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quinta-feira, 29 de abril de 2021

Conheça os 12 distritos de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Ouro Preto, distante 100 km de Belo Horizonte, cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, desde 1980, é uma das cidades brasileiras mais conhecidas no mundo, por sua história, arquitetura preservadíssima. É uma das cidades mais visitadas do Brasil, por turistas vindos de todo o mundo. Mas, além do Centro Histórico de Ouro Preto, a cidade conta com 12 distritos, de igual valor histórico, cultural e arquitetônico. Alguns até mais antigos que a própria cidade, como São Bartolomeu, fundada antes mesmo, de Ouro Preto, no final de século XVII. Ouro Preto foi fundada em 1711, no século XVIII.
          São ao todo, 12 distritos, subdistritos e vários povoados, de grande valor arquitetônico e histórico para Minas Gerais. (na foto acima de Peterson Bruschi/@guiapeterson, a Vila Colonial de São Bartolomeu)
          Os distritos ouro-pretanos são verdadeiras joias do Barroco Mineiro e da história de Minas Gerais. São vilas coloniais charmosas e bem preservadas, sendo que algumas delas, mais parecem presépios, de tão mimosas, pitorescas e tradicionais que são. Em ordem alfabética, vamos conhecer as riquezas arquitetônicas dos arredores de Ouro Preto, conhecendo um a um seus 12 distritos:
- Amarantina
 
          É um dos mais tradicionais distritos de Ouro Preto, tanto por sua história e sua origem, no início do século XVIII, quanto por sua arquitetura. (fotografia acima de Vinícius Barnabé/@vinicusbarnabe) São construções coloniais que nos levam há séculos anteriores, bem como construções do século XX e atuais, evidenciando a preservação de sua história e arquitetura, ao mesmo tempo que convive com a modernidade.
          Amarantina está a 23 km de Ouro Preto e por sua altitude, 950 metros acima do nível do mar, clima ameno e belíssimas paisagens, sempre despertou interesse de bandeirantes e tropeiros e hoje, ainda desperta, pela qualidade de vida que a charmosa estância oferece.
          Entre suas construções e atrações, bem no topo de uma colina, está a Matriz de São Gonçalo do Amarante, iniciada em 1752 e concluída em 1759, no século no século XVIII. Em seu interior, entalhes em dourado e pinturas em estilo barroco e rococó, concluídas em 1768, impressionam bela beleza e riqueza.
          Outra construção colonial é a Casa Bandeirista, também chamada de Casa de Pedra. Em estilo Setecentista, foi construída por bandeirantes, no final do século XVII, concluída no início do século XVIII, antes mesmo da fundação de Ouro Preto. Por sua importância histórica, é um bem tombado nacional desde 1963, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM)
          Em Amarantina, além de sua preservação arquitetônica, são preservadas as tradições folclóricas e religiosas. As cavalhadas são de grande importância e uma das mais tradicionais de Minas Gerais. Tanto é que a cavalhada de Amarantina é Patrimônio Imaterial de Ouro Preto. (fotografia acima de Ane Souz)
          As cavalhadas relembram as batalhas travadas entre cristãos e mouros na Idade Média. Hoje, as batalhas são verdadeiras exibições artísticas, que mostra o talento e destreza dos cavaleiros no domínio dos cavalos, além da beleza na ornamentação dos animais, bem como dos cavaleiros. É um espetáculo de agilidade, cores, fé e alegria, que acontece em setembro, junto com a festa de São Gonçalo.
- Antônio Pereira
          Surgiu no início do século XVIII, com o nome de Bonfim do Mato Dentro, fundado pelo bandeirante Antônio Pereira Machado, que chegou à região com o objetivo e explorar minas de ouro. Tempos após a morte de seu fundador, o distrito adotou o nome de Antônio Pereira, em homenagem ao bandeirante. Conta hoje com cerca de 3.500 habitantes, isso graças a criação de um distrito industrial para pequenas e médias empresas, além de Antônio Pereira, continuar sendo destaque na mineração, mas não mais de ouro e sim, de minério de ferro. Desde 1984, descobriram imensas jazidas de minério no distrito, descoberta que atraiu grandes mineradoras para o distrito. 
          Antônio Pereira guarda relíquias do século XVIII, como as ruinas da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição (na foto acima de Ane Souz). Erguida em 1716, infelizmente, foi destruída por um incêndio em 1800. Os moradores decidiram não reconstruir a Matriz e sim, devotar Nossa Senhora da Conceição numa gruta próximo, devido a imagem da Santa ter aparecido no lugar e mesmo sendo retirada, voltava para a gruta, misteriosamente. 
          A gruta da Lapa é hoje um dos mais importantes pontos de peregrinação de fiéis na região de Ouro Preto. Acreditam os fiéis que, na gruta, milagres acontecem por intercessão de Nossa Senhora da Lapa, como passou a ser chamada, Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Na gruta rezam, acendem velas (na foto acima de Ane Souz), para agradecer ou obter graças. Além da devoção à Nossa Senhora da Conceição, em Antônio Pereira, Nossa Senhora do Rosário, São Sebastião e Nossa Senhora das Mercês são devotados por seus moradores.
- Cachoeira do Campo
          Se destaca em Minas pelo seu clima, considerado um dos melhores do Brasil, além de sua história, charme e tranquilidade e excelente estrutura urbana. Seu nome tem como origem uma cachoeira que nasce na parte altas de seus campos, na Serra do Trino, na área onde está o Colégio Dom Bosco.
          Sua origem é do século XVIII, tendo como destaque, além de seu clima ameno e saudável, o artesanato variado, em especial o feito em pedra sabão. Outro atrativo é o antigo quartel, transformado em Colégio Dom Bosco. Nesse colégio, funcionou, por muitas décadas um dos mais tradicionais internatos para meninos, do Brasil. Hoje o colégio é um espaço usado para congressos, encontros, simpósios e reuniões. 
          Seu comércio rico e variado, além do distrito contar com indústrias diversas, principalmente, mineradoras. Suas construções coloniais históricas, com boa parte, concentradas em torno da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, datada de 1726, são muito bem preservados. (na foto acima de Arnaldo Silva) A matriz tem 5 altares e finíssimas talhas muito bem trabalhadas, em ouro puro e é de grande valor histórico para Minas Gerais.
 
          Foi em seu interior, ainda antes da conclusão das obras, em 1708, que o português Manuel Nunes Viana, foi aclamado como o primeiro Governador de Minas Gerais. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          Nessa época a Matriz de Nazaré era o centro do povoado e foi justamente em Cachoeira do Campo, que foi desencadeado um dos mais violentos confrontos da Guerra dos Emboabas, conflito entre portugueses e paulistas, entre 1708 e 1709, pela disputa dos direitos de exploração das minas ouro em nosso território.
          Outro fato histórico marcante em Cachoeira do Campo aconteceu diante da Igreja de Nazaré, em 1720, quando ocorreu a Sedição de Vila Rica ou Revolta de Felipe dos Santos, um movimento que ocorreu entre 29 de junho a 19 de julho de 1720, devido a insatisfação do povo de Vila Rica e de Minas Gerais, dentre outras coisas, com o aumento e o rigor das cobranças dos impostos pela Coroa Portuguesa.
          Outro destaque histórico em Cachoeira do Campo é o antigo Palácio dos Governadores, que a partir de 1811, passou a ser um internato para meninas, sobre a direção das Irmãs Salesianas. Hoje, funciona no local o colégio Nossa Senhora Auxiliadora e o Retiro das Rosas, usado como um pequeno centro de convenções, muito procurados para retiros espirituais e congressos.
          Cachoeira do Campo se destaca em Minas por realizar um dos mais importantes festivais gastronômicos da Região, a Festa da Jabuticaba A festa acontece na época da temporada da fruta, entre novembro e dezembro. Destaque ainda para as festas de Nossa Senhora de Nazaré e a Festa do Cavalo, em julho. O distrito está apenas 21 km de Ouro Preto, na Rodovia dos Inconfidentes.
- Engenheiro Corrêa 
          Distante 35 km de Ouro Preto, e banhado pelo Ribeirão Sardinha, tem sua origem no século XVIII. Lugar de belas paisagens e terras férteis, que serviram para plantio de lavouras nas fazendas formadas na região, no auge da exploração mineral, no século XVIII. (fotografia acima de Ane Souz, da capela ao lado do cemitério do distrito) 
          O povoado cresceu devagar, até 1890, com a chegada da linha férrea na região e construção de uma estação de trem, chamada de Estação Sardinha, em alusão ao ribeirão de mesmo nome. Foi inaugurada em 1896 e a linha fazia transporte de cargas e passageiros.
          As obras da Estação, tinha como supervisor, o engenheiro Manuel Francisco Corrêa Júnior, que morreu vítima de um acidente fatal na região. Após sua morte, em sua homenagem, a Estação Sardinha, mudou o nome para Estação Engenheiro Corrêa. Com a chegada da linha férrea, chegaram também operários e pessoas de outras localidades, fazendo com que o pequeno arraial crescesse em torno da Estação, hoje um dos grandes atrativos de Engenheiro Corrêa. A vila foi elevada a distrito em 12 de dezembro de 1953.
          O distrito guarda até os dias de hoje, um tesouro de nossa história. É a Capela de Santo Antônio do Monte. Uma singela capela, tendo ao lado um cemitério e cercada por uma murada de pedras. Foi erguida, isolada do povoado, no século XVIII, reformada no século XIX e século XX.
          Outra relíquia de Engenheiro Corrêa é a Capela de São José, erguida no final do século XIX, em estilo neoclássico, predominante nessa época, o Cartório, de 1930 e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1940, que substituiu a anterior, que já não comportava mais os fiéis.
          Hoje o distrito conta com um pouco mais de 400 moradores, é bem pacato, sossegado, com seu casario colonial simples, com seu povo acolhedor, que valoriza muito suas tradições religiosas, em destaque para as festividades em louvor a Nossa Senhora e Sagrado Coração de Jesus, com festa em agosto, além das festas de São José e São Sebastião, com novenas, missas, rezas, contando ainda com barraquinhas com comidas típicas e muita animação.
- Glaura – Antiga Casa Branca
          Uma charmosa e pitoresca Vila Colonial, distante apenas 25 km de Ouro Preto. Glaura conta ainda com os subdistritos de Soares (5 km), Rio das Velhas (4 km), Engenho D'água (7 km), Vale do Tropeiro (7 km), Ana de Sá (8 km) e Bandeirinha (3 km).
          É um lugar de clima ameno, a 1038 metros de altitude, acima do nível do mar. Com belíssimas paisagens, é um lugar ideal para quem busca sossego, tranquilidade e descanso, além de viver e vivenciar uma parte da história Colonial em Minas Gerais, presente em sua arquitetura, ruas e becos. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          O distrito tem suas origens entre os anos de 1700 e 1701. Quando da criação do arraial, se chamava Santo Antônio do Campo de Casa Branca ou simplesmente, Casa Branca. Passou chamar-se Glaura, a partir de 1943. O nome foi em homenagem a um dos notáveis poetas brasileiros, Manoel Inácio da Silva Alvarenga, natural de Ouro Preto, autor de um dos mais belos poemas da literatura brasileira, Glaura. Mesmo com o novo nome, Glaura é popularmente chamada de Casa Branca por seus moradores.
          O distrito já recebeu visitas de personagens ilustres de nossa história, como os Imperadores, Dom Pedro I, em 1830 e Dom Pedro II, em 1881, do naturalista francês, Auguste de Sant-Hilaire em 1817, do naturalista inglês, Richard Burton, em 1868, dentre outros. A Vila Colonial de Glaura é um dos tesouros arquitetônicos de Ouro Preto e uma das mais belas relíquias coloniais de Minas Gerais.
          As ruas de Casa Branca são charmosas, com um casario colonial conservado e bem cuidado. Destaque para a Matriz de Santo Antônio, construída entre os anos de 1758 a 1764, uma obra prima do Barroco Mineiro, tombada pelo IPHAN desde 1962. Além da Matriz, tem as Capelas de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
          A gastronomia é rica em Glaura, em especial, doces e geleias, além do vinho de jabuticaba, fruta abundante na região.
          Por essas características, Glaura está sendo “descoberta” cada vez mais por turistas que vem à Ouro Preto. Os visitantes são muito bem acolhidos por seus moradores. São receptivos, hospitaleiros, acolhedores e tem o maior orgulho de viverem na vila e de vivenciar suas tradições religiosas. 
          Uma dessas tradições são as centenárias festas de Santo Antônio e do Rosário. Nos dias da festa de Nossa Senhora do Rosário, grupos folclóricos se apresentam em frente a Matriz de Santo Antônio (na foto acima de Ane Souz), fazendo a Dança das Fitas.  
          A Festa de Santo Antônio acontece no mês de julho. Já a Festa de Nossa Senhora do Rosário, acontece na segunda semana do mês de outubro. Os grupos saem pelas ruas do distrito, com seus cantos e danças, preservando uma das mais belezas tradições folclóricas mineiras. Durante os dias das festas, bandas de músicas da região se apresentam, além da vila ser toda decorada para a ocasião, com barracas com comidas típicas, com as principais delícias da culinária mineira e local.
- Lavras Novas
          É hoje um dos mais badalados e procurados pontos turísticos de Minas Gerais. Fica apenas 13 km de Ouro Preto, num percurso por serras e montanhas formadas por quartzito, com paisagens de tirar o fôlego. Em Lavras Novas tem ainda trilhas, a Bacia Custódio, que é um belo lago e cachoeiras, como a Cachoeira dos Três Pingos e a dos Namorados. 
          O clima na Vila é ameno, mas bastante variável. Os moradores já estão acostumados com as mudanças no tempo, mas o turista, pode estranhar um pouco. Pela manhã, pode acordar com um frio gostoso e brumas cobrindo a vila. Na hora do almoço pedir uma comida bem quente, tipo um caldo, mas também pode, no mesmo dia, querer procurar uma gelada cachoeira, para refrescar-se e fugir do calor. A noite pode ser quente, ou bem fria, ao ponto de precisar se aquecer nas lareiras das pousadas. (foto acima de Arnaldo Silva)
          Sua altitude possibilita essas variações de temperaturas, durante o dia. Em média, são 1300 metros de altitude e em seu topo mais alto, a Serrinha, a altitude chega a 1510 metros. É na Serrinha que está a maior tirolesa do Brasil. A decida é tão forte que, além dos equipamentos de segurança obrigatórios, um paraquedas faz parte da segurança, usado como redutor da velocidade.
          A história de Lavras Novas começa a partir de 1716, com forte influência da cultura negra presente em sua história, folclore e tradições. A vila se destaca ainda pela riqueza de seu artesanato. Seu casario é charmoso, bem cuidado, seu povo acolhedor. Na Vila, várias pousadas, das mais simples às mais requintadas e na vila, existem várias povoados e restaurantes para todos os gostos. A rede hoteleira e gastronômica é ótima em Lavras Novas.
          A criatividade de seu povo, e seu reconhecido talento no artesanato, está presente nas ruas e lojas com peças artesanais belíssimas.
          Lugar simples, casario simples e de uma beleza que emociona. As calçadas são largas e gramadas, onde seus moradores, dividem o cotidiano nas ruas com bois, vacas, cavalos e cães. Animais soltos pelas ruas de Lavras Novas, não é nenhum problema e sim, um dos atrativos do lugar. Uma harmonia perfeita entre o homem, a natureza e os animais.
- Miguel Burnier 
          Miguel Burnier, distante 40 km de Ouro Preto, é um dos mais tradicionais distritos ouro-pretanos e o maior em extensão territorial. Por sua localização estratégica, foi de grande importância durante a Inconfidência Mineira e também para a instalação da ferrovia na região, a partir de 1880. (fotografia acima de Ane Souz)
          Isso porque, Miguel Burnier, faz divisa com os distritos de Engenheiro Corrêa, Santo Antônio do Leite, Cachoeira do Campo e Rodrigo Silva e ainda com as cidades de Congonhas, Ouro Branco e Itabirito. Estando então, em uma grande área mineradora, tendo no próprio distrito, atuação de grandes mineradoras, explorando suas jazidas de minério de ferro, além da indústria metalúrgica.
          Com origens no século XVIII, formado por fazendas mineradoras de ouro e produção de alimentos. Nessas fazendas, existiam pequenos povoados. No final do século XIX, boa parte das terras do distrito foram adquiridas pelo Comendador Carlo Wigg, construindo no local uma usina de produção de ferro. Próximo a usina, existia um pequeno povoado, com uma capela dedicada a São Julião. Com a instalação da usina, o pequeno povoado começou a crescer, se tornando o maior dos povoados, na área do distrito, por isso, São Julião tornou a sede do distrito, a partir de 1929.
          Com a implantação da ferrovia, foi construída uma estação ferroviária, chamada de Miguel Burnier, em homenagem ao diretor da Rede Ferroviária na época, engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier. Em torno da Estação Miguel Burnier, foram construídas casas para os operários, dando origem a um pequeno povoado, popularmente chamado de Miguel Burnier, com o maior povoado, sendo o de São Julião.
          Em 17 de dezembro de 1948, por força de Lei, o nome do distrito passou a ser Miguel Burnier e não mais São Julião, embora, o distrito de Miguel Burnier, ainda seja chamado por boa parte de seus moradores por, São Julião.
          Até os dias de hoje, a exploração mineral é a base da economia do distrito, além da agricultura e pequenos comércios, conta com uma excelente estrutura urbana, existindo ainda em Miguel Burnier, uma pequena pista de pouso e decolagem para aviões de pequeno porte. 
         A Matriz do Sagrado Coração de Jesus é o maior atrativo arquitetônico de Miguel Burnier. Construída em estilo neorromântico, foi inaugurada em 1934 pelas Irmãs da Beneficência Popular do Coração de Jesus, que se instalaram na região no início do século XX. Nesse mesmo ano, a pequena Capela de São Julião é demolida, preservando a imagem do santo, transferida para a atual igreja. As mesmas freiras, construíram em 1946, o Orfanato Monsenhor Horta. (foto acima de Ane Souz)
          Os festejos religiosos são outros atrativos do distrito, em destaque para a Festa dos Mineiros, em louvor a São Julião, que acontece em 9 de janeiro, a Semana Santa e as encenações da Paixão de Cristo, as festividades marianas em maio, as festas juninas, as festas de Nossa Senhora do Rosário em outubro e as Folias de Reis, entre o Natal e o Ano Novo.
- Rodrigo Silva
          Rodrigo Silva conta com pouco mais de 1.000 moradores e o distrito é um dos mais desenvolvidos de Ouro Preto, com ótima estrutura urbana e qualidade de vida, bem como, boa estrutura para receber os visitantes. 
          Está num lugar de rara beleza, com vários riachos que formam cachoeiras e poços, ao longo de seu percurso. Nos seus 1.278 metros de altitude, permite uma linda vista da região, podendo avistar ainda o Pico do Itacolomi e o Pico do Itabirito, no alto de Santa Quitéria. Está a 18 km da sede, as margens da Rodovia dos Inconfidentes. (fotografia acima de Ane Souz)
          O povoamento na região onde está hoje o distrito de Rodrigo Silva, tem suas origens no século XVIII. Surgiu a partir da Fazenda Boa Vista mineradora, do século XVIII, cujo proprietário era José Correia. A localidade se desenvolveu em torno das terras do dono da propriedade, por isso, José Correia, foi seu primeiro nome. No século XIX, a comunidade erguia a Igreja de Santo Antônio, em substituição a um pequeno templo, consumido por um incêndio. Um novo templo foi erguido dedicado a Santo Antônio. Maior, mais espaçoso e em outro local, hoje situado na praça central do distrito. No decorrer do século XX, a igreja passou por reformas, que mudaram suas características originais.
          Um dos grandes saltos na economia e desenvolvimento do distrito de Rodrigo Silva se deu com a implantação na região de ramais da Ferrovia Central do Brasil. A ferrovia ligava o Rio de Janeiro, a Ouro Preto, e chegou a Minas por volta de1880. Em Rodrigo Silva, o ramal e estação foram concluídos em 1888 e transportava cargas e passageiros. Em torno da estação, foram construídas casas, para abrigar os funcionários da rede ferroviária. Em homenagem ao ministro do Império, Rodrigo Augusto Silva, a estação passou a ter seu nome, passando o distrito também a se chamar, Rodrigo Silva, a partir de 1888.
          Não foi apenas a ferrovia que impulsionou a economia de Rodrigo Silva, mas também a mineração, presente desde o século XVIII, na exploração do ouro e também do Topázio Imperial, por viajantes estrangeiros que exploravam gigantescas lavras, usando mão de obra de centenas de escravos. 
          O Topázio Imperial é uma valiosíssima pedra preciosa, encontrada somente em Rodrigo Silva e nenhum outro lugar no mundo. Com o Topázio Imperial, são feitas joias de alto valor comercial (na foto acima de Arnaldo Silva). Além da extração do Topázio, seus moradores vivem da agricultura e pecuária leiteira e também do turismo, já que a antiga Estação Ferroviária, é um dos belos exemplares arquitetônicos do século XIX.
          Atualmente a Estação está desativada e um dos pontos mais atrativos do distrito, por sua beleza e importância histórica para região. Outro atrativo de Rodrigo Silva é a Sociedade Musical Santa Cecília, fundada por trabalhadores da ferrovia, em 22 de novembro de 1901. É uma das mais antigas de Minas em atividade, fazendo apresentações nos principais eventos do distrito e nos distritos e cidades vizinhas.
          Uma ótima época para visitar Rodrigo Silva são nos dias de festejos religiosos, como na Festa de Santo Antônio, em junho, os festejos dedicados em louvor à Nossa Senhora, em maio, na Semana Santa e durante os torneios de futebol masculino e feminino, esporte muito popular no distrito.
- Santa Rita de Ouro Preto
          A 40 km de Ouro Preto e a 23 km de Ouro Branco, pela MG-129 e a 1030 metros de altitude, está Santa Rita de Ouro Preto, distrito ouro-pretano famoso no Brasil inteiro por ser a Capital da Pedra-Sabão e do artesanato feito com essa valiosa pedra. 
          Além do artesanato, a pedra-sabão é usada na fabricação de utensílios domésticos, como pratos, panelas, fôrmas para pizzas, copos, etc. Além disso, pode passar por transformações industriais, gerando insumos para a produção de massa plástica, azulejos, pisos, tintas, pneus e até na perfumaria, como o talco., por exemplo.
          Santa Rita de Ouro Preto é um paraíso achado. A vila conta com uma ótima estrutura urbana, um casario simples e um povo acolhedor, além de estar entre montanhas com matas nativas, ser banhado por riachos e rio, formando belas cachoeiras e lagoas, que proporcionam imagens paradisíacas.
          Sua origem é do século XVIII com a chegada da bandeira de Martinho de Vasconcelos. O bandeirante trouxe consigo uma imagem de Santa Rita de Cássia, e. A imagem foi esculpida em madeira, na Itália, país de origem da freira agostiniana Margherita Lotti, que adotou o nome religioso de Rita.
          A religiosa italiana nasceu em Roccaporena, em 1381, falecendo em Cássia, em 22 de maio de 1457. Foi beatificada em 1627 e canonizada em 1900, pela Igreja Católica, com o nome de Santa Rita de Cássia, em alusão à cidade italiana de Cássia.
          Com a imagem de Santa Rita, Martinho de Vasconcelos determinou a construção de uma capela, dedicada à santa, construída entre 1719 e 1734. A pequena ermida, não existe mais. Com o crescimento do distrito, a capela se tornava pequena e sem espaço para receber os fiéis. Em 1964, a pequena capela deu lugar a um templo maior, mais confortável e mais espaçoso.
          Pela fé e devoção à santa, o nome da vila era Santa Rita de Cássia. Quando da elevação da Vila à distrito, decidiram manter o nome, Santa Rita, mas sem o nome alusivo à cidade italiana de Cássia, e sim, da Ouro Preto. Isso porque a comunidade abraçou a história de vida de Santa Rita, com muita devoção e veneração, tornando-a parte de seu povo e parte da vida e história da comunidade, ficando então, Santa Rita de Ouro Preto, o nome do distrito, desde 1938. 
          Uma boa época para visitar Santa Rita de Ouro Preto é em 22 de maio, quando acontece a Festa da Padroeira Santa Rita de Ouro Preto, com missas, novenas, reza do terço, toque da alvorada, levantamento de mastro, procissão e muita diversão com shows com bandas locais, desfile de carros alegóricos que encenam fatos da vida da santa, além de barracas com comidas e bebidas típicas.
- Santo Antônio do Leite
          A 1092 metros de altitude, uma estância com clima ameno e muito saudável, distante 25 km de Ouro Preto, está Santo Antônio do Leite. É um dos mais pitorescos e charmosos distritos ouro-pretanos.
          Por suas belezas naturais, clima saudável e água de qualidade, Santo Antônio do Leite oferece uma ótima qualidade de vida a seus moradores e visitantes. O distrito vem sendo descoberto como uma charmosa e atraente estância climática. Um grande número de turistas, visitam constantemente, Santo Antônio do Leite. Na Vila, várias pousadas e hotéis fazendas, garantem conforto, sossego, descanso e tranquilidade aos visitantes. (fotografia abaixo de Ane Souz)
          Chamado primeiramente de Arraial do Leite, tem origens no início do século XVIII, surgiu com o início da exploração mineral e formação de fazendas de produção de alimentos e pecuária leiteira. A produção de leite na vila era considerada de alta qualidade e várias pessoas das redondezas iam às fazendas para buscar leite, podendo ser esse o motivo do nome do arraial, embora não se saiba exatamente a origem do nome primitivo do distrito.
          Em 1858, no Arraial do Leite, foi inaugurada a Igreja de Santo Antônio de Lisboa. A partir de então, Santo Antônio foi incorporado ao nome, Leite e ficou, arraial de Santo Antônio do Leite, sendo elevado a distrito de Ouro Preto em 1923. Em 1948 passou a se chamar Bárbara Heliodora, mas por pressão da comunidade que não aceitava o nome, foi restaurado através da lei, nº 1.039 de 12 de dezembro de 1953, aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas, voltando a ser Santo Antônio do Leite.
          No distrito e nos povoados que o formam Santo Antônio do Leite, estão as comunidades do Catete, Gouveia, Chapada, Passagem e Boa Vista e pequenas povoações como Lagoa, Dumbá, Holanda, Madureira e Milho Branco. Ao todo, vivem no distrito cerca de 1700 pessoas. Seus moradores vivem da agricultura, pecuária leiteira, da produção artesanal de doces, queijos e cervejas, além do famoso e rico artesanato em prata com pedras preciosas e do turismo, que movimenta a economia local.
          Além de suas belezas naturais e qualidade de seu clima e água, em Santo Antônio do Leite a bela Matriz de Santo Antônio é um de seus maiores atrativos. Tem ainda mais cinco capelas, um casario charmoso, bem cuidado e elegante. Outro atrativo do distrito é a Festa de São Sebastião em janeiro, a Festa da Maria Concebida, em maio e a do Padroeiro, a Festa dos Mineiros e de Santo Antônio, em julho.
- Santo Antônio do Salto 
          Embora suas origens sejam do século XVIII, no auge da mineração do ouro, a charmosa Vila de Santo Antônio do Salto, foi elevada a distrito apenas em 1992. Está a 33 km de Ouro Preto, via estrada de Ouro Branco. Está numa região bastante montanhosa, a. 800 metros de altitude. 
          Santo Antônio do Salto está rodeado por belíssimas paisagens, nas profundezas de um vale, já que a vila se encontra na encosta da Serra de Lavras Novas e na parte mais baixa da Serra do Itacolomi, às margens do Rio Maynarte e de seu afluente, o Ribeirão dos prazeres. Tem ainda vários outros pequenos cursos d´água, formado por nascentes. Da parte alta, pode se avistar a Cachoeira do Rapel, uma das mais altas de Minas, com cerca de 200 metros de queda. É nessa parte alta que está o distrito de Lavras Novas, a cerca de 1300 metros de altitude. (na foto acima e abaixo de Ane Souz), o Festival o Festival de Cultura e Culinária do distrito, um eventos gastronômicos mais importantes da região)
          Seus moradores vivem da pecuária e agricultura, principalmente do cultivo de bananas, além de ainda existir o garimpo de ouro e outras pedras preciosas, nas margens do rio. A vida social na vila gira em torno da Igreja de Santo Antônio, principalmente em junho, no dia do padroeiro, num grande evento junino, além do Festival de Cultura e Culinária, em agosto. Esses dois eventos tradicionais, envolve todos os moradores da vila e atrai moradores de toda a região.
          A atual igreja de Santo Antônio substituiu uma pequena ermida, que deu lugar a atual em 1938. A religiosidade de seu povo, associou Santo Antônio ao nome do distrito, passando de Arraial do Salto Alto para Santo Antônio do Salto. Duas versões apontam para a origem do primeiro nome, “Salto Alto”, do distrito. A primeira diz que para se chegar a uma importante fazenda, na época, a Fazenda da Bandeira e outras localidades, precisava saltar sobre o rio que delimitava a fazenda. Outra versão popular diz que o nome provém do enorme salto de sua mais maior cachoeira.
- São Bartolomeu
          É uma das mais mimosas e pomposas vilas de Minas Gerais, considerada a joia do Barroco Mineiro pela história e beleza de suas construções coloniais, quase todas em tons azul e branco, preservadas e bem cuidadas por seus moradores. 
          Em São Bartolomeu, vivem cerca de 600 pessoas. Fica distante 18 km de Ouro Preto. (foto acima de Arnaldo Silva) A simplicidade e o romantismo do lugar, impressiona, e o sossego também. É possível andar pelas ruas da Vila, sem encontrar uma pessoa sequer. Mas basta prestar bem atenção que logo ouve-se o tilintar da lenha queimando no fogão e o doce suave aroma da goiabada. Quem tem os ouvidos mais aguçados, pode ouvir o borbulhar dos doces, que saem dos tachos de São Bartolomeu. Isso porque a joia mineira é a terra da goiabada.
          Basta um toque na porta, que somos recebidos com muita hospitalidade. O povo é simples, muito educado. São gentis, amáveis e acolhedores. Difícil não fazer amizades com eles e muito menos, não sentir saudades das prosas e risadas à beira do fogão a lenha. A visita, em São Bartolomeu, vai logo pra cozinha, o melhor lugar da casa. Quem vem à São Bartolomeu, sempre quer voltar.
          Seu povo é assim, desde as origens da Vila, no final do século XVII, quando a região começou a receber viajantes, bandeirantes e tropeiros. São Bartolomeu é uma das primeiras povoações de Minas Gerais. Remanescente dessa época, está a Igreja de São Bartolomeu, erguida no final do século XVII, em estilo Nacional Português.
          Este estilo predominou nas construções mineiras, no início do povoamento de Minas Gerais, antes do surgimento da identidade arquitetônica mineira, o Barroco. Este estilo é considerado a primeira fase do Barroco Mineiro. A Igreja de São Bartolomeu é um exemplar valioso, de como eram as primeiras igrejas erguidas em Minas Gerais, antes do surgimento do Barroco Mineiro. 
          Estando em São Bartolomeu e visitando a igreja de seu padroeiro, preste atenção num detalhe interessante no campanário da igreja, onde fica o sino. O sino é mudo. O original, em bronze, foi furtado e provisoriamente, colocaram um sino de madeira, até construírem outro. Só que esse provisório, passou a ser permanente e o sino nunca que vinha, até que a comunidade, adotou o sino mudo e preferiu continuar com o sino de madeira em sua matriz. Inclusive, foi restaurado em 1997 pela Fundação Gorceix. (foto acima de Ane Souz)
          Na vila não existe museu, mas a própria Vila já é um museu em si, não só por sua história e preservação, mas pela beleza e simplicidade de sua arquitetura. Um grande detalhe na Vila é que seus moradores cuidam e conservam suas construções e em muitas casas, raridades dos séculos XVIII, XIX e XX, passadas de gerações, podem ser vistas, como oratórios, móveis e objetos antigos.
          Além de seu casario e de sua principal igreja, em São Bartolomeu se destaca ainda a Igreja de Nossa Senhora das Mercês (na foto acima de Arnaldo Silva), no topo de uma colina, que permite uma bela vista do entorno da Vila. Tem ainda as belas paisagens naturais, com matas nativas, o Rio das Velhas que corta do distrito, as goiabeiras espalhadas nas fazendas e quintais, além da Cachoeira São Bartolomeu e a do Macaco Doido.
          A culinária de São Bartolomeu é muito famosa e apreciada. São doces diversos, queijos, licores, além dos tradicionais pratos da cozinha mineira, como tropeiro, torresmo, frango com quiabo e angu, pão de queijo, biscoitos, broas, bolos, farofas, dentre outros.
          As delícias que saem dos tachos e caldeirões de São Bartolomeu, podem ser apreciadas durante a Festa da Goiaba, que acontece geralmente no mês da temporada da fruta, nos primeiros dias de abril, com barraquinhas, apresentações artísticas e muita alegria. 
          Reconhecida como patrimônio imaterial de Ouro Preto desde 2010, a goiabada cascão é a estrela maior da festa, considerado um dos mais importantes festivais gastronômicos da região, que atrai centenas de pessoas à Vila. (na foto acima de Ane Souz, os produtos artesanais de São Bartolomeu
          Outra festa interessante é a de São Bartolomeu e do Divino Espírito Santo, em agosto. Nos dias de festa, acontecem novenas, romarias, missas, rezas do terço e também, barracas com comidas típicas e apresentação de bandas de músicas locais (na foto acima de Ane Souz). É um momento de alegria, de devoção, agradecimentos e confraternização entre os moradores de São Bartolomeu com os visitantes. 

terça-feira, 27 de abril de 2021

Mineiro é um poema escrito na lousa da simplicidade

 Ser mineiro
 É despertar antes do sol pra clarear vidas
 E fazer dueto com o som dos animais no quintal
 E no meio do dia
 Ter um tempinho para ser verdadeiramente feliz.
 É rezar quieto
 com o quarto fechado
 E o coração aberto
 Uai,
 ser mineiro
 É ir logo ali
 E de repente, entrar no coração de tanta gente!
 É ter paz na fé
 E a companhia do café
 É perder as horas proseando na praça
 Deixando pegadas e saudade na estrada (...)
Giovani Arantes - @gioarantes_
As fotos que ilustram o poema, são de autoria de Luís Leite e foram todas feitas na Serra da Canastra em Vargem Bonita MG

É Minas

 Minas que não tem mar, mas tem riacho
 Entre a correnteza e o moinho canta a saudade sincera
 Na porteira alguém espera,
 a estreia de um doce “bão”.
 A avó prepara o carinho
 Enquanto o amor ferve no bule
 Toda estrada encontra
 Um cantinho de fé
 E em todo caminho
 Mora uma prosa boa
 Bença, Intercessora!
 Diz que vai logo ali
 Mas é cheio de distância
 Vestida de simplicidade elegante
 Cercada de montanhas
 A subida é dura
 Mas a visão é linda, é minas!
Poema de Giovani Arantes
Foto 01 de César Reis no povoado de Caixa D´água da Esperança, em Tiradentes MG
Foto 02 de Chico do Vale em Itumirim MG
Foto 03 de César Reis em Tiradentes MG

sábado, 24 de abril de 2021

A cidade de Espera Feliz e a Cachoeira do Aurélio

(Por Arnaldo Silva) Espera Feliz está a 378 km de Belo Horizonte, com acesso pela BR-262 e conta atualmente com cerca de 25 mil habitantes. A 772 metros de altitude, o município faz divisa com Alto Caparaó, Divino, Carangola, Caiana, Caparaó, na Zona da Mata Mineira e com Dores do Rio Preto/ES. Até a chegada do colonizar, no início século XIX, a região do Caparaó era habitada por índios.
          O homem branco chegou, demarcou áreas com cruzes, começou a formar povoados, surgindo assim, várias cidades, com origem nesses povoados. Entre esses povoados, surgiu, Espera Feliz. De povoado, a arraial, vila e distrito, Espera Feliz cresceu e se tornou cidade emancipada em 17 de dezembro de 1938. (na foto acima do Leonardo Gomes/@leonardo.nomad, a Cachoeira do Aurélio)
          Por estar na confluência de dois rios, seu primeiro nome foi Braço do Rio. Segundo a tradição popular, o nome Espera Feliz, tem origem tem origem na família de Antônio Carlos de Souza, que passou a frequentar a região, após comprar terras, onde está hoje o município de Espera Feliz. 
          A família gostava de caçar e sempre tinham êxito em suas caçadas. Esperavam e saíam felizes, com o resultado da caça. Ficavam felizes em esperar, porque sabiam que a caçada seria boa. Era uma feliz espera. Assim a história foi se popularizando e o lugar passou a se chamar Espera Feliz, passando a ser o nome da cidade.
          Espera Feliz (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade) faz parte do Caminho da Luz, antigo caminho aberto pelos índios, com origem na Cachoeira de Tombos, seguindo por trilha na mata até o Pico da Bandeira. Esse caminho passou a ser usado por tropeiros e colonizadores no século XIX. São 195 km e hoje, está reativado, sinalizado e seu trecho, repleto de belezas naturais e arquitetônicas, das 9 cidades que formam o Caminho da Luz. Inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, o Caminho da Luz é um dos mais importantes caminhos turísticos do Brasil. 
          Começa em Tombos e segue o caminho, geralmente feito a pé pelos caminhantes, a Catuné distrito de Tombos, pelos municípios de Pedra Dourada, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz, Caparaó e Alto Caparaó, seguindo até o do Pico da Bandeira, a 2792 metros de altitude.
          Espera Feliz se destaca no Brasil pela qualidade e excelência de seu café, considerado um dos melhores do mundo, com diversas premiações no Estado e em nível nacional e internacional.
          Sua estação de trem, fundada em 1911, foi de grande importância, quando estava ativa. Isso porque Espera Feliz era uma área de entroncamento ferroviário entre a Linha de Manhuaçu e o Ramal Sul do Espírito Santo. As linhas escoavam a produção de café, além de ser de grande importância para transporte de passageiros entre a Zona da Mata Mineira e municípios fluminenses e capixabas. A estação de trem de Espera Feliz foi desativada em 1975, sendo hoje, a Estação Rodoviária Alfredo Brandão. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Além disso, a antiga estação é um dos pontos turísticos da cidade, que tem ainda como atrativos a Praça Cira Rosa de Assis, sua matriz, dedicada a São Sebastião, a Gruta do Índio Mirante da Serra, O Parque Nacional do Caparaó e o turismo rural pelas fazendas de café e também outras localidades rurais como a Fazenda Pedra Menina e a Comunidade do Taboão.
          Em Espera Feliz, cachoeiras paradisíacas, são atrativos para seus moradores e turistas, como a Cachoeira do Chiador, Cachoeira Vale a Pena, Cachoeira do Moinho, Cachoeira Recanto da Paz, Cachoeira do Cruzeiro e em destaque, a Cachoeira do Aurélio.
          A Cachoeira do Aurélio, formada pelo Rio São Domingos, tem uma sequência de quedas com formação de poços de encantar. É atualmente um dos grandes destaques naturais de Espera Feliz. (fotografia acima de Leonardo Gomes/@leonardo.nomad)
          A cachoeira e todo seu entorno é formada por densa mata nativa, com árvores de portes baixos e flora diversificada, em destaque para a vegetação de samambaias, comuns na região. É um lugar simplesmente paradisíaco, impactante e impressionante. Suas águas limpas e cristalinas, que descem pelas montanhas, regam as lavouras de café de toda região do Caparaó. (foto acima e abaixo de Ricardo Machado)
          O nome da cachoeira, Aurélio, tem a ver com um integrante da Guerrilha do Caparaó, instalada na região, entre 1966/67. O guerrilheiro, de nome “Aurélio”, morreu em combate com as tropas do Exército Brasileiro, nessa cachoeira, dai o nome.
          A Cachoeira do Aurélio faz parte do Parque Nacional do Caparaó, com acesso pela portaria de Pedra menina.

sábado, 17 de abril de 2021

As mãos que transformam o barro, em arte

(Por Arnaldo Silva) Popularmente chamada de barro, a argila, é um dos minerais mais conhecidos e utilizados pela humanidade. Seu uso era bastante comum, desde as antigas civilizações, há milhares de anos, em tratamentos de estética e medicamentos, bem como na fabricação de utensílios domésticos e artesanato. E até os dias de hoje, continua sendo usada para esses fins, em todo o mundo.
          É um mineral riquíssimo, composto por magnésio, cal, alumínio, ferro, sódio, potássio, alumínio, sílica e titânio. É bastante comum e bem fácil de encontrar. Além de ser muito usada em tratamentos medicinais, devido a seus vários benefícios para a pele, é bastante usada ainda para fins estéticos.
          São vários os tipos de argila presentes no mundo, com pigmentos e cores diferentes, como verde, amarela, branca, marrom, vermelha, rosa, cinza e preta.
          Além do uso terapêutico e estético, a argila é bastante usada no artesanato, como matéria principal, sem adição de outro material. Na fabricação de telhas, tijolos porcelanas, louças, pias e vasos sanitários, etc., a argila é usada como complemento a outro material, já que permite o rápido endurecimento da massa, dando assim mais resistência aos produtos. 
O Vale do Jequitinhonha
          Em Minas Gerais, a argila é bastante usada para fins medicinais e terapêuticos. É também a argila, que dá vida e cores ao artesanato mineiro, principalmente no Vale do Jequitinhonha, uma região mineira formada por 55 municípios, a Nordeste de Minas.
          Os primeiros habitantes, em nossa terra a usar a argila, tanto para fins medicinais, quanto para o uso doméstico, foram os índios. Faziam com a argila, urnas funerárias, máscaras para rituais religiosos e objetos para uso domésticos, como panelas, pratos, copos, etc.
          Foi através dos índios, que a arte de trabalhar o barro, surgiu no Vale do Jequitinhonha. Saberes ancestrais, passados ao povo simples do Vale, desde a chegada do sertanejo à região.
          Ao longo dos anos, a arte de trabalhar o barro, recebeu influência do negro africano e também, influência do branco português. Assim, o artesanato do Vale do Jequitinhonha, foi formando sua identidade, com os saberes e seu modo artesanal, passados de geração, para geração.
A transformação da argila em tinta e em arte
          A argila dá vida a um dos mais valiosos artesanatos do mundo, o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha. Além do artesanato, do próprio barro do Jequitinhonha, saem as cores que dão vida às peças. 
          As pinturas, nas peças em argila, não são feitas com tinta e sim com pigmentos das diferentes tonalidades de cores das argilas. Trata-se da própria argila, triturada e peneirada. 
           Coloca o pó peneirado em um pote com água, mistura e deixa curtindo bem. Em seguida, coa-se bem para que não fique nenhum grão de areia, para não atrapalhar a pintura ou estragar a peça. Deve-se deixar o barro curtir bem em um pote, para que fique bom.
          O nome que os artesãos e artesãs do Vale do Jequitinhonha, chamam essa composição simples é, “oleio”. Para fazer o oleio, a argila tem que ser bem selecionada, não sendo a mesma que fez a peça. A melhor argila para moldar as peças e para fazer o oleio, vem dos saberes passados aos artesãos e artesãs, por gerações e segundo os artesãos do Vale, a argila na cor preta, é a melhor para se fazer oleio.
          As pinturas com o oleio são feitas com muita delicadeza, paciência e criatividade. Para fazer os desenhos e texturas nas peças, com o oleio, não usam o pincel comum e sim, pena de galinha, pequenos pedaços de pano, para alisar e olear as peças e sabugo de milho, para moldar peças. 
          É o modo artesanal de fazer a arte, com o sabugo, o pano, a pena de galinha. Cada um com suas utilidades, para o realce e definição das cores e estilos das peças.
          O desenho, a forma e os tons de cores, dependerá da criatividade de cada artesão ou artesã. É o talento e sensibilidade dos artistas que darão às peças, suas identidades e características originais. Após a pintura, as peças são levadas ao forno para a queima. Com a queima, as pinturas e as peças, ficarão mais resistentes e firmes.         
Patrimônio Cultural de Minas Gerais
          O artesanato do Vale do Jequitinhonha é totalmente artesanal, desde a extração do barro, preparação dos pigmentos para o oleio, moldagem das peças, até sua queima, nos fornos.
          O artesanato em argila do Jequitinhonha é tão importante para Minas Gerais, que faz parte da identidade cultural do Estado. O ofício dos artesãos e artesãs, bem como, seus saberes na arte de trabalhar o barro, preservados há gerações, são reconhecidos, como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, desde dezembro de 2018.
          No Vale do Jequitinhonha, o artesanato está presente em todos os 55 municípios. É um complemento na renda de milhares de família e às vezes, a única fonte de renda muitas famílias. 
          Destaque para as cidades de Santana do Araçuaí, distrito de  Ponto dos Volantes, famosa pelas bonecas da Dona Isabel. Do artesanato de Pasmado em Itaobim e Pasmadinho, em Itinga. Além de Campo Alegre, Coqueiro Campo e Campo Buriti, comunidades rurais, entre Minas Novas e Turmalina, com grande tradição no artesanato em argila.
          A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), diz que um patrimônio cultural imaterial: “São práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades ou grupos, e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.
          Segundo a Unesco: “Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito à diversidade cultura e à criatividade humana”.
A artesã Lilia Xavier
          Em uma dessas comunidades, Campo Alegre, nasceu, em 1988, Lilia Xavier, artesã, já na quarta geração de sua família.
          Lilia aprendeu a trabalhar com a argila com sua mãe, Sergina Xavier, hoje, com 54 anos, que aprendeu com sua avó, Maria Gomes Ferreira, hoje com 85 anos, que aprendeu com sua bisavó, Augusta Gomes Ferreira, já falecida, que aprendeu com sua trisavó, Rosa Gomes Ferreira. (na foto acima de Michel/Sebrae, as três últimas gerações de artesãs da família)
          Lilia Xavier, hoje com 33 anos, conta que cresceu vendo sua mãe buscar a argila no mato e a fazer as peças. Incentivada por sua mãe, aos 10 anos de idade, já fazia peças, e as vendia. Eram pequenas peças, do imaginário de uma criança, como porquinhos, pintinhos, sapinhos, etc.
           Com o passar do tempo, foi aprimorando seus conhecimentos e práticas, sempre incentivada por sua mãe e avó. Hoje, seu artesanato tem identidade própria, sua leitura pessoal da realidade e sua própria forma de entender a arte, moldada em barro, detalhes e cores vivas das pinturas que faz, em suas peças.
          A menina que fazia pequenos bichinhos com o barro, hoje transforma esse mesmo barro em filtros, queijeiras, moringas, cachepô, jogo de prato, copos, pratos, bonecas, galinha em tamanho natural, potes, flores, pimenteiras, sopeiras, vasos, etc.
          Além disso, Lilia Xavier, foi a primeira artesã do Vale a fazer queijeiras. Quem deu a ideia e mostrou o modelo, para que a artesã fizesse, fui eu, Arnaldo Silva. Para mim, queijo é a maior identidade mineira e nada melhor que ter uma queijeira em casa, bem no estilo tradicional da arte em barro do Vale do Jequitinhonha. Queijeira está presente nas casas dos mineiros, porque queijo não falta nunca na cozinha mineira. Melhor ainda colocar o queijo numa queijeira feita pelas mãos talentosas das artesãs do Vale. 
          Era uma peça que faltava no artesanato de barro do Vale e Lilia, com seu talento, conseguiu captar a sugestão que dei e fez a primeira queijeira, no qual, tive o privilégio de ter sido o primeiro a adquiri-la. De novembro para cá, quando fez a primeira queijeira, foram várias outras feitas por Lilia, em tons branco, bege e vermelho. São peças lindas e perfeitas!
O barro que vira arte
          É um trabalho difícil, desde a busca do barro na mata, até estar pronto para a venda. O processo é lento e leva dias para ser concluído, seguindo essas etapas:
01 - A argila tem todo um processo, desde o barreiro, até a queima das peças. Primeiro tira a argila no barreiro com uma enxada. A argila tem que ser bem escolhida e não pode ser qualquer uma. O melhor, para o artesanato, é a argila mais escura.
02 - Em seguida, coloca a argila no pilão, já que ele vem em torrões. No pilão, tem que socar bem a argila com a gangorra.
03 - Depois de socado, ele é peneirado, em seguida, coloca-se um pouco de água, para ser amassado, até ficar na consistência de uma massa firme, estando já pronto para modelar as peças.
04 - O barro já estando pronto é colocado sobre uma mesa para dar início a modelagem das peças.
05 - Depois da peça modelada, é necessário o acabamento e deixar secando.
06 - Depois de modelada a peça com as mãos, usa-se uma faca para aparar as arestas, bem como sabuco de milho, para que a peça fique lisa e homogênea. Em seguida, deixa a peça secando sob o sol, para que toda a água e umidade presente na argila, seja eliminada. Essa secagem é de grande importância para evitar que as peças trinquem.
07 - Depois de bem sequinha, passa-se o oleio em toda a peça, com um pedaço de pano.          
08 - Após passar o oleio, deixa a peça secando novamente e quando bem seca, começa a pintura das peças, usando pena de galinha.
09 - Já pintadas e secas, as peças vão para o forno.
10 -  Após a queima, espera esfriar e as peças já estão prontas para serem comercializadas.
          Após as peças serem pintadas, estão prontas para irem para o forno e serem queimadas. O forno é rústico, feito com tijolos de adobe e barreado com a argila do vale. A parte inferior, é onde fica a lenha que será queimada.
          Na "bacia", do tamanho de uma caixa d´água, no fundo, tem alguns "furos". Para o fogo não ir direto nas peças, esses "furos" são cobertos com pedaços de cerâmicas, para o fogo não ir direto nas peças. Assim, o calor do fogo, "assa" as peças, que são todas colocadas dentro da "bacia".
          Ficam no fogo por pelo menos por 10 horas, numa temperatura entre 600 a 900 graus.
          A queima é de grande importância, já que dará firmeza e resistência às peças e pinturas.
          A cor natural do oleio, não será a mesma, durante a queima das peças. Quando no forno, as peças mudam de cores. A peça poderá ter a tonalidade branca, bege ou vermelha. Isso acontece devido a ação do calor, quando as peças vão para a queima, no forno. A queima faz com que a argila, se transforme e modifique a cor. Oleio amarelo, fica vermelho, o preto ou na cor cinza-azulado, muda para a cor amarela, bege, branca ou vermelha, dependendo da tonalidade do pigmento.
          O fenômeno acontece porque durante a queima, a argila é submetida a altas temperaturas, o que ocasiona reação química de todos os seus componentes, principalmente da alumina, que se deforma, no calor. Como consequência da ação do calor na argila, ocorre modificação de suas tonalidades, de acordo com a composição química da argila usada.
 
A vida dura das mulheres do Vale 
          "É uma sensação muito boa, pegar o barro e transformá-lo em peças e cores maravilhosas. É um dom de Deus”, diz a artesã Lilia Xavier, com alegria.
          A artesã demonstra essa alegria, que sai de seu coração: “Lembro que minha mãe trabalhava na casa de minha avó, porque não tinha um local certo de fazer as peças. Eu e minha irmã, Vanderléia, ficávamos ansiosas para chegar o dia seguinte, para irmos com a mãe lá, na casa da nossa avó. Era muita alegria nesse tempo!” 
          Lilia conta que, quando chegavam compradores das peças em sua casa, ela e a irmã, tinham que ir até a casa da avó, avisar à mãe. “Eu e minha irmã, íamos correndo para avisar minha mãe e avó, que os compradores tinham chegado, na comunidade. Andávamos mais de três quilômetros de distância, para chama-las”.
           Com os compradores à porta, mãe e avó, enchiam balaios de peças, colocavam na cabeça e iam às pressas mostrar as artes aos compradores, com todo o peso das peças na cabeça. Assim que chegavam, logo esparramavam as peças no chão, para que escolhessem, conta Lília. (na foto abaixo, a mãe de Lilia Xavier, dona Sergina, hoje com 54 anos, buscando argila no mato)
Jequitinhonha: o Vale das Mulheres
           No século XX, o Vale do Jequitinhonha era conhecido como Vale da Miséria. A vida era dura demais, o trabalho era escasso e a única alternativa dos pais de família, era buscar serviço fora.
          Deixavam suas mulheres e filhos e iam em grupos, para outras regiões de Minas ou outros estados, para trabalharem em lavouras de café, cana-de-açúcar ou outras atividades. Ficavam meses fora e até mais de ano. No Vale, ficavam as mulheres e por isso a região era também chamada de Vale das Mulheres.
           Eram elas que assumiam o sustento de seus filhos, com a ausência dos maridos. E o artesanato era a garantia da entrada de algum dinheiro, que pudesse ajudar no sustento de suas famílias. Praticamente, todas as mulheres do Vale, no século passado, trabalhavam com o artesanato. Até os dias de hoje, a maioria do artesanato feito no Vale do Jequitinhonha, saem de mãos femininas.
          Sempre apareciam compradores. Eram pessoas vindas de outras cidades e até estados. Compravam peças, para revenderem. Pagavam pouco, mas ajudavam em muito às mulheres do Vale.
          Quando vendiam as peças, mesmo por um valor baixo, era uma alegria imensa, conta Lilia. Com o dinheiro da venda das peças, sua mãe e avó, iam direto para o pequeno armazém da comunidade, comprar alimentos.
          Mesmo ainda criança, Lilia conta que percebia as dificuldades da família, em manter casa: “fui vendo as dificuldades delas e com isso aprendi muito. Meu pai trabalhava fora, no sertão, e demorava para voltar e trazer dinheiro, para nossas despesas. As coisas não eram fáceis, nessa época”, conclui.
          “Aos 16 anos me casei com Erinaldo Dias dos Santos. Fui morar na casa de minha sogra. Morei lá por mais ou menos um ano. Depois meu marido viajou para trabalhar numa usina de açúcar e fiquei na casa de minha mãe. Com isso, fui aperfeiçoando mais ainda meus conhecimentos sobre a arte em barro, pois, ajudava minha mãe. Um ano depois, meu marido voltou e compramos uma casinha. Mas o marido continuava viajando para trabalhar e eu ficava aqui, trabalhando com o artesanato”, conta a artesã. 
          Segundo Lilia, seu marido, atualmente, não viaja mais para trabalhar fora, e sim, lhe ajuda nos trabalhos mais pesados, como buscar argila no mato, socar, etc. O casal tem um filho, hoje com 8 anos. (na foto abaixo, Lilia Xavier, sua mãe e seu artesanato)
          Lilia Xavier, na foto acima ao lado de sua mãe, é hoje, uma das mais conhecidas artesãs de sua região e seus trabalhos, valorizados e presentes em todos os estados brasileiros, já que a artesã, usa as redes sociais para divulgar seus trabalhos. O contato com a artesã, mais fácil é pelo WhatsApp: (38) 99852-0991 e pelo Instagram: @atelieliliaxavier
O artesanato do Vale no Século XXI
          A vida no Vale mudou, nessas duas décadas iniciais do século XXI. Realidade bem diferente, da vivida pelo povo no século passado. Falta muito que melhorar ainda, mas, em relação há décadas atrás, melhorou um pouco.
          Os artesãos e artesãs, são hoje conscientes do valor e importância de seus trabalhos. Estão organizados em Cooperativas e Associações de classes. No de Campo Alegre, distrito de Turmalina, onde mora Lilia Xavier, os lavradores, artesãos e artesãs, estão organizados na Associação de Lavradores, Artesãos e Artesãs de Campo Alegre, fundada em 1985.
          A entidade tem parceria com o Sebrae, que ajuda, oferecendo cursos com certificados, como curso de marketing, embalagens, como colocar preços nas peças, etc. Além disso, na sede da Associação, tem uma loja que comercializa peças dos artistas locais, bem como, a entidade, representa os artesãos e artesãs em feiras e exposições, no Estado e no Brasil.
          Organizadas e melhor informadas, tem mais condições de negociarem suas peças, por um preço justo, valorizando seus trabalhos e se valorizando. As mulheres do Vale, por estarem mais organizadas e unidas, além de inseridas no mundo digital, conseguem vender com mais rapidez e facilidade, suas peças. Isso faz com que a arte do Vale do Jequitinhonha, seja conhecida, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
          A arte das ceramistas do Vale do Jequitinhonha, está na alma e pulsa no coração do sertanejo. Fazem suas peças com alegria e prazer, não para vender, apenas. Por amor à arte de trabalhar o barro, porque no barro, está a sua vida, a sua história, o passado das mulheres e homens do Vale.
          O Vale do Jequitinhonha, é arte, é de Minas Gerais. Na dureza da terra seca do sertão, saem das mãos calejadas, dos artesãos e artesãs, a sua própria identidade, única e autêntica. Do coração dessa gente, sai a sua própria história, moldadas por suas mãos e expressadas em seu artesanato. 
          Assim é a arte do Vale, assim é o povo do Jequitinhonha, assim é o sertão de Minas Gerais. Como bem disse o escritor Euclides da Cunha (1866/1909): “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”.
(Todas as peças que ilustram a matéria, foram feitas pela artesã Lilia Xavier para a edição)

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