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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Conheça o café do Jacu

(Por Arnaldo Silva) Jacu (Penelope sp.) é uma ave de grande porte da nossa Mata Atlântica e está presente em todo o território nacional. Pode chegar a 85 cm, tem calda, pescoço e asas longas e uma cabeça pequena. Em torno dos seus olhos vermelhos tem uma pele em tom azulado e sem pelos. O papo do jacu é vermelho. Sua plumagem é lisa com aspecto escamado e tem a tonalidade escura e as vezes, na cor cinza. Suas patas tem tons avermelhados. (foto abaixo de Ricardo Cozzo em Monte Verde MG)
          Ai você pergunta, o que o jacu tem a ver com café? É que o grão do café vem do Jacu. Essa ave gera um café de alto valor, tanto comercial, quanto de qualidade.           
          Para você entender o processo, vou explicar direitinho. 
          A maioria das aves se alimentam de frutos. Isso todos sabemos. Elas comem a parte adocicada dos frutos e não comem as sementes. No caso, as aves espalham as sementes pela natureza, ajudando a natureza a ser renovar. 
          O Jacu também se alimenta dos frutos, mas diferente das outras aves, ele engole as sementes inteiras, sem mastigá-las. Uma das sementes preferidas do jacu é a do café (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo MG). Eles ficam aos pés dos cafezais escolhendo os grãos de café e são muito seletivos. Escolhem os grãos que não tem defeitos e os mais maduras. 
          O Jacu não tem estômago. Quando ele ingere a semente do café, seu organismo processa rapidamente o fruto, que passa pelo intestino da ave, sendo protegido pela casca. Por fim, o grão é expelido por inteiro, totalmente intacto, o que torna o processo de fermentação, totalmente higiênico.
          Todo esse processo é feito diretamente no intestino da ave. Em seu organismo o grão do café absorve ácidos e enzimas que garantem uma baixa acidez do grão. Essa baixa acidez dá ao grão um amargor e doçura bem equilibrada à bebida. 
          Entendeu? O Jacu expele a semente. Defeca. É das fezes do Jacu que é retirado os grãos do café. (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo MG, os grãos do café, expelidos pelo Jacu)
          Assim que a ave defeca, as fezes são coletadas e passam em seguida por um rigoroso processo de limpeza para retirar as bactérias e limpeza dos grãos. Após a limpeza, os grãos ficam em "descanso" por um período. Depois do "descanso" são torrados e moídos. Depois disso, está pronto para consumo. (na foto acima do Aridelson Rezende em São Gonçalo do Rio Abaixo, os grãos do café do Jacu, já selecionados, limpos e lavados, prontos para serem torrados)
          Mas o café é bom? Bom não, é ótimo! Tanto é bom que está entre os cinco melhores cafés exóticos do mundo, presente nas principais cafeterias de Los Angeles, Londres, Tóquio e outras cidades do Brasil e do mundo.
          
Mas qual a origem desse café? Foi desenvolvido por um cafeicultor do Espírito Santo, Hnerique Sloper, proprietário da Fazenda Camocim, que vivia em constantes problemas causados pelas aves, que comi cerca de 10% de sua produção de grãos e ainda, comiam as sementes mais saudáveis de seu cafezal.
          Na tentativa de saber o que fazer, descobriu que na Indonésia existia um café bem exótico, considerado até então o mais caro do mundo. Esse café, conhecido por Kopi Luwak produzido a partir das fezes que não são digeridas de um animal herbívoro, da familia dos gatos, nativo da região chamado de Luwak (Paradoxurus hermaphroditus).
          De posse dessa informação, resolveu fazer experiência com os jacus, já que eles comiam as sementes e as defecavam inteiras. Quando o homem percebe que a natureza pode ser sua aliada e se harmonizar com ela, o retorno é ótimo para os dois lados. De vilões, essas aves passaram a ser amigas, já que o produtor percebeu que o café era ótimo. Além de exótico, surpreendeu especialistas em degustação do país, que afirmaram que o café do Jacu tem um sabor adocicado e equilibrado, com acidez marcante e deixa um gosto bom na boca.
          Hoje, esse tipo de café se tornou mais conhecido no mundo inteiro, estando entre os cinco melhores cafés do planeta, atualmente. No Brasil também, a resistência ao produto exótico, vem reduzindo e a especiaria, sendo degustada e aprovada.
          Baseada na experiência do produtor do Estado vizinho, cafeicultores mineiros que passavam pelos mesmo problemas com as aves, decidiram investir nesse tipo de café especial.
Isso porque a ave é bastante comum em Minas Gerais, presente em todas as regiões do Estado. Regiões e cidades tradicionais na produção de cafés especiais, passaram então a ver nos jacus, um aliado e não um inimigo. Assim, Minas Gerais passou a produzir Café do Jacu ou Jacu Bird Coffee.
          O café especial de jacu pode ser encontrados nas regiões do Sul de Minas, Central, Leste de Minas, dentre outras e também em cidades como Espera Feliz, Manhuaçu e São Gonçalo do Rio Abaixo. São apenas algumas exemplos de cidades, são dezenas.
Por ser um café especial e relativamente caro, não é um tipo de café produzido em escala industrial. São feitos em pequenas quantidades ou por encomenda ou em pequeno estoque, por se tratar de um produto exótico e com um preço bem maior que o café convencional.
Além disso, o processo de produção desse café é totalmente diferente do atual que conhecemos, como deu para perceber na descrição, acima.
Mas quem puder e tiver oportunidade de experimentar o Café do Jacu, valerá a pena gastar um pouco mais e saborear um café exótico, de alta qualidade e sabor.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O lago do Funil em Ijaci, Macaia e Bom Sucesso

(Por Arnaldo Silva) Bom Sucesso é uma charmosa cidade com cerca de 20 mil habitantes, na região Micro Região do Alto Rio Grande, no Sul do Estado. Distante 190 km da capital Belo Horizonte com ligação pela BR-381 por 20 km. Bom Sucesso faz divisa com Oliveira, São Tiago, Ibituruna, Santo Antônio do Amparo e Ijaci, cidade tipicamente mineira, pequena, com menos de 7 mil habitantes hoje, além de ser acolhedora e seu povo muito hospitaleiro. Está a 310 km de Belo Horizonte. (na foto abaixo do Rogério Salgado, parte do Lago do Funil em Ijaci MG)
          Bom Sucesso, conta ainda com um ramal ferroviário ligado à principal malha de estrada de ferro do Brasil. A economia da cidade gira em torno da agricultura, com destaque para a pecuária leiteira e cultivo de café além de contar com um comércio variado, boas pousadas e restaurantes com comida típica.
          A realidade econômica do município mudou a partir de 2001 com a instalação da Usina Hidrelétrica Engenheiro José Mendes Júnior, ou Usina do Funil (na foto acima do Rogério Salgado, o Lago do Funil em Ijaci MG). A barragem foi construída entre Lavras e Perdões, com o reservatório ocupando uma área área de 34,71 km², represando as águas do Rio Grande entre os municípios de Ibituruna, Itumirim, Ijaci e Bom Sucesso, inundando as comunidades Ponte do Funil em Lavras, Macaia, distrito de Bom Sucesso e Pedra Negra, distrito de Ijaci MG (na foto abaixo de Rogério Salgado).
          Seus moradores foram transferidos para outro local, com construção de novas comunidades pela consórcio responsável pela UHE, na época, entregues aos moradores em outubro de 2002. Em 2003, a UHE, começou a entrar em operação. 
          A história e passado dos moradores da Ponte do Funil, Pedra Negra e Macaia, (na foto acima do Rogério Salgado), foram inundadas pelas águas do Rio Grande, que tiveram que refazer suas vidas com a construção de novas comunidades. 
          Hoje, o lugar é um dos principais atrativos turístico da região, movimentando a economia das cidades banhadas pela represa, além do charme, beleza e aconchego de Macaia, (na foto acima do Robson Rodarte e abaixo do Rogério Salgado).
          Tanto Ijaci, quanto Bom Sucesso oferecem ao visitantes uma ótima estrutura urbana, com boas pousadas, pequenos e aconchegantes hotéis, restaurantes com comida típica.
          Destaque para a cidade de Bom Sucesso, além da cidade ter sua origem no século XVIII, tendo sido fundada em 15 de novembro de 1736, guarda relíquias arquitetônicas dos tempos do Brasil Colônia, bem como possuindo várias belezas encontradas no distrito de Aureliano Mourão, a 14 km da sede, onde o visitante encontrará belíssimas cachoeiras e cachoeiras e corredeiras do Rio das Mortes (na foto acima do Rogério Salgado), além de pontes e estações ferroviárias antigas. Poderá ainda conhecer o ponto de encontro das águas do Rio Pirapetinga com o Rio das Mortes, lugar com várias praias fluviais, ótimo para banho e contato com a natureza.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

O Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) A região do Quadrilátero Ferrífero começou a ser formada no século XVIII, com a descoberta de ouro na região, estando localizada no centro-sul do estado de Minas Gerais. Parte de duas importantes bacias hidrográficas de Minas Gerais: a do Rio Doce e do Rio das Velhas, encontra-se nessa região. (na foto acima feita pelo saudoso amigo John Brandão/In Memoriam, viaduto da linha férrea, na Rodovia dos Inconfidentes a 20 km de Ouro Preto MG)
          Além disso, grandes áreas de preservação permanente, mananciais, belezas naturais e arquitetônicas de Minas Gerais, 
encontra-se nessa região, já que foi formada a partir do início do século XVIII, fazendo parte do Quadrilátero Ferrífero, algumas das mais importantes cidades históricas mineiras como Belo Horizonte, Sabará, Congonhas, Santa Luzia, Ouro Preto e Mariana.
          A região é formada pelos municípios de Alvinópolis, Barão de Cocais, Belo Horizonte, Belo Vale, Bom Jesus do Amparo, Brumadinho, Caeté, 
Catas Altas, Congonhas, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Itaúna, Jeceaba, João Monlevade, Mariana, Mateus Leme, Mário Campos, Moeda, Nova Lima, Ouro Preto, Ouro Branco, Raposos, Rio Acima, Rio Manso, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara, Santa Luzia, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Joaquim de Bicas, Santa Luzia e Sarzedo. (foto acima de @viniciusbarnabe a Serra de Ouro Branco)
          As dimensões territoriais dessa região, com cerca de 7000 km², formam um quadrado e sua maior riqueza é a extração do minério, por isso o nome. (na foto acima de Andréia Gomes, trem de carga transportando o minério para o Porto de Tubarão em Vitória, pela Ferrovia Vitória/Minas, passando por Caeté MG e na foto abaixo, de Mateus Leme Recordações, linha férrea em Mateus Leme MG)
          60% de toda produção de minério no Brasil saem do Quadrilátero Ferrífero, que além do minério, produz ouro, ferro ,manganês, bauxita e outros minerais. Trata-se de uma das regiões mais ricas e desenvolvidas de Minas Gerais, gerando milhares de empregos diretos e indiretos, sendo ainda responsável por boa parte do PIB mineiro. (na foto abaixo, do Evaldo Itor, linha férrea em Moeda MG)
          A produção mineral do Quadrilátero Ferrífero abastece usinas siderúrgicas brasileiras, chegando a seus destinos através de trem de carga e minerodutos. Boa parte é exportada para vários países, como a China, por exemplo. A exportação é feita pela Companhia Vale S.A, escoando a produção pela Estrada de Ferro Vitória Minas até o Porto de Tubarão, na capital Capixaba, ambos sob gestão da Vale.

Broinha de Fubá de Moinho da Dona Teresa

(Maria Mineira/Conheça Minas) Você vai acompanhar passo a passo dessa receita e o segredinho para que as broinhas fiquem do jeito que está nas fotos. A receita é de Dona Teresa, de São Roque de Minas. Essa receita está presente há várias gerações na família.
INGREDIENTES
. 1 quilo de fubá moinho d’água ( de boa qualidade)
. 1 litro de leite
. 12 ovos
. 800 gramas de açúcar
. 500 gramas de manteiga de leite
. 2 colheres de sopa de fermento em pó
. 1 pitada de sal
. Meio quilo de Queijo Canastra ralado
. 1 xícara de polvilho doce ou azedo

MODO DE PREPARO
- Coloque em uma panela grande, o leite, o açúcar e quando começar a ferver, coloque o fubá e faça um angu firme. 
- Fica difícil amassar, mas não se preocupe é assim mesmo! 
- Logo após, acrescente a xícara de polvilho que serve para dar liga à massa. 
- Amasse com uma colher grande e espere esfriar.
- Depois, coloque os ovos aos poucos e amasse com as mãos, juntando a manteiga.

- Se tiver nata de leite pode usar também. 
- Se os ovos acabarem pode usar leite para amolecer a massa.
- Finalmente acrescente o fermento dissolvido no leite, o queijo e misture bem!
- A massa estará no ponto quando se colocar a ponta dos dedos nela e eles ficarem brilhando, devido à manteiga.
Finalmente, uma dica muito importante! 
- A broinha não pode ser enrolada com as mãos, senão seu aspecto final não será o mesmo. 
- O truque para uma aparência perfeita é molhar uma xícara ou coité, enfarinhar, colocar uma colherada,  balançar cada unidade antes de despejar no tabuleiro.
- Rende mais ou menos 50 unidades.
*Para facilitar, registrei o passo a passo de dona Teresa, minha mãe, fazendo a receita. Ela não tem por escrito, aprendeu com a avó.
Fotografias e Receitas com direitos autorais reservados à Maria Mineira e Conheça Minas.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A origem dos tapetes de Corpus Christi

(Por Arnaldo Silva) A festa de Corpus Christi, que significa Corpo de Cristo, acontece 60 dias depois a páscoa. A Igreja comemora essa festa desde o ano de 1264, com a instituição desse festejo pelo Papa Urbano IV com a Bula "Transiturus". (na foto abaixo, de Elvira Nascimento, tapetes de Corpus Christi em Ouro Preto MG)
         Os tapetes de Corpus Christi que encantam a todos nesse período religioso vem de uma tradição muito antiga.  A prática surgiu na região dos Açores em Portugal no século XV e foi introduzida no Brasil no período colonial, sendo rapidamente difundida por toda a colônia e hoje é uma prática dos católicos em todos os estados brasileiros. É uma tradição rica, de enorme valor para os católicos e preservada até hoje pelos dois países. Em Minas Gerais, estado que durante o Ciclo do Ouro recebeu milhares de portugueses, a tradição foi amplamente difundida e se enraizou na sociedade cristã mineira, fazendo parte da tradição religiosa mineira. 
         Em Portugal a procissão do Corpus Christi sempre foi tradição. No século 13 fiéis observavam o Sacerdote que caminhava á frente da procissão carregando o Ostensório, um objeto que armazena a hóstia sagrada, que para os católicos significa a presença do corpo de Cristo. ( na foto ao lado, o sacerdote com o Ostensório, em Tiradentes MG) É o Sacramento da Eucaristia que somente nesse dia, deixa o altar e vai para as ruas. Para os católicos, a passagem do ostensório com a hóstia representa Jesus está andando pelas ruas da cidade. 
         Por acreditarem que Jesus estaria andando pelas ruas de sua cidade e para os católicos, Jesus é o Rei dos Reis, o Salvador, o Messias prometido, merecia uma recepção digna da fé de seu povo. 
         Foi lembrada então uma passagem bíblica na parte que narra Jesus entrando em Jerusalém e o povo feliz com sua presença. Numa demonstração de carinho, jogavam no chão ramos de oliveiras para que ele passasse por cima. O ato do povo colocar ramos de oliveiras no chão, foi inspiração para para que no dia de Corpus Christi fosse feito algo mais bonito, digno de Jesus Cristo, o Rei dos Reis. (na foto acima, a arte do artista plástico Reinaldo de Paula em frente a Igreja de Jaboticatubas.Um verdadeiro show de fé, criatividade e talento do artista )
         Não tem nada a ver com a procissão de Ramos, no período da Semana Santa, foi apenas uma ideia inspirada nessa passagem e que se popularizou e teve a aprovação da Igreja. Assim, inspirando-se nessa ideia, surgiu a decoração das ruas das cidades, no século 13, em Portugal e introduzida no Brasil, durante o período colonial. Até hoje decorar ruas com tapetes nesse dia é praticada nos dois países.  
         Com o passar dos séculos a ideia foi se desenvolvendo até chegar aos moldes atuais, onde os fiéis decoram as ruas fazendo desenhos que representam cenas bíblicas com o rosto de Cristo, cálices, cordeiros, pão e outros desenhos sobre as ruas onde a procissão passará. Usam serragens, borra de café, farinha, casca de ovos, areia, folhas, flores, sal coloridos, entre outros materiais. (a foto mostra acima de Giselle Oliveria mostra um dia de Corpus Christi em Diamantina. )
         Esses trabalhos chegam a ser considerados verdadeiras obras de arte, pela beleza, magia e encantos que proporcionam. O trabalho é feito pela comunidade e não tem caráter de promessa ou penitência. É somente amor à Eucaristia e adoração a Cristo.Começam no dia anterior ao feriado e muitos passam a noite inteira decorando as ruas.
         Os fieis se reúnem e começam a preparar os tapetes para o dia seguinte, de Corpus Christi. Não tem tamanho, formato ou extensão exatas. Pode ser de algumas centenas de metros ou dependendo dos fiéis, quilômetros até. Na tradição antiga, principalmente nas cidades históricas onde existiam muitas igrejas, a procissão saia de uma igreja para a outra, assim os tapetes ligavam as igrejas. Durante o cortejo, os fiéis exibiam e ainda exibem panos vermelhos nas janelas 
(como podemos ver na foto abaixo, de Ane Souz, em Ouro Preto).
         Em Minas Gerais essa tradição, vem desde o início do século XVII e hoje em todos os 853 municípios mineiros, distritos e povoados, é preservada. 
         O mineiro sempre foi um povo conservador e muito religioso. As manifestações de fé do nosso povo atrai a atenção de todos do Brasil e do mundo. Vem para ver, fotografar, sentir, se emocionar e participar desse momento de fé, confraternização e alegria do povo católico mineiro que coloca toda sua emoção e sentimento na arte dos tapetes de Corpus Christi. E o turista sente essa emoção.
          Nosso Estado é muito grande e não dá para ir em todas as cidades mineiras para admirar a beleza dos tapetes e participar da alegria dos fiéis, mas sugerimos algumas cidades onde você turista poderá acompanhar o dia de Corpus Christi e conhecer cidades lindas, com história, museus, arquitetura colonial, e outros atrativos. Veja os roteiros que sugerimos.
Ouro Preto, Mariana e Congonhas
          São cidades próximas. Começando por Ouro Preto (na foto acima de Ane Souz), o visitante ficará deslumbrado com os tapetes coloridos em frente as igrejas do período barroco. É deslumbrante. A cidade é perto de Belo Horizonte, apenas 100 km de distância a capital.
          A 20 km de Ouro Preto está Mariana, a primeira cidade e capital de Minas Gerais. Os fiéis saem pelas ruas repletas de tapetes e os que não estão na procissão, estendem colchas e toalhas de rendas nas janelas de suas casas.
          E a 56 km de Ouro Preto está Congonhas, a famosa cidade dos 12 profetas do Aleijadinho, expostos no Santuário do Bom Jesus do Matosinhos que é Patrimônio da Humanidade. Os tapetes coloridos nesse de Corpus Christi são verdadeiros espetáculos.
São João del Rei, Tiradentes e Prados
        As cidades são vizinhas. Tiradentes fica apenas 16 km de São João Del Rei que está a 188 km distante da capital Belo Horizonte.
   Nas três cidades ocorre procissões com suas principais ruas, próximas as igrejas cobertas pelos tapetes. Em Tiradentes, é comum nesse dia apresentações de teatrais, recitais de poemas e canções, no Largo das Forras. (na foto, missa de Corpus Christi na Igreja de Santo Antônio em Tiradentes fotografada pelo César Reis)
          A 17 km de Tiradentes está a cidade de Prados, que também é cidade histórica, com um casario colonial preservado. É nessa cidade que está o Bichinho, distrito famoso por sua beleza e artesanato. A missa e procissão de Corpus Christi em Prados mostra a fé e carinho de seu povo por esse dia.
Diamantina e Serro
          Diamantina está a 300 km de Belo Horizonte na região do Alto Jequitinhonha. A 90 km de Diamantina está a cidade do Serro. (na foto acima, tapetes de Corpus Christi nas ruas de Diamantina. Fotografia de Giselle Oliveira)
          Essas duas cidades são especiais por valorizarem as tradições e preservarem a memória e história de seus antepassados. Pelas ruas de Diamantina e do Serro, após a missa de Corpus Christi, o colorido dos tapetes e a alegria dos fiéis emociona os visitantes.
Sabará, Santa Luzia e Caeté
          Apenas 20 km de Belo Horizonte está Sabará, a terceira vila e cidade mineira. Possui um rico patrimônio histórico, com igrejas e casario do tempo do Brasil Colônia. Aleijadinho e o Meste Ataíde deixaram suas obras na cidade, que fica mais linda ainda com os tapetes coloridos, preparados com carinho pelos fiéis.
          A 21 km de Sabará está Santa Luzia, também cidade histórica. Nesse dia especial de Corpus Christi, as principais ruas do centro histórico de Santa Luzia ficam lindas com os tapetes coloridos, bem como em Caeté, que está a 35 km de Sabará. Cidade histórica, fiel às tradições religiosas. Além disso, ir à Serra da Piedade, que faz parte do município, é um passeio quase que obrigatório.
Capitólio e São João Batista do Gloria

          Capitólio está a 281 km da capital Belo Horizonte. É hoje um dos pontos turísticos mais badalados do Brasil. Banhada pelo Lago de Furnas, que é seu maior atrativo, junto com os cânions e suas belas cachoeiras, a cidade vive e preserva a tradições religiosas, bem como a vizinha São João Batista do Glória, a 61 km de Capitólio. (a foto ao lado mostra uma rua de São João Batista do Glória decorada para o dia de Corpus Christi. Foto da Paróquia local, enviada por Aline Marques).Cidade com forte  respeito às tradições religiosas e fé do seu povo.
          Em São João Batista do Glória está o Paraíso Perdido, a Lagoa Azul e tantas outras belezas e cachoeiras da região da Serra da Canastra. A fé vem de geração em geração e as cerimônias religiosas são seguidas à rica e feitas com muito carinho. O turista se impressiona com a beleza dos tapetes que ornamentam as ruas dessas duas badaladas cidades turísticas de Minas Gerais.
          Além das cidades históricas, turistas do Brasil inteiro vem a Lambari (na foto ao de autoria de Joseane Astério) Caxambu, São Lourenço, Extrema, Camanducaia, Santana do Riacho, Alfenas, Poços de Caldas, Baependi, Aiuruoca, Campos Altos, Romaria e Araxá para participarem das celebrações de Corpus Christi, porque são cidades que tem atividades voltadas para o turismo religioso.
          Seja qual for o roteiro que você escolher, Minas Gerais tem 853 municípios e em todos eles, a fé católica é mostrada com fervor e alegria não só no dia de Corpus Christi, mas em todos os dias de eventos religiosos. Seja em qual cidade mineira você estiver, encontrará as tradições religiosas católicas mineiras valorizadas e preservadas em sua forma original. O mineiro conserva e preserva suas tradições. 

Conheça o Castelo do Café

(Por Arnaldo Silva) O Castelo do Café está localizado na região do Coqueiro Rural em Manhuaçu – MG a 290 km de Belo Horizonte. (fotografia acima de Brunno Estevão)
          Empreendimento ousado e imponente que surgiu com a finalidade de unificar e centralizar as operações do Café Salomão. Desta maneira, a família Charbel, formada pelo casal Rosely e Charbel e os filhos Davi e Salomão, foram audaciosos e decidiram criar um empreendimento único, e que trouxesse uma experiência ímpar no universo dos cafés especiais. (fotos acima da Jane Bicalho/@sob_meu_olhar_janebicalho)
          No início, a ideia era ter um galpão e colocar em sua fachada algo parecido com um castelo, porem, unindo a criatividade da Rosely e a experiência do arquiteto João Previero, o galpão se transforma em um Castelo. Uma obra majestosa, localizada entre uma cachoeira e belíssimos jardins e lavouras de café, a obra leva em seus traços características dos castelos italianos e da região da Baviera na Alemanha. 
         O visitante que tiver a oportunidade de ir até o Castelo do Café poderá ver de perto um local rico em detalhes, unindo os símbolos da família Charbel, elementos medievais e saborear cafés frescos de altíssima qualidade (característica presente do Café Salomão) na Cafeteria do Castelo do Café. (foto acima da Jane Bicalho/@sob_meu_olhar_janebicalho e abaixo arquivo do Castelo do Café/Divulgação)
          O Castelo do Café está aberto ao público aos sábados, domingos e feriados entre 10 da manhã às 20 horas. O endereço é: Chácara a Rosa e a Deusa, 1 - Castelo do Café, Coqueiro Rural, Manhuaçu MG, Zona da Mata. Telefone: (33) 99811-1004
(Com informações e algumas imagens fornecidas por Davi Charbel)

Inauguração do Monumento a Tiradentes em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Nas primeiras décadas do século XVIII, no auge do Ciclo do Ouro, construções imponentes começaram a ser erguida no Morro de Santa Quitéria, como o Palácio dos Governadores, residência oficial dos governantes da Capitania da Província de Minas Gerais, já funcionando para este fim desde 1748.
          A partir da construção desse palácio no local, novas construções começaram a surgir e a aumentar consideravelmente, tendo como centro uma praça, chamada até o final do século XIX de Praça da Independência. Essas construções se expandiram com abertura de ruas próximas a praça, formando o conjunto arquitetônico de Ouro Preto, hoje, digamos a “sala de visitas” para quem chega à cidade.
          Em 21 de abril de 1894, o povo ouro-pretano e as autoridades mineiras da época, presenciaram a instalação da estátua em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o Mártir da Inconfidência Mineira. O momento da inauguração da estátua foi registrado na tela da artista plástica francesa Emile Rolde (Avignon, França, 1848 – Santos/SP, 1908) que chegou ao Brasil em 1880, se estabelecendo em Santos/SP. A imagem acima registra o momento da inauguração da estátua de Tiradentes na visão da artista.
          A praça que antes se chamava Praça da Independência teve o nome alterado para Praça Tiradentes, por decreto oficial na época. A estátua foi feita pelo artista plástico italiano Virgílio Cestari, usando bronze vindo da Argentina e base de granito, vindo do Rio de Janeiro. 
A execução de Tiradentes
          Quando da execução de Tiradentes, em 1792 no Rio de Janeiro, seu corpo foi decapitado e espalhado em trechos da Estrada Real, numa clara tentativa de intimidação a qualquer tentativa de levante contra a Coroa Portuguesa.
          Na época, as cabeças pensantes do movimento contra a Coroa Portuguesa estavam em Ouro Preto, entre eles o mais notável, Joaquim José da Silva Xavier. Não foi por acaso que a cabeça de Tiradentes foi enviada à cidade e pendurada num poste, justamente na chamada Praça da Independência. A estátua em homenagem a Tiradentes foi colocada onde estava o poste com a cabeça do Mártir pendurada. 
Posição do monumento
          Quem se chega a Ouro Preto vê-se logo a imponente estátua de bronze, de frente para o Museu da Inconfidência e de costas para quem chega, onde está o Museu da Mineralogia. Essa posição da estátua não foi nenhum acaso. Foi pensada em honra a luta e memória de Tiradentes. (foto acima de Ane Souz)
          Onde hoje é o Museu da Mineralogia, era no tempo de Tiradentes, o Palácio dos Governadores, suntuosa construção que serviu a todos os governantes da capitania e província de Minas Gerais até 1898, quando a capital de Minas passou a ser Belo Horizonte. Por isso que a estátua do Alferes foi colocada de costas para o imponente prédio da residência oficial do Governador, representante da Coroa Portuguesa e do Império.
          Hoje a Praça Tiradentes continua como no passado, sendo palco das mais importantes manifestações políticas e culturais da cidade, bem como de Minas Gerais. É uma das mais importantes praças do Brasil, pela sua importância histórica e beleza de seu conjunto arquitetônico.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Conheça Belo Horizonte em fatos e fotos

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais é um estado de tradições e história antiga, mas sua capital, Belo Horizonte, tem história mais recente. Fundada em 12 de dezembro de 1897, substituiu a primeira capital, Mariana, fundada 150 anos antes, e Vila Rica, que era a atual capital de Minas na época. (fotografia abaixo de Thelmo Lins)
          Antes da capital ser criada, a região era habitada desde 1701. Vivia na região o bandeirante João Leite Ortiz, que possuía uma fazenda, que posteriormente foi se transformando, a partir de 1707, num pequeno arraial, denominado Arraial de Curral Del Rei, formado por trabalhadores da fazenda e outros bandeirantes que vinham para a região. O nome do arraial permaneceu até a fundação da Capital. (na foto abaixo de Júlio de Freitas - Instagram: @julio_defreitas, Belo Horizonte vista do bairro Buritis)
          No ano de 1883, decidiu-se pela transferência da capital mineira, na época Vila Rica, atual Ouro Preto para uma região mais central do estado, tendo sido escolhido a região onde estava o Arraial de Curral Del Rei. Foi promulgada a lei determinando a mudança da capital para as terras da antiga fazenda. Por ser uma região montanhosa, com belas vistas, principalmente pelo belo horizonte que se via na do alto de suas serras, optou-se pelo nome Belo Horizonte para a nova capital mineira. (foto abaixo de Thelmo Lins)
          A equipe de engenheiros, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis,   se inspirou nos modelos urbanos das cidades de Whashington, nos Estados Unidos e de Paris, na França para projetar a nova capital. A arquitetura das construções belo-horizontinas do início de sua construção foram inspiradas na arquitetura francesa. 
          Emoldurada por uma cadeia montanhosa, como a Serra do Curral, Belo Horizonte oferece várias atrações a seus moradores e visitantes. Além da charmosa arquitetura do final do século 19 e início do século 20, de inspiração francesa, presentes na região centro-sul da capital, tem ainda como atrações o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um dos principais trabalhos do arquiteto Oscar Niemeyer, erguido entre 1942 e 1943, na gestão do prefeito Juscelino Kubitschek (1902-1976) e da Praça da Liberdade, onde está localizado o Palácio da Liberdade, um dos cartões postais de Belo Horizonte, construído para ser sede do Governo Mineiro entre 1895 e 1897. Atualmente é aberto a visitação pública nos fins de semana. (na foto abaixo de Lucas Vieira, o Palácio Tiradentes, atual sede do Governo Mineiro)
          Belo Horizonte conta cerca de 69 museus, se destacando o Museu de Artes e Ofícios, Museu das Minas e do Metal, Museu da Moda, Memorial Minas Gerais, Museu de Arte da Pampulha, Museu da Imagem e do Som, Museu da História da Inquisição, Museu de Ciências Naturais, Museu Abílio Barreto, Museu do Brinquedo, dentre outros. Possui ainda dezenas de parques em todas as regiões da cidade, outras dezenas de teatros e espaços para exposições, convenções e eventos de grande porte como a Serraria Souza Pinto,  o Minascentro e o Expominas. 
          A vida noturna na capital é intensa, com milhares de bares espalhados pelos bairros da cidade, que garante à Belo Horizonte, o título de "capital brasileira dos bares". A cidade se destaca ainda na gastronomia, sendo o Festival de Comida de Boteco, que acontece todos os anos, uma das referências nacionais em gastronomia popular. (foto acima de Thelmo Lins)
          Além dos teatros, museus e gastronomia, a capital tem ainda como atrativos a Praça da Estação, o Parque Municipal um dos pontos de encontro das famílias belo-horizontinas, o Palácio das Artes, o Mirante do Mangabeiras, a praça do Papa, de onde se tem uma excelente vista panorâmica. 
          Tem a Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena, que funciona todos os domingos pela manhã, com cerca de 4 mil barracas oferecendo produtos diversos, sendo a maior feira ao ar livre da América Latina . Outro destaque da cidade é o Mercado Central, eleito pelos passageiros da Revista Tam Nas Nuvens, como um dos 10 melhores do mundo. (Foto acima e a abaixo de Thelmol Lins)
          Hoje Belo Horizonte conta cerca de 2,5 milhões de habitantes, sendo a quarta capital mais populosa do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.  A Região Metropolitana de BH é formada por 33 municípios, ao todo tem mais de 5 milhões habitantes. A média anual da temperatura na capital é de 22º C. A cidade fica a 586 km de São Paulo, 435 km do Rio de Janeiro, 740 km de Brasília e 550 km de Vitória.

Congonhas: a cidade dos profetas

(Por Arnaldo Silva) Segundo o dicionário a palavra Congonhas tem origem no tupi-guarani. "Kõ" e "gõi" significam "O que sustenta" ou "O que alimenta", é também, segundo o dicionário, um tipo de erva utilizado para fazer chá. Em Minas Gerais, é uma importante cidade histórica, com cerca de 55 mil habitantes, um clima ameno, em média 20ºC e distante de São Paulo (596 km), do Rio de Janeiro (356 km) e de Brasília (794 km).
          Congonhas fica a 88 km de Belo Horizonte, na Região do Quadrilátero Ferrífero. A famosa cidade histórica mineira, tem entre seu maior patrimônio o santuário do Bom Jesus do Matosinhos. Foi fundado em 1757 pelo português Feliciano Mendes de Guimarães, que fez promessa ao Bom Jesus do Matosinho para se curar de uma enfermidade. Conseguindo a graça, cumpriu a promessa construindo o santuário no alto do Morro do Maranhão. (fotografia acima de Sérgio Mourão/@encantos de Minas)
          É neste santuário que estão os 12 profetas do Aleijadinho, a famosa Santa Ceia e os Passos da Paixão, esculpidos pelo mestre do barroco mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e pintados pelo mestre da pintura mineira, Manuel da Costa Athaíde, os dois maiores artistas da arte colonial brasileira. As imagens dos 12 profetas (Isaias, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Abdias, Amós, Jonas, Habacuque e Naum) do Aleijadinho, no adro do santuário, dão o carinhoso apelido à Congonhas de “a cidade dos profetas”. (fotografia acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, o Santuário de Matosinhos)
          Obra religiosa de valor notável para Minas e para o Brasil, sendo reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1985. (na foto acima do Marcelo Santos, os 12 profetas do Aleijadinho)
          A cidade surgiu no início do século XVIII com a descoberta de ouro na vizinha Ouro Preto, descobrindo-se ainda ouro em toda a redondeza. Com a mineração do ouro iniciando foi fundado o arraial de Congonhas do Campo em 1734. Congonhas do Campo foi emancipada em 17 de dezembro de 1938 com o mesmo nome, tendo sido alterado o nome para Congonhas em 1948, prevalecendo essa denominação até os dias de hoje.
          A atividade mineradora continua até os dias de hoje nas minas de Congonhas, mas não retirando mais ouro e sim, minério de ferro, sendo a exploração das jazidas de ferro na região, responsável pela geração de milhares de empregos e um dos grandes pilares da economia local, junto com o turismo e sua rica gastronomia. (na foto abaixo de Wilson Braz, uma das capelas dos Passos da Paixão)
          Durante o ano, a cidade promove vários eventos que atraem turistas de todo o Brasil como O Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, em Setembro e a Semana Santa, quando há a encenação do Auto da Paixão, bem como também, o Festival das Quitandas, em maio, o Festival da Cultura Popular em julho e a Semana do Aleijadinho, em agosto, os principais eventos de Congonhas.
 

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