Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

A região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça

(Por Arnaldo Silva) A região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça, foi reconhecida oficialmente pelo Governo de Minas Gerais e órgãos sanitários, como região produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) no dia 19 de abril de 2022.
          Minas Gerais tem agora 11 regiões queijeiras reconhecidas oficialmente: Araxá, Campos das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Mantiqueira de Minas, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro, Serras da Ibitipoca e Entre Serras da Piedade e do Caraça, a 11ª região de Minas a ser reconhecida oficialmente como produtora de queijo artesanal. (na foto acima de Peterson Bruschi, o Santuário do Caraça em Catas Altas, uma das cidades produtoras do queijo Entre Serras)
          A Região Queijeira, denominada Entre Serras da Piedade e Caraça é formada pelas cidades de Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Rio Piracicaba e Santa Bárbara. (na foto acima de John Brandão/In Memorian, a Serra da Piedade) 
          Essas 6 cidades estão localizadas entre as serras da Piedade e do Caraça, na Região Central de Minas, por isso o nome dado à região queijeira. (na foto acima de Nacip Gômez, Catas Altas)
O Queijo Minas Artesanal
          O Queijo Minas Artesanal é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). (fotografia acima do Queijo Imperial da Josiane do Sítio das Palmeiras em Catas Altas MG)
          Para ser Queijo Minas Artesanal, tem que ser produzido com leite de vaca cru, sal, coalho, pingo, prensado e curado no local de origem. Tem ainda que ter massa firme, cor e sabor próprio, de cada região e não pode conter nenhum tipo de aditivos químicos.
          Cada região tem suas características queijeiras únicas, definidas pela flora bacteriana local. São as bactérias lácteas, juntamente com a altitude, umidade, temperatura ambiente, manejo do gado, pastagens, água e clima que definem as características e identidades de cada queijo. Os queijos são diferentes em textura, sabor e cor, de acordo com as bactérias lácteas de cada região específica. São centenas de milhares de microrganismos diferentes presentes em cada região, por isso as diferenças nos queijos.
Características do queijo
          Os queijos produzidos na região Entre Serras da Piedade e do Caraça, caracterizam-se pela casca amarela, lisa e podendo apresentar mofos brancos na crosta em longa maturação, massa gordurosa, macia e com leve picância. (na foto acima, queijos feitos pela Josiane no Sítio das Palmeira sem Catas Altas MG)
          A exceção é para o queijo maturado na Serra da Piedade, a 1746 metros de altitude. É o queijo Frei Rosário (na foto acima de Clésio Moreira), tradicionalmente maturado em uma caverna, no alto da serra. Pela altitude e umidade da caverna e flora bacteriana única, o queijo Frei Rosário apresenta casca mofada, massa macia e sabor bastante intenso, leve picância e mais salgado em relação aos queijos produzidos nas cidades da região de Entre Serras da Piedade e do Caraça.
Estudo da Emater/MG
          O reconhecimento de Entre Serras da Piedade e do Caraça se deve ao empenho da Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) na formulação de um estudo, feito durante um ano, visando a caracterização da região como queijeira.
          Segundo o estudo feito pela Emater/MG, a produção queijeira na região Entre Serras da Piedade e do Caraça tem origens no século XVIII, na época do Ciclo do Ouro quando a região começou a ser povoada. 
          Os bandeirantes e viajantes que se instalaram no território mineiro, trouxeram sementes, galinhas, porcos, gado, ferramentas e técnicas de produção de alimentos. Do leite do gado que trouxeram, começaram a produzir doces e queijos, dando origem assim à tradição queijeira mineira.
          As cidades da região Entre as Serras da Piedade e do Caraça, desde a origem na mineração e a presença de gado começou no final do século XVIII e a produção de derivados do leite, como manteiga e queijos, tem origens nas primeiras décadas do século XIX. A produção de queijos nesta região tem cerca de 200 anos. (na foto acima de Judson Nani a cidade de Santa Bárbara e abaixo de Leandro Leal, a cidade de Catas Altas)
          O estudo de caracterização feito pela Emater/MG foi encaminhado para a Secretaria de Agricultura e Pecuária (SEAPA/MG) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), para análise e aprovação. O que ocorreu e foi oficializado em cerimônia, realizada em Caeté MG no dia 19/04/2022, com a região sendo reconhecida oficialmente como região produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA)

Benefícios do reconhecimento
          Uma região queijeira reconhecida facilita a vida do produtor de queijos, que sai da informalidade, podendo com isso aumentar sua produção, conquistar novos mercados, além de receber o Selo Arte e o Identificação de Origem (IG), através da legalização das queijarias, de acordo com as normas sanitária dos órgãos estaduais e federais.
          É esse o principal objetivo da caracterização de uma região como queijeira, de proporcionar ao produtor condições de produzir queijos de maior qualidade, com segurança alimentar, oferecendo ao consumidor um produto diferenciado, único, de origem histórica e tradicional. (na fotografia acima de Thelmo Lins, a cidade de Bom Jesus do Amparo)
          Com estes selos, os queijeiros podem comercializar os queijos em todo o território nacional, melhorando a renda e gerando empregos. Isso porque estes selos são certificados que garantem a origem do produto artesanal, com modo de preparo tradicional, possuem características específicas regionais e únicas, além da garantia do manejo adequado do gado e da qualidade do produto, já que as queijarias passam por rigorosas adaptações às normais sanitárias e fiscalizações constantes.
          Além disso, o queijo passa a ter nome regional, inserido nos rótulos dos queijos feitos nas queijarias das seis cidades que formam a região Entre Serras da Piedade e do Caraça. (na foto acima de Judson Nani a cidade de Barão de Cocais)
          O nome é a caracterização da origem histórica do queijo, é a identidade geográfica que define uma região.
Queijo e incremento do turismo
          O fato dos seis municípios que formam a região Entre Serras da Piedade e do Caraça terem origens no século XVIII, incrementará ainda mais o turismo nesta região histórica de Minas Gerais.
          Além da história e beleza arquitetônica dessas cidades, a região conta com fauna e flora riquíssimas, além da religiosidade presente nessas cidades, simbolizada pelo Santuário do Caraça em Catas Altas e pelo Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté. (na foto acima de Emílio Mendes/@pe.emiliomendes, Caeté)
          Os queijos e visitas às queijarias, passam agora a serem novos atrativos turísticos das cidades que formam a região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Como identificar as características de um queijo?

(Por Arnaldo Silva) Queijo é um dos alimentos mais antigos da humanidade. Hoje, mesmo com uma diversidade de queijarias, com vários tipos de queijos pelo mundo, a ciência ainda busca entender o mundo vivo presente nos queijos: bactérias, ácaros, mofos e fungos. É um campo amplo de pesquisas e estudos.
          Nos queijos, esses organismos vivos são responsáveis por dar a cor, textura, sabor, qualidade, além da definição de identidades e características regionais. É um mundo fascinante e difícil de conhecer por inteiro, já que são centenas de milhares de bactérias e fungos, diferentes, espalhadas por todas as regiões do mundo. (fotografia acima Uai Trip Roteiros em Tiradentes MG)
          Tudo isso torna a missão de conhecer um a um desse pequeno mundo vivo, quase que impossível. Até porque, as bactérias e fungos presentes no queijo, não são constantes, nem mesmo em suas regiões de origem, podendo haver alterações e modificações nesses microrganismos de acordo com o clima, altitude, umidade, mudanças climáticas e nas mudanças de estações.
        Queijo é um alimento vivo. São os ácaros e os fungos, que vivem na casca dos queijos, que garantem a proteção do universo vivo em seu interior, na massa, que conta com centenas ou milhares de bactérias benéficas à nossa saúde. A ação desses microrganismos, se dá durante o processo de maturação dos queijos, acentuando a identidade, personalidade e característica de cada queijo, ao longo dos dias e meses de maturação.
As características dos queijos
          Dependendo de suas características o queijo pode ser fresco, meia cura ou curado, com estilo, característica, cor e sabor, variando de região para região, de país para país. (queijos feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares em São Roque de Minas)
          O queijo fresco são os queijos brancos, feitos de forma artesanal ou industrial. São os queijos que logo após a coagulação e retirada do soro, já estão prontos para o consumo. Tem massa mole e corpo bem branco. 
          São queijos de alto valor nutritivo, ricos em cálcio, vitamina, proteínas e outros nutrientes, trazendo vários benefícios para a saúde. 
          Além disso, é um queijo leve, muito saboroso e níveis de gordura baixo, em média 16%.
          Já os queijos duros, conhecidos por meia cura e curado, são submetidos a longo tempo de maturação, por isso desenvolvem uma casca dura e uma massa bem firme. 
          É um alimento rico em vitaminas, cálcio, proteínas e outros nutrientes, mas também, são ricos em gordura. Mas não é uma gordura ruim, como se pensa. Sendo consumido moderadamente, a gordura presente nos queijos duros, não elevam os níveis de colesterol, ao contrário, ajudam no combate ao colesterol ruim.
          Ao menos é o que diz, pesquisa feita por cientistas da Food for Health Ireland (FHI) da University College Dublin (Irlanda), divulgada em 2018, pelo American Journal of Clinical Nutrition. A pesquisa teve como base o queijo Cheddar Irlandês, rico em gordura. Durante seis semanas, voluntários consumiram esse queijo, sendo observado que não houve elevação dos níveis de colesterol no sangue desses voluntários.
          Queijo é um dos melhores alimentos do mundo, enriquece pratos diversos, além de dar sabor inigualável às nossas quitandas. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
          Queijo harmoniza perfeitamente com café, doces e com vinhos tintos. Uma deliciosa combinação.

Turismo de aventura na Serra da Canastra

(Por Arnaldo Silva) A Serra da Canastra está localizada entre as regiões oeste e sudoeste de Minas Gerais. O nome passou a ser usado com a chegada de bandeirantes à região, no final do século XVII.
 
          A inspiração para o nome vem do enorme maciço rochoso na serra que lembrava uma canastra. Canastra entre os portugueses era uma espécie de mala de viagem, um baú. Era hábito dos bandeirantes demarcarem pontos de referências para facilitar a localização dos lugares passavam, por isso, davam nomes a serras, picos, rios e montes. (fotografia acima de Rômulo Nery)  
          A serra que forma o maciço rochoso, chamada de Canastra deu nome a uma região geográfica, uma região queijeira e ao Parque Nacional, todos com o nome de Serra da Canastra.
          O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 3 de abril de 1972, através do decreto 70.355. O objetivo da criação do parque foi o de proteger as nascentes do Rio São Francisco, uma das mais importantes reservas ambientais do Brasil. (na foto acima de Conceição Luz, o marco da nascente principal do Rio São Francisco)

A área do parque
          Possui uma área de 200 mil km², com altitudes em seus pontos mais altos chegando a 1500 metros, acima do nível do mar. A área do parque está entre os municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Piumhi, Delfinópolis, São João Batista do Glória, Capitólio e Sacramento. Essas sete cidades que formam a região geográfica Serra da Canastra, tendo o Cerrado como bioma principal e ainda, áreas de transição da Mata Atlântica. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
Vegetação, fauna e flora
          Na Serra da Canastra predomina uma densa vegetação rasteira, com campos rupestres nativos de lírios, margaridas silvestres (na foto acima de Arnaldo Silva), sempre-vivas, dentre outras espécies e uma rica fauna com destaque para onças, jaguatiricas, lobo-guará, tamanduá-bandeira, veado-campeiro e várias espécies de aves silvestres  como o Urubu-rei, na foto abaixo fotografado pelo Rogério Salgdo.


          Além das matas e campos floridos, encontra-se na área do parque, sítios arqueológicos, pinturas rupestres e construções do tempo da escravidão, como o curral de pedras.
Turismo ecológico
          Lugar de impressionante beleza e impactantes cachoeiras, que formam paradisíacos poços de águas cristalinas.
          São cerca de 30 cachoeiras catalogadas, sendo que algumas, como a Cachoeira da Cascadanta, com seus 186 metros de queda livre, e até seu moço, todo rodeado por enormes e escorregadias pedras (na foto acima de Nacip Gômez). Cachoeiras assim na Serra da Canastra são apenas para contemplação, por questão de segurança.
          Em outras cachoeiras, o acesso é liberado, inclusive para banhos como a Cachoeira da Chinela, com 30 metros de queda (na foto acima de Luís Leite), a Cachoeira da Parida, Nascentes das Gerais, do Jota, a Cachoeira do Cerradão, com 200 metros de altura e três quedas. Tem ainda as cachoeiras Rolinhos, do Zé Carlinhos, do Capão Forro, do Fundão, o Poço das Orquídeas, dentre outras.
          Algumas cachoeiras da Serra da Canastra estão em área particulares e o acesso é pago.
Estrutura e aventuras
          Pela dimensão do Parque Nacional da Serra da Canastra, o mais adequado é o uso bicicletas, veículos de 4x4 e motos devidamente emplacados, de preferência, acompanhado por guias, que são encontrados com facilidade nas cidades da região da Canastra. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Para conhecer melhor a área da Canastra, o ideal é no mínimo 3 dias. As cidades da região são bem estruturadas, oferecendo bons serviços aos turistas, principalmente em termos de hotéis, pousadas e restaurantes de comidas típicas.
          Além disso, o turista encontra artesanato nas cidades e seus distritos e claro, o legítimo queijo Canastra com a oportunidade de conhecer algumas queijarias, abertas para visitação. Uma dessas queijarias é a Queijaria da Cristina (na foto acima do Nacip Gômez), em Vargem Bonita, na estrada para a Cachoeira da Cascadanta.
Acesso ao parque
          Respeitar as regras do parque e o respeito à fauna e flora é mais que obrigação, é dever de gente civilizada. Não se deve tirar nada, além de fotos e preservar os campos e matas, evitando o uso de isqueiros e jogar bitucas de cigarros, para não causar incêndios.
          O acesso à parte alta do Parque Nacional da Serra da Canastra se dá pela portaria de São Roque de Minas. Para a Cachoeira da Cascadanta a portaria de acesso é pela parte baixa, em Vargem Bonita. Por Sacramento, no Triângulo Mineiro, tem outra portaria de acesso ao parque. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
Turismo de aventura
          Canastra é um dos principais destinos para o turismo de aventuras e amantes da natureza, já que em algumas cidades da região da Canastra, o visitante pode praticar várias atividades como o rapel, boiacross, paraglider, canionismo, motocross, além de fazer passeios de bikes, quadriciclos, 4x4 e até de balão. (foto acima de Wallace Melo em Delfinópolis e abaixo de Nacip Gômez em São José do Barreiro)
           Um passeio de pelo menos 3 dias na Serra da Canastra é revigorante para o corpo e espírito. Vale a pena.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Boulieu: o museu de arte sacra de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Inaugurado em abril de 2022, o Museu Boulieu é o mais novo museu de Ouro Preto MG, Região Central de Minas, primeira cidade do Brasil e receber o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Ouro Preto é a inda o epicentro da arte barroca e um dos principais destinos turísticos do Brasil.
          O museu conta com cerca de 1200 peças do barroco latino-americano doadas pelo casal Boulieu. As peças pertenciam ao acerco pessoal de 2,5 mil peças do casal franco-brasileiro, Maria Helena e Jacques Boulieu, sendo maior parte de arte sacra. Ela, paulista, radicada em Belo Horizonte e Boulieu é francês. (fotografia acima de Ane Souz)
O casal Boulieu
          As 1.200 peças foram doadas pelo casal em 2011 à Arquidiocese de Mariana, atual donatária-proprietária do acervo cedido pela Arquidiocese para compor o acervo permanente do Museu Bouleiu em Ouro Preto MG. Às peças doadas em 2011, se somaram a mais peças, doadas pelo casal Boulieu, em 2021, para o museu. (fotografia acima de Ane Souz)
          O casal Boulieu começou a formar seu acervo partir de 1950, nas viagens que fizeram por Minas Gerais, Maranhão e Bahia, além de países de colonização portuguesa e espanhola como Índia, Sri Lanka, Filipinas, Peru e Guatemala. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Vivendo entre a França e o Brasil, o ato de doar parte das obras formadas ao longo de 70 anos, se deve ao desejo do casal em deixar um legado ao patrimônio ouro-pretano e também pelo amor que o casal tem por Ouro Preto MG. Por isso o nome do museu ser em homenagem ao casal Boulieu.
          É um dos poucos museus do Brasil com uma arte tão diversificada em exposição, além reunir um pouco da influência ocidental nas culturas e religiosidade latina e oriental, durante a colonização das Américas e Oriente. (fotografia acima de Ane Souz)
O museu
          As peças estão distribuídas num espaço de 400 m² no pavimento superior, que conta com 6 salas. Logo na entrada do piso superior, imagens fazem o visitante viajar pelo caminho novo para as Índias, percorrido pelos navegantes europeus, mostrando o encontro de culturas e religiosidade do mundo ocidental, com as tradições milenares do mundo oriental. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          O visitante pode ainda entender a adaptação do catolicismo às religiosas tradicionais das colônias, entre os séculos XVII e início do século XX. (fotografia acima e abaixo de Ane Souz)
          Além disso, logo na entrada, uma voz entoando poemas de Fernando Pessoa e Camões dá boas-vindas aos visitantes. A voz é da cantora Maria Bethânia.
          O espaço conta ainda com térreo, saguão onde o visitante pode conhecer um pouco da história do casal Boulieu, bilheteria, café, loja multiuso, sala do Educativo, áreas administrativas e reserva técnica. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Onde fica?
          O Museu Boulieu é um museu privado e está localizado à Rua Padre Rolim, 412, no casarão onde funcionava o antigo Asilo São Vicente de Paulo. (fotografia acima de Ane Souz)
          O local onde está o museu compõe um conjunto de construções formado entre o final do século XVIII e meados do século XX, vinculado à antiga Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto MG.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Diferenças entre queijo artesanal e industrial

(Por Arnaldo Silva) A primeira diferença é óbvia. O artesanal é feito sem o uso de tecnologia e o queijo industrial, utiliza maquinários e tecnologias de ponta na produção de queijos.
          Uma queijaria, para ser considerada artesanal, usa até 2 mil litros de leite/dia. Acima disso, deixa de ser artesanal, passando a ser indústria. Mas não são apenas essas as diferenças de um queijo artesanal para um queijo industrial. (na foto acima de o Queijo Canastra, com foto enviada pela Aline Marques do Cantinho de Minas (Bar, Restaurante e Chalés) em São João Batista do Glória MG)
O queijo artesanal
          O preparo do queijo artesanal requer conhecimento e mais que isso, tradição. Na maioria dos casos, uma tradição que vem desde o século XVIII, como por exemplo, os queijos do Serro, Diamantina e da Canastra, que são seculares. (na foto acima queijo feito na Fazenda Pavão, do produtor João Melo, de Serra do Salitre MG)
          O queijo artesanal vem da vocação familiar, do gosto e amor por fazer queijos. É uma técnica tradicional, que mesmo com a modernização, se mantém preservada e original. Queijo artesanal é leite, coalho, pingo e maturação longa, que pode variar de 22 dias a 365 dias, dependendo do tipo de queijo.
          Além disso, requer tempo e paciência. Um queijo fino utiliza a variedade da flora bacteriana presentes no leite. É essa flora que dá cor, sabor, textura e característica de um queijo. Como em cada região, existem diferentes tipos de bactérias lácteas devido a diferenças climáticas, altitudes e umidades, vai existir com isso, diferentes tipos de queijos por região.
O queijo industrial
          Já o queijo industrial é diferente. Feito por laticínios industriais, recebem diariamente, grandes quantidades de leites, vindos de várias regiões diferentes, com floras bacterianas diferentes. Além do leite passar pelo processo de pasteurização, as tecnologias avançadas presentes nos laticínios, deixam o leite mais puro e ao mesmo tempo, eliminam os microrganismos naturais que dão cor, textura, sabor, consistência e características naturais de um queijo
          Além disso, a produção é em série, em grandes quantidades, para atender um grande mercado consumidor. Acabou de sair da produção, já é embalado e enviado para as gôndolas dos supermercados.
          É o caso por exemplo do queijo tipo parmesão. Na indústria, seu preparo é em série com tecnologia para adiantar seu processo de produção, visando atender de imediato o mercado consumidor. Um queijo tipo parmesão artesanal leva em média 13 meses de maturação, até chegar ao consumidor. Uma indústria não esperaria esse tempo todo.
          O mesmo se dá na produção dos queijos industriais de consumo indireto, como a mozzarella, o mais usado em pizzas, o queijo prato, mais usado em sanduíches e misto quente, além do parmesão, comum em massas e pratos diversos.
Queijo de consumo indireto
          Cerca de 70% dos queijos consumidos no Brasil são para consumo indireto. É o queijo que o consumidor compra para ser usado na produção de biscoitos, bolos, sanduíches, massas em geral e uma variedade de pratos dos mais simples, aos mais finos. O mercado consumidor desses tipos de queijos são restaurantes, shoppings, lanchonetes, padarias, confeitarias e uma pequena parte, para uso caseiro.
          Quem utiliza esses tipos de queijos não se preocupa muito com o sabor. Buscam é a funcionalidade. São queijos que derretem fácil, não soltam muito óleo, são fáceis de fatiar, além de não escurecerem demais em pratos, como na pizza, tem o sabor mais leve. Essa funcionalidade é o maior motivo da preferência por esse tipo de queijo.
Queijo de consumo direto
          Os queijos de consumo direto, é aquele que sai da queijaria e vai direto para a mesa do consumidor. É o queijo que se compra direto para comer. Acompanham o café, doces e vinhos, além de estar no preparo de tira gostos. (na foto acima de queijos de mofo branco, do produtor Túlio Madureira, do Serro MG e abaixo, queijo da Fazenda Bela Vista em Alagoa MG, maturado em azeite de oliva)
          Nesse caso, a preferência é para os queijos artesanais de longa maturação, acima de 22 dias. São queijos mais trabalhados, com longo processo de maturação e de sabores intensos e picantes. São queijos finos, feitos para paladares sofisticados, que apreciam queijos de sabor mais forte e intenso, principalmente na combinação com vinhos.

Motivo da maior preferência pelo queijo industrial
          Os queijos artesanais de longa maturação, tem menos consumo que o industrial, devido ao brasileiro em geral, não apreciar queijos de sabores fortes, intensos e picantes.
          Além disso, por ser um queijo de longo preparo e maturação, o custo final é bem maior que os queijos industriais, já que produzidos em larga escala, usando tecnologias avançadas na produção industrial. Os queijos industriais são mais baratos que os queijos artesanais finos.
          O brasileiro e mercado em geral, prefere os queijos frescos com menos de 7 dias, por serem mais leves e com menos gordura. Além do queijo Minas Frescal e Padrão, os queijos tipo requeijão, parmesão, mozzarella e prato, são os mais consumidos no país, por terem o sabor mais leve e menos picante, além da funcionalidade de uso na culinária.
Regiões queijeiras mineiras
          Em Minas Gerais, os queijos artesanais finos, são produzidos em todas as cidades do Estado. Oficialmente, o estado conta com 10 regiões queijeiras que produzem Queijo Minas Artesanal (QMA), reconhecidas pelo Governo de Minas e órgãos sanitários, como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). As 10 regiões são: Canastra, Serro, Triângulo Mineiro, Serra do Salitre, Araxá, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Mantiqueira de Minas, Cerrado e Diamantina. Existem outras regiões mineiras que pleiteiam junto ao governo e órgãos sanitários, o reconhecimento como regiões queijeiras.
          As queijarias dessas regiões, são aptas a requisitarem o Selo Arte (SA) e o selo Indicação Geográfica (IG). São selos concedidos pelos Governos Estaduais e Federal, para queijarias legalizadas e que seguem as normais sanitárias estaduais e nacionais, podendo com isso, comercializarem seus produtos em todo o território nacional.

A arte na arquitetura colonial de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A 292 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha, Diamantina é Patrimônio Histórico do Brasil, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938 e Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1995, Diamantina é uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas mineiras. Fundada em 1713, preserva sua história, gastronomia, cultura, tradições e arquitetura colonial, desde sua fundação.
          Diamantina abriga um dos mais belos e bem conservados acervos arquitetônicos do período Colonial Barroco e do período Imperial brasileiro. Os arquitetos da época seguiram à risca os traços e originalidades das cidades portuguesas, adaptando sua cultura à paisagem natural da região. (na fotografia acima de Nacip Gômez da Paróquia do Divino Pai Eterno em Diamantina)
          Não foi por mera coincidência que optaram por construir a cidade aos pés do maciço rochoso da Serra dos Cristais, no início do Ciclo do Ouro, no século 18. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          
Sua arquitetura colonial se desenvolveu no auge do Ciclo do Ouro, entre 1720 e 1750, no período Colonial, onde as simples casas do Arraial do Tijuco deram lugar a suntuosas construções e belíssimas igrejas ornadas a ouro e diamantes, graças a riqueza gerada por essa pedra preciosa. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Pra se ter ideia, no auge desse período, Diamantina era a maior lavra de diamantes do mundo. Com tanta riqueza, os investimentos em edificações e infraestrutura urbana foram altos.
          Sua arquitetura foi consolidada em meados do século 19, já no período Imperial (na foto acima da Gisele Oliveira). Percebe-se pelos fatos a importância de Diamantina para a história de Minas Gerais e do Brasil. A cidade tem uma pureza arquitetônica impressionante, que lembra claramente as mais belas vilas de Portugal.
          Diamantina exibe rara beleza arquitetônica e natural, formando um dos mais significativos conjuntos paisagísticos de Minas Gerais. Sua beleza é rara, sóbria, elegante, simples, original e impactante.
          A arquitetura urbana de Diamantina com suas cores variadas com portas, portadas e janelas enormes, muxarabis (elementos da arquitetura árabe), balcões com pinhas de vidro, pavimentos em pedra bruta ou madeira maciça chamam a atenção pelas características excepcionais que apresentam, destacando por exemplo o Passadiço do Glória (na foto acima de Elvira Nascimento) que liga dois sobrados. Um construído no século 18 e outro no século 19.
          Outro destaque arquitetônico é o sobrado onde viveu Chica da Silva (na foto acima de Alexandra Almeida), com o homem mais poderoso e rico da região, naqueles tempos, o Contratador de Diamantes entre 1759 a 1771, João Fernandes de Oliveira. 
          O luxuoso sobrado é um dos mais visitados em Diamantina, bem como a casa em que viveu Juscelino Kubitschek e as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de São Francisco, de Nossa Senhora do Rosário, do Senhor do Bonfim, a Capela Imperial do Amparo (na foto acima da Giselle Oliveira) e a Catedral Metropolitana de Santo Antônio são os marcos da religiosidade e história de Diamantina e de Minas Gerais. 
          Diamantina é mais que uma cidade, é uma obra de arte. Não foi apenas construída, foi esculpida por mãos de talentosos artistas. 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Conheça São Gonçalo de Amarante

(Por Arnaldo Silva) São Gonçalo de Amarante é distrito colonial, do século XVIII, da cidade histórica de São João Del Rei MG, nas Vertentes Mineiras. A cidade está a 190 km de Belo Horizonte e o distrito, apenas 18 km distante da sede.
          Pouco se sabe sobre a história do povoado que se formou no início do século XVIII, com a chegada de bandeirantes e portugueses, em busca da riqueza que as minas de ouro mineiras proporcionavam. (fotografia acima de César Reis)
De Brumado, Caburu e São Gonçalo de Amarante
          É uma vila charmosa, pitoresca, bem atraente, com um casario colonial pequeno e bem preservado, além de ser um lugar tranquilo e aconchegante. Destaque para sua imponente, igreja construída entre 1720 e 1730, dedicada a São Gonçalo de Amarante, em estilo Nacional Português, a primeira fase do barroco mineiro. (na foto acima do César Reis, o casario da vila)
          É uma igreja simples com poucos detalhes exteriores, sem torres e com a sineira ao lado. Suas talhas interiores e ornamentações em dourados, são riquíssimas e refletem a beleza da arte da primeira fase do barroco mineiro e a riqueza do período do Ciclo do Ouro. (fotografia acima de César Reis).
          Por estar próximo a um riacho de nome Brumado, o primeiro nome do arraial foi São Gonçalo do Brumado, O arraial cresceu, se transformou num próspero povoado, foi elevado à vila e por fim, à distrito em 7 de setembro de 1923, mas com o nome de Caburu.
          Não se sabe ao certo o porquê desse nome, já que Caburu, no tupi é a junção das palavras cáa (mato) com mburu (maldito), Mato Maldito. E ainda, a junção pode ainda significar cab (vespa ou marimbondo), com uru (cesto, recipiente), Caixa de Marimbondos.
          O nome Caburu, se manteve até 1990, quando o distrito passou a ter o mesmo nome de sua igreja, São Gonçalo de Amarante. (fotografia acima de César Reis)
Em São João Del Rei
          A devoção a São Gonçalo de Amarante chegou a São João Del Rei nos primeiros anos do século XVIII com a chegada de algumas famílias, oriundas de Amarante, em Portugal.
          O arraial cresceu em torno da igreja que os portugueses, devotos de São Gonçalo de Amarante construíram. Com o passar do tempo, a fé em São Gonçalo de Amarante se expandiu para regiões vizinhas. A igreja é constantemente visitada por fiéis, desde a origem do povoado, principalmente no dia dedicado São Gonçalo de Amarante, 10 de janeiro.
          Nos períodos que antecedem à festa, a comunidade se organiza em preparativos para o evento religioso e também para receber os fiéis que vem de outras localidades. Religiosidade, barraquinhas com comidas e bebidas típicas, rezas, penitências e também muita alegria nos dias de festa.
          Festa de fé, de devoção e também, oportunidade de estar num lugar aprazível, charmoso, com um povo acolhedor e hospitaleiro.
Quem foi Gonçalo de Amarante
          Gonçalo de Amarante O.P (Ordem dos Pregados, conhecida ainda por Ordem de São Domingos) foi um religioso português, nascido em Arriconha, no ano de 1187.
          O frei dominicano viveu boa parte de sua vida religiosa na cidade de Amarante, também em Portugal. Faleceu nesta mesma cidade em 10 de janeiro de 1262, aos 75 anos.
          Gonçalo foi um religioso muito popular em Amarante e por isso, teve seu nome associado à cidade, sendo mais conhecido por São Gonçalo de Amarante.
          Após sua morte, cresceu a veneração ao religioso e processo visando sua beatificação e posterior canonização, foi aberto no século XV. Gonçalo foi beatificado em 24 de abril de 1551, pelo Papa Júlio III, mas o processo ainda continua. O Beato Gonçalo de Amarante não foi canonizado ainda pela Igreja Católica, portanto, oficialmente não é santo católico e sim, beato.
          O correto seria Beato Gonçalo de Amarante, mas o povo o vê como santo e o Beato Gonçalo de Amarante é aclamado popularmente e venerado como São Gonçalo de Amarante. É considerado o santo protetor dos ossos e também padroeiro de quem está em busca de um bom casamento.
          A devoção ao Beato Gonçalo de Amarante se estendeu para as colônias portuguesas, chegando ao Brasil no início do século XVIII. O beato português deu nome à várias cidades brasileiras como São Gonçalo do Amarante no Ceará, São Gonçalo do Amarante no Rio Grande do Norte; São Gonçalo no Rio de Janeiro e Amarante, no Piauí, além do distrito são-joanense de São Gonçalo de Amarante.
          Além disso, várias igrejas dedicadas a São Gonçalo de Amarante estão espalhadas pelo Brasil como em Batalha no Piauí, Ibituruna, Contagem e São Gonçalo do Sapucaí em Minas Gerais, Umari no Ceará, Itapissuma em Pernambuco, etc.

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores