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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Conheça o café do Jacu

(Por Arnaldo Silva) Jacu (Penelope sp.) é uma ave de grande porte da nossa Mata Atlântica e está presente em todo o território nacional. Pode chegar a 85 cm, tem calda, pescoço e asas longas e uma cabeça pequena. Em torno dos seus olhos vermelhos tem uma pele em tom azulado e sem pelos. O papo do jacu é vermelho. Sua plumagem é lisa com aspecto escamado e tem a tonalidade escura e as vezes, na cor cinza. Suas patas tem tons avermelhados. (foto abaixo de Ricardo Cozzo em Monte Verde MG)
          Ai você pergunta, o que o jacu tem a ver com café? É que o grão do café vem do Jacu. Essa ave gera um café de alto valor, tanto comercial, quanto de qualidade.           
          Para você entender o processo, vou explicar direitinho. 
          A maioria das aves se alimentam de frutos. Isso todos sabemos. Elas comem a parte adocicada dos frutos e não comem as sementes. No caso, as aves espalham as sementes pela natureza, ajudando a natureza a ser renovar. 
          O Jacu também se alimenta dos frutos, mas diferente das outras aves, ele engole as sementes inteiras, sem mastigá-las. Uma das sementes preferidas do jacu é a do café (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo MG). Eles ficam aos pés dos cafezais escolhendo os grãos de café e são muito seletivos. Escolhem os grãos que não tem defeitos e os mais maduras. 
          O Jacu não tem estômago. Quando ele ingere a semente do café, seu organismo processa rapidamente o fruto, que passa pelo intestino da ave, sendo protegido pela casca. Por fim, o grão é expelido por inteiro, totalmente intacto, o que torna o processo de fermentação, totalmente higiênico.
          Todo esse processo é feito diretamente no intestino da ave. Em seu organismo o grão do café absorve ácidos e enzimas que garantem uma baixa acidez do grão. Essa baixa acidez dá ao grão um amargor e doçura bem equilibrada à bebida. 
          Entendeu? O Jacu expele a semente. Defeca. É das fezes do Jacu que é retirado os grãos do café. (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo MG, os grãos do café, expelidos pelo Jacu)
          Assim que a ave defeca, as fezes são coletadas e passam em seguida por um rigoroso processo de limpeza para retirar as bactérias e limpeza dos grãos. Após a limpeza, os grãos ficam em "descanso" por um período. Depois do "descanso" são torrados e moídos. Depois disso, está pronto para consumo. (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo, os grãos do café do Jacu, já selecionados, limpos e lavados, prontos para serem torrados)
          Mas o café é bom? Bom não, é ótimo! Tanto é bom que está entre os cinco melhores cafés exóticos do mundo, presente nas principais cafeterias de Los Angeles, Londres, Tóquio e outras cidades do Brasil e do mundo.
          
Mas qual a origem desse café? Foi desenvolvido por um cafeicultor do Espírito Santo, Hnerique Sloper, proprietário da Fazenda Camocim, que vivia em constantes problemas causados pelas aves, que comi cerca de 10% de sua produção de grãos e ainda, comiam as sementes mais saudáveis de seu cafezal.
          Na tentativa de saber o que fazer, descobriu que na Indonésia existia um café bem exótico, considerado até então o mais caro do mundo. Esse café, conhecido por Kopi Luwak produzido a partir das fezes que não são digeridas de um animal herbívoro, da familia dos gatos, nativo da região chamado de Luwak (Paradoxurus hermaphroditus).
          De posse dessa informação, resolveu fazer experiência com os jacus, já que eles comiam as sementes e as defecavam inteiras. Quando o homem percebe que a natureza pode ser sua aliada e se harmonizar com ela, o retorno é ótimo para os dois lados. De vilões, essas aves passaram a ser amigas, já que o produtor percebeu que o café era ótimo. Além de exótico, surpreendeu especialistas em degustação do país, que afirmaram que o café do Jacu tem um sabor adocicado e equilibrado, com acidez marcante e deixa um gosto bom na boca.
          Hoje, esse tipo de café se tornou mais conhecido no mundo inteiro, estando entre os cinco melhores cafés do planeta, atualmente. No Brasil também, a resistência ao produto exótico, vem reduzindo e a especiaria, sendo degustada e aprovada.
          Baseada na experiência do produtor do Estado vizinho, cafeicultores mineiros que passavam pelos mesmo problemas com as aves, decidiram investir nesse tipo de café especial.
Isso porque a ave é bastante comum em Minas Gerais, presente em todas as regiões do Estado. Regiões e cidades tradicionais na produção de cafés especiais, passaram então a ver nos jacus, um aliado e não um inimigo. Assim, Minas Gerais passou a produzir Café do Jacu ou Jacu Bird Coffee.
          O café especial de jacu pode ser encontrados nas regiões do Sul de Minas, Central, Leste de Minas, dentre outras e também em cidades como Espera Feliz, Manhuaçu e São Gonçalo do Rio Abaixo. São apenas algumas exemplos de cidades, são dezenas.
Por ser um café especial e relativamente caro, não é um tipo de café produzido em escala industrial. São feitos em pequenas quantidades ou por encomenda ou em pequeno estoque, por se tratar de um produto exótico e com um preço bem maior que o café convencional.
Além disso, o processo de produção desse café é totalmente diferente do atual que conhecemos, como deu para perceber na descrição, acima.
Mas quem puder e tiver oportunidade de experimentar o Café do Jacu, valerá a pena gastar um pouco mais e saborear um café exótico, de alta qualidade e sabor.

3 comentários:

  1. Adorei o texto. Vou experimentar.

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  2. Há poucos dias assisti um documentário a respeito do Luwak e achei muito interessante. Não sabia sobre a mesma utilidade do jacu. Muito interessante.

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  3. Adorei a reportagem sobre o jacu e o café, aqui na minha cidade tem jacu mas, porém não tem plantação de café. Adoro café muito .boa essa reportagem

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