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terça-feira, 20 de março de 2018

Os Valos e os Currais de Pedra

(Arnaldo Silva) Até o início do século XX, cercas de arame e mourões em madeira não existiam, não apenas no Brasil no mundo. Uma ideia tão simples para cercar as divisas de fazendas e currais, demorou a ser "inventada". E quando foi, se popularizou rapidamente. (foto acima de Luis Leite do Curral de Pedra da Serra da Canastra)
          Mas como eram feitos os cercados para animais antigamente? Era pedra sobre pedra.
          Fazer currais e cercados de pedra é prática bem antiga.Essa prática foi introduzida na Europa e chegou ao Brasil, com os grandes proprietários de terras e gados, mandavam fazer currais de pedras em suas propriedades.
          No período Colonial e Imperial brasileiro eles se proliferaram. Eram feitos pelos escravos. Em Minas Gerais existem ainda vários currais e cercados em pedras preservados, bem como no Brasil e América do Sul.(na foto ao lado, do Marlon Arantes, um muro de pedras feito por escravos no Retiro dos Pedros em Aiuruoca MG)
          Em Minas principalmente, as pedras eram facilmente encontradas. o trabalho eram simples, mas pesado, consistia em colocar pedras sobre a outra, com 50 centímetros de diâmetro por um metro de altura.

          Se não existia cerca de arame e nem mourões naquela época, como eram feitas as divisas de fazendas? As fazendas eram enormes, grandes terras concentradas nas mãos de poucos privilegiados do regime Colonial ou Imperial. Eram através dos Valos, que são perfurações feitos no solo, com um metro de largura por 1 de profundidade mais ou menos.
Essa foto, de Arnaldo Silva, mostra um Valo, que dividia duas fazendas em Bom Despacho. Hoje tomado pela vegetação, é um pequeno curso de água.           
          O Valo surgiu em Roma e também era usado na Grécia. O objetivo era abrir fendas em torno dos muros das cidades, castelos e fortificações militares com o objetivo de protegê-las. Os muros eram altos e em cima do muro, eram colocados vidros ou pregos e o Valo era mais uma forma de segurança e proteção.  Em alguns casos, os valos que circundavam as cidades eram enchidos com água e colocados animais,  como crocodilos, com o objetivo de proteger as cidades, castelos e quartéis de invasores.
          Essa ideia foi comumente praticada na Europa e adaptada à América Latina, pelos colonizadores, não com o objetivo de cercar as cidades mas de marcar as divisas entre fazendas. 
          O trabalho era feito por escravos e tão somente na base da enxada, picareta e força dos braços. Centenas de milhares de escravos foram usados para fazer valos nas fazendas brasileiras.
          Esses valos, que dividia as fazendas, com o passar do tempo, deram origem a pequenos cursos de rios, córregos e ribeirões, ou até rios mesmo, devido ser alguns mais largos. Os próprios proprietários das terras, muitas das vezes, mandavam os escravos desviarem cursos de rios para os valos.
          Com o surgimento e avanço da Siderurgia no final do século XIX,começaram a produzir arames, principalmente os farpados. Com isso os valos, perderam sua utilidade. Os que não viraram cursos d´água, foram deixados de lado, sendo tomados por vegetação.

sábado, 17 de março de 2018

Lagoa Dourada: a capital nacional do rocambole

(Por Arnaldo Silva) Lagoa Dourada, cidade do Campo das Vertentes, com 12.769 habitantes em 2022, é conhecida nacionalmente como a terra do legítimo rocambole e ainda, Terra do Jumento Pêga.
          Lagoa Dourada está a 146 km de Belo Horizonte; a 875 km de Brasília; 36 km de São João Del Rei e a 46 km de Tiradentes. O município faz divisa com Carandaí, Casa Grande, Entre Rios de Minas, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Prados. (Na foto acima de Heloisa de Resende Andrade/Arquivo pessoal, o delicioso rocambole de Lagoa Dourada)
          Elevada à cidade em 6 de junho de 1912, a história de Lagoa Dourada, começa bem antes, nos primeiros anos século XVIII, quando a região começou a ser povoada, com a chegada da bandeira de Oliveira Leitão. Numa pequena lagoa, encontraram muito ouro, que a lagoa ficava até dourada. Quando se referiam ao local, chamavam de "Alagoa Dourada", pela cor do metal. (na foto acima da Luciana Silva, o interior da Matriz de Santo Antônio)
          Com a descoberta do ouro na lagoa, foi se formando um pequeno povoado, com o nome Alagoa Dourada. O povoado começou a crescer a partir de 1717, com mais gente chegando, para explorar ouro. (na foto acima da Luciana Silva, o interior a Igreja do Rosário e abaixo, a Igreja do Senhor Bom Jesus)
          Com o crescimento do arraial, uma pequena capela, dedicada a Santo Antônio é erguida, em 1734. Em 1750, o arraial é elevado a Distrito de Paz. Em 1832, o nome Alagoa Dourada, do povoado, é alterado para Lagoa Dourada. Em 1850, a antiga capela, do início do século 18. Por fim, o distrito de Lagoa Dourada, que pertencia a Prados, é desmembrado, em 1911, se tornando cidade emancipada em 6 de junho de 1912, data, oficial de seu aniversário.
          A cidade guarda em sua história e religiosidade, as tradições folclóricas e culturais mineiras, bem como a beleza e riqueza da arquitetura colonial, presente em seus casarões, fazendas e igrejas. (fotografia acima de Marcelo Melo)
          Além disso, é uma atração a mais para quem visita a Estrada Real. A estrada corta o perímetro urbano do município.
          Com o fim da exploração aurífera, a agricultura e pecuária passou a ser de grande importância para a economia da cidade e desde o início do século XX, o Rocambole, passou a ser a principal identidade gastronômica de Lagoa Dourada.
A história do Rocambole em Lagoa Dourada
          A guloseima movimenta a economia, gera emprego e renda para seus moradores, bem como, faz de Lagoa Dourada, a Capital Nacional do Rocambole.
          Segundo relatos do livro “Lagoa Dourada 300 Anos - Síntese Histórica”, a guloseima surgiu a longa data: “Na cidade a produção leiteira sempre favoreceu a fabricação de guloseimas, biscoitos e toda a espécie de quitandas caseiras. [...] E entre essas quitandas se insinuou como principais as roscas e o pão de ló. Esse último, de sabor muito leve e agradável, é caracterizado por uma massa fina à base de ovos, açúcar e farinha de trigo. A maior divulgação dessa iguaria começou com o descendente de imigrantes libaneses, o Sr. Miguel Youssef. Após casar-se com a lagoense Dolores de Mello, ele se estabeleceu com um botequim na cidade onde, uma vez por semana, servia o pão de ló recheado com doce de leite, sob a forma de um rocambole” (p. 133, 2011). (fotografia acima de Luciana Silva e abaixo de Sérgio Mourão)
          Continuando a tradição, em 1965, Paulo, um dos filhos do Miguel Yossef, teve a ideia de criar uma embalagem com o pão de ló para que fossem levados pelos viajantes e visitantes, o que facilitou a compra da guloseima, já que já vinha embalado.
          A ideia deu muito certo, que contribuiu muito para tornar mais conhecido ainda o rocambole de Lagoa Dourada em Minas Gerais e no Brasil inteiro, aumentando em muito a demanda e popularizando mais ainda o rocambole. 
          Hoje o “Rocambole de Lagoa Dourada” é referência em qualidade e originalidade, sendo produzido atualmente em várias confeitarias da cidade, mantendo a tradição e a qualidade do legítimo rocambole lagoense.
          Não tem igual no Brasil rocambole igual ao de Lagoa Dourada, é único e vale a pena conhecer a cidade, provar da iguaria e levar pra casa. (em cada rua ou esquina, o turista encontrará docerias e padarias, com as guloseimas típicas da cidade, principalmente, o rocambole. Fotografia acima de Luciana Silva)
          Todos os anos, na semana de aniversário de emancipação do município, 6 de junho, acontece, em Lagoa Dourada, a tradicional Festa do Rocambole, com shows, exposições e muito rocambole, com vários sabores.
          É um dos eventos gastronômicos mais importantes de Minas, que atraem milhares de turistas do estado e do pais para experimentar o legítimo rocambole e conhecer a cidade.
Capital Nacional do Rocambole          
          No dia 3 de julho de 2023, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) a Lei que concede oficialmente o título de Capital Nacional do Rocambole a Lagoa Dourada MG. A iguaria já é considerada Patrimônio Imaterial da cidade e agora, a cidade é reconhecida oficialmente como a Capital Nacional do Rocambole.(Na foto abaixo, de Heloisa de Resende Andrade/Arquivo pessoal, o delicioso rocambole de Lagoa Dourada)
A receita do Rocambole de Lagoa Dourada
          O recheio tradicional é com doce de leite caseiro mas você pode usar goiabada ou outro doce de sua preferência.
INGREDIENTES
. 150 gramas de açúcar
. 150 gramas de farinha de trigo
. 6 ovos
. 1 colher (chá) de fermento químico em pó
MODO DE PREPARO
- Bata os ovos em uma batedeira com o açúcar. 
- Coloque a farinha de trigo em uma vasilha, acrescente o fermento e mexa com uma colher de pau.
- Misture os ovos batidos  e mexa com a colher até formar uma massa firme e lisa. Caso queira, pode bater na batedeira.
- Cubra a fôrma papel manteiga e espalhe a massa por cima do papel e leve ao forno pré-aquecido a 180°C graus e deixe assando por 15 minutos ou até começar a dourar. (a massa tem que ser fina, não pode ser muito grossa.
- Com a massa ainda na fôrma, espalhe o doce de leite, pegue as pontas do papel manteiga, levante e vá enrolando a massa devagar, para que não se quebre. 
- Está pronto seu rocambole. Só servir.

sexta-feira, 16 de março de 2018

As águas medicinais de Pocinhos do Rio Verde

(Por Arnaldo Silva) Distrito da cidade de Caldas, no Sul de Minas, distante 434 km de Belo Horizonte e 280 km de São Paulo. É em Pocinhos do Rio Verde que se encontram as famosas fontes de águas termais e medicinais são indicadas no complemento do tratamento de doenças, como de diabetes, problemas intestinais e estomacais, alergias, asma, dermatites, hipertensão arterial, intoxicações, inflamações, dores musculares, arteriosclerose e artrites. Possibilita ainda o relaxamento muscular e alivia o estresse.
           As águas termais são excelentes para a pele pois equilibram seu PH, alergias, o envelhecimento precoce, agem contra o ressecamento e a perda da elasticidade da pele, além de diminuir sua oleosidade. Além disso, as águas e lama vulcânica, aliviam os efeitos do estresse do dia a dia, permitindo um descanso e relaxamento do corpo e mente.(na foto acima, o Gran Hotel, onde está o Balneário das Termas de Pocinhos/Summit Concept Pocinhos)
         Segundo os geólogos, Pocinhos do Rio Verde, distrito de Caldas MG (na foto acima do Fernando Campanella) está situada dentro da cratera de um extinto vulcão, cuja "boca" tem cem quilômetros de diâmetro. As águas do subsolo nessas regiões vulcânicas absorvem os minerais, oligoelementos e nutrientes, presentes nas rochas e subsolo. Isso explica a presença de sais minerais, cálcio, manganês, ferro, zinco, selênio, dentro outros, nas águas termais, benéficos à saúde humana. Dependendo da variação do calor nas profundezas da terra, brotam na superfície a uma temperatura que varia de 37°C a 50°C.
          Em Pocinhos do Rio Verde, as fontes de águas termais e medicinais estão concentradas em torno do Gran Hotel Pocinhos, construído em 1886, no século XIX, pelo imigrante italiano Nicolau Tambasco Glória. (na foto acima, tratada e colorizada por Rogério Salgado, o Gran Hotel, no início do século passado/Summit Concept Pocinhos/Divulgação) Fundado em 1886, é o mais antigo hotel em funcionamento do Brasil e um dos mais aconchegantes e confortáveis hotéis da atualidade.
          É o hotel mais antigo do Brasil em funcionamento, atualmente. Uma obra magnífica da arquitetura do século XIX e XX, inspirada na arquitetura italiana, com detalhes que lembram muitos as tabernas medievais, por exemplo, no restaurante. (foto acima e abaixo, as dependências atuais do Gran Hotel atualmente: Summit Concept Pocinhos/Divulgação)
          Ao longo do tempo de seu funcionamento, passou por várias ampliações e reformas, para atender a crescente demanda, já que, as águas termais e sulfurosas de Pocinhos do Rio Verde, atraiam cada vez mais turistas vindos de todo o país e do exterior, para em busca das propriedades curativas de suas águas e ainda pelas belezas naturais da região. (na foto abaixo, um romântico espaço no porão do Gran Hotel/Summit Concept Pocinhos/Divulgação)
           A região é valiosíssima, devido a presença de águas sulfurosas, de grande valor medicinal, com reconhecidas propriedades curativas. Essas águas fazem de Pocinhos do Rio Verde, uma das mais importantes e valiosas estâncias hidrominerais do país.
          No século XX, com a popularidade dos poderes de cura das águas de Pocinhos, figuras importantes da nossa história fizeram tratamento de enfermidades com as águas de Pocinhos do Rio Verde, entre elas, o jurista e diplomata, Osvaldo Aranha e o ex presidente, Getúlio Vargas. Na foto acima, da direita para esquerda: Dr. José de Paiva Oliveira, Dr. Silvio, Altamiro Lessa Garcia, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Henrique Valadares e Padre Lúcio. (foto tratada e colorizada por Rogério Salgado/Arquivo Gran HotelSummit Concept Pocinhos/Divulgação)
          Desde o final do século XIX, pessoas do Brasil e do mundo inteiro se curaram de várias enfermidades nas águas medicinais do Balneário de Pocinhos.
          No Gran Hotel, encontra-se o Livro de Ouro, onde turistas, famosos e anônimos, vindos de todo o mundo, para se tratar de enfermidades, deixavam registrados. É um livro com relatos e testemunhos de curas, através das águas medicinais e sulfurosas de Pocinhos de caráter histórico, como podem ver, na imagem do livro, um centenas de relatos e depoimentos, registrados no Livro de Ouro.
          As fontes de águas medicinais de Pocinhos do Rio Verde, estão concentradas no parque do Balneário Doutor Reinaldo de Oliveira Pimenta, anexo ao Gran Hotel. O Balneário conta com ótima estrutura, como salas para banhos de imersão, hidromassagem e sauna, distribuídas em duas alas - masculina e feminina. A temperatura da água é de 37ºC. (na foto acima a fachada do Balneário e abaixo, um dos salões do Gran Hotel/Summit Concept Pocinhos/Divulgação)
          Além das águas medicinais e sulfurosas, no distrito se produz artesanato de excelente qualidade, além de doces e biscoitos caseiros que fazem os turistas se deliciarem com as famosas quitandas mineira. Além disso, a beleza natural do distrito com diversos cursos d´água e lindas cachoeiras, são convites ao descanso e sossego. 
O que visitar em Pocinhos?
          No centro, encontra-se um charmoso casario, em estilo colonial, com destaque para a Igreja de São Vicente de Ferrer (na foto acima de Luís Leite). No alto do morro do Galo, encontra-se a Capela de Santa Terezinha, construída por uma visitante, em forma de agradecimento, por ter se curado de enfermidades, nas as águas sulfurosas de Pocinhos do Rio Verde.
          Nos arredores do distrito, o visitante pode aproveitar e a simplicidade e charme do casario colonial de Pocinhos (na foto acima de Luis Leite), a Capela do Coração, que fica na zona rural do distrito, as piscinas naturais do Rio Soberbo, o Bacião, poço profundo situado no rio Soberbo precedido de queda d'água, o Areião, pequena ponta de areia na margem do rio Soberbo, a Cascata Antônio Monteiro e a Cachoeira dos Duendes, situada no bairro da Pedra Branca, além da cachoeira da Margarida, Capitão e Rapadura, além da simplicidade e charme das construções coloniais de Pocinhos.
Onde ficar?
          Por ser uma Estância Hidromineral, cidade histórica e turística, tanto em Caldas, quanto em Pocinhos do Rio Verde, o turista encontrará ótima estrutura urbana, com uma rede hoteleira e gastronômica, que vai das mais simples, até as mais sofisticadas. Como sugestão, tem os hotéis: Itacor Hotel, Edmar Hotel, Hotel Rio Verde, Hotel Fazenda do Ypê e Camping Bosque das Fontes e o Gran Hotel de Pocinhos. O contado do Gran Hotel pode ser feito pelo whatsapp: 35 3735-1505. (na foto abaixo de Eramos Pereira/Epamig, os vinhos finos produzidos pela Epamig, em Caldas MG)
Quando visitar?
          Toda época do ano é ótima para aproveitar as águas medicinais que o local oferece. Quem gosta de climas românticos, frio, vinhos finos, a melhor época é entre junho e agosto, durante o inverno. A charmosa vila é rodeada por montanhas e paisagens com rios, nascentes, cascatas, cachoeiras, espalhadas por suas região. Por estar ainda em região de altitudes elevadas, o frio é intenso, com temperaturas próximas a 0 grau e muitas das vezes, muito abaixo de 0. (na foto abaixo do Guilheme Augusto/@mikethor, vista parcial de Pocinhos)
          É recomendado levar roupas adequadas para um inverno rigoroso e com geadas constantes. Os hotéis e pousadas de Pocinhos do Rio Verde e da cidade de Caldas, são aconchegantes e oferecem lareiras para deixar o clima mais rústico e romântico. Tem também a famosa e tradicional Festa do Biscoito, que acontece em todos os fins de semana do mês de julho, em Pocinhos do Rio Verde. Uma festa imperdível que atrai milhares de pessoas de fora para participar. (na foto abaixo de Eramos Pereira/Epamig, a Estação Experimental da empresa de pesquisa mineira, em Caldas, onde são produzidos os vinhos) 
Como chegar?
Belo Horizonte: 470 km de distância. Pegue a Av. Amazonas até BR-262/BR-381 em Betim. Siga a BR-381 até Pouso Alegre, pegue a saída 850 A e entre na BR-459 até seu destino em Caldas MG.
De São Paulo: 270 km de distância - Via BR-381 e BR-459
Rio de Janeiro: 460 km de distância. Via BR-116 e BR-459

quarta-feira, 14 de março de 2018

A Vila de Cocais e a Festa da Quitanda e Goiabada

(Por Arnaldo Silva) Barão de Cocais é uma das mais belas cidades históricas de Minas Gerais, distante apenas 90 km de Belo Horizonte na região do Quadrilátero Ferrífero. O município faz divisa com Bom Jesus do Amparo, Caeté, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo e tem como destaque a charmosa e pitoresca Vila Colonial de Cocais, distrito de Barão de Cocais.
          Além de suas belezas naturais e arquitetura colonial, Cocais se destaca na gastronomia mineira, na produção de goiabadas e quitadas diversas. Andando pelas ruas da Vila Colonial, pode-se sentir o suave aroma da goiabada cascão e até ouvir as borbulhas do doce tilintando no tacho de cobre, além de sentir o suave aroma dos biscoitos, roscas, pães, e bolo de fubá assado no forno de barro. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          A culinária de Cocais é um dos destaques do município e uma das rotas gastronômicas mais importantes de Minas Gerais. As delícias culinárias de Cocais são mostradas aos visitantes e turistas na tradicional Festa da Quitanda & Festival da Goiabada. A tradicional festa da culinária local e mineira é realizada anualmente, sempre no final de abril e início do mês de maio, no centro da pitoresca vila histórica. (na foto acima do Judson Nani a entrada da Festa da Quitanda e Festival da Goiabada em Cocais)
          A Praça Central do distrito é o palco da festa, que além da culinária e oficinas gastronômicas, tem apresentações musicais. A festa é muito bem organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais - EMATER-MG e apoio da Associação Comunitária do Distrito de Cocais, Associação dos Agricultores Familiares de Barão de Cocais e Região, e ainda do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barão de Cocais. (na foto acima do Nacip Gômez, a arquitetura colonial de Cocais)
          O evento é um dos mais aguardados na região, fazendo parte do calendário oficial de eventos do município, sendo ainda um grande fomentador de turismo e economia local, já que a festa atrai todos os anos, um grande número de turistas vindos de várias cidades mineiras. (na foto acima a praça onde é realizada a Festa da Quitanda)
          Durante o evento, o visitante conhecerá os produtos típicos da culinária mineira, bem como poderá participar de oficinas gastronômicas ministradas pelo Senac/MG e terá ainda o privilégio de acompanhar de perto, o modo artesanal de fazer goiabada cascão no tacho e quitandas diversas, feitas em fornos de barro. E ainda tem aquele café bem mineirinho feito na hora, no coador de pano, acompanhado de biscoito de polvilho frito no fogão a lenha e outras delícias assadas no forno de barro. (fotografia acima de Judson Nani/2022)
          Percebe-se então que o festival é uma delícia e irresistível. As cores e sabores dos aromas de Cocais são deliciosos! É um convite para os apreciadores da típica culinária mineira e ainda, nos dias da festa, o visitante pode apreciar a Cachoeira de Cocais, (na foto acima da Elvira Nascimento) 
Mais informações sobre a festa podem ser obtidas através do telefone da Prefeitura Municipal: (31) 3837-7619 ou por e-mail:culturaeturismo@baraodecocais.mg.gov.br

domingo, 11 de março de 2018

O Santuário de N.S. da Agonia em Itajubá

(Por Cássia Almeida/de Maria da Fé MG) A Igreja de Nossa Senhora da Agonia fica em Itajubá, no Sul de Minas Gerais. Construção iniciada em 1998, no alto de um monte, em terreno doado pelo português radicado no Brasil, Antônio de Lima Costa.  (na fotografia acima do Leonardo Souza/@jleonardo_souza_srs)
          Em 2005, tiveram início as celebrações no imponente Santuário, revestido de vidro em toda a sua estrutura, com uma enorme cúpula chamada de "Coroa de Nossa Senhora". (na foto acima de Jô Casarini, vista noturna do exterior da Igreja)
               A imagem de Nossa Senhora da Agonia, também doada pelo português, foi entalhada em Portugal e ocupa o altar principal. No porão do Santuário está a Capela de São José. Único no Brasil e segundo no mundo, desde sua inauguração, o Santuário, de rara beleza, atrai centenas de devotos e fiéis de Itajubá, região e de vários outros lugares do Brasil e exterior. (foto acima do interior da Igreja e abaixo, da parte externa, de autorias de Rogério Salgado)
20 de agosto – N. Sra. da Agonia - Padroeira dos Pescadores
          Origem e significado de “Agonia” A palavra agonia tem sua origem na angustiante luta entre os gladiadores na Roma antiga. Por isso, a Virgem Maria passou a ser invocada por pescadores de Viana do Castelo em Portugal, como nossa Senhora da Agonia. Eles passaram a usar o título “da Agonia” pelo fato de enfrentarem sempre a grande luta contra os perigos do naufrágio.
Imagem de Nossa Senhora Aparecida.
          Fica na Estrada José Benedito Guimarães, km3 - Mourão, em Itajubá (16 km da rodoviária). A imagem (na foto acima de Cássia Almeida) foi inaugurada em 12 de outubro de 2002 e foi construída a pedido de Hélio Marcos Ribeiro Fortes. Imponente, tem 7 metros de altura e possui em seu interior uma pequena capela. O melhor acesso é por Piranguinho, seguindo 5 km por estrada de terra, após a ponte de ferro. 

sexta-feira, 9 de março de 2018

Passeie conosco pelos pontos turísticos de Tiradentes

(Por Arnaldo Silva - Com fotos de César Reis) Aos pés da Serra de São José, está Tiradentes. Com 8 mil habitantes, é um dos mais importantes patrimônios culturais, não só de Minas, mas do Brasil. Tiradentes é a cara de Minas, do interior mineiro em sua beleza e simplicidade. Tem história, uma gastronomia fantástica, muita cultura, tranquilidade. Essas qualidades da cidade atraem todos os dias turistas.
          Até chegar ao nome atual, a cidade foi denominada de "Arraial Velho de Santo Antônio", e "Vila de São José do Rio das Mortes" e cidade de São José Del Rei e São José, em homenagem ao Rei de Portugal, Dom José I. Somente em 1889, com a Proclamação da República, a cidade passou a se chamar Tiradentes, em homenagem ao Alferes e Mártir da Inconfidência Mineira.

          Cada rua, cada museu, cada igreja, ou praça tem uma história diferente para contar. o povo é muito acolhedor e recebe o turista com muito carinho que se encantam com tudo, a beleza da natureza e sua arquitetura magnífica. São sete igrejas, cinco passos da Paixão de Cristo, belíssimas construções barrocas e um conjunto urbano tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM) em 4 de abril de 1938.
           Fundada em 19 de janeiro de 1718, são mais de 300 anos de história pura. Distante 190 km de Belo Horizonte, Tiradentes faz divisa com os municípios de Prados, Barroso, Dores de Campos, São João del-Rei, Santa Cruz de Minas, Coronel Xavier Chaves e fica na região do Campo das Vertentes.
          Apesar de ser uma cidade pequena, tem um fluxo enorme de visitantes diários, vindos de todas as cidades de Minas, do Brasil e até do exterior. Isso graças ao patrimônio histórico preservado, sua gastronomia, artesanato riquíssimo e seus eventos anuais que a cada ano, atraem mais turistas para a cidade. São atrações diversas que incluem cinema, fotografia, Bike Fest e o mais famoso evento da cidade, que é o festival de gastronomia, realizado durante 15 dias, entre o final de agosto e início de setembro. É um dos maiores festivais gastronômicos do pais.
          A cidade tornou-se um dos centros históricos da arte barroca mais bem preservados do Brasil, por isso voltou a ter importância, agora turística, na metade do século XX, foi proclamada patrimônio histórico nacional tendo suas casas, lampiões, igrejas, monumentos e demais partes recuperadas.
Principais pontos turísticos
- Matriz de Santo Antônio
          Tiradentes tem dentre suas igrejas a Matriz de Santo Antônio, construída em 1710 é a segunda igreja em ouro do Brasil, sendo a primeira em Salvador (BA), é uma das mais belas construções barrocas do país. No interior do templo há um órgão datado de 1788, considerado um dos quinze mais importantes do mundo.
- Câmara Municipal

          Localizada próxima à Matriz, na ladeira que é caminho para esta, construída em meados do século XVIII, servia para abrigar a administração pública no período colonial e imperial. A Câmara Municipal de Tiradentes foi construída longe da cadeia pública, o que é incomum na maioria das cidades do século XVIII.
- Antiga Cadeia Pública
          Construída em 1833 e 1845, no local da velha cadeia incendiada, é um prédio sólido e austero com janelas de cantaria protegida por pesadas grades. A Vila de São José foi uma das poucas a possuir a cadeia em prédio próprio, separada do prédio da Câmara Municipal.
- Casa da Cultura

          Foi construída no século XVIII, possui microfilmes de 280.000 documentos do acervo da Arquivo Ultramarino de Portugal e referentes ao Brasil Colonial.
- Fundação Oscar Araripe
          Realiza exposições de pintura temporárias e permanentes de seu acervo.
- Calçamento

          Várias ruas da cidade contam com calçamento singular, em pedra capistrana.
- Monumento a Tiradentes
          Localizado no Largo das Forras, segundo monumento a homenagear o herói da Inconfidência, construído 1892, pelo povo tiradentino, quando se celebrou o aniversário da morte do Alferes.
- Nossa Senhora das Mercês
          Capela rococó do final do século XVIII, com um único altar multicolorido, dois belos forros com pinturas em estilo rococó, cenas alusivas à Virgem Maria e imagem da padroeira. (na foto ao lado o altar da igreja) Pertencia à irmandade dos pretos crioulos, ou seja, os pretos nascidos no Brasil. Toda a pintura da capela foi executada por Manoel Victor de Jesus, pintor mulato, falecido em 1828, é datada do início do século XIX.
- São João Evangelista
          Capela pertencente à irmandade dos Homens Pardos (mulatos), tem fachada simples e três altares em seu interior. Os altares laterais são em estilo rococó, datáveis do princípio do século XIX e o altar-mor possui fragmentos de talhas de vários estilos. Guarda a Igreja um conjunto de imagens de um mesmo santeiro, sendo o seu calvário composto por peças de mais de dois metros de altura. Ali está enterrado o compositor Capitão Manoel Dias de Oliveira. A capela só foi concluída no século XIX, quando foi aberta ao culto.
- Capela do Bom Jesus

- Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza
          Capela de dimensões modestas e decoração singela, mas notável pela sua estatuária e como exemplo da interpretação popular do estilo Barroco.
- Nossa Senhora do Rosário
          Capela construída em cantaria (pedra), em lugar da capela primitiva, tem três altares de talha de meados do século XVIII e os santos negros São Benedito, Santo Antônio de Cartagerona e Santo Elesbão.
- Casa do Padre Toledo
          Hoje Museu Casa de Padre Toledo é um museu da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, ligada à UFMG. O prédio é uma construção do final do século XVIII, com esquadrias em cantaria lavradas, sete forros pintados, destaca-se aquele que representa os cinco sentidos, com figuras da mitologia grega. Nesta casa morou Padre Toledo, um dos cabeças da Inconfidência Mineira. Foi um dos locais onde se conspirou em 1789.
- Santuário da Santíssima Trindade

          Sua construção data de 18 de outubro de 1822. Nesta igreja ocorrem anualmente o Jubileu da Santíssima Trindade.
- Chafariz São José

          Construído em 1749 para abastecer com água potável a cidade, além de ser usado para lavar roupas e dar água aos animais, antigamente, o Chafariz de São José fica no início da ladeira que leva à Igreja Matriz. A água chega até o chafariz por um aqueduto construído pelos escravos da época. O aqueduto traz a água de uma nascente a 1 quilômetro de distância, no Bosque Mãe D´Água, que fica atrás do chafariz de São José,  em funcionamento até hoje.
- Estrada de Ferro Oeste de Minas
          A Estrada de Ferro Oeste de Minas que atualmente liga São João del-Rei a Tiradentes, foi inaugurada em 1881, pelo Imperador Dom Pedro II. Seu traçado original era de 720 km, hoje resumidos apenas a 12 km, ligando São João Del Rei a Tiradentes.  O trem é puxado por locomotivas a vapor popularmente conhecidas por "Maria Fumaça", datadas do século XIX. Os trens partem nas Sextas, Sábados, Domingos e feriados são 10h e 15h de São João del-Rei e 13h e 17h de Tiradentes.
- Órgão da Matriz de Santo Antônio
          O órgão de Tiradentes foi encomendado pela Irmandade do Santíssimo Sacramento em 1779, por 202 mil réis (moeda da época), na cidade do Porto, em Portugal. Historiadores divergem quanto o país e local de sua construção, mas provavelmente foi fabricado na Francônia, no Sul da Alemanha e enviado para a cidade do Porto em 1788, para ser enviado ao Brasil. Há também historiadores que apontam sua construção para a própria cidade do Porto, construído pelo português Simão Fernandes Coutinho entre 1786 e 1778.
          Este órgão tem 4 oitavas e 15 registros, sendo 8 para a região aguda e 7 para a grave, não possuindo pedal.
          O órgão ficou na cidade do Porto até 1788, quando foi enviado para Tiradentes, chegando no Porto de Paraty RJ e seguindo para Minas em comboio de carros de bois pela Estrada Real.
          Somente em 1798 que o órgão foi tocado pela primeira vez. Coube ao organista Francisco de Paula Oliveira Dias a tarefa de tocá-lo. Em 1977 foi inteiramente restaurado por Manfred Thonius, construtor de órgãos da Francônia, que veio ao Brasil para esse restauro, sendo reinaugurado em 22 de abril de 1978. É usado todas as sextas-feiras em concertos e nas missas de sábados.
- Relógio Solar de Tiradentes
          Sua origem é do século XVIII, sendo este relógio de Tiradentes, um dos mais antigos do Brasil. Foi construído em pedra sabão e possui 40 cm de diâmetro. Era um modelo na época e tinha o nome de Relógio Equatorial porque o mostrador é inclinado, paralelo ao equador terrestre, as linhas das horas tem um espaçamento uniforme entre si (15 graus) e o estilete (gnomon) é paralelo ao eixo de rotação da terra formando com o horizonte, um ângulo igual ao valor da latitude local.
- Balneário de Águas Santas
          São fontes termais de águas radioativas e medicinais, localizadas do outro lado da Serra de São José, num com infraestrutura completa com hotéis, restaurantes e área de lazer.
- Cultura e Artesanato

          Na cidade acontece anualmente, desde 1998, a Mostra de Cinema de Tiradentes, com exibição de curtas e longas-metragens.
Em Tiradentes pode-se encontrar artesanato em madeira, pedra sabão, latão, folha de flandres, tecelagem prata de boa qualidade e originário de toda região.
- Gastronomia
          Os doces mineiros também podem ser degustados em diversas casa como: canudo de doce de leite, doce de leite, ambrosia, biscoito de amendoim, pé de moleque, entre outros. (na foto acima vemos o saudoso Chico Doceiro, um dos mais importantes doceiros da cidade) A culinária local presa os pratos mineiros como o feijão tropeiro, tutu mineiro, frango a molho pardo, frango com "ora pro nobis" (erva trepadeira com grande teor nutritivo).
- Trilhas
          Tiradentes além de sua beleza arquitetônica, cultural e de sua gastronomia, atrai cada dia mais adeptos praticantes de esportes principalmente quem adora trilhas. Tem trilhas para bikes, motos, cavalgadas e caminhadas. E vale a pena porque a beleza natural em redor é gratificante, com matas nativas, cursos d´água, cachoeiras e atrativos históricos pelo caminho como a Calçada dos Escravos.
Todas as fotos desta edição são de de autoria de César Reis

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