(Por Arnaldo Silva) Vivendo num continente instável politicamente, com guerras e conflitos constantes, além da instabilidade econômica que a Europa passava no século XIX e principalmente nas primeiras décadas do século XX, devido a Primeira e Segunda Guerra Mundial, o Brasil se tornou um local de refúgio e segurança para dezenas de milhares de famílias de vários países europeus, principalmente a Alemanha, país arrasado pela duas grandes guerras mundiais.
A partir de 1824, no início do período Imperial de Dom Pedro I, imigrantes alemães começaram a desembarcar no Brasil, sendo assentados inicialmente em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, dando origem assim a primeira colônia alemã no Brasil.
A concentração de imigrantes teve como prioridade o Sul do Brasil, devido essa região ter terras férteis e por ser a menos populosa do país na época, além de cidades do interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, no Sudeste, que careciam de povoamento imediato naqueles tempos.
A partir de 1824, no início do período Imperial de Dom Pedro I, imigrantes alemães começaram a desembarcar no Brasil, sendo assentados inicialmente em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, dando origem assim a primeira colônia alemã no Brasil.
A partir da segunda metade do século XIX, começaram a vir imigrantes em maior número, devido o crescimento da economia brasileira e ainda com a iminência do fim do regime escravagista, havendo assim necessidade de mão de obra. (na foto acima a Cervejaria Kraemerbier, fabricante da cerveja Kraemerfass, fundada pela família Kraemer, instalada em Delfim Moreira, Sul de Minas. A família Kraemer tem origens na Normandia e viviam em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde produziam cervejas artesanais desde 1900, uma parte da família migrou-se Minas, na Serra da Mantiqueira, em Delfim Moreira. Foto: Cervejaria Kraemerbier/Divulgação)
Mais ainda, devido política de modernização implantada pelo Imperador Dom Pedro II. Isso porque que o Brasil carecia de investimentos na sua iniciante indústria e abertura e construção de ferrovias. Uma das metas de Dom Pedro II era planejava ligar todas as províncias brasileiras por trilhos e estradas. Para isso, carecia de mão de obra qualificada.
Baseado nessa visão, politicas de incentivos para facilitar a imigração, principalmente de ingleses e alemães para o Brasil eram de grande importância. Inglaterra e Alemanha eram os países mais desenvolvidos no século XIX e início do século XX. Alemães e ingleses dispunham da mais alta tecnologia na época na mineração, fundição, construção de locomotivas, trilhos, na metalurgia e siderurgia.
Para o governo na época, a presença desses povos era de grande importância para o desenvolvimento agrário e principalmente industrial do Brasil, além de acelerar o povoamento de regiões brasileiras pouco ocupadas. (na foto acima do Wellington Diniz, fachada da Vila Germânica em Monte Verde, Sul de Minas)Mais ainda, devido política de modernização implantada pelo Imperador Dom Pedro II. Isso porque que o Brasil carecia de investimentos na sua iniciante indústria e abertura e construção de ferrovias. Uma das metas de Dom Pedro II era planejava ligar todas as províncias brasileiras por trilhos e estradas. Para isso, carecia de mão de obra qualificada.
Baseado nessa visão, politicas de incentivos para facilitar a imigração, principalmente de ingleses e alemães para o Brasil eram de grande importância. Inglaterra e Alemanha eram os países mais desenvolvidos no século XIX e início do século XX. Alemães e ingleses dispunham da mais alta tecnologia na época na mineração, fundição, construção de locomotivas, trilhos, na metalurgia e siderurgia.
A concentração de imigrantes teve como prioridade o Sul do Brasil, devido essa região ter terras férteis e por ser a menos populosa do país na época, além de cidades do interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, no Sudeste, que careciam de povoamento imediato naqueles tempos.
A imigração alemã para Minas Gerais
No século XVIII e XIX, o povoamento e crescimento de Minas Gerais foi rápido, devido o Ciclo do Ouro, que fez com que viessem para Minas um grande número de brasileiros de todas as regiões do país, em busca da riqueza que a mineração, principalmente o ouro, gerava. Mesmo com o fim do Ciclo do Ouro, iniciou-se o Ciclo do Café e a migração continuou.(na foto acima de Arnaldo Silva, detalhes da arquitetura alemã, do Roda D´Água, complexo formado por restaurante, posto de gasolina, fonte de água mineral, cafeteria e lanchonete na BR-262, km 382, em Juatuba MG, Centro-Oeste de Minas, fundado por Olga Ullmann.)
As riquezas minerais, água e terras férteis em abundância, expansão da malha ferroviária, instalação de companhias têxteis e construção de usinas hidrelétrica, atraía famílias, inclusive os imigrantes que vieram para o Brasil no século XIX e seus descendentes. Entre es esses imigrantes, estavam os colonos alemães e italianos, que vieram em grande número para Minas Gerais.
Migração ou imigração alemã?
Na verdade a formação de comunidades e colônias de alemães em Minas Gerais não se deu inicialmente por política do Governo, que incentiva a imigração, dava incentivos fiscais, terras, etc.
As riquezas minerais, água e terras férteis em abundância, expansão da malha ferroviária, instalação de companhias têxteis e construção de usinas hidrelétrica, atraía famílias, inclusive os imigrantes que vieram para o Brasil no século XIX e seus descendentes. Entre es esses imigrantes, estavam os colonos alemães e italianos, que vieram em grande número para Minas Gerais.
Migração ou imigração alemã?
Na verdade a formação de comunidades e colônias de alemães em Minas Gerais não se deu inicialmente por política do Governo, que incentiva a imigração, dava incentivos fiscais, terras, etc.
O que ocorreu foi uma migração dos imigrantes e seus descendentes que já viviam no Brasil, para Minas Gerais, como por exemplo italianos, dinamarqueses, letões e alemães que viviam em São Paulo, migraram-se para várias cidades mineiras, principalmente para o Sul de Minas, concentrando-se, em cidades como São Lourenço, Jacutinga, Monte Sião, Alagoa, Delfim Moreira, Poços de Caldas, Monte Verde, dentre outras tantas.
A presença alemã em Minas, seja em colônias ou escolha individual de famílias, são marcadas principalmente pela culinária e características típicas de suas construções, como na foto acima, do Wagner Rocha em Barbacena no Campo das Vertentes, é uma mostra dos trações típicos da arquitetura alemã, presente em todas as regiões mineiras.
Zona da Mata e Vale do Mucuri
Caso à parte foi na Zona da Mata e no Vale do Mucuri no século XIX, que recebeu grande fluxo de imigrantes alemães, graças a parceria de duas empresas privadas, a Companhia União e Indústria de Juiz de Fora MG e a Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri, com o Governo da Província de Minas.
Essas empresas necessitavam de mão de obra especializada para a construção de ferrovias e rodovias nessas regiões. Como a Alemanha detinha tecnologia de ponta nessa área e boa parte dos alemães trabalhavam na indústria, a preferência foi para a imigração alemã. Com isso, colônias de alemães foram sendo criadas com a chegada de um grande número de imigrantes em Juiz de Fora, na Zona da Mata e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.
Caso à parte foi na Zona da Mata e no Vale do Mucuri no século XIX, que recebeu grande fluxo de imigrantes alemães, graças a parceria de duas empresas privadas, a Companhia União e Indústria de Juiz de Fora MG e a Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri, com o Governo da Província de Minas.
Essas empresas necessitavam de mão de obra especializada para a construção de ferrovias e rodovias nessas regiões. Como a Alemanha detinha tecnologia de ponta nessa área e boa parte dos alemães trabalhavam na indústria, a preferência foi para a imigração alemã. Com isso, colônias de alemães foram sendo criadas com a chegada de um grande número de imigrantes em Juiz de Fora, na Zona da Mata e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.
Já a migração alemã em grande escala se deu a partir do século XIX e primeiros anos do século XX, com a constante chegada de alemães e seus descendentes em Minas Gerais que deixaram a região Sul do Brasil e do Espirito Santo, estado de maior concentração de imigrantes alemães do Sudeste. (Essa é parte de uma maquete de Lagoa Santa, na Grande BH no século XIX, fotografada pelo Thelmo Lins no Museu de Arte Natural de Belo Horizonte. Dá para perceber nas construções o estilo colonial mineiro com o europeu e de como eram as colônias em geral nessa época)
Vieram para Minas Gerais, atraídos pelas ótimas condições de trabalho, principalmente na agricultura, extração de madeira, e construção de ferrovias.
Imigração alemã como política de Estado
A partir de 1908 a imigração alemã passou a ser política de Estado em Minas Gerais. (na foto acima de Wilson Fortunato, a entrada de São Lourenço MG, Sul de Minas)
Os governantes da época perceberam que Minas Gerais carecia de mão de obra especializada para a indústria, já que o estado estava ainda engatinhando na industrialização, sendo basicamente agrário e voltado para a mineração, mesmo assim, de forma bem rudimentar.
Os governantes da época perceberam que Minas Gerais carecia de mão de obra especializada para a indústria, já que o estado estava ainda engatinhando na industrialização, sendo basicamente agrário e voltado para a mineração, mesmo assim, de forma bem rudimentar.
Minas Gerais precisava atrair indústrias, mas antes disso, precisa investir da ampliação de sua malha ferroviária, abertura de estradas, construção de usinas hidrelétricas e com isso, desenvolver a economia do Estado com a industrialização.
Não faltava vontade e nem recursos para isso. O que faltava era mão de obra especializada no setor industrial, engenharia civil e industrial.
A solução era atrair imigrantes da Europa, principalmente da Alemanha, país de tecnologia industrial avançada na época e com grande número de profissionais na área industrial disponíveis, devido as questões econômicas e sociais causadas por sequentes conflitos e crises econômicas no Velho Continente. (fotografia de André Daniel da entrada de Jacutinga MG, Sul de Minas)
Com esse objetivo, foram criadas novas colônias de imigrantes alemães em regiões mineiras, vistas pelo governo da época com grande potencial para crescimento industrial e ferroviário, como a Região Metropolitana de Belo Horizonte, Região Central, Sul de Minas e Centro-Oeste, além de ampliar a presença alemã em cidades e regiões que já contavam com colônias como Sete Lagoas na Região Central, Juiz de Fora na Zona da Mata, Campo das Vertentes e Teófilo Otoni no Vale do Mucuri, vistas também com enorme potencial de crescimento industrial e expansão da malha ferroviária nessa região.
Com esse objetivo, foram criadas novas colônias de imigrantes alemães em regiões mineiras, vistas pelo governo da época com grande potencial para crescimento industrial e ferroviário, como a Região Metropolitana de Belo Horizonte, Região Central, Sul de Minas e Centro-Oeste, além de ampliar a presença alemã em cidades e regiões que já contavam com colônias como Sete Lagoas na Região Central, Juiz de Fora na Zona da Mata, Campo das Vertentes e Teófilo Otoni no Vale do Mucuri, vistas também com enorme potencial de crescimento industrial e expansão da malha ferroviária nessa região.
Com base nessa política, a partir de 1852 começaram a chegar à Minas Gerais imigrantes e descendentes de alemães que já viviam no Brasil. Ao chegarem, eram encaminhados para as colônias novas criadas pelo governo e outros, para as colônias já existentes no estado.
As colônias alemãs em Minas Gerais
A primeira colônia de imigrantes alemães criada em Minas Gerais foi Colônia Nova Filadélfia, fundada, por Teófilo Benedito Ottoni em 1852, na cidade que posteriormente levou seu nome, Teófilo Otoni MG. A segunda colônia agrícola foi a Colônia Saxônia, em 1853. Em 1923, foi fundada também na cidade a Colônia Francisco Sá. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Praça Germânica em Teófilo Otoni MG)
Teófilo Benedito Ottoni era descendente de italianos, nascido na Vila do Príncipe, atual cidade do Serro MG, em 1807. Foi jornalista, comerciante, deputado provincial, senador, comerciante e empresário do ramo de comércio e navegação. Era proprietário da Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri, criada pra promover o desenvolvimento e colonização do Vale do Mucuri. O empresário foi um dos grandes incentivadores da imigração alemã para a região.
Teófilo Benedito Ottoni era descendente de italianos, nascido na Vila do Príncipe, atual cidade do Serro MG, em 1807. Foi jornalista, comerciante, deputado provincial, senador, comerciante e empresário do ramo de comércio e navegação. Era proprietário da Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri, criada pra promover o desenvolvimento e colonização do Vale do Mucuri. O empresário foi um dos grandes incentivadores da imigração alemã para a região.
A terceira colônia alemã fundada em Minas foi a Colônia Dom Pedro II, fundada em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em 1858. Foi o empresário Mariano Procópio Ferreira Lage, proprietário da Companhia União e Indústria e um dos grandes incentivadores da vinda de imigrantes alemães para a cidade e região, que fundou a colônia. (na foto acima, a antiga estação ferroviária de Santa Rita de Jacutinga MG, Zona da Mata)
A empresa foi responsável pela construção da Estrada de Rodagem União Indústria, que ligava Juiz de Fora a Petrópolis no Rio de Janeiro. Foi a primeira estrada pavimentada no Brasil, inaugurada por Dom Pedro II em 1861.
Sete Lagoas, na Região Central, recebeu também imigrantes alemães, aumentando sua comunidade, formada em 1908, quando foi criada a colônia agrícola João Pinheiro.
Ainda na Zona da Mata, foi fundada em 1910, na cidade de Astolfo Dutra, a Colônia Santa Maria. Nesse mesmo ano, era fundada em Ouro Fino, no Sul de Minas, a Colônia Inconfidência. Em 1913, a Colônia Guidoval era fundada em São Domingos no Prata, cidade do Médio Piracicaba, vizinha a João Monlevade.
A empresa foi responsável pela construção da Estrada de Rodagem União Indústria, que ligava Juiz de Fora a Petrópolis no Rio de Janeiro. Foi a primeira estrada pavimentada no Brasil, inaugurada por Dom Pedro II em 1861.
Sete Lagoas, na Região Central, recebeu também imigrantes alemães, aumentando sua comunidade, formada em 1908, quando foi criada a colônia agrícola João Pinheiro.
Ainda na Zona da Mata, foi fundada em 1910, na cidade de Astolfo Dutra, a Colônia Santa Maria. Nesse mesmo ano, era fundada em Ouro Fino, no Sul de Minas, a Colônia Inconfidência. Em 1913, a Colônia Guidoval era fundada em São Domingos no Prata, cidade do Médio Piracicaba, vizinha a João Monlevade.
As últimas colônias de alemães criadas em Minas foram nas cidades de Pouso Alegre no Sul de Minas e em Bom Despacho, no Centro-Oeste Mineiro. Essas colônias de imigrantes alemães foram criadas por Artur Bernardes, presidente do Estado (Governador) de 1918 a 1922 e presidente da República de 1922 a 1926. (na foto acima de Arnaldo Silva, a arquitetura alemã do Posto Roda D´Água na BR-262, km 382, em Juatuba MG, Centro-Oeste de Minas, fundado por Olga Ullmann)
Bom Despacho, cidade a 150 km de Belo Horizonte, foram criadas duas colônias de imigrantes alemães que contava ainda com famílias húngaros e austríacas. A maioria tinha experiência na área industrial, sendo um dos motivos para a criação as colônias na cidade.
A primeira colônia criada por Artur Bernardes em Bom Despacho foi a de Álvaro da Silveira, formada próximo a ponte férrea sobre o Rio Lambari, na divisa com Leandro Ferreira, na época, distrito de Pitangui MG. Essa colônia foi criada no entorno da Estação e Armazém da Estrada de Ferro Paracatu, antes da ponte que separa as duas cidades e uma pequena dos colonos forma alojas na outra margem do rio, em Leandro Ferreira/Pitangui.
No ano seguinte, em 1921, foi criada a Colônia Davi Campista, já nas proximidades do perímetro Urbano da cidade.
Em Pouso Alegre, foi criada no ano de 1924 a Colônia Padre José Bento.
Bom Despacho, cidade a 150 km de Belo Horizonte, foram criadas duas colônias de imigrantes alemães que contava ainda com famílias húngaros e austríacas. A maioria tinha experiência na área industrial, sendo um dos motivos para a criação as colônias na cidade.
A primeira colônia criada por Artur Bernardes em Bom Despacho foi a de Álvaro da Silveira, formada próximo a ponte férrea sobre o Rio Lambari, na divisa com Leandro Ferreira, na época, distrito de Pitangui MG. Essa colônia foi criada no entorno da Estação e Armazém da Estrada de Ferro Paracatu, antes da ponte que separa as duas cidades e uma pequena dos colonos forma alojas na outra margem do rio, em Leandro Ferreira/Pitangui.
No ano seguinte, em 1921, foi criada a Colônia Davi Campista, já nas proximidades do perímetro Urbano da cidade.
Em Pouso Alegre, foi criada no ano de 1924 a Colônia Padre José Bento.
Os imigrantes recebiam glebas de terras férteis para agricultura e condições para trabalho, além de incentivos para trabalharem nas áreas industriais.
Importância da imigração alemã
Importância da imigração alemã
Os descendentes dos imigrantes alemães estão presentes em todas as regiões mineiras, seja em grande número ou menor. A maioria não vive mais em colônias e sim, inseridos na sociedade mineira e brasileira mas sempre deixam um pouco de suas origens na arquitetura, gastronomia, religiosidade, cultura e tradições, onde vivem. (na foto acima do Wilson Fortunato, construção em Sete Lagoas MG)
A presença dos imigrantes, não só alemães, mas de todos os povos que vieram para o Brasil, foram de grande importância para o crescimento, desenvolvimento econômico e industrial do país.
Minas Gerais e o Brasil deve muito aos imigrantes e devemos reconhecer isso e valorizar a memória dos primeiros imigrantes que vieram para nosso Estado e pais, no século XIX e XX.
A presença dos imigrantes, não só alemães, mas de todos os povos que vieram para o Brasil, foram de grande importância para o crescimento, desenvolvimento econômico e industrial do país.
Minas Gerais e o Brasil deve muito aos imigrantes e devemos reconhecer isso e valorizar a memória dos primeiros imigrantes que vieram para nosso Estado e pais, no século XIX e XX.