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domingo, 23 de julho de 2023

Vila Neitzel: a maior comunidade pomerana de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) As características desta vila mineira são bastantes diferentes das tradicionais vilas colônias, presentes em todo o Estado de Minas. Ao chegar nesta vila, percebe-se de cara que é um lugar único em Minas Gerais.
          Nesse lugar, os sobrenomes fogem do padrão normal dos sobrenomes portugueses usuais em Minas. Nesta vila, seus moradores tem sobrenomes como Sibele, Tetzner, Borchadt, Klemz, Kamke, Pittelkow, Butske, Pieper, Raasch, Schreiber, Friedrich, Wendt, Lancken, Strelow, Mutz, Welmer, Lehman, Ortlieb, Kester , Ponaht, Denard, Welherman, Rossow, Reckel, Schwe, Dietrich, Kampini, Uhlig, Felberg, Bichi, Schneider, Saibel, Schulz, Neumann, Schumacher, Gaede, Neitzel, Gumz, Boasquives, Eller, Polack, Witt, Schemelpfenig, dentre outros tantos. (foto acima de @paulo_broseguini)
          Povo de sorriso aberto, tons de pele bem claros, olhos claros, cabelos loiros, culinária diferente, vestimentas diferentes em dias festivos, dança e música diferentes da dança e música caipira tradicional que conhecemos. (Fotografiaa acima e abaixo fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Tem ainda o casario com arquitetura bastante diferente do tradicional Barroco Mineiro. Nesse lugar, a religião predominante não é a Católica, como é na maior parte de Minas Gerais. Eles seguem a religião Luterana. Além disso a língua mais falada nesta vila não é o português e sim o pomerano, a língua oficial da extinta Pomerânia.
Pomeranos e Luteranos
          Os pomeranos viviam na Pomerânia, uma antiga região do Sacro Império Romano-Germânico, situada na costa sul do Mar Báltico, entre a Alemanha e a Polônia, no século X. Mais precisamente, entre as duas margens dos rios Vistula e Odra e o rio Recknitz, a oeste da Europa. O território da Pomerânia foi integrado ao território da Alemanha e da Polônia após a Segunda Guerra Mundial. Antes da unificação alemã, os pomeranos faziam parte da Prússia.
          Os pomeranos são descendentes dos povos eslavos, referência a uma ramificação étnica e linguística de povos indo-europeus, da Europa Oriental e Central. Por esse motivo, sua história, costumes, cultura, tradições, festividades, ancestralidade e a língua pomerana, serem diferentes do alemão-padrão. (Na foto acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG, uma saia com as cores tradicionais da Pomerânia: branco, azul e vermelho)
          A língua pomerana assemelha-se mais ao holandês, vestfalliano e saxão antigo do que com a língua alemã-padrão. Embora a Pomerânia tenha feito parte território germânico, é um povo com origens ancestrais diferentes dos alemães Os pomeranos não são alemães, são pomeranos.
          Além disso, os pomeranos são luteranos. Pra quem não sabe, pomeranos e alemães, professam, em sua maioria, a fé cristã luterana. Foi na Alemanha, no século XVI, que surgiu a Reforma Protestante, movimento religioso liderado por Martinho Lutero, ex monge agostiniano, contrário, principalmente contra a cobrança de indulgências pela Igreja Católica.
          Foi através dos imigrantes alemães que o protestantismo chegou ao Brasil, presente hoje em boa parte dos Estados Brasileiros, reunindo, não só descendentes de alemães, mas quem concorda, aceita e professa o credo luterano, através da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) e Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, inauguração da Igreja Evangélica Luterana do Brasil na comunidade luterana da Vila Neitzel)
Que vila é essa? Onde fica?
          É a Vila Neitzel, distrito de Itueta, município localizado no Vale do Rio Doce, a 403 km distante de Belo Horizonte. Itueta faz limites territoriais com Resplendor, Santa Rita do Itueto e Aimorés em Minas e ainda, Baixo Guandu, no Espírito Santo.
          O surgimento de Itueta tem início no século XX com a chegada de imigrantes europeus à região, principalmente pomeranos e alemães. É em Itueta que está a maior comunidade pomerana de Minas Gerais, localizada ao Norte de Itueta. (na foto acima do Duva Brunelli, balsa atravendo o Rio Doce em Itueta MG)
          A comunidade pomerana de Itueta é formada pela vila sede, Vila Neitzel e várias pequenas comunidades em seu entorno, como Córrego do Chapéu, Córrego do Juazeiro e Santo Antônio, dentre outros, além de outras famílias que residem em pequenas propriedades nas proximidades da Vila Neitzel.
          Em sua maioria são famílias de pequenos produtores que tiram seu sustento cultivando a terra, no cultivo de café, milho, batata, inhame, mandioca, leite, além de produzirem produtos quitandas, doces, geleias, queijos etc.
          Itueta conta atualmente com pouco mais de 6.500 habitantes. Desse total, são cerca de 2 mil descendentes de pomeranos e alemães, em sua maioria concentrados nas comunidades rurais da Vila Neitzel, distante 37 km da cidade. Foram os imigrantes que deram origem da formação de Itueta.
Por que deixaram a Europa?
          Com a contínua crise na Europa, piorando com a Primeira Guerra e na eminência de outra Guerra Mundial ainda maior, com consequências mais catastróficas que a primeira, fizeram que milhares europeus deixassem seus países rumo ao Brasil. Minas Gerais recebeu um grande número desses imigrantes e o Vale do Rio Doce também.
Em busca de uma vida melhor
          Os imigrantes pomeranos chegaram ao Brasil a partir de 1859, fugindo das guerras, fome e miséria, além do preconceito contra sua cultura e discriminação religiosa que eram submetidos. Deixaram a Pomerânia em busca de uma vida melhor longe das guerras, da fome e perseguições religiosas e culturais.
          No Brasil, os pomeranos eram encaminhados às colônias agrícolas e comunidades nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e principalmente no Espírito Santo, estado do Sudeste que recebeu maior número de imigrantes.
De imigrantes a migrantes
          Parte dos descendentes desses imigrantes deixaram o Espírito Santo no início do século XX, entre os anos de 1914 e 1920, atravessaram o Rio Doce e chegaram à Minas Gerais, igualmente fugindo da pobreza e da fome. Vieram para as terras mineiras em busca de segurança, emprego e melhores condições de vida e trabalho. 
          Não apenas pomeranos, mas descendentes de alemães deixaram o Espírito Santo e algumas famílias de pomeranos e alemães que viviam no Sul, migraram-se também para Minas Gerais.
Por que escolheram o Vale do Rio Doce?
          Nessa época, o Vale do Rio Doce era uma região pouco habitada e inexplorada, onde prevalecia florestas densas e fechadas de Mata Atlântica. Não havia estrada, pontes, nenhuma estrutura. O Vale do Rio Doce foi a última região a ser povoada em Minas.
          A presença dos imigrantes foi o marco do povoamento e desenvolvimento da região, bem como a construção da Estrada de Ferro Vitória Minas que ligava Belo Horizonte à capital capixaba. Seu primeiro trecho foi inaugurado em 1904 e envolveu a mão de obra de centenas de trabalhadores em cada ramal que ia sendo construído, além de promover o surgimento de povoados no entorno das estações, que futuramente se tornariam distritos e até mesmo, cidades. (na imagem acima cedida pela Secretaria de Cultura de Itueta, a antiga estação ferroviária do município)
          Região rica em madeira nobre, rios e água em abundância, além de terras férteis, os pomeranos viram na região a oportunidade de melhores condições de vida e trabalho. Na foto acima da Elvira Nascimento, paisagem nativa de Mata Atlântica, típica do Vale do Rio Doce.
          Por isso a escolha, além claro, da proximidade do Espírito Santo com a região. O Rio Doce marcava a divisa dos dois estados, o que facilitou a escolha dos pomeranos capixabas, por ser a região mais próxima. Atravessaram o rio e instalaram-se com suas famílias na margem esquerda do rio, dando origem a comunidades e formação de sítios e fazendas na região.
Travessia do Rio Doce
          Naquela época não havia pontes ligando o Espírito Santo à Minas. O único jeito era atravessar o Rio Doce em canoas ou balsas a partir de Baixo Guandu, no Norte do Espírito Santo, na divisa com Minas. (na imagem acima, de Alberto Ohnesorge, a perigosa travessia no Rio Doce, dos primeiros pomeranos feita em canoa )
          Em Baixo Guandu, os pomeranos eram recebidos pela comunidade evangélica local como mostra os arquivos históricos da Igreja de Confissão Luterana de Baixa Guandu. Ajudavam no acolhimento, além de contar com o apoio espiritual oferecidos pelos pastores Albert Bionow e Emilie Kremz Bienow e Carl Wolfgramm e Louise Wernicke Wolfgramm.
          Não foi uma migração fácil. Os pomeranos deixaram suas terras e suas casas para trás, seguindo até Baixo Guandu a pé, levando seus poucos pertences em lombos de mulas e burros. Atravessaram o Rio Doce, entrando em Minas Gerais e rumo a seu destino, abrindo caminho nas matas fechadas a facão.
          Dessa margem, até o local onde ficariam, era uma caminhada de cerca de 40 km e ainda por cima, carregando seus pertences nas costas e filhos pequenos, sem pouco ou nenhuma comida, se alimentando de peixes e frutos silvestres pelo caminho.
Formando comunidades
          Seguiam pela margem do Rio Doce, e seguiam para o norte do que é hoje o município de Itueta MG, formando comunidades às margens de córregos ou lagoas, por serem agricultores e precisavam estar perto de água. Vieram para trabalhar no cultivo da terra, cultivando lavouras de milho, café, batatas, mandioca, inhame, além de criarem porcos, gados, galinhas, patos e marrecos.
          Aos poucos a migração foi aumentando, cada dia mais chegando pomeranos e alemães. Com isso foram surgindo várias pequenas comunidades, sempre à beira de córregos ou lagoas como as comunidades de Macaquinho, São Simião, Jequitiba, Laranjeira, Juazeiro, São Tomé, Santo Antônio, Quatro Rodas, Baixio, Racha Pau, Vargem Alegre, Alto Santo Antônio, Santo Antônio e Vila Neitzel. (No mapa acima, podem ter noção das comunidades pomeranas (na cor azul) e suas localizações, formadas ao norte de Itueta, no início do século XX. (Arte fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Essas comunidades ficavam nas proximidades da fazenda da família de Henrique Neizel, onde já existia uma pequena estrutura no entorno do casarão sede da fazenda com farmácia, armazém e maquinários para produção de alimentos.
          Em Itueta, mantiveram o modelo de desenvolvimento de pequenas propriedades e diversificação de cultivares na produção de alimentos, modelo chamado hoje de Agricultura Familiar. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
            Modelo este que deu muito certo no Sul do país através dos imigrantes alemães e pomeranos. Inclusive esse foi um dos fatores de incentivo do governo em abrir as portas do país para os imigrantes pomeranos, alemães e europeus em geral.
          Não apenas isso, imigrantes tinham muito conhecimento sobre tecnologias industriais, já que a Europa era experimentara um alto desenvolvimento industrial, para a época. Além disso, os europeus sabiam muito bem cultivar a terra, tradição passada por gerações. Exerciam com grande competência a administração de suas propriedades, trabalhos na indústria e administração de pequenos comércios, como as populares vendas, armazéns, mercearias. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
Vila Neitzel e a formação da comunidade pomerana
          Segundo informações de sua neta, Giselle Pereira Neitzel Klemz, seu avô, Henrique Neitzel nasceu em 1900, no Espírito Santo. Vivia em Santa Joana, na região dos Pontões. Era filho de Otto Neitzel e Guilhermina Neitzel. Antes de chegar á região de Itueta, era tropeiro.
          Com pouco mais de 20 anos e solteiro, acompanhado de um amigo, também tropeiro, deixou sua comunidade em busca de melhores condições de vida, terras férteis e com água em abundância. Chegou até a divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, atravessou o Rio Doce e chegou ao norte do que é hoje Itueta. Adquiriu uma grande propriedade na região e começou a formar sua fazenda.
          Antes da chegada de Henrique Neitzel à Itueta, já existiam várias comunidades de pomeranos e alemães, que vieram para a região na década anterior, 1910, oriundos do Espírito Santo e também, novas famílias que vieram da Alemanha durante e depois da Primeira Guerra Mundial..
          Aos 23 anos, Neitzel conheceu Ana Romaes, moradora da comunidade do Córrego do Chapéu. Ana era natural do Espírito Santo e filha de Marcos e Maria Romaes. Nesta época, Ana tinha 20 anos de idade. Pouco tempo depois, em 9/11/1923, os dois se casaram e Ana passou a assinar o nome de Ana Neitzel. O casamento, oficializado no Cartório de Registro Civil de Aimorés MG, foi testemunhado por Alberto Ohnesorg e Guilherme Mutz. O casal teve filhos, filhas e netos.
          Henrique Neitzel era empreendedor. Com muito esforço e com trabalho em família, fez sua fazenda crescer. Empregava várias funcionários e era um exímio e próspero comerciante, além de muito influente na região.
          Na fazenda tinha máquina de moer café com uma caldeira para tocar essa máquina, alambique, engenho de cana, gado de leite e corte e cultivo de lavouras diversas. Construiu na fazenda uma mercearia e uma botica. Comprava bois e porcos e os revendia. Comercializava sua produção em Itueta, nas comunidades pomeranas que ficavam nas proximidades de sua fazenda e em Aimorés. E ainda, vendia para quem fosse na sua propriedade comprar de sua produção, seja para uso próprio ou para revender.
          Na propriedade tinha o casarão sede e as casas dos seus funcionários. Os filhos foram crescendo, se casando e com isso, construindo casas no entorno da casa grande.( na imagem acima Comunidade Pomerana da Vila Neitzel, estima-se que a imagem foi tirada no início da década de 1960. Acervo particular s/d.)
          Com isso, Neitzel começou a alimentar o sonho de formar uma vila em sua fazenda. Começou a lotear lotes de terra na propriedade a preço bem simbólico. Trocava lotes por móveis, animais ou mesmo, vendia os lotes fiado e bem baratos.
          Cedeu terreno para a Prefeitura construir uma escola na fazenda, e também igreja. Após sua morte, sua esposa doou um terreno para a construção de um posto de saúde. (na foto acima a escola e abaixo, o Posto de Saúde de Barra do Juazeiro - Imagens enviadas pela Jeane Shulz)
            Seus filhos continuaram o sonho do pai. Mesmo sem a intenção de formar um distrito ou vila, lotearam terrenos na localidade para famílias de pomeranos e alemães que já viviam no local ou que continuavam a chegar, vindos do Espírito Santo.
          Não somente para imigrantes e migrantes, famílias de trabalhadores da Ferrovia Vitória Minas e de agricultores da região que vieram para Itueta em busca de trabalho, adquiriram lotes e se fixaram vila, devido sua boa estrutura.
          Os loteamentos foram aumentado, o número que moradores também. A comunidade pomerana nos córregos e povoados em redor, dependiam da estrutura da Vila Neitzel que contava com comércio, farmácia, escola e posto de saúde. Era a maior das comunidades do Norte de Itueta.
          Em 1979, a Vila Neitzel e as comunidades e povoados em seu entorno, se tornou distrito de Itueta, por lei, aprovada pela Câmara Municipal e oficializada pelo prefeito, na época, Rúdio Pieper, que também era pomerano. Todas as comunidades nas proximidades da Vila Neitzel, passaram a fazer parte do distrito criado, como seus subdistritos, formando com isso um só distrito, com o nome de Distrito Vila Neitzel.
          Ao todo, são 2 mil moradores no distrito Vila Neitzel, juntando a vila sede, Vila Neitzel e todas as comunidades em seu entorno. A maior parte da comunidade de descendentes de alemães e pomeranos estão nos povoados e sítios nas proximidades dos córregos que formam o distrito. 
           Na vila sede, a Neitzel, tem descendentes de pomeranos, alemães e de famílias que vieram da região ou de outras localidades mineiras e até de outros estados para viverem e trabalharem no município.
Cultura e costumes pomeranos
          Os pomeranos têm a tradição milenar de preservar suas origens e elementos culturais como a língua, a cultura, a história, a dança, a música e seus instrumentos musicais, nascimento, morte, casamentos, batizados, suas ligações com a terra e a preservação e confirmação do papel da mulher nas decisões da família. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Preservar seus costumes e religiosidade é uma forma dos pomeranos preservarem suas identidades e a si próprio, como povo. São crenças e costumes seculares, que preservadas, reafirmam a essência da existência pomerana como um povo.
          Em Itueta, desde a chegada dos primeiros pomeranos à região, os costumes, crenças e tradições são preservadas até os dias de hoje, principalmente nos costumes religiosos luteranos como o Casamento Pomerano, o Ritual do Quebra Louças e Oralidade. A Igreja Luterana está presente em Itueta desde a chegada dos pomeranos.
Igrejas na Vila Neitzel
          A religião predominante entre os alemães e pomeranos no distrito é obviamente, a Luterana. Na sede do distrito, Vila Neitzel, formada não apenas por descendentes de pomeranos e alemães, existem outras denominações religiosas cristãs, como a Igreja Católica, Igreja Adventista do 7° Dia, Igreja Presbiteriana e Igreja da Assembleia de Deus. (nas fotos acima pela Jeane Shulz a igreja Católica, A Adventista e da IELB e abaixo, algumas Igrejas Luteranas das comunidades rurais do distrito)
          Já nos subdistritos que formam o distrito Vila Neitzel, onde estão as maiores concentrações de descendentes de alemães e pomeranos, predomina a Igreja Luterana com a presença de templos da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB).
Que língua falam aqui?
          Em Minas e no Brasil, descendentes dos imigrantes pomeranos falam português, mas nas colônias e comunidades, preservam sua cultura linguística, falando e comunicando-se entre si, na língua pomerana. Os pomeranos do Espirito Santo e Minas Gerais, falam o Pommerch. Em outros estados com comunidades pomeranas, falam outros dialetos da língua pomerana, como Riograndenser Hunsrückisch e o Plaudtdiestsch, falados no Sul do Brasil.
Em português e pomerano
          No distrito Vila Neitzel, antigos moradores e também os mais jovens, procuram conversar em pomerano entre si com o objetivo de melhor dominar a língua e preservar suas origens. Com os que não são de origem pomerana, conversam em português. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          A comunidade pomerana de Itueta vem fazendo um esforço para recuperar a língua e a dança folclórica pomerana, ensinando o pomerano aos mais jovens das comunidades e mesmo aos mais velhos, que queiram reaprender o pomerano.
          O idioma pomerano no distrito passou a fazer parte do currículo escolar do distrito com o objetivo de preservar a língua pomerana entre os moradores.
          Antes, somente os mais antigos falavam a língua em residências familiares, nos eventos sociais, religiosos e momentos de integração de toda a comunidade, seja na Vila Neitzel, quanto nos subdistritos, como durante a Festa Pomerana. 
          Com a iniciativa, os mais jovens poderão conhecer a língua e conversarem entre si em pomerano. Isso desperta o interesse das crianças não apenas pela língua, mas para a dança, a música e a história de suas origens.
          É um trabalho que vem sendo feito, aos longos dos anos com apoio de comunidades pomeranas do Espírito Santo e prefeitura local, para resgatar as tradições, música, vestimentas, festas religiosas e folclóricas, a cultura e a língua pomerana na região.
          Estando na comunidade, você ouvirá conversas e palavras em pomerano e alemão como Bom dia - Gun Morgen! Obrigado - Daitchen/ Danken Shen; Até Logo! - Ousvrindesan! (Aús-frídesan); Avô - Groutfuter (grôut.fótar) / Opa; Avó - Groutmuter (grôut.môtar) / Oma; Agora Ficou Melhor – Nurr is Beta Vôra; Aonde tu quer ir? - Voa Vist Du Ren Móka? Eu quero ver todos dançando - Ick Vill Allas Dancan Zaier; Eu vou sair - Ich Go Lôus/rrúlda; Fica Quieto - Vies Ishtill/blif chtil; Porco – Shwina; Porque – Vurim; Trabalhar - Arbera; Vem Aqui/Vem Cá - Come ré; Você está entendendo? - Hes dú fórstôn?; Você quer tomar café? - Vís dú cáfê drínkán? Eu estou aprendendo a falar em pomerano - Ich Daw Lera pomich Fatéla; Pode acreditar em mim - Cast Min Leiva.
A gastronomia pomerana
          A culinária alemã e pomerana em especial e bem diversificada e também valorizada e preservada nas comunidades pomeranas brasileiras, bem como na Vila Neitzel.
          Em festas, casamentos, batizados, aniversários, festividades religiosas e outros eventos, a boa mesa pomerana é o destaque da festa. Na verdade nem é uma mesa e sim um Snack Weg (caminho dos sabores) da boa comida germânica.
          Um passeio gastronômico que mais lembra um banquete especial diante de tanta fartura e tantos pratos alemães que impressiona quem não é da comunidade.
          Mesmo travando a língua ou tendo dificuldades em entender a pronúncia dos pratos, a concordância é que os pratos são saborosíssimos como spätzel, apfelstrudel, bretzel, o eisbein, o currywurst, bockwurstas weisswurst, o kassler, o heringsbrot, iguarias acompanhadas outros pratos típicos alemães como o marreco recheado, o purê de batatas, o repolho roxo, o chucrute, vinho, chopp e claro, o broud, chamado no Brasil de brote, o tradicional pão pomerano.
          A culinária germânica e pomerana, que chegou ao Brasil com os imigrantes no século XIX, sofreu adaptações devido à inexistência de alguns ingredientes no Brasil. O ingrediente principal do broud é o trigo, mas como na época o trigo não existia no Brasil e importá-lo da Europa era muito difícil, esse ingrediente foi substituído pelo fubá de milho.
          Com isso, o tradicional pão alemão e pomerano ganhou uma releitura com base na tradição e ingredientes da culinária mineira no preparo de pratos como por exemplo o uso da folha de bananeira e forno de barro.
          No caso do Broud, o trigo foi substituído pelo fubá de canjica ou mimoso, por exemplo. Com isso passou a ser chamado também de “miyberbroud”, (Pão de milho). É um pão preparado com massa de fubá, batata doce, cará, e mandioca. A massa é de milho eu pão moldado no formato original de pão e enrolado em folha de bananeira para ir ao forno a lenha para assar. (Acima e abaixo o modo de preparo do Brote. Fotos fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta)
          Para adoçar mais o pão, algumas famílias acrescentam à massa banana. São ingredientes fáceis de conseguir nas comunidades por serem produzidos pelas próprias famílias em suas propriedades.
           É um pão consumido nas refeições, principalmente no café da manhã, acompanhado de banha de porco, sal, manteiga, linguiça defumada crua, carnes de boi, porco, marreco, galinha e pato, geleia, coalhada, bolos, queijos, dentre outros alimentos.
O casamento pomerano
          Na tradição pomerana, os casamentos são realizados em janeiro e início de fevereiro e dura em média 3 dias.
          É uma festa muito especial, ritualística, tradicional e que envolve não só a família dos noivos, mas toda a comunidade. Envolve ainda toda a fartura da boa mesa pomerana com muitos pães, bolos diversos, linguiça, biscoitos, doces, vinhos, cervejas, cachaça, brote, queijos, etc.
          Nas comunidades que preservam os casamentos pomeranos tradicionais, o irmão caçula da noiva é quem faz o convite para o casamento. É o chamado hochtijdsbirer (convidador)
          Os noivos agendam o casamento com o pastor ou pastora. O evento é anunciado no culto onde os noivos apresentam o hochtijdsbirer, que geralmente é o irmão caçula da noiva, tem como missão convidar as famílias escolhidas pelos noivos para participarem da festa.
          Um dia antes do casamento é realizado o Polterowend, que é o ritual da quebra das louças, que são jogadas pelo alto acompanhado de muita gritaria e música pomerana cantada e acompanhada pela concertina. Tem que ser louça de porcelana ou cerâmica porque segundo a crença pomerana, traz sorte e bênção na vida do casal. Já o vidro, traz azar.
          Á noite a família prepara o Heunerowend, um jantar feito com miúdos de galinha a galinha na tem simbologia anuncia ou alerta e sobre perigos ou coisas ruins que podem surgir aos noivos.
          No dia do casamento pela manhã o convidador e o servente fazem a acolhida das famílias. O local é todo decorado com flores de murta, ciprestes e laços coloridos e ainda com música e muita alegria, animada pelos Tau Hochtied inspäle/ranaspäle, os tocadores de concertina ou acordeão.
          Os músicos acompanham ainda os noivos até a ida à igreja para receberem a bênção matrimonial. À frente, o convidador, soltando foguetes para trazer sorte aos noivos. Segundo a crença pomerana, o primeiro que pisar na igreja, noivo ou noiva, será o líder e terá a última palavra da casa.
          Ao fim da cerimônia, os noivos seguem rumo ao banquete, preparado pelas famílias e decoradas com com flores murta, cipreste e laços coloridos. Na cabeceira da mesa ficam os noivos, os pais, as testemunhas, o pastor e familiares, nessa ordem.
          No fim da tarde a festa continua com danças típicas que representam o ritual de passagem da vida de solteiro para a vida de casado. A primeira dança é a tradicional Bruttdanz, a dança da noiva, onde os noivos dançam com os convidados casados e os solteiros, a Kranzafdance, a dança da grinalda ou coroa, quando os noivos dançam apenas com as pessoas solteiras. A cada dança, o convidador oferece aos noivos cachaça e vinho e os convidados, ofertas em dinheiro. (foto acima fornecida pela Jeane Shulz)
          A última dança da festa é o Bäzendanz, a dança da vassoura. É quando os noivos dançam com os casais. Caso não tenha alguém sem par na festa, a noiva ou o noivo, dançam com uma vassoura. (fotografia acima de William Wesphal)
          Por fim, após a festa, os noivos vão para sua nova casa e comparecem no próximo culto da igreja, visitam os sogros onde tradicionalmente recebem dotes dos pais e convidados, podendo como presentes, objetos, roupas, sapatos, porco, vaca, cavalo, boi ou mesmo, dinheiro.
          No casamento pomerano, toda a comunidade se envolve e esse ritual significa que os noivos romperam a relação entre pais e filhos e passam a ser independentes por suas ações e escolhas, construindo suas vidas independentes.
Funeral pomerano
          A postura dos pomeranos diante da morte os diferencia dos demais cristãos. O funeral e luto pomerano são um conjunto da tradição milenar pomerana com o luteranismo. Ao longo dos séculos, o funeral na antiga Pomerânia se transformou em um dos pilares da identidade pomerana. (imagens acima e abaixa, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          O funeral pomerano tem como base três elementos: o Cemitério, a Sepultura e o Tafel. É uma simples tábua em madeira, pendurada em uma cruz, onde é entalhado a frase: “Hier huhet in Gott” ( “aqui descansa no senhor”) seguido do nome, data de nascimento e falecimento, além de um versículo bíblico, relacionado ou não com a morte. 
          Além disso, no Tafel são entalhados ou pintados em cores variadas ramos de flores, palmas e cruzes. Por tradição, os mortos pomeranos são sepultados com suas bíblias, hinários, certidões de batismo e confirmação, além de alguns objetos de uso pessoal do falecido. Nos desenhos, predomina a cor azul, a cor símbolo da extinta Pomerânia.
A Festa do Brote - A Festa Pomerana da Vila Nietzel
          O Brote, é a principal iguaria dos descendentes de pomeranos de Itueta e uma das identidades gastronômicas da cidade. O famoso pão alemão está presente há décadas em casamentos, batizados, aniversários e festas coletivas da Vila Neitzel. (na foto acima do @paulo_broseguini, a Festa Pomerana)
          Quando tem festa e encontros de família, tem o brote na mesa. Esses encontros eram conhecidos como Festa do Brote. Não era um evento oficial, organizado pela comunidade em geral mas um evento de famílias e em eventos festivos e religiosos, embora contasse com a participação de boa parte da comunidade.
           Havia necessidade de uma festa maior que envolvesse toda a comunidade e abrangesse não apenas o brote, mas toda a culinária pomerana, a dança, a música e as vestimentas. O embrião dessa ideia começou a surgir nos primeiros anos do ano 2000.
          Em 2010, foi criado na cidade o Pomerisch Dansgrup Fon Minas, o Grupo de Dança Folclórica de Minas, formado atualmente por 15 casais que ensaiam todos os fins de semana na quadra da escola da Vila Neitzel. O grupo é coordenado por Wallex Schemelpfenig. (imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          O grupo foi criado com o objetivo resgatar a dança, a música, a vestimenta e a língua pomerana da comunidade. Através do grupo, a comunidade passou a conhecer como eram as músicas pomeranas, as danças e como se vestiam os camponeses que viviam na extinta Pomerânia. (fotografia de @paulo_broseguini)
          Com a criação do grupo de danças, a tradicional Festa do Brote passou a ser a Festa Pomerana, integrando o Pomerisch Dansgrup Fon Minas e a culinária pomerana em um só evento.
          Durante os dias de festa, a língua falada é praticamente o pomerano. Isso é para incentivar os mais jovens a se interessarem pelo idioma de seus antepassados e valorizar a língua, a cultura, a música e a culinária pomerana.
          Um desfile a caráter marca o início da Festa Pomerana, além da escolha das princesas e rainha da festa. Bandas locais e regionais se apresentam durante os dias da Festa Pomerana, que recebe um grande número de visitantes da região e também da comunidade pomerana de outras regiões como do Espírito Santo. (imagem acima enviada pela Jeane Shulz)
          O Pomerisch Dansgrup Fon Minas é a principal atração da Festa Pomerana de Itueta. O grupo se apresenta vestido a caráter bem como o local da festa, a quadra da Vila Neitzel, é toda decorada com bandeirolas nas cores principais da Pomerânia, que é o azul e branco. (imagens acima e abaixo fornecidas pela Jeane Shulz, do Pomerisch von Minen se apresentando em cidades da região)
          Além disso, o Pomerisch Dansgrup Fon Minas se apresenta em outras cidades, a convite. São mais de 90 danças diferentes, bem como vários trajes típicos da Pomerânia. Quem se interessar em contar com a presença do Grupo Folclórico de Dança Pomerana de Itueta, o Pomerisch von Minen, o contato é pelo Instagram: @pomerisch_dansgrup
          A Festa Pomerana de Itueta já está em sua nona edição. Acontece todos os anos, geralmente, no primeiro fim de semana de agosto. Em 2023, a 9° Festa Pomerana de Itueta MG será nos dias 4, 5 e 6 de agosto.
Conheça Itueta
          Estão todos convidados, não apenas para conhecerem a Festa Pomerana, mas para conhecerem a cidade de Itueta e sua comunidade pomerana.
          Itueta é uma cidade tranquila, com boa estrutura urbana, conta com um variado comércio, bom setor de prestação de serviços, pequenas pousadas e hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes.
          Serão todos bem-vindos. Seu povo é simples, amigável e hospitaleiro.
Agradecemos ao secretário de Cultura de Itueta, Valdinei Cardoso Coutinho e professora Jeane Shulz Schemelpfenig pelo empenho em ceder fotografias e nos passar informações sobre o distrito Vila Neitzel.

sábado, 15 de julho de 2023

Santana de Alfié: uma joia colonial do barroco mineiro

(Por Arnaldo Silva) Nessa charmosa e tradicional vila colonial mineira, distrito de São Domingos do Prata, no Médio Piracicaba, vivem cerca de 1800 pessoas. Gente de bem, trabalhadora, religiosa, ordeira, simples e hospitaleira, recebem muito bem os visitantes.
          Lugar de clima frio, relevo montanhoso, Santana de Alfié é uma das mais genuínas e belas vilas coloniais mineiras. Seu casario em estilo barroco é bem preservado, bem como sua Matriz, uma das mais belas da região. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Por ser um lugar com belezas naturais espetaculares, possui belíssimas cachoeiras e paisagens impressionantes como a Pedra da Baleia, muito usada para a prática de voo livre. Além disso, seu povo preservada com muito zelo suas tradições folclóricas e religiosas como a Folia de Reis, o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, além da tradicional peregrinação à Cruz do Jambreiro, para agradecerem ou pagarem promessas.
Breve história
          A origem de Santana do Alfié data do início do século XVIII, com a chegada em 1730 dos irmãos João e Alexandre Santos. Vieram em busca de terras férteis e também de ouro. Não ficaram muito tempo, devido os lucros serem poucos. João vendeu suas terras, mas seu irmão vendeu apenas uma parte, doando a outra parte à Santa´Ana, ou seja, para a Igreja Católica, em honra à santa. (na foto acima de Elvira Nascimento, uma tradicional e pitoresca venda em Santana de Alfié)
          Em 1751 foi erguida nas terras uma capela dedicada a santa, com um pequeno arraial se formando em seu entorno. Esse arraial era composto basicamente por famílias de mineradores, que trabalhavam na extração de ouro.
          O crescimento foi lento até que em 1840, o povoado foi elevada à distrito, subordinado a Santa Bárbara com o nome de Alfié. Em 1890, Alfié passou a ser subordinado ao município de São Domingos do Prata, sendo elevada a categoria de vila, a partir de então. Em 1920, a Vila de Alfié passou a se chamar, Santana de Alfié.   
O porque do nome Alfié 
          O significado do nome não é conclusivo, mas uma versão popular na região é aceita como a mais próxima da correta, embora tenha outra. Ao menos é o que afirma a sabedoria popular. (na foto acima e abaixo de Elvira Nascimento, interior e exterior da Matriz de Santana de Alfié)
          Nessa época, a mineração era a principal atividade econômica da região. Nessa época, o único lugar que tinha uma balança era Alfié. O peso era certeiro e fiel, não tinha erro. Nessa época o peso era feito pelo olhômetro mesmo ou pelo toque. Quando havia dúvidas sobre o peso das pepitas, o jeito era ir até o povoado e confirmar se o peso era realmente fiel ao que o minerador afirmava ser. Assim combinavam de ir “ao fiel”.
          Assim em caso de dúvidas, todos tinham que ir “ao fiel”, como passou a ser chamado o lugar de pesagem do ouro. Mas, como mineiro tradicionalmente não pronuncia uma palavra inteira e tem o costume de usar o “é” aberto, falava-se “fié” e não, “fiel”. Então, para pesar o ouro, tinha que ir ao “fié” e assim ficou o nome do lugar. Com o tempo a grafia passou a ser escrita “alfié” e o lugar chamado com esse nome.
          Outra versão popular diz que o ouro encontrados em uma mina nas proximidades do vilarejo era de ótima qualidade, fiel ao que esperavam encontrar. Essa mina passou a ser chamada de “fiel” e sempre que queria ouro de qualidade, iam “ao fiel”, para sua busca.
          A primeira versão é a mais popular e mais aceita, embora nem uma e nem outra seja realmente comprovada.
          Conheça Santana de Alfié, uma joia colonial do barroco de São Domingos do Prata e também de Minas Gerais. (na foto acima de Elvira Nascimento, vista parcial de São Domingos do Prata)
          São Domingos do Prata está a 136 km distante de Belo Horizonte faz limites territoriais com Antônio Dias, Jaguaraçu, Nova Era, Bela Vista de Minas, Rio Piracicaba, Alvinópolis, Dom Silvério, Sem-Peixe, São José do Goiabal, Dionísio e Marliéria

13 distritos mineiros que vão fazer você se apaixonar - Parte V

(Por Arnaldo Silva) Esta é a quinta parte com 13 pacatos e charmosos distritos de Minas Gerais. Já foram feitas as partes 1, 2, 3, 4, e essa é a quinta parte. Em Minas Gerais, segundo dados da Fundação João Pinheiro, são atualmente 1.816 distritos e 853 cidades, além de mais centenas de vilas e pequenos povoados. Não dá para postar tantos distritos de uma vez, por isso optamos por dividir a matéria em partes. Conheça 13 acolhedores, pacatos, charmosos e apaixonantes distritos mineiros.
01 - Umburaninha
          Umburaninha é um pequeno, pacato, singelo e atraente distrito de Bertópólis, cidade distante 638 km de Belo Horizonte, no Vale do Mucuri. (fotos acima e abaixo de Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
          Os moradores de Umburaninha são hospitaleiros e muito atenciosos. Valorizam muito as tradições das festas juninas, uma das festas mais aguardadas do ano, além de festividades folclóricas e religiosas durante o ano. A atividade econômica principal é a agricultura familiar, a pecuária de corte e leiteira e cultivo de lavouras.
          A pequena vila é bem organizada e conta com uma boa estrutura para atender seus moradores, oferecendo-lhes uma boa qualidade de vida. É um lugar bastante sossegado e de povo tranquilo. Um lugar bastante calmo e aprazível. Umburaninha é um dos encantos de nossas Minas Gerais.
02 - Angustura
          Angustura é o único distrito de Além Paraíba, na Zona da Mata. Está localizado no km 800 da Rio-Bahia (BR-116), a 380 km de Belo Horizonte. É terra natal de Nelson Hungria, renomado jurista com reconhecimento nacional e internacional
          Tem origem no final do século XVIII, na época que tropeiros cortavam o sertão mineiro, formando pequenos ranchos de paradas. Um desses ranchos tropeiros deu origem, em 1827, a um pequeno arraial com o nome de Madre de Dios do Rio Angu. Esse arraial é hoje, Angustura. (vista aérea de Angustura. Fotografia de autoria de Ramakrishna Rezende)
          No século XIX, Angustura cresceu durante o Ciclo do Café, graças à qualidade de suas terras, ideais para o plantio de café e outros grãos. Com isso, foram surgindo fazendas com imensos cafezais e casarões imponentes, gerando crescimento e prosperidade na vila.
Por que o nome?
          Angostura é um nome de um forte militar no Paraguai. O Forte de Angostura, localizado à margem direito do rio Piquissinri, afluente do rio Paraguai, próximo a Assunção, capital do Paraguai.
Era uma das várias fortificações construídas no Paraguai no século XIX, para defender a Assunção, durante a Guerra do Paraguai, (1865-1870). Essa guerra foi o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, com a união entre Argentina, Uruguai e Império do Brasil, chamada de Tríplice Aliança, contra um único país, o Paraguai.
          Nesse período de guerra, o distrito de Madre de Dios do Rio Angu era subordinado a Leopoldina MG. 29 combatentes do distrito, entre homens livres e escravos em troca de alforria, se juntaram ao Exército Brasileiro travando combates com as tropas paraguaias, no Forte Angostura. Em dezembro de 1868, os paraguaios entrincheirados no Forte de Angustura se renderam. Esse fato passou a ser chamado de “A rendição de Angostura” e também de “Dezembrada”.
          Em homenagem à rendição e aos 29 combatentes do distrito de Madre de Dios do Rio Angu, reconhecidos como heróis, a partir de 1870, o nome do distrito foi alterado para Angustura, que é pronuncia de Angostura em português. Angustura significa uma passagem estreita entre ribanceiras e desfiladeiros.
Angustura hoje
          A agricultura de Angustura hoje é bastante diversificada com produção de café, grãos diversos, criação de gado de leite e a agricultura familiar.
          Uma vila colonial, com casas e casarões imponentes, típicos dos áureos tempos Ciclo do Café, bem preservados e charmosos. Seu povo é simples, bem acolhedor e hospitaleiro.
          A pacata e tranquila vila conta com uma boa estrutura para atender seus moradores.
          Um lugar de belas e montanhosas paisagens com matas nativas e nascentes e uma rica flora e fauna nativa. (na imagem acima fornecida pela Maressa Lamim, paisagem de Angustura)
          A matriz de Madre de Deus é a história viva das origens de Angustura. A vida social de seus moradores e a história do próprio distrito, sempre foi em torno da igreja, da praça e dos casarões coloniais em seu entorno. A igreja inaugurada ainda inacabada em 1876, no final da segunda metade do século XIX. Ao longo do século XIX, foi ampliada.
03 - Lourenço Velho 
          Lourenço Velho é distrito de Itajubá MG, Sul de Minas. O povoado com origens no início no século XX foi elevado a essa categoria em 27/11/1948. Tem esse nome devido o rio homônimo que passa por entre o distrito. Faz limite territorial com Maria da Fé ao norte, com o distrito de Pintos Negreiros de Maria da Fé MG ao nordeste e Barra, distrito de Delfim Moreira ao sudeste. De Itajubá a Lourenço Velho são 18 km, por estrada de terra, a partir da MGC-383, rodovia que liga Itajubá a Maria da Fé.
          A sede do distrito é o bairro de Rio Manso, na foto acima de Vinícius Montgomery. Por esse motivo, Lourenço Velho é mais conhecido por Rio Manso. Além desse bairro, o distrito de Lourenço Velho é formado ainda pelos bairros de Cachoeira Grande, Cachoeirinha, Ambrósios, Sabará, Peões, Goiabal, Peroba e Porto Velho. Ao todo, são cerca de 1250 moradores em todo o distrito de Lourenço Velho.
          O maior e mais tradicional bairro de Lourenço Velho, Rio Manso, tem origens na década de 1930. É formado por um charmoso casario, ruas pavimentadas, igreja, cemitério, pracinha, escola, cartório de registro civil, uma Unidade Básica de Saúde, pousada, botecos e vendas. (fotos acima de Vinícius Montgomery)
          No bairro do Rio Manso há ainda um cemitério administrado pela Igreja de São José, um cartório de registro civil e uma Unidade Básica de Saúde.
          Além disso, a 3 km de Rio Manso está o casarão da Fazenda da Figueira, construído há mais de 250 anos. É a mais antiga construção de Itajubá. Essa fazenda fica a 3 km de Rio Manso. Nas proximidades da Fazenda da Figueira estão as ruínas de outra fazenda que pertenceu aos avós do cientista Vital Brazil.
Lugar tranquilo e bem estruturado
          Lugar tranquilo, casario charmoso, rodeado por belezas naturais de Mata Atlântica é também dotado de boa estrutura, atendendo bem aos moradores de todos os bairros do distrito. Conta com escola de ensino fundamental, linha de ônibus até Itajubá, farmácia, posto de saúde, pequeno comércio com bares, mercearias e vendas de necessidades básicas que atende bem aos moradores de todo o distrito. Demais necessidades como hospitais, escolas de ensino médio, os moradores se deslocam até Itajubá.
          Lourenço Velho é um distrito de grande extensão territorial. A distância entre os bairros da sede, que é o bairro Rio Manso é muito grande. Isso dificulta um pouco o contato entre todos os moradores de Lourenço Velho. (fotografia acima de Vinícius Montgomery)
          Por ser um distrito rural, a base de sua economia é a pecuária leiteira, de corte, agricultura familiar e monocultura, como o cultivo da banana.
Grande potencial turístico
          As belezas naturais da Mantiqueira, bem como a simpatia e hospitalidade de seus moradores, vem atraindo cada vez mais visitantes para a região. Lourenço Velho vem se tornando um importante e crescente ponto turístico regional devido sua proximidade com vários córregos, nascentes, ribeirões, rios, e cachoeiras.
          Além disso, Lourenço Velho conta com um relevo bastante acidentado que vai de 858 metros a 1893 metros de altitude, acima do nível do mar. (fotos acima de Vinícius Montgomery)
          Com diferentes altitudes, encontra-se no distrito, picos que oferecem ampla vista para os vales e chapadões da Serra da Mantiqueira, como exemplo a Pedra de Santa Rita, entre os bairros de Rio Manso e Peroba, com altitude de 1893 metros, a maior de Itajubá, além do bairro Rio Manso que está a 930 m de altitude e o bairro Peroba, a 1265 metros de altitude acima do nível do mar. A menor altitude do distrito é na foz do Ribeirão Sabará, com 858 metros.
          Seu grande potencial para o turismo vem sendo descoberto aos poucos. Desde o ano 2000, acontece em Lourenço Velho a Festa da Banana.
          Em Lourenço Velho, a Usina Hidrelétrica Luiz Dias, fundada em 1914 e mantida pela CEMIG é um dos seus atrativos. A usina abastece com energia elétrica o distrito e conta com uma exuberante área verde em seu redor.
          No bairro Cachoeirinha as águas do Córrego Peroba formam uma piscina natural ideal para banhos. Além disso, corredeiras do Rio Manso e Porto velho, bem como as cachoeiras Grande e Pilões, são outros atrativos naturais de Lourenço Velho.
          Como todo distrito e vilas mineiras, a vida social de seus moradores é em torno de sua fé e religiosidade e suas manifestações de fé, através das festas religiosas. Além da Festa da Banana, tem a Festa de São José e a apresentação de Catira do Rio Manso e outras manifestações culturais.
04 - Costa Sena
          Essa pequena e charmosa vila colonial mineira com cerca de 1.100 moradores, tem origens com um pequeno povoado formado no século XIX e elevado a distrito em 15 de julho de 1872. Atualmente, é distrito subordinado a Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas.
          Seu nome original era Paraúna, tendo sido mudo para Costa Sena em 17 de dezembro de 1938. O nome é em homenagem a Joaquim Cândido da Costa Sena, geólogo, e político, senador estadual (o mesmo que deputado) ex presidente (Governador) de Minas Gerais, em 1902, substituindo Silviano Brandão que havia falecido nesse mesmo ano. Costa Sena nasceu em Conceição do Mato Dentro em 13 de agosto de 1852 e faleceu em Belo Horizonte em 26 de junho de 1919. (fotografia acima de Nacip Gomez)
05 - Campestrinho
          Pequeno, pacato e charmoso distrito de Andradas, no Sul de Minas, a terra mineira do vinho, Campestrinho tem origens num pequeno povoado, elevado a distrito em 1976.
          Em Campestrinho vivem cerca de 800 pessoas. É uma vila com as características típicas do povo mineiros dos pequenos vilarejos rurais. (foto acima e abaixo do saudoso e querido amigo Guilherme Augusto - In Memriam)
          Lugar de gente simples e ordeira, em Campestrinho se preserva as tradicionais festas religiosas, como a Folia de Reis, um dos elementos culturais significativos, não só de Campestrinho, mas de todo o município de Andradas.
          É um lugar tranquilo, onde todos se conhecem, além de contar com belezas naturais das montanhas do Sul de Minas. Seus moradores vivem basicamente da agricultura de subsistência, cultivo de café e batata-inglesa, além das produções caseiras como doces, compotas, geleias, queijos, iogurte e quitandas diversas.
06 - Gramínea
          Gramínea é um distrito brasileiro da cidade de Andradas, no Sul de Minas Gerais.
           Antes de ser distrito, se chamava São João da Grama. Foi elevado a distrito em 1938, passando a se chamar Gramínea em 1943.A vila é pacata, atraente, destacando aos pés da serra, sua igreja matriz. O distrito se movimenta mais nos dias de festas religiosas, e principalmente, no período das festas juninas, onde se comemora em Gramínea a Festa de São João, no dia 24 de junho. (fotografia acima de Juarez Teixeira)
07 - São José do Buriti
          Distrito de Felixlândia, na Região Central, distante a 230 km de Belo Horizonte, pela BR-040, São José do Buriti é uma pacata e atraente vila mineira, banhada pela represa do lago de Três Marias. Além do casario simples e pitoresco, do artesanato, da culinária típica, São José do Buriti se destaca pela pesca, piscicultura, mineração com extração de ardósia e na monocultura de cana de açúcar e eucalipto. (foto acima e abaixo do J. Camilo)
          A presença do lago de Três Marias em suas terras, faz de São José do Buriti, um dos pontos mais tradicionais e atraentes para o turismo em Minas Gerais. Cada dia mais amantes dos esportes náuticos, pescaria ou mesmo os que buscam descanso nas pousadas aconchegantes do distrito, vêm à Vila, descansar, conviver com a natureza e fugir da correria do dia-a-dia na cidade grande, se distraindo na praia da represa e passeando pelas calmas e tranquilas ruas da Vila.
08 - Epaminondas Otoni
          O antigo povoado da Colônia, hoje Epaminondas Otoni  (na foto acima Sérgio Mourão) é um charmoso e pacato distrito de Carlos Chagas, no Vale do Mucuri, reconhecido como distrito pela Lei nº 336 de 27/12/1948. Ruas calmas, povo simples, acolhedor e hospitaleiro, a pequena vila é um dos mais pitorescos distritos mineiros.
09 - Campo Redondo
          Campo Redondo (foto enviada pelos José Paulo) é um dos mais antigos povoados do Sul de Minas, pertencendo a Itamonte MG. Inclusive é mais antigo que a própria sede. 
          Sua história começa no século XVIII, com a chegada de mineradores, que usavam a região como escoamento do ouro, para isso, construíram algumas casas, dando origem ao povoado. 
          Com o fim da mineração, as casas serviram para abrigos de tropeiros, contribuindo para o crescimento da vila. 
          Campo Redondo é um lugar pitoresco, com um casario muito bem conservado, rodeado por montanhas e paisagens belíssimas, típica do Sul de Minas. Seus moradores vivem basicamente da agricultura, e pequenos comércios.
10 - Capivari
          O pacato e tranquilo distrito de Capivari (na foto acima de Tiago Geisler), pertence ao Serro MG, Centro-Nordeste de Minas,  é um dos lugares abençoados pela natureza. O casario é simples, em estilo colonial, a culinária local é excelente e bem mineira. Seu povo muito hospitaleiro, simples, gentis e muito atenciosos para com os visitantes. Pelas estradas de terra do distrito passam turistas a caminho da Cachoeira do Tempo Perdido, uma das atrações da região e para o Parque do Pico do Itambé. 
11 - Mercês de Água Limpa
          Mercês de Água Limpa (foto acima de Deividson Costa) é um distrito de São Tiago, na Região do Campo das Vertentes. São Tiago é famosa no Brasil inteiro por ser a Capital Nacinal do Café com Biscoito". Cerca de 4 mil pessoas vivem no distrito que tem como base de sua economia pequenos comércios, extrativismo, a agropecuária e produtos artesanais. Como em toda Minas, seus moradores preservam as tradições religiosas como a Folia de Reis e o Reinado de Nossa Senhora do Rosário. Destaque ainda para o Carnacapela, que começa antes do tradicional carnaval, atraindo muitos visitantes para o distrito.
12 - Chapada de Ouro Preto
               Chapada é um subdistrito de Lavras Novas, distrito de Ouro Preto MG. (foto acima de Arnaldo Silva) Pacato, tranquilo e com belíssimas paisagens, o distrito é um convite para quem gosta de sossego e vivenciar a natureza plenamente. Duas cachoeiras se destacam no distrito: Cachoeira do Falcão e a do Castelinho. 
          O povoado é tranquilo, suas casas estão no entorno da Igreja de Santana e o povoado é rodeado pela imponente Serra do Trovão.
           A queda d´água é pequena e suas águas formam uma piscina natural (como podemos ver na foto acima do Marcelo Santos), bem rasa, ideal para crianças e para quem quer deixar e relaxar nas águas da cachoeira. Em volta do poço tem um banco de areia pra quem quiser pegar um sol e contemplar o céu e a natureza em volta já que o local é todo cercado por extensa mata nativa. Acima da cachoeira existem pequenos poços, bom para nadar e relaxar.
          Também na Chapada tem a Cachoeira do Castelinho (na foto acima, de Marcelo Santos). A cachoeira tem uma pequena queda, mas com o poço com uma profundidade maior, mais indicada para adultos.
          O povoado é pequeno e seus moradores muito atenciosos. As cachoeiras ficam próximas do povoado e os moradores são cordiais e informam certinho o caminho. Na foto acima, de autoria de Arnaldo Silva, você pode ver a Igreja de Santana e o casario em torno da igreja. Na foto abaixo, de Ane Souz, o interior da Igreja. 
          Como visitante, curta, divirta à vontade. No povoado tem comida caseira, cachaça, gente boa. Se vai levar comida, leve de volta o lixo que gerar. Leve uma sacolinha e o que for lixo, coloque na sacolinha e na primeira lixeira que encontrar, jogue o seu lixo na lixeira. Não suje as cachoeiras e nem deixe lixo pela mata. Fazer isso é feio, falta de cultura e educação, além de um tremendo desrespeito à natureza. Além de você, outros irão usar as águas, curtir a natureza. Deixe uma boa impressão no local, preserve essas belezas naturais.
13 - Alto Maranhão
          Alto Maranhão tem sua origem no século XVIII em 1718, ano da concessão da sesmaria que deu origem ao distrito. (foto acima: Instituto Estrada Real/institutoestrareal.com.br - Divulgação)
          É uma atraente e charmosa vila colonial mineira, distrito da cidade histórica de Congonhas MG, distante 88 km de Belo Horizonte. Além de seu charmoso casario e a simpatia do seu povo, em Alto Maranhão se destaca a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, uma construção histórica iniciada em 1718, de grande valor para Minas Gerais. Sua fachada em cores azul e branco, tem acabamento simples, característico da época. Em seu interior, entalhes e pinturas numa riqueza de detalhes que impressiona. 
          No forro da capela-mor estão pintados 13 invocações, cada uma formando um capítulo de um grande livro, simbolizando a Rosa Mística, a Porta do Céu, a Estrela da Manhã, o Espelho de Justiça, o Vaso Espiritual, Sede da Sabedoria, Causa de Nossa Alegria, o Vaso Honorífico, o Vaso Insigne de Devoção, a Torre de Davi, a Torre de Marfim e Casa de Ouro. Completando o altar da capela-mor, estão as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. Alto Maranhão é uma volta ao passado.
          Além da rica história  da Vila Colonial de Alto Maranhão, tem ainda as ruínas do presídio, que ficou na ativa entre os séculos XVIII e XIX. Foi construído no início do século XVII, durante a Guerra dos Emboabas (1707-1709), antes mesmo da criação da sesmaria, do início da construção da igreja e formação do povoado, a partir de 1718. (Fotografia acima de Vinícius Barnabé)
          Distante 6 km de Congonhas, para quem vem de Paraty, a cadeia está situada na Estrada Real e por apresentar todas as características originais das cadeias do século XVIII, é um dos lugares mais procurados por turistas.

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