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domingo, 23 de maio de 2021

O maior arranha-céu de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Na Vila da Serra, bairro de Nova Lima, na divisa com a Região Centro-Sul de Belo Horizonte, próximo ao Shopping BH e Hospital Biocor, um imponente edifício comercial, não passa despercebido.
          Isso por que é o Concórdia Corporate, o maior arranha-céu de Minas Gerais e o maior edifício, em estrutura metálica do Brasil, figurando ainda entre as 20 maiores torres do país. Construído entre 2015 e 2017, entrou em funcionamento, em 2018.(fotografia acima e abaixo de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10)
          Sob a responsabilidade da Tishman Speyer, empresa internacional com larga experiência no ramo de construções, sendo responsável por edificações como exemplo, o Rockefeller Center, em Nova York, foi construído em parceria com a Construtora Caparaó e Codeme Engenharia.
          Projetado pela Dávila Arquitetura & Arquitetura, com projeto paisagístico de Burle Marx, o Concórdia Corporate tem 172 metros de altura, 44 andares, 8 subsolos, 16 elevadores, mais de 780 vagas cobertas para veículos e 40 para bicicletas, além de heliponto, restaurante, salas e lojas.  (fotografia acima de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10)        
          São cerca de 59.217 mil m2 de construção, com nível em concreto e estrutura em aço e concreto. O edifício tem a aparência de prisma, mas possui fendas pelos lados, o que permite melhor ventilação e entrada de ar em todos os pavimentos.
          É todo revestido em vidro de alta qualidade. Em combinação com a luz do dia, reflexos no vidro, do entorno do Concórdia Corporate, torna o edifício mais atraente. (fotografia acima e abaixo de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10)
          É uma construção Triple A, características das construções de alto padrão, tecnologia e de altíssima qualidade. Além disso, o Concórdia Corporate, foi projeto para gerar o menor impacto possível ao meio ambiente, conquistando assim o Certificado Gold em sustentabilidade e o Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), categoria Gold.
          Além de sua beleza externa, seu interior, é igualmente atraente em sua beleza e design. Do topo do Concórdia Corporate, a vista é impressionante, seja durante o dia, ou à noite. (na foto acima do Wilson Paulo Braz/@paulobraz10), uma vista parcial do Vila da Serra)
          Isso porque permite uma completa e espetacular visão em 360 graus de toda a região, que sem dúvida alguma, é uma das mais belas da Grande Belo Horizonte. 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

O velho e o novo caminho da Estrada Real

(Por Arnaldo Silva) Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, surgiu a necessidade de construir uma estrada, que levasse as riquezas retiradas do subsolo mineiro, para o porto mais próximo. Com essa finalidade, em 1694, no final de século XVII, foi criada a Estrada Real. A estrada tinha início em Vila Rica, hoje Ouro Preto, rumo ao porto de Paraty, no Rio de Janeiro e seguia com destino a Europa. Ao longo do trecho da Estrada Real, povoados e cidades foram surgindo.
          Os caminhos que abriram a passagem de nossas riquezas, foram abertos por escravos e foi palco de grandes eventos históricos do Brasil Colônia, por exemplo, a Inconfidência Mineira, liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. (na foto acima, da Leandro, o marco da Estrada Real em Glaura, distrito de Ouro Preto MG e abaixo, de Arnaldo Silva, também em Ouro Preto, o marco da ER em Chapada de Ouro Preto, subdistrito de Lavras Novas)
          O trajeto inicial da Estrada Real, tinha um percurso de 710 km de extensão, iniciando em Ouro Preto, passando, várias cidades mineiras, como exemplo: Mariana, São João Del Rei, Tiradentes, Rio das Mortes, Entre Rios de Minas, Ibituruna, Lagoa Dourada, Resende Costa, São Tiago, Prados/Bichinho, Carrancas, São Tomé das Letras, Cruzília, Caxambu, Baependi, Aiuruoca, Alagoa, Maria da Fé, Conceição do Rio Verde, Pouso Alto, Itanhandu, Passa-Quatro, dentre outras.
          A Estrada Real, segue, a partir da Serra da Mantiqueira, para São Paulo, passando, por exemplo, por Guaratinguetá, Aparecida, Taubaté, Cunha, Ubatuba (na foto acima de Arnaldo Silva) e terminando em Paraty, no Rio de Janeiro (na foto abaixo de Arnaldo Silva), na divisa com São Paulo. Era um percurso longo, que levava em média, 90 dias para ser concluído, só de ida.
          As pedras preciosas de Minas, seguiam para Paraty, em carros de bois. Iam em comboios, abarrotados de ouro e diamantes. Voltavam também abarrotados, mas de pedras para calçamento de ruas, móveis, vinhos, queijos, trigo, utensílios domésticos, animais como porcos, galinhas e gado, e outras coisas mais, que viam de navio de Portugal, para atender a Corte e os portugueses que aqui viviam.
          Em 1701, com o aumento da mineração e descobertas de novas minas, em Minas Gerais, a Coroa Portuguesa, criou um novo caminho, saindo da baía de Guanabara, entrando em Minas pela Zona da Mata Mineira, passando por cidades como Petrópolis, Paraíba do Sul, Inhaúma, Iguaçu, Rio Paraíba e Rio Paraibuna, no Rio de Janeiro. 
          Já em Minas, o caminho continuava por Simão Pereira e seguida por várias outras cidades, como Matias Barbosa (na foto acima da Luciana Silva), Juiz de Fora, Santos Dumont, Barbacena, Santana dos Montes, Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Itatiaia, distrito de Ouro Branco, por fim, Ouro Preto.
          Chamado de Caminho Novo, sua extensão era de 515 km e tinha como objetivo, escoar com mais rapidez a produção mineral vinda de Minas Gerais.
          Com a descoberta de ouro e diamantes na região do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina, em 1729, o Caminho Novo foi estendido a partir de Ouro Preto, até Diamantina, passando pelo Serro Frio, com seu ponto de ligação em Itapanhoacanga, conhecido como Caminho dos Diamantes. (na foto acima do Tharlys Fabrício, ao fundo, a casa em que viveu Chica da Silva e o Contratador João Fernandes, em Diamantina MG)
          Somando com a extensão do Caminho Velho e Caminho Novo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a Estrada Real tem uma extensão de 1235 km, passando por 179 povoações, entre cidades, vilas e distritos, que foram surgindo às margens da Estrada Real, nesses três estados. (na foto acima de Raul Moura, a sede da Prefeitura da cidade do Serro MG)
          Em sua maioria, as cidades e povoações da Estrada Real, tanto do Velho e Novo caminhos, estão em Minas Gerais. São163 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 8 em São Paulo, uma delas é a cidade de Aparecida, na foto acima do Rosário Salgado.
          Somando os 710 km do Caminho Velho, com os 515 km do Caminho Novo da Estrada Real, com o trecho do Caminho dos Diamantes, com 395 km de extensão, que ligava Diamantina a Ouro Preto e do Caminho do Sabarabuçu, com 160 km de extensão, que ligava Catas Altas (na foto acima do Marley Mello) a Glaura, distrito de Ouro Preto, a extensão total da Estrada Real, seria de aproximadamente 1790 km.
          As cidades que existiam ou surgiram ao longo desses caminhos, são tradicionais, históricas, turísticas, repletas de belezas arquitetônicas e naturais, além de ricas em história, culinária, tradição, folclore, religiosidade e cultura. (na foto acima de Peterson Bruschi, o imponente prédio construído no século XVIII para abrigar a Casa da Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje é o Museu da Inconfidência de Ouro Preto)
          Como exemplo disso, estão as cidades de Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, Serro, São João Del Rei e Itapanhoacanga (na foto acima da Luciana Silva), um dos mais ricos e importantes garimpos de ouro da região do Serro Frio. Distrito de Alvorada de Minas, no Jequitinhonha, Itapanhoacanga ligava Diamantina MG, no Caminho dos Diamantes, à Estrada Real, em Ouro Preto.
          Os Caminhos da Estrada Real não contam apenas a história das riquezas minerais de Minas, mas a história de gente, importante ou não, que percorreram esses caminhos, como Dom Pedro I e II, autoridades da Corte, pelos Inconfidentes, por gente do povo, escravos e tropeiros, enfim, são caminhos que contam boa parte da história do Brasil Colônia. Por isso, a Estrada Real é de grande valor para a história, cultura e turismo de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
          São caminhos que, além da história, guardam verdadeiros tesouros de nossa história, como por exemplo, Ouro Preto, Paraty/RJ, Lagoa Dourada, onde estão as ruínas do Forte dos Emboabas e Paraíba do Sul/RJ (na foto acima de Luciana Silva), cidade onde Tiradentes esteve presente, em várias ocasiões, além da cidade guardar restos mortais do Mártir da Inconfidência Mineira.
          Todas as cidades, vilas e distritos da Estrada Real são atraentes, charmosos e acolhedores. Revelam culinárias típicas, um artesanato riquíssimo e variado, principalmente em Minas Gerais, além da religiosidade, fé e tradições regiões centenárias. (na foto acima do Arnaldo Silva, a charmosa Vila de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG)
          Sem contar as belezas arquitetônicas dessas cidades, que além de encantar, impressionam. São construções que mostram as belezas originadas pelas riquezas, presentes nas igrejas ornamentadas com ouro puro, casarões urbanos e rurais. (na foto acima do César Reis, o reluzente altar-mor da Matriz de Santo Antônio em Tiradentes MG)
          Essa riqueza permaneceu evidente, no século XX, com construções imponentes, como palácios, citando como exemplo o Palácio Quitandinha, em Petrópolis/RJ (na foto acima da Luciana Silva), construído a partir de 1941 e até castelos em estilo medieval, como o Castelo do Barão de Itaipava, em Petrópolis, construído entre 1922/24 (na foto abaixo da Luciana Silva).
          Além disso, em todas as cidades da Estrada Real, encontra-se belezas naturais de tirar o fôlego, como sítios arqueológicos, cachoeiras, montanhas, rios, matas nativas, além de uma fauna e flora riquíssimas.
          Além disso, três cidades da Estrada Real são hoje, Patrimônios da Humanidade. Ouro Preto, Diamantina e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos (na foto acima da Elvira Nascimento), em Congonhas, todas em Minas Gerais. Essas três cidades são dotadas de uma riqueza arquitetônica e cultural impressionantes. Não é por menos, que são patrimônios da humanidade.
          A Estrada Real revela belezas (como na foto acima, de Paulo Santos, estrada para Itamonte, no Sul de Minas), tanto naturais, quanto arquitetônicas e principalmente história. 
          Em todas as cidades, vilas e povoados, da Estrada Real, o marco símbolo da ER estará presente. É a identificação da Estrada Real. Vale pena viajar e conhecer todos os caminhos da Estrada Real.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

O queijo de caverna, maturado nas nuvens

(Por Arnaldo Silva) É o queijo maturado no alto de uma caverna na Serra da Piedade, uma das mais belas paisagens de Minas Gerais. Todos os anos, cerca de 500 mil romeiros, que vem de todo o Brasil e de vários países do mundo, sobem a Serra, para conhecer o lugar e manifestar sua fé e devoção, num dos lugares mais lindos de Minas.
          O Santuário da Piedade está presente na fé do povo mineiro, desde sua origem, no século XVIII. Fica em Caeté, cidade histórica mineira, distante, 55 km de Belo Horizonte. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          É no Santuário que está guardado um valioso tesouro da história de Minas Gerais. Não estamos falando do ouro e nem do minério, mas de um queijo, maturado numa caverna e nas nuvens. A 1746 metros de altitude, acima do nível do mar, são maturados queijos, em uma pequena caverna, no topo da serra.
          A prática de maturar queijos e vinhos em cavernas tem origem na Idade Média (473 d.C a 1473) e até hoje é uma prática comum, principalmente, usando os porões dos antigos mosteiros, castelos medievais e fortalezas. São ambientes úmidos, que favorecem a ação de fungos, ácaros e bactérias que agem nos queijos, favorecendo a melhora acentuação da textura, sabor e aroma, tornando-os finos e especiais.
 
           Maturar queijos e fazer vinhos era comum ainda nos mosteiros europeus e até os dias de hoje é. Inclusive em Minas, como exemplo, no Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia MG, onde as freiras enclausuradas, produzem vinhos, queijos, doces e quitandas, desde o século XVIII, no mosteiro. (fotografia acima de Júlio de Freitas/@julio_defreitas)
          A maturação de queijos na Serra da Piedade, teve origem na década de 1950, quando chegou à região, o frade dominicano, Rosário Jofylly. Nascido no Rio de Janeiro, no dia de Santos Reis, 6 de janeiro, de 1913, Frei Rosário, faleceu em 2000. Foi sepultado na Cripta, onde estão sepultados os maiores ícones da história do Santuário, desde o início do século XVIII.
          O túmulo do eremita fica ao lado da escadaria do Calvário, em frente à Basílica, (como podem ver na foto acima, do Júlio de Freitas/@julio_defreitas).
          Foi uma das maiores personalidades religiosas de Minas Gerais. Um homem sábio, culto e muito simples. Vivia na simplicidade e levava uma vida de eremita. Tinha o hábito passar horas e até dias em meditação, em uma pequena lapa, na Serra da Piedade.
          Frei Rosário tinha um hábito peculiar. Apreciava um bom queijo e um bom vinho, dois protagonistas mais antigos do relacionamento humano.
          Sempre comprava os queijos frescos da Serra do Salitre, região queijeira mineira, no Alto Paranaíba. Gostava de servir a bebida e os queijos, às suas visitas. Em suas meditações, n, que chegava até ele, através de viajantes, que traziam os queijos. Durante suas meditações, levava para a caverna, queijos, para comer. 
          Em uma de suas meditações, acabou esquecendo algumas peças e quando retornou, percebeu alterações na casca do queijo. Experimentou e identificou uma melhora muito grande no aroma e sabor dos queijos. Entendeu que na caverna, existiam vários fungos que agiam nos queijos, acentuando o sabor e aroma, Passou a maturar seus queijos na pequena caverna.          
          Com o tempo de maturação dos queijos, Frei Rosário foi percebendo uma melhora e mudança no sabor e aroma dos queijos. Um sabor e aroma que lembrava os mais finos queijos europeus.
          Passou então a fazer isso com todos os queijos da Serra do Salitre que comprava, maturando-os na pequena caverna. O queijo chegava fresco era maturado, ficava 60 dias na maturação, quando sua característica e identidade já está desenvolvida e o queijo, pronto para consumo.
          Queijo com casca rugosa, grossa, com aroma suave, sabor picante, mas não muito forte, com leve acidez e massa macia e branca. São essas as características desse queijo. Em nenhum outro lugar do mundo, encontrará um queijo com essas características. É simplesmente único. Um queijo especial, de alto valor nutritivo, que agrada aos mais finos paladares. (foto acima e abaixo de Clésio Moreira)
          Assim, surgiu em Minas, a prática conhecida e comum, nos mosteiros e fazendas da Europa, de maturar queijos no subsolo e em cavernas.
          Além do legado religioso e social do Frei Rosário, como reitor do Santuário da Piedade, por mais de 50 anos, o frade dominicano deixou uma grande contribuição para a gastronomia mineira. Um dos queijos mais valorizados e apreciados de Minas Gerais. Um tipo de queijo que ganhou fama, pelo sabor e aroma, únicos, passando a ser conhecido como o Queijo do Frei Rosário e hoje, como, Queijo Frei Rosário.
          Após seu falecimento, a maturação dos queijos na caverna, parou por uns tempos. Foi retomada posteriormente pelos frades que vivem no Santuário, amigos e funcionários do local. Resgatar a tradição de maturar os queijos do Frei Rosário na caverna, seria um reconhecimento e homenagem ao saudoso eremita que dedicou tantos anos ao Santuário e aos seus queijos, que maturava com amor e zelo.
           Continuar a maturar os queijos da Serra da Piedade, da mesma forma que Frei Rosário fazia, ficou a cargo de Alair Silva, funcionário do Santuário. Durante muito tempo, ajudava Frei Rosário a maturar os queijos na caverna e aprendeu com o frade, a técnica.
          Na caverna, preservada exatamente como Freio Rosário deixou, são cerca de 45 culturas de fungos, que atuam durante os dias de maturação dos queijos, deixando no final, o sabor intenso e inigualável do queijo, como era antes.
          A Serra da Piedade, por sua altitude, 1746 metros, tem como característica o frio intenso e a formação de intensa névoa, cobrindo todo seu entorno, dando uma sensação de estarmos, acima das nuvens. Por esse motivo, os queijos maturados na caverna do Santuário, são conhecidos ainda como o queijo maturado nas nuvens.
          Os queijos frescos que chegam, são colocados nas prateleiras de madeira na caverna e vão recebendo, durante os 60 dias de maturação, a ação da microflora e microfauna do lugar. Essa ação é facilitada pela umidade, altitude, sendo mais acentuada no local devido, as constantes formações de brumas, com uma visão espetacular, do alto dos 1746 metros de altitude, da serra. A sensação é de estar no Santuário da Serra da Piedade é a sensação de estar no céu. (fotografia acima de Henrique Caetano)
          Os queijos ficam nas prateleiras de madeira, sobre panos, que são trocados constantemente e todos os dias, as prateleiras são limpas. Um pouco de vinagre é passado nas prateleiras para controlar o crescimento dos fungos, já que se alimentam de lactose. Se deixar, crescem sem controle e comem todo o queijo. A queijaria é mantida sempre limpa. Os queijos não são lavados, para não interferir na ação dos fungos. São apenas virados diariamente, para que os fungos possam agir por igual.
          Queijo apreciadíssimo, com fila de espera para adquiri-lo, tendo chegado inclusive à Portugal, França e Itália, levados por romeiros, que vem ao Santuário todos os dias do ano. Compram e levam para suas casas e seus países de origem, os queijos Frei Rosário. (fotografia acima de Clésio Moreira)
          Indo ao Santuário da Serra da Piedade, experimente as tradicionais quitandas tradicionais da região, bem como, o Queijo Frei Rosário. Com certeza, estará experimentando um dos mais autênticos e saborosos queijos do Brasil, maturado em caverna e nas nuvens.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

10 ruínas históricas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Em Minas Gerais, encontramos tesouros de nossa história, muitos deles, desconhecidos e em ruínas. São construções seculares, em sua maioria, distantes da área urbana das cidades, com acesso por estradas de terra, matas, à beira de rios, no topo de serras ou em propriedades particulares. Algumas até com histórias fantasmagóricas e ares sombrios, por isso, esquecidas e desprotegidas.
          São belezas e histórias desconhecidas, mas impressionantes. Destruídas pelo tempo ou mesmo, inacabadas, são fascinantes e cheias de esplendor, construídas em décadas de trabalho, em muitos casos, erguidas no tempo da Escravidão no Brasil.
          Você vai conhecer 10 dessas construções em Minas Gerais, em ruínas ou inacabadas, mas todas de grande valor histórico e arquitetônico.
01 - A Igreja inacabada de Barra do Guaicuí
          Distante 370 km de Belo Horizonte, Barra do Guaicuí, distrito da cidade de Várzea da Palma, no Norte de Minas, conta com cerca de 4 mil moradores. O charmoso e atraente distrito, guarda as ruínas de um dos mais antigos templos do Brasil. (fotografia acima de Eduardo Gomes)
          Erguida em pedras sobrepostas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, protetor dos navegantes, é uma das mais enigmáticas e intrigantes construções do século XVII em Minas Gerais. Sua existência é cercada de histórias e lendas, contadas ao longo dos séculos. 
          Simples, singela e tomada pelas raízes de uma frondosa gameleira  no lugar onde era para existir uma torre, é um dos atrativos da região. O templo inacabado é patrimônio tombado pelo município, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG).
          Construída a 800 metros das margens do Rio São Francisco e a menos de 10 metros das margens do Rio das Velhas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, não tem data exata do início de sua construção. Nunca foi acabada e não há registros algum dos motivos pela não conclusão do tempo. Do jeito que deixaram, está até os dias de hoje, na sua alvenaria original da época, em pedra de cantaria e cal.
          A certeza é que o templo católico data da segunda metade do século XVII, no tempo das Bandeiras de Fernão Dias (1608-1681), bandeirante paulista, responsável pela fundação de vários povoados, que deram origem a várias cidades mineiras. Uma estátua na praça de Barra do Guaicuí, homenageia o bandeirante.
          A igreja, foi erguida por índígenas e escravizados, orientados pelos padres Jesuítas, que chegaram à região no século XVII, vindos da Bahia pelo Rio São Francisco, com o objetivo de catequisar os indígenas. É um dos marcos da povoação do Norte de Minas e das margens do Rio São Francisco.
          Segundo a tradição popular, a igreja teve sua conclusão paralisada devido estar às margens do Rio das Velhas. Durante sua construção, quando no período chuvoso, as águas do rio subiam e inundavam a igreja. Para evitar maiores prejuízos, os padres Jesuítas desistiram da conclusão do templo.
          Outra versão popular diz que durante sua construção, um surto de malária atingiu os trabalhadores da obra, que morreram todos dessa enfermidade, paralisando construção. Com isso, a imagem da igreja, passou a ser ligada à morte e doenças, inibindo sua conclusão.
          Não há nenhum relato sobre a construção e desistência dos Jesuítas em não concluir a Igreja, mas a primeira hipótese, é a mais coerente.
02 - As ruínas da Casa da moeda em Moeda
          No auge do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, o alto valor dos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, no século XVIII, o chamado Quinto, não só criou revolta popular em Minas Gerais, mas fez com que fossem criadas ações para não pagar o pesado imposto do Quinto, exigido pela Coroa Portuguesa.
          No município de Moeda, cidade distante 60 km de Belo Horizonte, uma fábrica de moedas, genéricas, foi construída no século XVIII, para não pagar o Quinto, um importo que taxava em 20% todo o ouro encontrado nas minas mineiras. Chamada de Casa de Moda Falsa do Paraopeba ou Fábrica do Paraopeba, suas ruínas podem ser vistas em Moeda Velha, hoje com o nome de São Caetano, distrito de Moeda. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
          Construída numa parte alta da antiga Serra do Paraopeba, por permitir uma visão em 360 graus em redor, a fábrica foi formada por equipamentos de fundições furtados do Rio de Janeiro e trazidos para a região. Chegou a ter cerca de 100 pessoas trabalhando na fundição, como escravos, mineradores e também, antigos funcionários da administração portuguesa. Quando governava a capitania de Minas Gerais, entre 1721 a 1732, Dom Lourenço de Almeida, sabia da existência da fábrica, mas nada fazia. Um sinal de que era contra o abuso da cobrança do Quinto, pela Coroa Portuguesa.
          A fundição era uma verdadeira fortaleza, com condições de ações armadas de ataque e defesa, com rapidez, para se protegerem de curiosos, invasores e da guarda da Coroa. As moedas eram verdadeiras, cunhadas em puro ouro e sendo vendidas com imposto bem menor que o Quinto. A fábrica funcionou por alguns anos, sendo desativada ainda no século XVIII, restando hoje, parte das ruínas que sobraram da fábrica. Por isso a serra, antes chamada de Serra do Paraopeba, passou a se chamar, Serra da Moeda e a própria cidade, onde estão as ruínas, adotou o nome de Moeda. (foto acima do Evaldo Itor Fernandes)
03 - O Corte Fundo em São Domingos da Bocaina
          Fica em São Domingos da Bocaina, distrito de Lima Duarte MG, Zona da Mata. Foi um corte feito em uma montanha de pedra, para ser um dos ramais da Ferrovia Central do Brasil, que ligaria Lima Duarte MG a Bom Jardim de Minas, no Sul de Minas, interligando a Central do Brasil à Ferrovia Mineira de Viação. (foto acima do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)
          A impressionante fenda profunda e bastante íngreme, foi aberta em rocha bruta e ainda guarda marcas das picaretas, em suas paredes abertas por trabalhadores braçais. Lugar de rara beleza, com uma bela cachoeira, no fim da cavidade é um lugar que impressiona e também assusta, pelo vazio e silêncio do lugar. No trecho do corte, pode-se ver cruzes fincadas no chão. Simboliza mortes ocorridas durante a abertura da cavidade. (foto abaixo do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)
          Iniciada em 1939, sofreu várias paralisações ao longo dos anos, se estendendo até a década de 1950. Após a morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, a obra foi totalmente paralisada e nunca concluída. Nunca foram colocados trilhos no que deveria ser um ramal ferroviário. 
          No que deveria passar trem, lingando a Bom Jardim de Minas, passou a ser uma estrada de rodagem, ligando a Souza do Rio Grande, distrito de Lima Duarte MG.
          Hoje é um dos grandes atrativos turísticos de Lima Duarte e da região, constantemente usada para tráfego de veículos, por ciclistas, para caminhadas e curiosos, já que o local e a impressionante fenda na rocha, instiga a curiosidade e interesse dos visitantes.
04 - As ruínas do Moinho de Vento e a Ponte de Pedra
          Uma parte da história de Ouro Preto, passa despercebida pelas dezenas de milhares de turistas que visitam todos os anos a cidade histórica mineira, patrimônio da humanidade desde 1980. No alto de uma serra, onde estão os morros de Santana, São João, São Sebastião e Queimada, este último, tinha o nome de Arraial de Ouro Podre, povoado no final do século XVII. Foi nesta região que se originou Vila Rica, atual Ouro Preto. As primeiras igrejas, os primeiros casarios que deram origem à Ouro Preto, estão nos morros acima. Foi o primeiro assentamento urbano de Ouro Preto.
          Em 1720, o antigo Arraial de Ouro Podre foi incendiado e destruído a mando do Conde de Assumar, Governador da Província de Minas Gerais, na época. Foi um ato de represália às ações da chamada Sedição de 1720, uma revolta popular que aconteceu em Vila Rica, nesse ano, com objetivo de derrubar do poder o Conde de Assumar, contra a instalação das casas de fundição, da taxação de 1/5 de todo ouro extraído na região e expulsão dos clérigos da província. O movimento foi sufocado pelas forças portuguesas, liderados por Assumar.
          O incêndio consumiu tudo, principalmente, o início da história de Ouro Preto, restando como testemunhas, as pedras que davam sustentação a um moinho de vento, marco da fundação do arraial (na foto acima do Glauco Umbelino).
          Por esse ato e destruição total do Arraial de Ouro Preto Podre, o local passou a ser conhecido como Morro da Queimada. Nas proximidades, estão ainda os morros de Santana, São Sebastião e São João, em boa parte, preservados em sua história e arquitetura. Foram nesses morros que a história de Ouro Preto começou, como arraial, freguesia, vila e por fim, cidade, até a ser capital de Minas Gerais. A partir do auge da riqueza gerada pelo Ouro, as construções passaram a ser erguidas na parte mais baixa, onde está hoje, o Centro Histórico da cidade.
          O Morro da Queimada, é hoje um museu vivo e natural, além de propiciar uma ótima vista de Ouro Preto.
A Ponte de Pedra
          Ainda em Ouro Preto, agora no distrito de Rodrigo Silva, distante 30 km da sede, na comunidade de Bico de Pedra, as ruinas da ponte de pedras, da antiga estrada, que ligava Ouro Preto, ao Rio de Janeiro, passam despercebida. O que sobrou dessa estrada, construída por escravos em 1850, foi uma imponente ponte, conhecida como Ponte de Bico de Pedra, devido ter sido construída à beira de um precipício, com curva inclinada. No meio do mato, esquecida e até desconhecida, a antiga estrada foi uma das mais imponentes obras do século XIX, no Brasil.
          Sua arquitetura era bastante ousada para a época. A ponte foi projetada em estilo romano, destacando os tradicionais arcos tradicionais na arquitetura de Roma antiga, por onde correm aas águas de um riacho limpa e cristalina, que culmina mais à frente, numa queda d´água. Além de sua história e grandiosidade, no entorno das ruínas da ponte de Bico de Pedra, a natureza presenteia os visitantes, com sua beleza esplendorosa.
05 - A Rotunda de Ribeirão Vermelho MG
          Seu declínio teve início a partir de 1950, com a decadência das ferrovias no Brasil. Hoje está esquecida e cuidada pelo tempo. Mesmo assim, é uma das mais imponentes e majestosas construções ferroviárias do mundo. Seu conjunto arquitetônico e paisagístico é um bem tombado pelo município e também, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), desde 2014. (fotografia acima de Rogério Salgado e abaixo de Robson Rodarte)
          É a Rotunda de Ribeirão Vermelho, cidade no Sul de Minas, a 270 km de Belo Horizonte. A cidade tem menos de 5 mil habitantes, mas foi um dos maiores centros ferroviários do Brasil, no século passado. Rotunda é uma construção circular, com um girador ferroviário em seu centro e cobertura em cúpula. Eram bastante comuns nas estações ferroviárias dos séculos XIX e XX, usadas para dar manutenção e movimentação dos trens
          A Rotunda de Ribeirão Vermelho, tem 4,4 mil metros quadrados de construção. Seu estilo arquitetônico possui semelhanças com o coliseu de Roma. Para se ter ideia da grandiosidade da obra, a rotunda é duas vezes maior que o estádio do mineirinho, em Belo Horizonte.
          Inaugurada em 1895, pela Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, a obra recebeu detalhes europeus em sua construção. As telhas vieram de Marseille, na França. Os ladrilhos hidráulicos foram importados da Alemanha e as estruturas metálicas, vieram de Glasgow, na Escócia. 
          Foi a maior rotunda da América Latina e a quarta maior do mundo. Suas ruínas e construções ferroviárias em seu redor, desperta curiosidade dos moradores e visitantes. É um dos principais pontos turísticos da região.
06 - Túnel ferroviário de Serra da Saudade
          Com apenas 776 habitantes, Serra da Saudade, na Região Central, distante 230 km de Belo Horizonte, é o menor município do Brasil em número de habitantes. Lugar calmo, tranquilo, pacato, onde a vida passa de vagar e Guaçuí com qualidade de vida muito alta.
          A história de Serra da Saudade começa nos anos 1920, com a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro Paracatu, que ligaria Dores do Indaiá MG, na Região Central, à Paracatu, no Noroeste de Minas, para transporte de diamantes, café, madeira, gado, etc.
          Iniciada em 1922 em Dores do Indaiá, o ramal ferroviário nunca foi concluído. As obras pararam na Fazenda Serra da Saudade. Com o ramal paralisado, o fazendeiro José Zacarias Machado, proprietário da fazenda do Rancho, doou um terreno para que se construísse uma estação de trem. Assim foi feito. Além disso, por ser uma região montanhosa, houve a necessidade de se construir dois túneis para passagem dos trens. Distantes 250 metros um do outro, um dos túneis tem 1000 metros de extensão e o outro, 850 metros.
          Com o nome de Estação Melo Viana a pedido do doador do terreno, a estação foi inaugurada em 1925. Na década de 1930, o ramal da Estrada de Ferro Paracatu, foi incorporado à Rede Mineira de Viação, funcionando até 1969, com transporte de carga e passageiros, quando a estação foi desativada.
          Desde sua inauguração, ao redor da estação, foram construídas casas para os operários e com o tempo, o pequeno arraial começou a receber novos moradores. Uma igreja foi construída, dedicada à Nossa Senhora do Carmo, em terreno doado por Maria Praxedes. O povoado de Estação Melo Viana, foi elevado à distrito, subordinado à Dores do Indaiá em 27 de dezembro de 1948, com o nome de Comendador Viana, para finalmente, em 30 de dezembro de1962, ser elevado à município emancipado, passando a chamar-se, Serra da Saudade.
          Da passagem do trem por Serra da Saudade, ficou a antiga Estação Ferroviária e os túneis, distantes apenas 4 km do centro da cidade. Mesmo com tempo, estão bem conservados e sem sinais de vandalismo. São os maiores atrativos turísticos da cidade, junto com a bifurcação dos rios Funchal e Indaiá, na Barra do Funchal, além de suas belezas naturais, como a Serra da Saudade, não a cidade, mas a serra homônima, uma das maiores belezas naturais da Região Central. (fotografia acima de Emílio Mendes Ferreira)
          Serra da saudade faz parte hoje do circuito turístico “Caminhos do Indaiá”, criado em 2008. O circuito é composto ainda pelos municípios de Bom Despacho, Cedro do Abaeté, Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá, Luz, Quartel Geral e Santa Rosa da Serra.
07 - As ruínas Igreja Queimada em Antônio Pereira
          Com cerca de 5 mil moradores, Antônio Pereira é um dos mais populosos distritos de Ouro Preto, na Região Central de Minas, distante 100 km de Belo Horizonte. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais, com forte tradição na mineração, desde o início do século XVIII. Distrito rico em história, jazidas minerais, tem nas ruínas da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição, um de seus atrativos maiores. (fotografia acima da Ane Souz)
          Erguida entre 1716 e 1720, foi uma das primeiras igrejas construídas nos primeiros anos do século XVIII, na região, se tornando a matriz da Vila. Em 1830, um incêndio destruiu toda a igreja, deixando em pé, apenas suas estruturas em pedras, evidenciando a imponência do grandioso templo.
          Mesmo com a destruição do templo, a comunidade não perdeu a fé, e transferiu a imagem de Nossa Senhora da Conceição para uma gruta, próxima, construindo um altar. Com o tempo, desistiram de reconstruir a igreja e mantiveram a gruta, como templo. Nessa gruta, os fiéis comparecem para missas, rezas e para acender velas em agradecimento por graças ou para pedir graças. Desde o século XIX, a gruta é conhecida nas redondezas como Gruta de Nossa Senhora da Lapa. No interior da antiga matriz, os moradores da vila passaram a sepultar seus mortos (na foto acima da Ane Souz). O cemitério está ativo, até os dias de hoje.
08 - Igreja inacabada de Sabará
          A construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Sabará, a 20 km de Belo Horizonte, foi por iniciativa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Barra do Sabará, irmandade fundada em 1713. Devido à falta de recursos financeiros, a construção do templo foi lenta. Com vários recomeços e interrupções. Começou efetivamente em 1757, quando os irmãos do Rosário conseguiram o terreno que almejavam para a construção de sua igreja. (fotografia abaixo de Anderson Sá)
          Em 1767 o projeto saiu do papel, com a sacristia e capela-mor tendo sido construídas em 1780, sendo paralisada e retomada em 1798, novamente paralisada e retomada em 1805, para novamente ser paralisada e retomada em 1819, sofrendo outra interrupção, sendo retomada em 1856 e novamente paralisada. Mesmo com os esforços da Irmandade para conseguir recursos, devido a situação do Brasil na época, com constantes manifestações pelo fim da Escravidão e do Império, não conseguiram retomar a construção. Com a abolição da Escravidão, em 1888, não havia mais mão de obra e nem a Igreja Católica, que assumiu o templo no lugar da Irmandade, não conseguiu retomar a obra, por falta de dinheiro.
          Paralisada desde o século XIX e ainda na alvenaria e pedras de cantaria, do jeito que parou, ficou e ficará. Isso porque, com o objetivo de preservar sua história e a construção, foi tombada em 13 de junho de 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tendo ainda sido reformada, pelo Iphan, entre 1944-1945, garantindo assim a conservação e preservação de sua estrutura e de um valioso patrimônio de Sabará e de Minas Gerais.
09 - As ruínas de Gongo Soco em Barão de Cocais MG
          Barão de Cocais é uma cidade histórica, distante 100 km de Belo Horizonte, na Região Central. A cidade guarda as ruínas de um dos mais importantes sítios históricos para Minas Gerais, formado pelas ruínas da antiga mina de ouro de Gongo Soco. A mineração na região teve início em 1745, quando da descoberta de ouro ano local, pelo madeireiro Manuel da Câmara Bittencourt. Bittencourt faleceu em 1756, tendo a propriedade administrada por seus herdeiros e arrematada, tempos depois pelo português José Álvares da Cunha Porto, que construiu a sede da fazenda, com senzala, capela, pomar, paiol e moinhos. (fotografia acima de Glauco Umbelino)
          Em 1825, no século XIX, toda a área da mina, como a sede da fazenda e suas benfeitorias, foi adquirida pela Companhia Imperial Brazilian Mining Association, de capital inglês. Aos poucos, famílias inglesas, oriundas da região da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra, foram chegando à região. Os ingleses tinham tradição na exploração mineral, além de tecnologias de ponta, para a época, inexistentes no Brasil. A multinacional explorou a mina entre 1826 a 1856, extraindo nesse período, entre 12 e 13 toneladas de ouro.     
          A mina, a vila colonial e as benfeitorias da fazenda, foram adquiridas dos ingleses, pelo empresário Paulo Santos e vendida em 1900 para a empresa The Prospect Corporation. Foi a partir daí que que Gongo Soco, a vila colonial e toda a arquitetura inglesa, começou a declinar-se, devido a prática da empresa em construir novas edificações no local, principalmente na vila colonial. 
          Isso perdurou até a década de 1990, quando a Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ministério Público e Iepha, agiram em conjunto para pôr fim a exploração predatória e deterioração do patrimônio histórico. Para evitar maiores consequências ao patrimônio mineiro, as ruínas de Gongo Soco e todo o seu conjunto, foi tombado em 11 de maio de 1995, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA/MG). A área de Gongo Soco, continua sendo explorada para mineração, pertence atualmente à Companhia Vale.
10 - As ruínas do Bicame de Pedras de Catas Altas
          Em Catas Altas, a 110 km de Belo Horizonte, na Região Central, as ruínas de um bicame, uma construção comum usada há séculos pelo mundo, para desviar o leito de um rio e levar sua água a um determinado lugar. Em Catas Altas, foi construído um desses bicames. (fotografia acima de Marley Mello)
          O aqueduto hoje está em ruínas, mas chama a atenção por sua história e importância para a região. É um dos principais atrativos da cidade histórica, mineira. Construído em 1792, por escravos e distante apenas 12 km do Centro de Catas Altas, o canal foi usado para captar água da Serra do Caraça e leva-la até a parte baixa, onde estava a mina de extração de ouro de Brumado. A água era para lavar o ouro retirado dessa mina.
          Feito em pedras de quartzito, retiradas da Serra do Caraça e transportadas em lombo de mulas e burros, a obra era imponente e audaciosa para a época. Tinha 12 km de extensão e 5,10 metros de altura. A técnica usada na construção do aqueduto de Catas Altas, era a mesma usada na Roma antiga. para levar água potável às localidades mais distantes. 
          Nesse tipo de construção, não se usava argamassa ou cimento, apenas pedras brutas, sobrepostas e travadas umas às outras, de forma que ficassem bem firmes. No centro do aqueduto, um arco, também em estilo romano, data o ano da obra, 1792. Dos 12 km do aqueduto, restam hoje, menos de 200 metros, mas uma mostra da grandiosidade da obra. É uma obra que impressiona pela excelência no trabalho dos escravos, que souberam trabalhar pedra sobre pedra, sem usar cimento ou argamassa para juntar e firmar as pedras. Por isso, impressiona e muito. (fotografia acima de Elvira Nascimento)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Os 10 distritos mais altos de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais tem 1816 charmosos e atraentes distritos. São verdadeiros presépios, onde no cotidiano do dia a dia, a vida é um sossego e passa bem devagar. Se caracterizam pela simplicidade, mineiridade, hospitalidade de seus moradores, belezas naturais, história, casario simples, artesanato, sua culinária típica e tradições religiosas. 
          Alguns se destacam pelos dias quentes de verão, com suas cachoeiras, trilhas e praias fluviais. Outros, o contrário, se destacam pelo frio intenso e altitudes, acima do nível do mar, elevadíssimas. Isso porque, Minas Gerais é um estado montanhoso e por isso, os distritos e cidades de maiores altitudes no Brasil, estão em nosso território. (na foto acima de Romilda de Souza Lima, Monte Verde, distrito de Camanducaia MG, Sul de Minas)
          Você vai conhecer 10 desses pitorescos distritos, com altitudes acima de 1000 metros. Altitude medida pelo IBGE com base na parte central do distrito e não em picos de serras ou morros. São mais distritos, além desses, claro, mas listamos apenas 10.
01 – Costas - 1.600 metros de altitude
           A 1600 metros de altitude, está Costas, distrito de Paraisópolis, no Sul de Minas Gerais, distante 420 km da Capital. Paraisópolis está a 1090 metros de altitude. (fotografia acima de Fernando Campanella)
          Costas está na parte mais alta da Serra da Mantiqueira, onde está o Pico da Pedra de São Domingos, com 2050 metros de altitude. A charmosa vila está a 32 km da sede, Paraisópolis, a 9 km de Gonçalves/MG e 30 km de São Bento do Sapucaí/SP.
          Lugar de rara beleza, cercado por montanhas, matas nativas de araucárias, rios e cachoeiras, Costas é um dos mais belos lugares do Sul de Minas e muito procurado por turistas. Isso porque a vila, além de toda sua beleza natural, possui condições propícias para a prática de esportes, como escaladas, hiking, trilhas, etc., além de contar com uma ótima estrutura urbana, muito bem cuidada e seu povo muito acolhedor e hospitaleiro.
02 – Monte Verde - 1.555 metros de altitude
          A 1555 metros de altitude, está Monte Verde, no Sul de Minas, hoje, com cerca de 6 mil habitantes. É um dos maiores distritos mineiros, em número de habitantes, muito maior até que dezenas de cidades mineiras. Por isso, muitas das vezes, Monte Verde é chamada de cidade, mas é distrito, pertencente a Camanducaia, distante 473 km de Belo Horizonte. A sede está a 1015 metros de altitude. (foto acima de Ricardo Cozzo)
          A vila foi fundada na década de 1930 por imigrantes letões, que viram na região, semelhanças com a Letônia, país do Leste Europeu. Hoje, Monte Verde é um dos mais badalados e famosos pontos de turismo no Brasil, além de ser reconhecida internacionalmente como um dos lugares mais acolhedores do mundo. (fotografia abaixo da Mônica Milev/Chocolate Montanhês)
          Quem vem à charmosa vila, se apaixona por sua arquitetura singular, tipicamente letã, pelos chocolates, cervejas artesanais, vinhos, fondues, pela gastronomia diversificada, pelo frio intenso, além do romantismo que a charmosa vila oferece. Por isso é conhecida como a “cidade dos namorados”, “cidade do chocolate” e por sua origem e arquitetura letã, por, “Letônia mineira”.
03 - Morangal - 1515 metros de altitude
          Com cerca de 800 habitantes, o distrito de Virgínia, no Sul de Minas, situado às margens do Rio São Lourenço Velho, na divisa com Delfim Moreira e Marmelópolis MG, é o maior bairro rural do município. Boa parte dos municípios do Sul de Minas, usa bairro para definir as vilas rurais e não distrito, como nas outras regiões do Estado.
          Morangal está a 1515 metros de altitude acima do nível do mar. A charmosa e atraente vila rural tem boa estrutura. Conta com ruas iluminadas e calçadas, além de internet, telefonia celular, escola de ensino fundamental, posto médico, igrejas católicas, campo de futebol e fácil acesso. Morangal está a 16 km do centro de Virgínia, via MG-350.
          Morangal é um sugestivo nome que lembra morango, mas o nome não tem nada a ver com plantação de morangos e sim com o apelido do Zé Morangá, um dos mais antigos moradores da localidade. O local passou a ser chamado de Morangá e com tempo, morangal. A Vila tem forte vocação para agricultura, com destaque para o cultivo de frutas e legumes, destacando a produção de mexerica ponkan, goiaba, laranja, figo, pera, ameixa, pêssego, batata, tomate e couve-flor. Mas antes, era grande produtor de marmelo.
          Sua origem é de 1840, no século XIX, ainda no tempo da Escravidão no Brasil. O marmelo começou a ser cultivado em Morangal a partir de 1880. Foi em Morangal que foi fundada a primeira indústria alimentícia do Sul de Minas, a Sul Minas Conservas. Em 1923 a empresa foi vendida para o grupo Colombo, que posteriormente, em 1992, passou para o controle da Arisco, que fechou a fábrica de Morangal no ano seguinte, 1993, encerrando assim 101 anos de atividade.
          Morangal tem grande potencial turístico, graças às suas belezas naturais. Está localizado na região das Terras Altas da Mantiqueira, no Circuito das Águas Mineiras, além de fazer parte da Estrada Real. Essa região da Mantiqueira possui imensas matas nativas, rios com belíssimas e paradisíacas cachoeiras, além de paisagens naturais de tirar o fôlego. (infelizmente não temos, até o momento, fotos de Morangal para exibir)
04 - Ponte Segura - 1.490 metros de altitude
          A 1490 metros de altitude, está Ponte Segura, distrito de Senador Amaral, no Sul de Minas, na parte alta da Serra da Mantiqueira. Distante 447 km de Belo Horizonte, o município de Senador Amaral é uma das cidades mais frias de Minas Gerais. Está a 1505 metros de altitude, sendo a cidade mais alta de Minas Gerais e a segunda mais alta do Brasil, atrás apenas de Campos do Jordão/SP.
          Seu principal distrito, Ponte Segura, é muito atraente, pacato, muito bem cuidado e seu povo muito gentil e acolhedor. Além disso, o distrito, bem como todo o município, é dotado de belezas naturais de tirar o fôlego. Em Ponte Segura, a vida social, religiosa e cultural, gira em torno de sua bela matriz, dedicada a São Sebastião. (na foto acima do Duva Brunelli, vista parcial de Ponte Segura, do adro da Matriz) 
          Por suas belezas naturais, sua ótima estrutura urbana e por seu inverno rigoroso, com temperaturas abaixo de zero grau, Senador Amaral é uma das cidades mineiras, de grande potencial turístico.
05 - Quatis - 1.467 metros de altitude
          A 1467 metros de altitude, está Quatis, uma pequena vila pertencente ao município de Marmelópolis, no Sul de Minas, distante 427 km de Belo Horizonte. A famosa “Terra do Marmelo”, está a 1277 metros de altitude, situado na parte alta da Serra da Mantiqueira, nas maiores elevações do Pico dos Marins a 2422 metros de altitude e o Pico do Marinzinho, com 2393 metros de altitude. (na foto acima de Jair Antônio Oliveira, a chegada ao vilarejo de Quatis)
          Por seu relevo e altitude, Marmelópolis, é uma das cidades mais frias do Brasil, com temperaturas negativas e geadas constantes, no inverno. Quatis é mais fria ainda. 
          Rodeada por intensa mata, a pequena vila conta com cerca de 100 moradores, que vivem da pecuária leiteira, cultivo do morango, além de ser um lugar com grande potencial turístico, por suas belezas naturais, montanhas, rios e cachoeiras. O nome Quatis é porque a vila é rodeada por mata nativa, habitadas por grande quantidade de quatis. A Matriz de Nossa Senhora do Rosário (na foto acima do Jair Antônio Oliveira), se destaca por sua beleza, simplicidade e demonstração de fé de seu povo, acolhedor, hospitaleiro, simples e que dão muito valor às suas tradições gastronômicas, culturais e religiosas.
06 - São João da Chapada - 1.450 m de altitude
          A 1450 metros de altitude, está São João da Chapada, distrito da cidade de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. A cidade histórica mineira, Patrimônio da Humanidade desde 1999, está a 1280 metros de altitude e distante 292 km de Belo Horizonte. (fotografia acima da Giselle Oliveira)
          A vila colonial de São João da Chapada, tem origem no final do século XIX e tem cerca de 1500 habitantes. Está a 30 km do Centro de Diamantina e tem como destaque, sua atraente igreja, dedicada a Santo Antônio, datada de 1873, seu casario singelo e simples, seu povo hospitaleiro e acolhedor, além claro, do frio, muito intenso no inverno. A temperatura média no distrito, fora da estação do inverno, varia entre 19º e 27ºC, já no inverno, se aproxima de zero grau.
07 - Augusto Pestana – 1.320 metros de altitude
          Distrito da cidade de Liberdade no Sul de Minas, Augusto Pestana está a 1.320 metros de altitude, acima do nível do mar e a 10 km do centro de Liberdade. A pequena Igreja construída em 1946 e a charmosa Estação Ferroviária, inaugurada em 1915, são dois bens históricos e importantes atrativos turísticos do bairro rural, que chegou a ter mais de mil moradores na década de 1940, no auge do seu desenvolvimento. A Estação de Trem foi desativada na década de 1990.
          Em 1915, a Vila recebeu o nome de Augusto Pestana, em homenagem ao engenheiro fluminense, diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas, entre 1913 e 1914 e fundador da Viação Férrea do Rio Grande do Sul. (fotografia acima da Estação de Augusto Pestana, registrada por Duva Brunelli)
          Região montanhosa com altitudes no topo das montanhas acima de 1500 metros, de rara beleza e uma rica e diversificada flora e fauna, atrai turistas amantes da natureza e da vida nas montanhas da Mantiqueira mineira. 
08 - Lavras Novas - 1.300 metros de altitude
          A 1300 metros, chegando a 1510 metros de altitude em seu pico mais alto, está Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, cidade histórica, Patrimônio da Humanidade desde 1980. Ouro Preto está a 100 km de Belo Horizonte e a 1179 metros de altitude, acima do nível do mar. (fotografia acima de John Brandão - In Memoriam)
          Lavras Novas é uma tradicional e histórica vila, com origem nas primeiras décadas do século XVIII e tem atualmente, cerca de 1500 moradores. Rica em história, cultura e artesanato, a charmosa vila é um sonho de beleza, charme, requinte e simplicidade. Suas paisagens e belezas naturais são deslumbrantes e impactantes. É um mar de montanhas, com vistas de impressionar. Tem como seu ponto mais alto, a Serrinha, a 1510 metros de altitude, onde está a mais alta tirolesa do Brasil.
09 - Rodrigo Silva - 1.278 metros de altitude
          Ainda em Ouro Preto, a 1278 metros de altitude, está o distrito de Rodrigo Silva. Surgido no século XVIII, o distrito conta com cerca de 1000 moradores e se destaca, desde suas origens, na cultura, tradição religiosa, a agricultura e na mineração de ouro, e atualmente, na mineração de topázio imperial e minério de ferro. Distante apenas 18 km da sede, fica às margens da Rodovia dos Inconfidentes. Sua altitude permite avistar toda sua beleza natural em volta e também os Picos do Itacolomi e do Itabirito. (na foto acima de Ane Souz, a antiga estação de trem de Rodrigo Silva)
          É um dos mais desenvolvidos distritos ouro-pretanos, tendo tido um crescimento impressionante com a chegada da ferrovia à região, a partir de 1880, com a vila se desenvolvendo em torno da Estação Ferroviária, inaugurada em 1888, com o nome de Rodrigo Silva, em homenagem ao ministro do Império, Rodrigo Augusto Silva, daí a origem do nome do distrito.
10 - São Gonçalo do Rio das Pedras, 1.150 metros
          A 1150 metros de altitude, está São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito da cidade histórica do Serro MG, a 325 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha. Região montanhosa, no Serro, as altitudes variam muito, de 835 a 2002 metros. O município é formado pelos distritos de Três Barras da Estrada Real, Vila Deputado Augusto Clementino (Mato Grosso), Pedro Lessa, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. (fotografia acima de Tiago Geisler)
 
          O distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, tem suas origens no início do século XVIII, com o surgimento da exploração do ouro em Minas Gerais. A pequena vila, com pouco mais de 1500 moradores, guarda com carinho relíquias arquitetônicas e suas tradições culturais e religiosas, desde os tempos coloniais. (fotografia acima de Marcelo Melo Fotografias)
          Entre essas relíquias destaque para seu casario colonial muito bem conservado, seu rico e valioso artesanato, sua gastronomia tipicamente mineira, com receitas preservadas desde os tempos coloniais, as muradas de pedras, construídas no tempo da Escravidão, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Matriz de São Gonçalo, uma das mais fascinantes e bem preservadas igrejas do século XVIII em Minas Gerais. (fotografia acima de Tiago Geisler)
          Segundo consta em placa na igreja, foi construída em 1787, ampliada em 1864 e totalmente reformada em 1934. Por sua riqueza singular e importância, foi tombada pelo IEPHA/MG, em 1980, como patrimônio histórico de Minas Gerais. (fotografia abaixo de Rita Peixoto)
          Escondida entre os imensos paredões rochosos da Serra do Espinhaço, cheia de belezas naturais como várias cachoeiras, picos e serras com vistas paradisíacas, a charmosa Vila Colonial é tão pitoresca que mais lembra um presépio. Ruas de terra e algumas calçadas com pedras, casas sem muros, botecos tradicionais, pousadas atraentes e uma charmosa pracinha com árvores frondosas. Lugar de sossego, onde a vida passa devagar. Seu povo é carismático e de uma simplicidade e hospitalidade, que emociona.

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