaços para as tumbas, onde eram colocados os faraós e nobres. Para percorrer todo o trajeto, é necessário lanterna e guia. (Fotografia acima e abaixo arquivo da Pousada Castelinho)
          O projeto foi executado pelo proprietário da Fazenda, José Francisco Campos, o “Seu” Campos. A inspiração surgiu quando “Seu” Campos visitou o Egito, há décadas atrás.
          Apaixonado pela cultura e arquitetura desse país africano, idealizou em sua fazenda, construções que lembrasse o Egito antigo, principalmente do Vale do Reis. Com o Sr. Campos veio profissionais do próprio Egito para projetarem a obra, que se iniciou na década de 1980 e concluída, mais de 15 anos depois, já no final da década de 1990. (foto acima arquivo: Pousada Castelinho/Divulgação)
          A casarão sede da fazenda, onde no entorno estão as construções egípcias, foi transformado numa pousada, com o nome de Vale dos Reis, o mesmo nome do Vale dos Reis egípcio, mas é popularmente chamada de Pousada Castelinho (na foto acima. Arquivo Pousada Castelinho/Divulgação).
          Além de uma excelente infraestrutura, com quartos espaços confortáveis e requintado, aceita-se camping na área próxima ao Castelinho. Fotografias acima da Pousada Castelinho/Divulgação)
          É a oportunidade de conhecer um pouco da história, cultura e arquitetura egípcia, sem sair de Minas. (fotografia acima e abaixo, interior da Pousada Castelinho/Divulgação)
          Em Minas Gerais está um pouquinho da cultura e arquitetura egípcia.
          Conheça Senador Amaral, terra de gente amiga, hospitaleira e acolhedora!

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