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quarta-feira, 17 de maio de 2023

12 principais identidades mineiras - Segunda Parte

(Por Arnaldo Silva) Dando sequência ao tema sobre as principais identidades mineiras, essa é segunda parte com mais 12 identidades mineiras. A parte anterior, também com 12 identidades mineiras, somada com a segunda, formam um conjunto de 24 identidades mineiras formada pela cultura, culinária, folclore e religiosidade mineira. 
01- Esmaltados
          Bule, chaleira e principalmente canecas esmaltadas não faltavam nas casas mineiras. Era um luxo só! Estavam presentes nos currais para tomar leite ao pé da vaca, no bule, para tomar aquele cafezinho feito na hora. Mesmo hoje com tanta coisa nova, os esmaltados não saíram de moda e continua sendo sonho de consumo e luxo nas casas mineiras, usadas até como enfeites. É uma identidade mineira que realça a beleza da nossa cozinha. (foto acima de Chico do Vale)
02 - Viola Caipira 
           A viola faz parte da alma mineira, é uma das nossas identidades culturais, presente em Minas desde os tempos do Brasil Colônia. Presente na vida das famílias mineiras seja no campo ou na cidade. Uma cena comum e tradicional são as rodas de viola á beira de uma fogueira, entoando canções que retratam a vida do povo do interior. Na cidade, era instrumento imprescindível nas românticas serestas ao luar. Viola é tão importante para Minas que foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Minas. Viola é a alma musical do mineiro. (na foto acima de @arnaldosilva_oficial, viola caipira feita de bambu pelo luthier Cabral de Bom Despacho MG)
03 - Doce de leite
          Minas sempre foi destaque na produção de leite no Brasil. Atualmente é o maior produtor e claro, produz o melhor doce de leite. Ainda estamos numa briga danada com os argentinos, sobre quem inventou o doce de leite. Nós mineiros ou os Hermanos. Eu tenho certeza que fomos nós, isso faz tempo, desde o século 18 o doce de leite existe em Minas. Mas deixa essa briga pra lá, o importante é que doce de leite é uma das mais antigas e fortes tradições da nossa culinária. Saiu das senzalas das fazendas mineiras para nossa mesa. Doce mineiro é o melhor do Brasil, sem dúvida e combina perfeitamente com o nosso queijo Minas. Mineiro sentado numa mesa com queijo e aquele docindileite, tudo a ver.
04 - Carro de bois
          Antigamente, carro de bois era um trem que servia pra tudo. Era carro funerário, transportava mercadorias, servia de lotação e nas fazendas, era pau pra toda obra. O ouro de Minas ia para o porto de Paraty em carros de bois. Com o surgimento da indústria automobilística, foram com tempo caindo em desuso, se restringindo a poucas atividades nas fazendas. Mas é uma das mais nostálgicas identidades mineiras, tanto é que todos os anos, praticamente em toda Minas, as carreadas de carros de bois estão presentes. (foto acima de Wilson Fortunato)
05 - Queijo com goiabada
          Há mais de 200 anos que queijo com goiabada faz parte da nossa identidade. Nossa mais importante sobremesa. A partir da década de 1960 o Brasil e o mundo passaram a conhecer melhor nossa sobremesa e foi só provarem para coloca-la no cardápio. Hoje está presente em todos os cantos do mundo. Há mais de 200 anos que nós mineiros sabemos disso. O melhor queijo do Brasil com a goiabada mineira é fenomenal. É a cara de Minas! (Foto acima de Lucas Rodrigues/Queijo do Dinho de Piumhi MG)
06 - Tacho de Cobre
           A cena de fazer doces nos tachos de cobres é comum até os dias de hoje nas cozinhas das fazendas e até em casas na cidade mineiras. Sabe por que a preferência do mineiro pelo tacho de cobre? Porque ele preserva a cor original da fruta. Ou seja, o doce de mamão fica verdinho, de laranja da terra, amarelo. O doce de limão fica da cor do limão. O doce de figo fica da mesma cor quando os frutos foram colhidos.
          Por isso que nossos doces são feitos no tacho de cobre, que além de manter a cor original, preserva o sabor original das frutas também. Não são a toa que nossos doces sempre foram considerados os melhores. Pronto, contei nosso segredo.
07 - Mancebo 
          Mancebo é uma armação maior em madeira ou ferro que sustenta o coador. Nesse caso, o bule é grande e o coador também. Isso porque as famílias antigamente eram numerosas. Para as famílias pequenas existe a mariquinha, que é mesma coisa do mancebo, mas só que bem menor, com um pequeno coador e uma caneca esmaltada, no lugar do bule. 
          Seja num mancebo ou numa mariquinha, coar café no coador de pano é identidade de nosso povo do interior, desde os tempos antigos até os dias de hoje. Em minha casa, na cidade, o café é coado num coador de pano sobre esse mancebo que vê ai na foto. Sou mineiro, uai!
08 - Panela de Ferro
             Além da panela em pedra sabão, outra panela é uma de nossas identidades. É a panela de ferro fundido. No final do século 19 e início do século 20, os famosos caldeirões de ferro já dominavam as cozinhas mineiras. Era raro não serem encontradas nas cozinhas das casas na cidade e das fazendas. 
          As panelas são resistentes, duram décadas e muitas delas passam de geração a geração. Em Minas tem famílias que tem essas panelas e caldeirões com mais de 150 anos de uso. Uma cozinha mineira sem panela de pedra sabão e de ferro, não é cozinha mineira. Elas dão mais sabor à nossa rica gastronomia e nos identificam.
09 - Festa do Reinado
            As cores vivas dos estandartes e das roupas coloridas dos reinadeiros revelam a mais pura identidade religiosa mineira, já incorporada à vida do nosso povo (na foto acima em Bom Despacho MG)
           As comemorações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, que começa em julho e se estende até outubro, por todas as cidades mineiras, teve origem no século 18, com o escravo Chico Rei, em Ouro Preto. Antes uma festa de origem negra, hoje é festa de todo o povo mineiro, expandida para outros estados brasileiros. As congadas com seus cortes são uma das mais belas manifestações folclóricas e religiosas de Minas. Uma das mais fortes identidades mineiras.
10 - Goiabada Cascão
           Uma das mais gostosas identidades mineiras. A receita saiu das senzalas para nossa mesa. Eles faziam o doce cremoso de goiaba normal, com a polpa da, para os senhores. E nas cozinhas das senzalas, eles aproveitavam a casca inteira e a polpa e fazia para si o doce que chamavam de goiabada. Pela grande quantidade de cascas grandes da fruta que ficavam à mostra no doce, acrescentaram a palavra cascão. Assim ficou, goiabada cascão, mais apreciada que o doce comum de goiaba. 
          Quer conhecer a original e única goiabada cascão? Conheça São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG (na foto acima, Dona Doquinha, uma das mais antigas doceiras de São Bartolomeu, batendo a goiabada cascão no tacho). Lá é a terra desse doce. Experimenta a Cascão com doce de leite mineiro e queijo Minas. É divino. Mineiro tem bom gosto não é?
11 - Bolo de fubá assado na brasa
           Num tempo em que não existia trigo no Brasil, no início da colonização, o fubá e o polvilho eram o ingredientes para tudo. Do fubá surgiram várias receitas tradicionais mineiras, como as broas e o bolo de fubá na brasa. Além do trigo, não existia fermento, mas existia bicarbonato e fogão a lenha. Não tinha forno de barro ainda não. A criatividade mineira se sobressaiu. A massa era feita, colocada numa panela de ferro e ia para o fogão em brasa. Por cima colocavam uma chapa de ferro e brasa ardente.
          Quem já experimentou bolo assim sabe o quanto é saboroso. E o cheiro exala pela casa toda e fica guardado em nossa memória aquele cheirinho bom. Bolo assado na brasa é uma identidade mineira marcante, pela delícia que é.
12 - Café no coador de pano
           E por fim, termino com café porque é minha bebida café. Minas sozinha lidera a produção de café no Brasil com a qualidade dos grãos reconhecida internacionalmente, com várias premiações nos principais concurso internacionais de café. (foto acima de Chico do Vale) A bebida desde o século 18, quando os primeiros grãos de café foram plantados na Zona da Mata Mineira, virou tradição. É uma bebida imprescindível no dia a dia do mineiro. 
          Mesmo antigamente, indo pra roça trabalhar, o mineiro levava seu cafezinho numa cabaça. Hoje leva na garrafa térmica. Tem uma história que diz que entre paciência e café, o mineiro prefere a paciência porque se der café a ele, com certeza, vai tomar tudo, de tanto que adora café.

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