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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A padaria centenária do Pão do Padre de Santa Bárbara

(Por Arnaldo Silva) Fundada em 4 de dezembro de 1704, Santa Bárbara é uma das mais antigas cidades mineiras. Com cerca de 32 mil habitantes e distante 105 km da Capital, na parte central da Estrada Real, a cidade histórica faz divisa com Alvinópolis, Barão de Cocais, Catas Altas, Itabirito, Mariana, Ouro Preto, Rio Acima, Rio Piracicaba e São Gonçalo do Rio Abaixo. O acesso à cidade pode ser feito pela BR-381 e BR-262 e MG-436.
          Cidade idílica, agradável, tranquila e acolhedora. Suas riquezas naturais e paisagens bucólicas, como a imponente Serra do Caraça, faz de Santa Bárbara uma das mais belas cidades de Minas. Seu povo é hospitaleiro e bem simples e sua história é preservada em sua arquitetura colonial, bem como nas tradições culturais, folclóricas, gastronômicas e religiosas, preservadas há mais de 300 anos. (na fotografia acima de Judson Nani, o Pão do Padre com a Igreja de do Rosário ao fundo)
          Uma dessas tradições mais valiosas de Santa Bárbara é a culinária típica, principalmente, as quitandas que saem dos fornos das casas e padarias da cidade.
Padaria União – A mais antiga de Minas
         Uma dessas padarias é a Padaria União, em atividade desde 1911. A padaria fica na Rua João Mota, 107, no Centro da cidade.
          É a mais antiga padaria familiar em atividade de Minas Gerais e uma das mais antigas do Brasil, já na terceira geração da mesma família. Hoje é administrada por Rubens Nelson Magalhães Santos, que herdou a tradição de seu pai, Raymundo Cândido dos Santos Filho. (na foto acima de Judson Nani, a Padaria União e abaixo, fotos das três gerações da família fundadora da Padaria União)
          Desde sua origem, a Padaria União formou uma ampla e fiel clientela, graças ao empenho, dedicação dos pioneiros, bem como pela qualidade das guloseimas que saem de seus fornos, principalmente, o tradicional Pão do Padre.
          Este pão é o carro chefe de toda panificadora, mas na Padaria União e para Santa Bárbara, é bem mais que isso. O Pão do Padre e tornou um símbolo da própria cidade e da própria história da padaria, desde sua fundação. (na imagem abaixo, o folder de 2011 comemorativo dos 100 anos da Padaria União).
A história do Pão do Padre
          A 30 km do Centro de Santa Bárbara, está o Santuário do Caraça. No século XIX, no Caraça funcionava um colégio, bem como o seminário, da Congregação dos Lazaristas. (na foto acima de Judson Nani, a Matriz de Santo Antônio em Santa Bárbara MG e o Pão do Padre)
          Fazer pão e atender toda a cidade, naquela época, era muito difícil. Não era fácil encontrar trigo no Brasil, era muito pouca a produção nacional. Era importado. O transporte também era difícil.
          Além disso, transportar as guloseimas era outra dificuldade, principalmente quando os fregueses viviam mais distantes, como por exemplo, os padres e seminaristas do Santuário do Caraça. Era uma época de estradas de terra. Carros era raridade na época no Brasil. As encomendas eram transportas em carroças e carros de bois.
          Mesmo com todas as dificuldades de transporte, com frio ou chuva, os pães chegavam ao seu destino. Eram levados até o Santuário do Caraça e cidades da região em barricas colocadas em lombos de burros e em carroças. Assim garantia-se o pão de cada dia dos padres e dos moradores das redondezas.
          Quem recebia o pão sagrado do café da manhã, rotineiramente, eram os padres e seminaristas do Santuário do Caraça, distante 30 km do centro de Santa Bárbara. Logo pela manhã, seja com chuva ou frio, as barricas com guloseimas como pão de milho e o nosso tradicional pãozinho, saiam nos lombos dos burros e chegavam até os padres do Santuário.
           As guloseimas agradavam aos padres e seminaristas, principalmente o pão, que regularmente chegava até o seminário, garantindo assim o café da manhã dos padres que recebiam a iguaria. Antes do desjejum, rezavam, agradecendo e abençoando o pão de cada dia que recebiam.
          Por isso o pão ganhou o nome de Pão do Padre. Também chamado de Pão Santo, embora não se tenha registro de milagres recebidos por quem compra ou consome o pão, se tornou sagrado nas mesas dos moradores da região. Está sempre presente no café da manhã e na merenda da tarde, alimentando o corpo e a história de uma das mais antigas receitas mineiras.
           O Pão do Padre, é o queridinho de Minas, a mais antiga e mais popular receita que saiu dos fornos da Padaria União, de Santa Bárbara MG, há mais de 120 anos. Seu sabor lembra um pouco o famoso Pain de Brié, pão de origem francesa.
A receita do Pão do Padre
          Evidentemente que não irá ficar igual ao tradicional Pão do Padre, feito na Padaria que criou a receita, a Padaria União, já que conta com seus segredos próprios. Mas a receita é basicamente a que segue. (foto acima de Judson Nani com a Igreja do Rosário ao fundo)
INGREDIENTES PARA A PRIMEIRA MASSA
. 100 ml de água fria
. 100 gramas de fermento biológico fresco
. 100 gramas de farinha de trigo.
INGRENDIENTES DA SEGUNDA MASSA
. 1 quilo de farinha de trigo
. 200 ml de água
. 4 ovos grandes
. 200 gramas de manteiga em temperatura ambiente
. 150 gramas de açúcar cristal
. 1 pitada de sal
.. Gema de ovo para pincelar
MODO DE PREPARO DO PÃO DO PADRE
- Coloque numa vasilha a água, o fermento e a farinha de trigo, ingredientes da primeira massa e amasse com as mãos, até ficar uma mistura homogênea. Faça uma bola com a massa e deixe descansando por 15 minutos.
- Enquanto isso, comece a preparar a segunda massa.
- Coloque numa vasilha a farinha de trigo, os ovos, a manteiga, a pitada de sal e o açúcar. Misture tudo com as mãos.
- Vá despejando aos poucos a água e amassando, até que a massa fique lisa e bem firme. Se precisar, acrescente mais água.
- Pegue agora a primeira massa que deixou descansando e misture à segunda massa e sove bastante, até que esteja bem firme e desgrudando das mãos.
- Divida a massa em quatro partes e faça moldes no formato de baguete.
- Faça cortes horizontais e verticais sobre a massa com uma faca e em seguida, pincele a parte superior com gema de ovo.
- Coloque os pães em fôrmas já untadas com óleo e cubra com um pano. Deixe descansando em temperatura ambiente por 150 minutos.
- Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus e deixe assando por cerca de 20 minutos ou até começar a dourar.
- Por fim, sirva com café!
          Ao visitar Santa Bárbara, conheças as belezas naturais e históricas da cidade e claro, visite a Padaria União, bem no Centro da cidade e aprecie as guloseimas feitas na Padaria, principalmente o Pão do Padre.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Carruagens elétricas substituirão charretes em Poços

(Por Arnaldo Silva) No dia 6/12/2021, o prefeito, Sérgio Azevedo (PSDB), de Poços de Caldas, famosa estância turística do Sul de Minas, anunciou o fim às charretes puxadas por animais. Os tradicionais passeios de charretes, pelos pontos turísticos da cidade continuarão, mas em carruagens elétricas e não mais em charretes puxadas por animais.
           Carruagem elétrica nada mais é que um carro elétrico, em design das antigas e glamourosas carruagens do século XIX. A diferença é que os cavalos serão substituídos por motores elétricos.
         Segundo informou o prefeito em coletiva à imprensa, que a iniciativa da prefeitura, faz parte do projeto “Poços + Inteligente”. O projeto foi executado ao longo de 2022 em parceria com a DME, PUC Minas Poços de Caldas e o IF Sul de Minas, com prazo final, de conclusão o projeto para 2022. (na foto acima de Guilherme Augusto - In Memoriam, charrete puxada por cavalo pelas ruas de Poços de Caldas)
           O projeto foi concluído, agora está sendo colocado em prática com os atos legais como licitação, tomada de preços, etc. Segundo a Prefeitura, até o fim do ano de 2023, é possível que 6 ou mais carruagens já estejam sendo usadas na cidade, substituindo as carroças puxadas a cavalo
          A substituição das carroças por carruagens elétricas, será gradativa. Não há um prazo definido para que todas as charretes puxadas por animais parem o serviço, mas a expectativa da população e do próprio Poder Público é que o longo de 2024, animais não estejam mais puxando carroças pelas ruas da cidade.
 Argumentos para a substituição
          A iniciativa da prefeitura é uma demanda bem antiga da comunidade, através de ações de vereadores, comerciantes, ambientalistas e população em geral, para pôr fim ao uso de animais puxando carroças na cidade.
          Diante dos avanços tecnológicos alcançados pela humanidade nas últimas décadas do século XX e neste século, com o surgimento de tecnologias de ponta, que ao longo do século XX, foram sendo inseridas na vida urbana e rural, o uso de trabalho animal não se faz mais necessário, como foi em séculos anteriores.
          Hoje temos carros, carretas, pick-ups, caminhonetes, caminhões, tratores e máquinas agrícolas modernas. Diante da tecnologia atual, é inconcebível o uso de bois, cavalos, mulas e burros, no uso urbano e rural para trabalhos e entretenimento turístico.
          Existem outras alternativas, no caso, para os tradicionais passeios de charretes das cidades turísticas, a carruagem elétrica é a melhor alternativa no momento. (na imagem acima, Carruagem elétrica testada em Petrópolis RJ, pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans). Fotografia: CPTrans/Divulgação)
Tradição mantida 
          As carruagens elétricas manterão a tradição de Poços de Caldas, facilitarão a mobilidade urbana e a limpeza das ruas, além de manter o foco no turismo, levando os turistas, aos principais pontos turísticos da estância hidromineral mineira.
          Com as carruagens elétricas, toda a cidade sai ganhando. Os turistas, poderão usufruir dos passeios pelas ruas da charmosa estância hidromineral mineira, em requintadas e luxuosas carruagens elétricas, bem ao estilo da cidade, uma das mais belas e bem estruturadas cidades do Brasil.
Todos ganham com a substituição
          A iniciativa também, atrairá mais turistas, principalmente para os que se recusavam a usar charretes puxadas por animais. Isso aquecerá mais ainda a forte economia local.
          Os tradicionais charreteiros da cidade, também ganharão. Isso porque terão prioridade para assumir a condução das carruagens e ainda, farão cursos de capacitação para manobrar o veículo.
Pioneirismo de Poços de Caldas
          Poços de Caldas será uma das poucas cidades do mundo sem o uso de cavalos puxando charretes para entretenimento de turistas. 
          A iniciativa é pioneira em Minas, o que incentivará outras cidades turísticas, que usam animais em carroças por suas ruas, a fazerem o mesmo. Todos ganham com isso.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O Caminho de Saint-Hilaire na Serra do Espinhaço

(Por Arnaldo Silva) O caminho percorrido por Saint-Hilaire, quando esteve na Região do Espinhaço e Vale do Jequitinhonha, no século XIX, se transformou num roteiro turístico de 170 km de trilhas, pela Serra do Espinhaço.
          Com a sigla CASHI (Caminho de Saint-Hilaire), o roteiro tem início em Conceição do Mato Dentro, cidade distante 170 km de Belo Horizonte, terminando na cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, Diamantina, a 292 km da Capital. (na foto acima do Nacip Gômez, a Cachoeira do Tabuleiro em Conceição do Mato Dentro, com 273 metros de queda livre. A maior de Minas)
          Idealizado pelo turismólogo Luciano Amador Santos Júnior, presidente do Instituto Auguste de Saint-Hilaire, o Cashi tem como objetivo estimular o turismo ecológico e saudável.
          Além disso, o percurso percorrido pelo naturalista francês há mais de 200 anos, permite uma viagem pelos sabores, saberes e fazeres das cidades e vilarejos, ao longo de todo o percurso do Caminho de Saint-Hilaire. (na foto acima de Nacip Gômez, vista parcial da cidade de Conceição do Mato Dentro)
Uma rota turística
          O Cashi é uma nova rota turística mineira, pela Cordilheira do Espinhaço. Cordilheira é um conjunto de montanhas relacionada geologicamente, no caso, a Serra do Espinhaço é uma extensão relacionada de cerca de 1 mil km, com largura entre 50 e 100 km.
          A Cordilheira do Espinhaço inicia na região do Caraça em Catas Altas, seguindo de forma contínua até a divisa de Minas, com o Sul da Bahia. (na foto acima de Elvira Nascimento, Diamantina e ao fundo, o maciço rochoso do Espinhaço)
          Todos os 170 km do percurso são feitos a pé. Há estudos para estruturar a trilha, com sinalização e demais adequações, para que o trajeto seja feito também por praticantes de cicloturismo e ecoturismo.

Duração do percurso
          Os 170 km do Cashi são percorridos entre 10 a 11 dias pelos caminhantes. Os grupos são pequenos, formado por 10 a 15 pessoas, acompanhadas por guias.
          Durante o trajeto, acontecem paradas para conhecer as cidades e vilarejos, bem como as cachoeiras, mirantes e paisagens pelo caminho. À noite, o grupo para em pousadas para descansar e seguir caminho, no dia seguinte. (na fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia, parte da Serra do Espinhaço)
          Os 170 km do Cashi, percorre as deslumbrantes paisagens da Serra do Espinhaço, que encantaram Saint-Hilaire como as belezas naturais, a riqueza da fauna e flora.
          O caminhante terá ainda a oportunidade de conhecer a sabedoria do povo, preservada por gerações, como a medicina popular através das ervas e raízes, bem como o benzimento para todo tipo de males do corpo e espírito, praticado por benzedeiras e benzedeiros.
Cidades e vilarejos do Cashi
          Em todo o percurso, os caminhantes passarão por vilas, povoados e distritos charmosos e bem pitorescos, além de cidades formadas durante o Ciclo do Ouro.
          Saindo de Conceição do Mato Dentro, os caminhantes seguem rumo aos Córregos e Tapera, seguindo para Itapanhoacanga (na foto acima da Luciana Silva), distrito de Alvorada de Minas, passando por Mato Grosso, distrito do Serro, indo em seguida, para Condado, continuando até Três Barras da Estrada Real, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, distritos do Serro. Segue até Vau, já no município de Diamantina, continuando até Capão Maravilha e Curralinho, também em Diamantina, até encerrar o trajeto, na terra de JK e Chica da Silva.
Um caminho pelos sabores e tradições de Minas
          Percorrer todo o caminho feito por Saint-Hilaire é uma aventura de puro êxtase, além de propiciar aos caminhantes conhecer, desfrutar e sentir as belezas naturais de Minas Gerais, bem como sua cultura, artesanato, arquitetura e o estilo de vida simples do povo das alterosas.
          Além disso, pode-se experimentar e saborear as delícias da culinária mineira, também relatadas por Saint-Hilaire em suas andanças pela região, como o Queijo do Serro, além dos tradicionais vinhos finos que saem das várias vinícolas de Diamantina, tradição na cidade desde o século XVIII. (na foto acima de Elvira Nascimento, chegada a Milho Verde, distrito do Serro MG)
          Sem contar os pratos típicos da culinária mineira, como doces, pão de queijo, licores, biscoitos, além da intensa vida cultural da região como a Bolerata do Serro e a Vesperata de Diamantina, as festas folclóricas como a Festa do Divino, do Rosário e as Folias de Reis, bem como a diversidade e riqueza impressionante do artesanato do Vale do Jequitinhonha. (na foto acima do Nacip Gômez, São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito do Serro)
Mais informações
          Para saber mais sobre o Caminho de Saint Hilaire, datas de roteiros, custo, hospedagem, alimentação, o que levar, quando ir, etc., entre em contato com a organização através do site ww.caminhosainthilaire.com.br (na foto acima de Giselle Oliveira, artesanato com flores de Sempre-vivas em Diamantina)
Quem foi Saint-Hilaire
          Augustin François César Prouvençal de Saint Hilaire (Orleans, 4 de outubro 1779 – Orleans, 3 de setembro de 1853), foi um naturalista, botânico e viajante francês que esteve no Brasil, entre 1816 e 1822.
          Veio junto com vários outros cientistas, com o objetivo de fazer expedições pelo território brasileiro, quando da mudança do Reino Português para o Brasil. Entre os cientistas que aqui chegaram, no século XIX, Saint-Hilaire foi o mais empenhado em suas expedições e o que mais se destacou nas pesquisas sobre a fauna e flora brasileira.
          Nos seis anos em que esteve no Brasil, Saint Hilaire percorreu 16 mil quilômetros a cavalo e até mesmo, a pé.
        Saint-Hilaire percorreu várias cidades brasileiras da Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e principalmente Minas Gerais, que recebeu atenção especial do cientista devido sua fauna e flora diversificada.
          O naturalista francês esteve no Santuário do Caraça em Catas Altas, Serra do Cipó, Serra da Canastra, Serra da Mantiqueira e Serra do Espinhaço, visitando cidades próximas, bem como várias outras cidades mineiras como Diamantina, Conceição do Mato Dentro, Formiga, Paracatu, Araxá, Uberaba, Baependi, Sabará, Passa Quatro, dentre outras tantas.
          Como resultado de suas expedições, foram mais de 30 mil amostras colhidas, nos seis anos de estudos, além de 24 mil espécies de plantas e 6 mil espécies de animais identificados, sendo 2 mil aves, além de 16 mil insetos e 135 mamíferos estudados.
          Saint-Hilaire deixou um vasto legado de estudos e pesquisas, bem como suas impressões sobre o estilo de vida e costumes do povo brasileiro. Estudos e impressões de grande importância, até os dias de hoje.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Cachoeira do Campo: o embrião do nascimento de Minas

(Por Arnaldo Silva) Quem vai a Ouro Preto passa, necessariamente, pela BR-356 – a Rodovia dos Inconfidentes. Em todo seu trecho, até a cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, desde 1980, montanhas, matas nativas, lagoas e rios, enchem os olhos dos viajantes.
          Mais que isso, a estrada margeia cidades e distritos, onde à vista, um pouco de sua arquitetura e artesanato em cerâmica, pedra sabão e em madeira, imagens sacras, além frutas nativas, queijos, cervejas artesanais, cachaças, doces e até museus, como o Jeca Tatu, em Itabirito e o Museu das Reduções às margens da Rodovia, em Cachoeira do Campo, a 22 km antes de chegar a Ouro Preto. (fotografia acima de Ane Souz)
Passam e geralmente, não param. Mas deviam.
          Além de ser um dos mais antigos distritos de Ouro Preto, Cachoeira do Campo tem história na origem de Minas Gerais. Não é apenas mais um povoado a beira de estrada. É uma parte da história do nascimento de Minas Gerais.
          Cachoeira do Campo tem cerca de 8.500 habitantes. Conhecida por seu clima ameno e saudável, considerado um dos melhores climas do Brasil, oferece uma boa qualidade de vida, segurança e tranquilidade aos seus moradores. (na foto acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, a Rodovia dos Inconfidentes, no Funil)
          
Seu comércio rico e variado, além do distrito contar com indústrias diversas como a moveleira e mineradoras. Conta ainda com uma boa estrutura urbana e prestação de serviços de qualidade, ótimas opções de hospedagem e gastronômica, com restaurantes, padarias e lanchonetes encontradas com facilidades.
Origem
          O povoado do que é hoje Cachoeira do Campo, tem origem nas últimas décadas do século XVII, com a chegada à região das bandeiras chefiadas por Fernão Dias, por volta de 1674/75. As tropas pararam próxima a uma cachoeira de águas limpas, em volta a um campo rupestre, na parte alta de uma serra, conhecida hoje por Serra do Trino, onde exatamente está o Colégio Dom Bosco.
          Daí a origem do nome. Inicialmente, Cachoeira, passando a se chamar, Cachoeira o Campo desde o século XVIII. (na fotografia acima do Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, a Cachoeira Cascaa Dom Bosco)
          Fernão Dias e suas bandeiras não fixaram residência na região, partindo pouco tempo depois. Segundo a história, seu primeiro morador foi Manuel de Mello, que chegou à região por volta de 1680.
Além da das margens da rodovia
          Por sua origem e histórica, Cachoeira do Campo guarda verdadeiras joias de nossa história, pouco conhecida pelos turistas que vão à Ouro Preto.
          Passam pela Rodovia dos Inconfidentes rumo a Ouro Preto e apenas passam, não entram no distrito. Deixam de conhecer os encantos e a história de uma das mais antigas e importantes povoações mineiras.
          Além disso, como verão no decorrer da matéria, Cachoeira do Campo foi o embrião do nascimento de Minas Gerais. (na foto acima do Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, o curso d´água da Cachoeira da Cascata, passando por debaixo da Ponte de Pedras)
O que ver e o que fazer em Cachoeira da Campo?
A Matriz de Nossa Senhora de Nazaré
          Os portugueses trouxeram a devoção à Nossa Senhora de Nazaré, quando de sua chegada à Cachoeira do Campo, ainda no final do século XVII. Pela fé, ergueram uma pequena ermida, dedicada à santa de devoção no povoado em formação. (fotografia acima de Leandro Leal)
          Um cruzeiro todo em pedras de cantaria, muito bem encaixada, construído em 1799 é marco da fé do povo de Cachoeira do Campo, instalado na Praça da Matriz da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.
          A matriz tem cinco imponentes e impressionantes altares, muito bem trabalhados, em finíssimas talhas e com riquíssimos elementos artísticos, talhados em madeira e ouro puro. (na foto acima e abaixo de Ane Souz, altar-mor e o forro da Matriz)
          Iniciada nos primeiros anos do século XVIII e concluída antes de 1730, substituindo a pequena ermida. Tem em sua arquitetura, riscos e traços do estilo predominante da primeira fazer do Barroco Mineiro, o Nacional-português. 
          Sua arquitetura singular, reflete as características que definiram o estilo das igrejas mineiras: simplicidade por fora e uma estupenda riqueza por dentro como podem ver na foto acima da Ane Souz.
          A Igreja de Nossa Senhora de Nazaré teve grande importância na história da formação de Minas Gerais por ter sido palco de batalhas da Guerra dos Emboabas (1707-1709) e da Sedição de Vila Rica ou Revolta de Filipe dos Santos (29/06 a 19/07 de 1720).
          Além disso, a Matriz tem enorme valor arquitetônico e cultural para Minas Gerais e para o Brasil. Por esse motivo, foi reconhecida em 1950, pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio brasileiro.
Governadores e o Imperador na Matriz
          Sua importância era tanta que os governadores da Capitania de Minas Gerais, faziam questão de assistirem as missas na Matriz de Nazaré. Naquela época, Vila Rica (hoje, Ouro Preto), era a Capital da Capitania de Minas Gerais.
          O Imperador Dom Pedro II (1825-1891), foi também um dos visitantes ilustres da Matriz de Nazaré, estando presente em Cachoeira do Campo e na Matriz, em 1881.
          Dom Pedro II veio à Minas Gerais para uma série de visitas às cidades mineiras, entre elas, Vila Rica. A comitiva imperial saiu do Rio de Janeiro em 26 de março de 1881. Vieram de trem até Barbacena e desta cidade, seguiram em carruagens e em cavalos, para Vila Rica.
          Chegaram em Cachoeira do Campo em 2 de abril de 1881, causando um grande alvoroço na população local, que esperava comitiva no adro da Matriz.
          Dom Pedro II e sua esposa, D. Teresa Cristina, ficaram deslumbrados com o altar da Matriz de Senhora de Nazaré. Visitaram o Palácio da Cachoeira e o Colégio Dom Bosco.
          A área do Colégio impressionou o Imperador, que demonstrou a intenção de transformar o local numa escola agrícola.
          No almoço servido à comitiva imperial, Dom Pedro II fez questão de sentar-se na cadeira em que seu pai, o Imperador Dom Pedro I, sentou, quando também visitou o distrito, em uma de suas viagens à Minas Gerais. A cadeira, encontra-se hoje guardada no Centro Dom Bosco.
Outros atrativos de Cachoeira do Campo
Igrejas históricas
          
Além da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, outras igrejas de grande valor histórico são atrativos no distrito como a a primeira Igreja no Brasil dedicada à Nossa Senhora das Dores (na foto acima de Arnaldo Silva), construída em 1767.
          Tem ainda a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, construída em 1908 e a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, construída em meados do XVIII (na foto acima de Ane Souz)
          Essas três igrejas não estão abertas à visitação, em seu interior, apenas a Matriz de Nazaré, abre para visitação pública de terça-feira a sábado, entre 14h e 18h.
O chafariz
          Imponentes casarões, estâncias e construções suntuosas, para a época, marcam a arquitetura de Cachoeira do Campo como por exemplo o Chafariz de Dom Rodrigo na Serra do Ouro Preto, construído no século XVIII para levar água potável ao distrito. Construção tão bem feita que está ativo até os dias de hoje.
O Palácio da Cachoeira
          Para se ter ideia da importância e a tradicional qualidade de vida oferecida no distrito, em Cachoeira do Campo, foi construído em 1773, a mando de D. Rodrigo de Menezes, um imponente e luxuoso casarão, para ser residência oficial dos governadores da Capitania de Minas Gerais. É o Palácio da Cachoeira, no popular, Palácio dos Governadores.
          Na capital, Vila Rica, os governadores despachavam do Palácio do Governo, mas para residir, optavam pelo Palácio da Cachoeira, longe da agitação da mineração e clima bem úmido de Vila Rica, na época, uma das maiores cidades das Américas.
A ponte de pedras
          O acesso ao palácio era feito por uma ponte de 30 metros de comprimento, em pedra bruta assentada com argamassa e sangue de boi, como aglomerante. Foi construída na mesma época do palácio, no século XVIII. (fotografia acima de Arnaldo Silva)

O refúgio da aristocracia
           Com a presença da pompa e luxo da governança, poderosos ricaços da época, fizeram o mesmo, construíram moradias do distrito.
          Por suas características climáticas e belezas naturais, além da presença da governança no distrito, poderosos ricaços aristocratas da época, fizeram o mesmo, começaram a construir moradias em Cachoeira do Campo. Com isso, o distrito tornou-se, no século XVIII, um dos refúgios dessa nova classe, que se formava, graças à riqueza proporcionada pelo Ouro.
           Infelizmente, boa parte desses casarões não estão mais em pé. Os que restaram, contam a história da imponência da aristocracia mineira, durante o Ciclo do Ouro. A antiga morada dos governadores resiste ao tempo.
          A partir de 1811 o antigo palácio passou a ser um internato para meninas, sobre a direção das Irmãs Salesianas. Hoje, funciona no local o colégio Nossa Senhora Auxiliadora e o Retiro das Rosas, usado como um pequeno centro de convenções, muito procurado para retiros espirituais e congressos.
O Colégio Dom Bosco
          Outro atrativo é o antigo Quartel do Regimento Regular de Cavalaria de Minas Gerais, a célula-mãe da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. Instalado em 9 de junho de 1775, a mando do Governador Dom Antônio de Noronha, tinha como missão principal, guardar as recém descobertas minas de ouro de Vila Rica. (fotografia acima de Arnaldo Silva)

          Antes da instalação do regimento, no local funcionava o Quartel dos Dragões Del´Rey, guarnição que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, era lotado, na patente de alferes, nos dias de hoje, um tenente.
          Em 1816, o local foi adaptado para receber a Coudelaria Imperial, instalada em 29 de julho de 1819, transformando-se no maior centro de treinamento, criação, seleção e aperfeiçoamento de cavalos de raças, da província mineira.
          Em 1834, já no fim do Ciclo do Ouro, o Regimento Regular de Cavalaria de Minas Gerais foi deslocado para o Rio de Janeiro e transformado no Primeiro Corpo de Cavalaria do Exército.
          Com isso, o espaço foi adaptado para ser um internato para meninos de todo o país, funcionando do século XIX, até a década de 1980, para este fim.
          O Colégio Dom Bosco, foi por décadas um dos mais tradicionais internatos para meninos do Brasil. Hoje, as instalações são usadas para congressos, encontros, simpósios e reuniões.
Educação e bandas musicais
          Cachoeira do Campo tem tradição na educação de qualidade. O primeiro grupo escolar no distrito foi fundado em 1907, em homenagem ao Padre Afonso de Lemos. Hoje, é uma escola estadual de ensino fundamental e médio.
          Desde o século XIX, as tradicionais bandas musicais compõem o cenário cultural do distrito e permanecem ainda na ativa. Como destaque a Banda Euterpe Cachoeirense, criada em 1856 e a Sociedade Musical União Cachoeirense, hoje, Sociedade Musical União Social, fundada em 1864. Inclusive, as duas bandas de Cachoeira do Campo estão entre as mais antigas bandas civis de Minas Gerais.
Festas populares
          Cachoeira do Campo se destaca em Minas por realizar um dos mais importantes festivais gastronômicos da Região, a Festa da Jabuticaba A festa acontece na época da temporada da fruta, entre novembro e dezembro.
          Destaque ainda para as festas de Nossa Senhora de Nazaré e a Festa do Cavalo, em julho.
O embrião do nascimento de Minas Gerais
A Guerra dos Emboabas

          Foi na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em 1708, antes mesmo da conclusão das obras, que o português Manuel Nunes Viana, aclamado pelo povo, assumiu o cargo de primeiro Governador de Minas Gerais.
          Nessa época a Matriz de Nazaré era o centro do povoado e foi justamente em Cachoeira do Campo, que foi desencadeado um dos mais violentos confrontos da Guerra dos Emboabas (1708 – 1709), conflito entre portugueses e bandeirantes paulistas que queriam exclusividade na exploração das minas de ouro no território mineiro, bem como o monopólio no comércio de gêneros de primeira necessidade.
          Com esse objetivo, a Capitania de São Paulo estendeu seu domínio para a maior parte do território mineiro, adotando o nome de Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, bem como a Capitania do Rio de Janeiro, que anexou parte do território de seu território mineiro aos seus domínios.
          Mesmo tendo durado pouco mais de um ano, durante a Guerra dos emboabas, ocorrerem batalhas sangrentas, principalmente em Cachoeira do Campo.
          Com derrota dos bandeirantes paulistas, a Coroa Portuguesa passou a controlar de forma mais enérgica as atividades mineradoras e o comércio, bem como, taxar impostos e exercer uma constante e repressiva fiscalização na cobrança.
A Sedição de Vila Rica
          Evento histórico, ocorrido entre 29 de junho e 19 de julho de 1720, considerado o embrião para o nascimento de Minas Gerais. Teve seu ápice final no adro da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré com a prisão de Filipe dos Santos (Portugal 1680 – Vila Rica, 1720).
          Filipe dos Santos veio para o Brasil, radicando-se em Vila Rica, no início do século XVIII, atuando como tropeiro, comerciante e político.
          Em Vila Rica, se destacou na liderança das camadas mais populares, encarnando a revolta da população contra os abusos cometidos pela Coroa Portuguesa, como por exemplo, as casas de fundição, criadas pela Coroa para fundir o ouro e controlar a extração mineral em Minas Gerais.
          Nessas casas, os mineradores tinham que levar o ouro extraído, que era fundido na casa e transformado em barras, cunhadas com o selo do Reino português. Essas barras eram enviadas para o porto de Paraty e de lá, para Portugal.
          Dos mineradores era cobrado uma quinta parte do ouro extraído, como imposto, chamado de Quinto. Isso equivaleria hoje a uma taxa de 20% do valor do bem.
          Para o povo e mineradores, uma taxa altíssima, diante de todas as dificuldades na extração e transporte do ouro, além do envio das riquezas para Portugal.
          Filipe dos Santos se revoltou contra o quinto e queria o fechamento das casas de fundição e formar um novo governo em Minas. Com este objetivo, liderou uma revolta popular conhecida como Sedição de Vila Rica e A Revolta de Felipe dos Santos.
          O movimento em si foi derrotado e Felipe dos Santos preso condenado à forca, por ordem de Pedro de almeida Portugal, o Conde de Assumar, então Governador da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro.
          Mesmo não tendo jurisdição para essa ordem, Assumar não era juiz e nem fazia parte do judiciário à época, mesmo assim, sua ordem foi cumprida.
          Filipe dos Santos foi executado, retirado em seguida da forca e seu corpo amarrado pelas mãos e pés a quatro cavalos, sendo todo destroçado.
          Partes de seu corpo, foram penduradas em pedaços de madeira e espalhados pela cidade. Prática comum da Coroa Portuguesa na época, para intimidar e servir de exemplo a quem se atrevesse a ir contra as leis impostas pelos colonizadores, a seus colonos.
          Toda liderança do movimento foi presa, mas apenas o líder principal, Filipe dos Santos, foi condenado. Os outros líderes e revoltosos presos, foram perdoados.
          Embora a povoação de Minas Gerais tenha se iniciado a partir de meados do século XVII, o movimento liderado por Filipe dos santos, tornou-se o marco do nascimento oficial do Estado de Minas Gerais.
          A insatisfação popular com a presença cada vez mais crescente em Mina Gerais e ainda, ser extensão da Capitania de São Paulo, gerava cada vez mais revolta nos mineiros. 
          Alguns meses depois do fim da Sedição de Vila Rica, em 12 de dezembro de 1720, Minas Gerais tornou-se uma Capitania independente, separando-se de São Paulo, passando a ter domínio administrativo próprio, sobre seu território. Essa data é comemorada como a data da fundação do Estado de Minas Geais e fim da influência paulista em Minas Gerais.
          Nas origens de Minas Gerais, Cachoeira do Campo, foi um dos atores protagonistas do nascimento do estado mineiro.
A Praça Filipe dos Santos
          Em frente ao adro da Matriz, onde ocorreu a prisão de Filipe dos Santos, é uma praça hoje, com o nome de Filipe dos Santos. (fotografia acima de Arnaldo Silva)

          Além do adro, da Matriz e praça, o conjunto é formado por uma murada, coreto e casarões coloniais completando o cenário colonial.
Pare e entre em Cachoeira do Campo
          Quando vier à Ouro Preto, pare em Cachoeira do Campo e entre. Na rodovia, tem lojas diversas de artesanato em pedra sabão, como panelas, na foto acima do Arnaldo Silva e em madeira, como na foto abaixo, do mesmo autor.
          Entre no distrito, conheça as igrejas, o Colégio Dom Bosco, os casarões, a Ponte de Pedra. Almoce ou faça um lanche nos vários bares, lanchonetes e restaurantes do distrito.
          Conheça e vivencie um pouco de um lugar que gerou Minas Gerais, como Capitania autônoma e um estado dotado de uma imensa riqueza cultural, arquitetônica, cultural, natural e único no Brasil.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Copo Americano em Minas é Lagoinha. Entenda o motivo.

(Por Arnaldo Silva) Nas lanchonetes, padarias, restaurantes, nas mesas de bares e botecos, bem como, nas casas dos mineiros e brasileiros, está sempre presente, até mesmo em festas sociais, sendo inclusive, imprescindível nas medidas culinárias, com seus exatos 190 ml.
          É o copo Lagoinha, como é chamado em Minas Gerais, principalmente em Belo Horizonte. No Brasil, é conhecido por copo Americano, seu nome original. É um copo genuinamente brasileiro. (fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva em Jaboticatubas MG)
          Copo americano, brasileiro ou mineiro? Se é brasileiro, porque tem o nome de Copo Americano? O que esse copo tem a ver com os Estados Unidos? Se o copo surgiu em São Paulo, o que tem a ver com Minas Gerais?
          Vamos as respostas. Não existe esse tipo de copo na América e com certeza, a maioria dos americanos sequer ouviu falar desse tipo de copo. É criação brasileira, criado pelas mãos de um mineiro, de São João Del Rei MG, cidade histórica nas Vertentes de Minas, distante 190 km de Belo Horizonte, com cerca de 90 mil habitantes.(fotografia de Clésio Moreira do 24º andar do condomínio do Edifício Super Building Valente, na Avenida Afonso Pena, Centro)
Nadir Figueiredo
          Seu criador foi Nadir Dias de Figueiredo, nascido em São João Del Rei, em 1891. Radicou-se em São Paulo, no início do século XX, com seus irmãos, em busca de uma vida melhor, já que veio de uma origem bem modesta. (na foto acima de Deividson Costa, vista parcial de São João Del Rei)
          Na capital paulista, tornou-se um dos maiores empresários do Brasil, se destacando no ramo da vidraçaria. Nadir Figueiredo faleceu em 10 de abril de 1983, em São Paulo.
          O copo Americano, que criou em 1947, foi uma de suas maiores e mais populares criações. Mas antes disso, Nadir Figueiredo já era um próspero e visionário empresário. Fundou uma oficina de conserto em máquinas de escrever em 1912. Alguns anos depois, passou a atuar no setor de eletrificação em sociedade com o irmão, Morvan Dias de Figueiredo.
          Em 1935, os irmãos decidiram investir no segmento de vidraçaria, adquirindo a empresa Cristaleira Americana, transformando-a no que é hoje a Nadir Figueiredo, empresa e marca que leva o nome do empresário, tornando-a uma das maiores e mais importantes empresas do Brasil, destaque inclusive no mundo. Em 2019, a empresa foi adquirida pela gigante americana de private equity HIG Capital.
A origem do copo Americano
          Nadir Figueiredo decidiu criar um copo que ao mesmo tempo fosse atraente e resistente. Ficou sabendo de um copo abaulado (em forma de curva) criado pela artista plástica russa, Vera Mukhina, no início da década de 1940.
          Nessa época, os copos eram muito frágeis, quebravam com facilidade, principalmente quando eram colocados nas rústicas máquinas de lavar louças, que existiam na extinta União Soviética. A artista criou o design de um copo justamente, para ser resistente e não quebrar com facilidade, quando colocadas nessas máquinas. E conseguiu.
          Foi nessa ideia da artista soviética que Nadir Figueiredo se inspirou para desenvolver o design de seu copo. Em viagem aos Estados Unidos, o empresário conheceu as vidraçarias americanas, seus produtos e a tecnologia disponíveis de ponta, da época.
          Voltou ao Brasil com ideia de criar um copo, inspirado no estilo soviético. Além disso, importou o maquinário dos Estados Unidos para São Paulo, dando início assim a concretização de sua ideia.
          Nadir Figueiredo, queria um copo no estilo abaulado, como o criado pela artista soviética, usando o que tinha de mais moderno da indústria americana, na época. Entre o maquinário de ponta que importou dos Estados Unidos, estava uma máquina que abaulava copos.
          Com a inspiração no design soviético, Nadir Figueiredo criou um copo versátil, resistente, confortável e que tivesse inúmeras utilidades, além de ter um custo mais acessível à população em geral. Isso porque, naquela época, copos de vidros eram mais restritos às camadas mais abastadas da sociedade.
          Além disso Nadir Figueiredo procurou adequar sua ideia à característica, cultura e costumes do povo brasileiro, que o empresário conhecia muito bem.
          Com base nesses critérios, criou um design genuinamente nacional, para atender os gostos e necessidades de todos os brasileiros.
          Todos os detalhes do copo foram pensados para dar mais resistência, utilidades diversas e versatilidade ao copo. Boca larga, com borda lisa, uma linha que circula a borda, separando a boca do restante do corpo do copo, que é todo chanfrado. Tudo isso, além de ser mais robusto que os demais copos, foi pensado para que o copo americano fosse resistente e cumprisse seus objetivos.
O motivo do nome copo Americano
 
          E cumpriu. O copo agradou e agrada até os dias de hoje. Por ter sido feito em máquinas que importou dos Estados Unidos, passou a chamar seu copo de copo Americano, mesmo tendo se inspirado no design de um copo soviético. E assim ficou o nome. (foto acima do Clésio Moreira)
O copo do mundo
          Copo Americano, criado por um mineiro, inspirado no design de um copo soviético, fabricado com maquinário Americano, numa fábrica paulista, que acabou se popularizando em Belo Horizonte e Minas Gerais com o nome de copo Lagoinha.
          Com todos esses atributos, não tinha como não ser um copo universal e tão popular assim.
          A produção inicial, em 1947, começou totalmente manual. As máquinas produziam apenas de 2 copos por minuto. Em 2012, a empresa comemorou 6 bilhões de unidades do copo Americano, vendidas em todo o mundo. Esses 6 bilhões de copos em fila, seria o equivalente a 10 voltas em torno do planeta Terra. (na foto acima da Aline Marrques, café da manhã do Chalé Cantinho de Minas, em São João Batista do Glória MG. E está o copo Lagoinha)
Símbolo nacional
          A popularidade desse copo é tanta e seu design, criado por Nadir Figueiredo, se tornou dos símbolos do design do Brasil, reconhecido no mundo todo. Tanto é que em 2009, o modelo tradicional do Copo Americano, foi exposto no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York. Méritos para Nadir Figueiredo, que deu ao Brasil, um produto que reflete a identidade e criatividade do povo brasileiro.
A chegada do Copo Americano em Minas Gerais
          A popularidade do Copo Americano em Minas Gerais, começou a partir do bairro boêmio da Lagoinha, em Belo Horizonte, nos primeiros anos da década de 1950.
          O nome Lagoinha tem origem nas lagoinhas formadas, durante a extração de rochas nesta região. Esta atividade existia antes mesmo da fundação do Curral Del Rei, povoado que deixou de existir para dar lugar à futura capital mineira, fundada em 12 de dezembro de 1897.
          Com a fundação de Belo Horizonte, a Lagoinha começa a ser povoada, se transformando em bairro.
          Até hoje, charmosas e bem trabalhadas, construções em estilo eclético das primeiras décadas do século XX, bem como construções modernistas, harmonizadas pela bela vista da Serra do Curral, que a região proporciona. (na foto acima do Thelmo Lins, Rua Além Paraíba no bairro Lagoinha)
          Estão presentes no tradicional bairro como o Cemitério do Bonfim (na foto acima do Thelmo Lins), a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, o Conjunto IAPI, o Colégio Municipal, a Rádio Itatiaia, o Hospital Odilon Behrens, dentre outros antigos estabelecimentos e construções residenciais.
          Foi na Lagoinha que foi criada a Corporação Musical Nossa Senhora da Conceição, a primeira banda de música da cidade e ainda em atividade, bem como o Leão da Lagoinha, primeiro bloco de carnaval da capital mineira.
          O bairro concentra até os dias de hoje a maior diversidade religiosa de Belo Horizonte, com templos de diversas denominações religiosas convivendo democraticamente na região, bem como seus velhos e charmosos casarões em estilo eclético, mostrando o tempo do romantismo arquitetônico da capital mineira. Mas a região é famosa desde as primeiras décadas do século passado por sua agitada vida boêmia.
           A Lagoinha, juntamente com parte da região Central da Capital, a partir da Rodoviária e os bairros Bonfim, Carlos Prates, Colégio Batista, Pedreira Padro Lopes, São Cristóvão e Senhor dos Passos, formam a Região da Lagoinha.
O primeiro copo
          O primeiro estabelecimento a vender o Copo Americano foi o Armazém dos Irmãos Vaz de Mello, que funcionava na Rua Itapecerica, na esquina com a Avenida do Contorno, na Região da Lagoinha.
           Um dos irmãos, Joaquim Sétimo Vaz de Mello (“Seu” Quimquim), gostava de mostrar os atributos do copo, inclusive, batendo-o na bancada de madeira de seu armazém para mostrar aos fregueses que o copo não quebrava fácil. Com isso, além de versátil e multiuso, ganhou fama de copo inquebrável, tornando-se sucesso geral de vendas.
          Não demorou muito, para o copo cair no gosto dos donos de bares e botecos da região da Lagoinha, principalmente dos comerciantes da Praça Vaz de Melo, que na época, tinha uma vida boêmia muito intensa.
          O copo alegrava os ambientes dos bares e botecos, unindo sambistas, malandros, comerciantes, mulheres e pessoas de outras regiões que frequentavam a boemia belo-horizontina. As rodas de samba e bate papo entre amigos, corria a noite e o copo era o componente principal dessa socialização.
          Por isso, cada vez mais os pedidos de copos chegando ao ponto de ser tão popular, que o copo Americano foi associado e até mesmo, ser um símbolo da boemia belo-horizontina.
Aqui é copo Lagoinha! Aqui é Minas!
          Tanto é que ao invés de chamar copo Americano, era chamado de copo Lagoinha, por sua tamanha aceitação e popularidade nessa região.
          O nome copo Lagoinha passou a ser pedido para compras nos armazéns e no uso de botecos e bares. Não se pronunciava mais copo Americano.
           Com o passar do tempo, o copo Lagoinha começou a se expandir por outras regiões da Capital, passando a ser usado, nos demais bares e botecos da capital mineira, pelos restaurantes, padarias, lanchonetes, mercados e mercearias da cidade, além da população em geral. (fotografia acima de Clésio Moreira)
          A praticidade do Copo Lagoinha saiu das divisas de Belo Horizonte para todo o interior mineiro. Caindo de vez no gosto de todos os mineiros.
          Na década de 1980, foi criado o Complexo Viário da Lagoinha, ligando a Zona Norte-Sul com a Zona da Leste-Oeste de Belo Horizonte. Esse complexo foi construído onde era a efervescência da boêmia da capital. 
          Na medida que a construção foi avançando, os casarões, bares, botecos e comércios que existiam no local, foram dando lugar a um imponente complexo viário, com túneis, viadutos, rotatórias e novas ruas. Com isso, os anos da boêmia da Lagoinha, ficaram no passado, na história e imaginário do povo belo-horizontino.
Melhor copo do mundo para se tomar cerveja
          O Copo Lagoinha é tão popular em Minas Gerais, quanto a cachaça de Minas. Aliás, cachaça e Copo Lagoinha, tudo a ver. Cerveja também, claro. (fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva em Jaboticatubas)
          Numa votação popular na década de 1990, o Copo Lagoinha foi eleito pelos belo-horizontino e mineiros, como o melhor copo para se tomar cerveja no mundo. É também o preferido nas mesas dos bares para se tomar a tradicional cachaça mineira. Cachaça e cerveja em copo que não seja o Lagoinha, perde a graça. Isso é fato!
          É um copo que simboliza e reflete claramente a cultura e os sabores do mineiro, já integrado no dia a dia do nosso povo. Sem nenhum projeto de marketing, tornou-se um dos símbolos da capital dos bares do Brasil, Belo Horizonte. Um símbolo que saiu das camadas populares e da boemia belo-horizontina, naturalmente, incorporando-se aos costumes da cidade e do nosso povo em geral.
          Mesmo com tantas opções de copos hoje disponíveis, nos mais diferentes designs e os preços mais em conta, o copo Lagoinha nunca deixou de estar nas casas brasileiras. E sempre estará. O copo é um símbolo da cultura, festas, tradições, folclore, costumes e alegria do povo brasileiro. Faz parte não só da cultura e costumes do nosso povo, mas de nossas emoções e sentimentos.
Campanha tornou o nome Lagoinha, oficial
          Em nenhum estado ou cidade brasileira, esse copo tem tanta importância como em Belo Horizonte. De tão importante, está enraizado na cultura e costumes da cidade, desde a década de 1950/60. É parte da vida e história do povo belo-horizontino e um ícone dos bares e botecos mineiros e também um ícone do Brasil. (fotografia acima de Alexa Silva/Alexa.r.silva) 
          Em 2019, numa campanha organizada pela Cervejaria Wäls, marca mineira de cervejas artesanais, para que a empresa Nadir Figueiredo, reconhecesse o nome Copo Lagoinha, como oficial, teve adesão do povo mineiro.
Foi feita uma petição que contou com ampla mobilização dos belo-horizontinos com efeito positivo. Isso porque a empresa aceitou a petição dos mineiros, reconhecendo que copo Americano, é também chamado de copo Lagoinha.
Enquanto o restante do Brasil chama o modelo de copo Americano, em Belo Horizonte o copo Lagoinha é unanimidade, o copo e o nome.
          Quando completou 20 anos, a própria cervejaria homenageou o copo Lagoinha, símbolo de Belo Horizonte, criando um rótulo personalizado (na foto acima do Thiago Andrade). Na descrição, a Wäls descreve a cerveja Copo Lagoinha como puro malte, não filtrada, aromática e refrescante, com baixo amargor. Foi feita sob medida para Belo Horizonte, a Capital Mundial dos botecos.
Da alegria à democracia
          Da pinga ao pingado, da água ao café, do suco ao refrigerante, ele está lá, presente. Sem contar nas rodas de amigos, nos bares, botecos e festinhas, tem sempre Copo Lagoinha presente. Se não tiver copo americano, qualquer churrasco ou roda de amigos e principalmente em bares e botecos, não tem graça alguma. (fotografia acima de Arnaldo Silva) 
          É o copo mais democrático e social que existe no Brasil. Na maioria das casas, das mais diferentes camadas sociais, em padarias, lanchonetes, bares, mercados públicos e restaurantes, simples ou sofisticados, tem copo Lagoinha.

sábado, 27 de novembro de 2021

11 tradicionais Mercados Centrais mineiros

(Por Arnaldo Silva) Concentrar lojas e produtores de uma cidade em um único lugar, aberto a todos os públicos, é prática milenar. Era a forma que os governantes encontraram para ter mais controle sobre os produtos que entravam e saiam das cidades, além claro, de aumentar a arrecadação de impostos, evitando comércios irregulares.
          Ao longo dos milênios, as funções dos mercados públicos foram se aprimorando, chegando a ser hoje um espaço democrático, de relacionamentos interpessoais, sociais e coletivos. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, banca de temperos do Mercado de Araçuaí MG)
          São estabelecimentos antigos e tradicionais, que atraem gente de todas as camadas sociais, já que nesses mercados, estão presentes os produtos da terra, o artesanato, a arte, a cultura, a história e a gastronomia das cidades.
          Os Mercados Municipais, popularmente chamados de Mercados Centrais, por sempre se localizarem nas regiões centrais das cidades, são um dos poucos espações públicos, onde diferentes classes sociais e a intelectualidade, convivem harmoniosamente. Por isso que os mercados públicos estão presentes há séculos nas cidades de todo o mundo. (na foto acima de Rogério Salgado de uma banca de queijos no Mercado Central de BH)
          Diferente dos supermercados e grandes redes varejistas, quem vai aos mercados públicos, vai para comprar sim, mas principalmente, interagir com amigos e fazer novas amizades, em rodas das tradicionais bebidas, petiscos e pratos típicos locais. 
          A sociabilidade e a convivência democrática é a diferença de um mercado público, para os mercados particulares existentes atualmente.
            Isso porque são os Mercados Centrais a forma mais democrática e popular de convívio social e de contato direto do produtor, feirante e dono das lojas, com os frequentadores desses espaços. São pessoas de diferentes faixas etárias e com diferentes objetivos e motivos, frequentando um Mercado Público. (na foto acima do Rogério Salgado, banca de flores do Mercado Central de BH)
          Os mercados públicos tem história e presença nas cidades, desde sua origem, passando por suas dependências, várias gerações.
          Os frequentadores com mais de 50 anos, frequentam esses mercados mais por saudosismo, para relembrar os tempos de sua infância e juventude, vividos nesses locais. Os abaixo de 50, até 30 anos, gostam de frequentar os barzinhos e lojas para comprarem produtos para suas famílias, além de encontrar os amigos para bater papos, nos botecos e lojas de comidas dos mercados. Quem tem menos de 30 anos, os mais jovens, buscam mesmo é a alegria e diversão que os mercados oferecem.
          Os Mercados Centrais ou Municipais, são mais que ponto de vendas de mercadorias. São pontos de encontro entre amigos, lazer e diversão, além, de compras, claro. (na foto acima do Ernani Calazans, o Mercado Municipal de Itinga, no Vale do Jequitinhonha)
          Em Minas Gerais, a tradição dos mercados públicos, estão presentes. Listamos 11 mercados públicos tradicionais em Minas Gerais. Uma profusão de cores, saberes e sabores de Minas.
01 – Mercado Central de Belo Horizonte
          É sem dúvida o mais famoso e o mais popular mercado público de Minas Gerais, além de ser um dos mais tradicionais mercados municipais do Brasil.
          Recentemente, o Mercado Central de BH fez parte da lista dos 10 melhores mercados públicos do mundo, eleito pelos usuários em todo o mundo, da companhia aérea, Latam Airlines, com resultado divulgado na Revista Tam Nas Nuvens. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          Entre os 10 primeiros colocados, o Mercado Central de BH, ficou em terceiro lugar, atrás apenas dos mercados públicos Mercat de la Boqueira, de Barcelona e do Boiurough Market, de Londres.
          São 13.442 m2 de área, com mais de 400 lojas, espalhadas por seus corredores temáticos, com produtos variados. 
          São lojas de queijos, doces, cachaças e licores mineiros, pimentas, temperos, compotas, hortifrutis, ervas medicinais, artesanato, arranjos florais, utensílios domésticos, todos os produtos típicos da culinária mineira, lanchonetes, restaurantes e botecos, que estão sempre lotados, principalmente nos finais de semana. (fotografia acima de Alexandre Vidigal)
          O fígado com jiló, tira gostos como a linguiça acebolada e a feijoada, são os pratos mais apreciados pelos frequentadores do Mercado Central de Belo Horizonte.
          Inaugurado em 7 de setembro de 1929, funciona até os dias de hoje à Avenida Augusto de Lima, 744, com entrada também pela Avenida Amazonas.
          O Mercado Central de Belo Horizonte é um dos pontos de maior sociabilidade e parada obrigatória dos belo-horizontinos e de quem vem à Belo Horizonte. Estatísticas apontam uma média diária de 15 mil visitantes.
02 – Mercado Municipal Uberaba
          Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, distante 480 km de Belo Horizonte, está um dos mais antigos mercados públicos de Minas Gerais. Foi fundado em 1882, no século XIX. (fotografia acima de Thamires Manfrim/@gotogetherbr) Seu primeiro endereço foi no bairro Alto do Rosário, mudando a partir de 1914 para a Praça Manoel Terra, no Centro da cidade, até a construção própria da sede definitiva do mercado, nesta mesma praça, no centro da cidade.
          Próximo ao mercado, estão pontos históricos e turísticos de Uberaba como a Igreja de Santa Rita Igreja, datada de 1854 (na foto acima de Thamires Manfrim/@gotogetherbr) e a Igreja de São Domingos, além de casarões coloniais e prédios públicos, como o da antiga cadeia e da faculdade de medicina.
          Construído em estilo octogonal, ocupa uma área de 1400 metros quadrados. Inicialmente, o prédio passou por algumas reformas e ampliações, ao longo de décadas, sendo a última, em 2006, sempre acompanhando o crescimento da cidade. (fotografia acima de Thamires Manfrim/@gotogetherbr)
          Por sua história, arquitetura e importância turística, social e cultural para Uberaba, o Mercado Municipal foi tombado pelo Município em agosto de 1999.
          No Mercado Municipal de Uberaba encontra-se de tudo como queijos, doces, ovos, produtos da agricultura familiar, carnes, frutas, peixes, artesanatos e artigos religiosos, além claro, nostalgia, alegria, diversão e amigos que se encontram nos bares e botecos do Mercado, com seus deliciosos pratos típicos da nossa culinária.
03 - Mercado Municipal de Salinas 
          A Capital Mundial da Cachaça, conta também com um dos mais atraentes e ativos mercados municipais do Norte de Minas. (na fotografia acima e abaixo de Gil Santos)
          Além da produção variada da agricultura familiar local, do artesanato do norte mineiro e claro, da famosa cachaça produzida na cidade, no Mercado de Salinas são encontradas as iguarias típicas da culinária do Norte de Minas como os pratos a carne de sol, doces tradicionais como tijolo, pratos feitos à base de carne de sol e pequi, dentre outros, servidos no restaurante do Mercado. (fotografia acima e abaixo de Gil Santos)
          Inaugurado em 1972, O Mercado Municipal de Salinas, instalado no Centro da cidade, é um ponto de encontro entre amigos e fomentação cultural. Fica aberto de segunda à sábado de 6h às18hs, não abrindo aos domingos e feriados.
04 – Mercado Municipal de Diamantina
          Na cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, Diamantina, o Mercado Velho ou Mercado dos Tropeiros, foi no século XIX um dos mais importantes pontos de parada de tropeiros de Minas Gerais. Jequitinhonha, cidade mineira, Patrimônio Mundial da Humanidade. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          O Mercado Velho foi construído em 1835 para ser um ponto parada dos tropeiros que cortavam o sertão de Minas Gerais, trazendo e levando mercadorias. No século XX, com a chegada dos carros e caminhões no Brasil e abertura de estradas, o transporte de cargas feito por tropas, foi deixando de existir aos poucos.
          Hoje é um dos mais importantes pontos culturais e tradicionais de Diamantina. Um dos mais belos cartões postais de Diamantina e de Minas. Nas manhãs de sábados, os diamantinenses e turistas, podem adquirir no Mercado Velho, as tradicionais comidas típicas de Minas Gerais, doces, queijos, etc., além do artesanato local, como a arte feita em flores de sempre vidas, tapetes arraiolos e peças diversas do riquíssimo artesanato da cidade da região. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          À noite o Mercado Velho é um espaço cultural e gastronômico. O turista encontra no Mercado, os pratos típicos dos sabores de Diamantina e de Minas Gerais, além das cachaças, licores e vinhos finos, feitos pelas vinícolas da cidade. Diamantina produz vinhos finos há mais de 200 anos. Além disso, seus queijos são maravilhosos, sem contar as variadas criações dos chef´s de cozinha local, que aguça os mais finos e exigentes paladares.
04 – O Mercado Municipal de Teófilo Otoni
          Em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, está um dos mais populares mercados públicos de Minas Gerais. Localizado bem no Centro da cidade, ocupa um quarteirão inteiro, com acesso pela principal avenida central da cidade, a Avenida Getúlio Vargas. (na foto acima do Sérgio Mourão/@sergio.mourao, bancas do Mercado de Teófilo Otoni)
          Funciona de segunda à sexta-feira de 8h às 18h e aos sábados, das 8 da manhã, até o meio dia. São lojas diversas, com produtos da agricultura familiar, queijos, doces, requeijão, cachaças, licores, artesanato, pedras preciosas, hortifrutis, dentre outras variedades de produtos.
          No Mercado Municipal de Teófilo Otoni, o visitante encontra os sabores, saberes, cultura, artesanato e a culinária típica da região, bem como amigos, para bater um bom papo.
05 – O Mercado Municipal de Uberlândia
          Instalado à Rua Olegário Maciel, 255, Centro, num prédio histórico, construído em 1944, o Mercado Municipal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é um dos mais atraentes pontos turísticos da maior cidade do interior de Minas Gerais. (fotografia de Álvaro Luiz Medeiros)
          O espaço foi todo revitalizado em 2009 e conta com ótima estrutura, para atender os feirantes, comerciantes e frequentadores em geral.
          Oferece uma enorme variedade de produtos oferecidos como biscoitos, doces, queijos típicos da região, peixes, hortifrutis da agricultura familiar, frutos do mar, carnes variadas, enfim, uma infinidade de produtos para todos os gostos.
          O espaço oferece o que existe de melhor na culinária mineira, bebidas e artesanato da cidade e ainda, abriga no local, o Espaço Cultural Mercado (na foto acima de Álvaro Luiz Medeiros), que oferece aos frequentadores do Mercado, shows musicais, apresentações teatrais, exibição de filmes, exposições de artes visuais e outras atividades culturais.
06 - O Mercado Municipal de Poços de Caldas
          Mercado público é tradição na famosa Estância Hidromineral de Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, desde 1890, quando funcionou na Av. Francisco Salles com Assis Figueiredo. Neste local funcionou até 1969, quando foi transferido para a Rua Pernambuco, estando hoje localizado no Centro da cidade, numa construção maior, com melhores condições para os produtores comercializarem seus produtos, além de oferecer mais conforto e acesso mais fácil a população. (na foto acima enviada pelo Sebastião Tranalli, uma das bancas do Mercado)
          São 194 boxes internos, 54 boxes externos, com os comerciantes instalados em local arejado e bem organizado. Com isso, os moradores da cidade e turistas, tem um ótimo espaço para compras dos diversos produtos da cidade, como queijos diversos, requeijão moreno, doces, frutas, verduras, bebidas, temperos, artesanato local e claro, encontrar amigos e até fazer novas amizades, já que o ambiente é muito agradável.
07 - O Mercado Municipal de Montes Claros
          Um lugar onde encontra-se os principais sabores e saberes do Norte de Minas: queijos, requeijão moreno, cachaça, licores, farinha de mandioca, carne de sol, compotas de pequi, doces diversos, polvilho, temperos, rapadura, doce tijolo, hortifrutis, artesanato e também amigos. Este é o Mercado Christo Raeff, o Mercado Municipal de Montes Claros. (na foto acima do Gilberto Coimbra, banca de temperos do Mercado)
          É um dos mais completos e antigos mercados centrais de Minas Gerais. Datado de 1899, funcionou inicialmente na Praça Dr. Carlos, posteriormente na Rua Joaquim Costa e por fim, desde 1992, na Avenida Deputado Esteves Rodrigues, 1460. (na foto acima do Márcio Pereira/@dronemoc, vista parcial de Montes Claros, com destaque para o Mercado e Av. Dep. Esteves Rodrigues) 
          Nas dependências do mercado, o visitante encontra farmácia popular, mercearias, açougue, lojas de artesanato, bares, restaurantes, que servem pratos típicos como o arroz com pequi, pratos feitos com peixes, carne de sol e mandioca, feijão tropeiro, feijoada e outros pratos.
          Conta ainda com uma variedade de bancas, com diversos produtos da agricultura familiar, divididos em 289 boxes, com mais de 600 comerciantes.
          É um dos maiores e mais populares mercados de Minas Gerais, além de ser um importante ponto turístico da cidade, referência em gastronomia, cultura e arte do Norte de Minas Gerais.
08 – Mercado Municipal de Araçuaí
          Inaugurado em 1961, instalado numa charmosa construção histórica da cidade, o Mercado Municipal de Araçuaí, na região do Vale do Jequitinhonha, é um dos mais populares da região. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, o interior do mercado)
          Conhecido como Mercadão o espaço oferece uma diversidade de produtos como frutas, verduras, cerais, carnes, temperos a granel, queijos, doces, dentre outros produtos, além da culinária e do artesanato da cidade e de todo o Vale do Jequitinhonha. Essa diversidade, além de sua história, faz do Mercadão um ponto de lazer, cultura e turismo do Vale do Jequitinhonha.
          Na parte externa do Mercadão, acontece uma feira popular, com os produtos da agricultura familiar de Araçuaí e de cidades vizinhas como Berilo e Francisco Badaró. A feira é bastante concorrida, com maior concentração de público, aos sábados. (na fotografia acima de Ernani Calazans)
09 - O Mercado Municipal de Conceição do Mato Dentro
          Fundado em 1931, é um dos mais tradicionais da região da Cordilheira do Espinhaço, a Nordeste de Minas, na cidade histórica de Conceição do Mato Dentro, distante 170 km de Belo Horizonte. (fotografia acima e abaixo de Nacip Gômez do Mercado durante Festa do Rosário)
          Localizado no Largo do Rosário, numa atraente construção em estilo eclético, do início do século XX, os produtos oferecidos no mercado, saem direto do produtor conceicionense, para o consumidor, além de ser uma referência gastronômica, cultural, artística e turística da cidade.
          Por sua importância histórica, cultural e social para a cidade, foi declarado Patrimônio Cultural Municipal, tendo sido tombado pelo município em 2004.
10 – O Mercado Municipal de Pouso Alegre
          Fundado 1893 e instalado hoje ao lado da Catedral Metropolitana, O Mercado Central de Pouso Alegre, conhecido por Mercadão, é um dos mais populares mercados centrais de Minas Gerais. (foto acima e abaixo de Fernando Campanella)
          Tem de tudo um pouco, desde os produtos da agricultura familiar, queijos, doces diversos, carnes, hortifrutis, empórios a artesanato, roupas, souvenires, restaurante com a nossa culinária típica.
          Além disso, é um espaço social, de encontro e confraternização de amigos que se reúnem no Mercadão para um bom bate papo e saborearem os doces sabores da culinária local, em especial, o pastel de milho recheado com carne ou queijo e outros petiscos, acompanhados por refrigerantes, cachaça ou mesmo, cerveja gelada.
          O local é agradável, tranquilo e muito bem organizado em diversas bancas.
11 – O Mercado Municipal de Juiz de Fora
          O Mercado Público de Juiz de fora, na Zona da Mata Mineira, foi inaugurado em 31 de dezembro em 1904. Funcionou por décadas numa construção em estilo eclético, formando um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, tendo sido por isso, tombado desde 1983. (fotografia acima e abaixo de Joseane Astério)
          Desde 1987 passou a funcionar na Avenida Getúlio Vargas, 188, no Complexo Mascarenhas, totalmente restaurado em 2000, após um incêndio, em 1991. Trata-se de uma área de mais de 8.500 metros quadrados, formado pelo Mercado Público, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Biblioteca Municipal, Secretaria de Educação, Restaurante, bar, salão de beleza, etc.
          Aberto de segunda a sexta, das 8h às 19h30, sábado das 8h às 18h, e aos domingos de 8h às 12h, é um dos mais tradicionais pontos turísticos da cidade, referência na gastronomia, cultura, história, artesanato, tradição, além de oferecer, produtos diversos e de qualidade à disposição das inúmeras bancas no Mercado, além de ser ponto de encontro de amigos.

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