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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

A cidade de Datas e a Festa do Divino

(Por Arnaldo Silva) No Alto Jequitinhonha, a 1.197 metros de altitude, distante 272 km de Belo Horizonte, está a pequena, aconchegante e acolhedora, Datas, uma das mais belas cidades históricas de Minas Gerais.
          Com cerca de 5.500 habitantes, a charmosa cidade do Vale do Jequitinhonha, faz divisa com os municípios de Diamantina a 24 km, Serro a 55 km, Presidente Kubitschek a 29 km, Conceição do Mato Dentro a 110 km e Gouveia a14 km de distância. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
Breve história
          Com a descoberta de ouro e diamante na região do Tijuco, hoje Diamantina, no século XVIII, a Coroa Portuguesa passou a emitir um título de concessão de lotes de terras para mineração. Esse título era chamado de “Datas D´el Rei”, porque era assinado, pelo Rei de Portugal.
          No início do século XIX, a expansão aurífera se expandiu para os arredores do Arraial do Tijuco. Na região onde está o município de Datas, foram encontrados ouro e diamante. Por esse motivo, vários desses títulos de posse e autorização para exploração mineral foram liberadas pela Cora Portuguesa. Com o título em mãos, mineradores, com seus escravos, começaram a atuar em suas datas na exploração mineral e também na agricultura.
          A partir de 1825, com o crescimento da exploração de ouro e diamante nas datas, começaram a chegar à região garimpeiros e aventureiros, vindos de várias regiões do Brasil. Além desses, vieram portugueses, como pedreiros, carpinteiros, barbeiros, ourives, alfaiates e comerciantes lusitanos de vários ramos comerciais. Vieram atraídos pela riqueza que o ouro e diamante, proporcionavam.
          Com a presença crescente desses povos, foi se formando um próspero povoado, popularmente chamado de Datas D´el Rei, devido à grande quantidade de Datas, liberadas pela Coroa Portuguesa na região.
          Graças ao ouro e diamante e a fé no Divino Espírito Santo, o arraial de Datas D´el Rei, crescia e prosperava.
          Após a Independência do Brasil, em 1822 e fim do domínio português, Datas D´El Rei passou a ser Ribeirão Datas, Espírito Santo de Datas e simplesmente, Datas, o nome popular do arraial desde sua origem.
          Em 1866, a Igreja do Divino Espirito Santo é elevada a Paróquia, novamente, confirmada como paróquia do Espírito Santo das Datas, em 1873.
          Em 14/09/1891, Datas é elevada à Vila, com o nome de Datas do Espírito Santo, subordinada a Diamantina. Em 7/09/1923, o nome da Vila volta a ser Datas.
          Finalmente, em 30/12/1962, pela lei estadual nº 2764, o distrito é desmembrado de Diamantina, tonando-se município independente, com seu nome original, Datas, sendo mantido. No dia 1º de março de 1963 o município é instalado oficialmente, passando ser essa data, a oficial de fundação de Datas MG.
Economia, turismo e religiosidade
          Se antes a economia do município tinha com base a mineração do ouro e diamante, hoje é a agricultura, a principal atividade econômica de Datas.
          Na agricultura destaque do município para a agricultura familiar e principalmente, o cultivo de morangos. A cidade é uma das maiores produtoras de morangos de Minas. Sim, no Vale do Jequitinhonha, cultiva-se morango. 
          Pra quem não sabe, o maior produtor de morangos do Brasil é Minas Gerais, que produz 65% dos morangos consumidos no país. (imagem ilustrativa acima de Ézio Donizete)
          Datas possui terras de alta qualidade, além de condições climáticas favoráveis ao cultivo de morangos e frutas diversas. Isso devido a altitude do município, no topo da Cordilheira do Espinhaço, a quase 1200 metros, acima do nível do mar. (na foto acima do Wilson Fortunato, orquídea nativa na Serra do Espinhaço)
          Os dias são ensolarados no verão, mas não muito quentes. Já as noites bem frias, seja no verão ou inverno.
          A temperatura média no inverno fica entre 12 e 16 graus, chegando abaixo de 10 graus, nos dias mais frios desta estação. Nos dias mais quentes, a temperatura média fica entre 23 e 27 graus. Seu clima é Tropical de Altitude tipo Cwb, portanto, ameno em boa parte do ano.
          As condições climáticas de Datas, favorecem bastante o cultivo de morangos e outras frutas.
          Além disso, a cidade possui uma boa estrutura urbana, um comércio pequeno, mas variado, um bom setor de serviços, pousadas e hotéis aconchegantes, bem como, restaurantes com comidas típicas. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Datas se destaca no turismo de aventuras, graças às suas belezas naturais, como as cachoeiras de Cubas e do Ribeirão, o Córrego do Ouro com suas quedas, formando pequenas cachoeiras, as pinturas rupestres da Lapa Pintada, no distrito de Palmital, trilhas por matas nativas, além de seu rico e valioso artesanato em madeira.
          A arquitetura da cidade chama a atenção por seus belíssimos, majestosos e bem conservados casarões coloniais.
          Além disso, a sede da Prefeitura Municipal, (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) a Biblioteca Caldeira Brant é um ponto interessante da cidade, bem como a Praça 1º de Março, a Praça Tiradentes e o Coreto da Praça do Divino (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade).
          Duas pequenas e singelas capelas, são atrativos religiosos, históricos e arquitetônicos da cidade: a Capela de Nossa Senhora do Rosário, uma típica construção colonial, localizada no Centro da cidade e a Capela de Nossa Senhora da Conceição.
          Conhecida por Capela de Santa Cruz ou simplesmente, Capelinha, a Capela de Nossa Senhora da Conceição é um bem de alto valor cultural e histórico da cidade. Por esse motivo, foi tombada pelo município como Patrimônio Histórico de Datas, em 2005, bem como a imagem de Nossa Senhora da Conceição, esculpida em madeira policromada. A capelinha fica na Praça de Nossa Senhora da Conceição.
          O maior destaque, arquitetônico, histórico e religioso de Datas é sem dúvida, a Matriz do Divino Espírito Santo (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade).
          Datada de 1870, em substituição à antiga capela da Vila, a arquitetura da Matriz é singular e única na arte colonial mineira. Sua fachada, em estilo neoclássico francês, faz da igreja, uma das mais atraentes e belas de Minas Gerais. É uma obra de arte em cores, entalhes e detalhes de suas talhas!
          Seu projeto arquitetônico é atribuído ao francês, Félix Guizar, bem como os belíssimos entalhes neoclássicos, que ornamentam o interior da Igreja.
          É uma obra com um padrão artístico raro e único na arquitetura do final do século XIX, estando numa praça charmosa, rodeada por um casario atraente e bem cuidado.
          Em torno da Matriz do Divino, acontece os principais eventos sociais, culturais, religiosos e folclóricos da cidade. Um desses eventos é a Festa do Divino Espírito Santo. (fotografia acima de Anderson Sá)
          Registrada como Patrimônio Imaterial de Datas é uma das mais importantes festas culturais da cidade e uma das mais tradicionais e originais de Minas Gerais.
          A Festa do Divino Espírito Santo, mobiliza a comunidade Católica de Datas, numa demonstração de fé e preservação de suas raízes culturais e folclóricas. É uma das maiores identidades culturais da cidade.
Conheça Datas
          Datas é uma cidade única em Minas. (na foto acima a Giselle Oliveira, a beleza noturna da Matriz do Divino)
          Pequena, mas com um enorme coração para receber os visitantes. Cidade agradável, tranquila, recebe os visitantes e turistas de braços abertos.

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