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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Cavernas do Vale do Peruaçu: Patrimônio Natural da Humanidade

(Por Arnaldo Silva) Reafirmando o protagonismo do Norte de Minas no Brasil e no mundo, as cavernas do Vale do Peruaçu foram reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade, em 13/07/2025, pela Unesco.
Fotografia: Eduardo Gomes
        Com o reconhecimento, o Vale do Peruaçu, localizado entre Januária, Itacarambi e São João das Missões, se torna o estado brasileiro com maior número de bens da humanidade, reconhecidos pela Unesco. São seis títulos mundiais ao todo: Ouro Preto, Congonhas, Diamantina, Conjunto Moderno da Pampulha, o Queijo Minas Artesanal e agora, o Vale do Peruaçu, Reconhecido internacionalmente como um exemplo de conservação e valorização do patrimônio espeleológico.
Rio Peruaçu. Registro: Manoel Freitas
        Além disso, a Cordilheira do Espinhaço tem o título de Reserva Mundial da Biosfera, Belo Horizonte, título mundial como Cidade Criativa da Gastronomia, o Geoparque de Uberaba e os sistemas tradicionais de cultivo de Sempre-vivas no Vale do Jequitinhonha, são reconhecidos como Patrimônio Agrícola Global, pela Unesco.
Origem das cavernas do Peruaçu
Fotos: Manoel Freitas
        O nome Peruaçu tem origem na linguagem indígena dos Xacriabá. É a junção das palavras “peru”, que significa buraco ou fenda com “açu”, que significa grande, ou seja, Peruaçu significa “buraco grande”. Isso porque o Vale do Peruaçu é constituído por gigantescos buracos, fendas e cavernas de rochas calcárias formadas ao longo de 60 milhões de anos, iniciando ainda na período em que boa parte do território brasileiro era submerso por um mar.
Estalactites e estalagmites das cavernas do Peruaçu. Fotos: Manoel Freitas
        Foram a força das águas do Rio Peruaçu e seu acúmulo entre rochas que moldaram durante esse tempo, as características atuais da região com formações que incluem grutas, paredões, arcos calcários, lapiás, dolinas e uvalas, além de vales secos.
Fotografia: Tom Alves/@tomalvesfotografia
        Além disso, no Vale do Peruaçu estão mais de 180 cavernas catalogadas, algumas delas com grande beleza cênica e formações geológicas impressionantes, como a Gruta do Janelão (foto acima) e um cânion impressionante.
Fotografias: Manoel Freitas
        Nos paredões e cavernas, foram encontrados evidências de ocupação humana na região como pinturas rupestres em mais de 140 sítios arqueológicos, que remontam há cerca de 12 mil anos
Parque Nacional
Fotografia: Eduardo Gomes
        Para proteger esse tesouro natural, geológico e arqueológico das ameaças de desmatamentos e ocupação irregular, em 1999 foi criado o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu com visitação permitida mediante acompanhamento de condutores credenciados pelo ICMBIO.
Fomentação do turismo
Fotografia: Eduardo Gomes
        A conquista do título mundial fomentará o turismo nas cidades do Vale do Peruaçu, Januária, Itacarambi e São João das Missões, além da geração de novos empregos, como por exemplo, formação de guias locais, além do aumento da geração de renda no comércio local e do fortalecimento de políticas públicas voltadas para o turismo como o projeto Caminhos do Norte de Minas, o Afromineiridades, o programa TEM – Turismo, Experiência e Mineiridade, e a integração à Estrada Cênica da Cordilheira do Espinhaço.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Saiba o real motivo de Minas não ter mar

(Por Arnaldo Silva) Nos séculos XVIII e XIX, Minas Gerais era o centro da riqueza no Brasil. À época não existiam ferrovias e nem rodovias. Transportar as riquezas minerais retiradas das Minas Gerais para a Europa somente era possível pela Estrada Real, em carros de bois e cortejos de tropeiros, até o Porto de Paraty, no Rio de Janeiro.
Imagem ilustrativa: Guarapari, litoral do Espírito Santos. Foto: Thelmo Lins 
        Nessa época, as divisões regionais brasileiras estavam em formação. Na medida que a Coroa Portuguesa adentrava no sertão brasileiro e descobria riquezas, surgiu novas capitanias. O que é o caso de Minas. Com a chegada dos bandeirantes paulistas e descoberta de ouro no território mineiro, os paulistas simplesmente anexaram o território à Capitania de São Vicente (São Paulo), em 1709, passando a se chamar Capitania de São Vicente e depois Capitania de São Paulo das Minas de Ouro.
        A anexação feita pelos paulistas durou pouco, até 2 de dezembro de 1720. Os paulistas e bandeirantes foram expulsos das Minas de Ouro e a Coroa Portuguesa, oficializou a criação da Capitania das Minas Geraes (com “e” mesmo).
        Nesta data, nascia o Estado de Minas hoje um dos estamos mais influentes, populosos e ricos do Brasil. Mesmo com sua importância histórica, cultural e principalmente econômica para o país, Minas Gerais nunca teve acesso ao litoral para escoar sua produção. As riquezas de Minas são, até os dias de hoje, enviadas para portos de São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Bahia. Pela sua importância, Minas era pra ter acesso litoral, mas nunca teve. Minas foi isolada do litoral
Quer saber o por quê?
        O isolamento territorial de Minas Gerais do litoral foi proposital e intencional. Isso mesmo. Isolar Minas Gerais, impedindo o acesso ao litoral foi intencional. A discussão à época, envolveu inveja, vingança e intrigas das capitanias vizinhas, contrabando, guerras de influência, disputas de mineradores por minas de ouro e diamante, e acredite, foi política do governo português.
        Essa história começa com a criação da Capitania Independente das Minas Geraes em 1720. Com a criação da nova capitania, as autoridades da época discutiam as novas dimensões territoriais do território mineiro.
        A proximidade das divisas de Minas Gerais com outras capitanias era bem curta, como por exemplo, apenas 100 km do litoral do Rio de Janeiro, cerca de 200 km do litoral norte de São Paulo, a menos de 100 km do litoral do Espírito Santo e a 500 km de Caravelas, no Sul da Bahia. 
        Essas distâncias têm como base a divisa com as cidades litorâneas mais próximas à Minas Gerais. Obviamente era mais fácil ampliar as divisas de Minas com acesso ao litoral anexando partes territoriais às capitais citadas, redesenhando o mapa de Minas.
Qual o argumento da Coroa Portuguesa?
Imagem ilustrativa. Ubatuba, São Paulo. Foto: Arnaldo Silva
        Produzindo 85% de toda riqueza mineira do Brasil, Minas Gerais era a Capitania mais rica à época. Apenas por esse motivo, seria geograficamente óbvio seu acesso ao litoral, mas não foi isso que ocorreu. Minas Gerais ficou isolada do acesso ao litoral e de qualquer outro tipo de acesso, a não ser o permitido pela Coroa, justamente por ser a capitania mais rica do Brasil. Os portugueses queriam controle total das riquezas mineiras.
        Liberando acesso ao litoral para a nova capitania, temiam perder o controle sobre as riquezas minerais que sustentavam a Corte e o reino português.
        Além disso, temiam que o poder financeiro de Minas se transformasse em poder politico, capaz de ameaçar o processo de dominação portuguesa no Brasil, bem como total influência preponderante dos mineiros em toda a colônia. Isolar Minas, controlar suas lideranças e agir com mão de ferro contra possíveis insurreições, era necessário para a Coroa Portuguesa manter o controle sobre as minas de Ouro.
Sem lideranças de peso
        Na capitania recém-formada, as lideranças geralistas, nosso gentílico à época, eram poucas, com pouca influência na Corte e submissas à decisões da Coroa Portuguesa que devido esses fatos, não atenderam as demandas geralistas. 
        A proposta da liderança da nova capitania e a mais rica da América Portuguesa à época, era anexar o litoral Norte de São Paulo, até Paraty no Rio de Janeiro, onde Minas tinha acesso pela Estrada Real, além de toda região do Caparaó até o litoral Capixaba, correspondente a 10 mil km² do Espírito Santo, que tem um pouco mais de 46 mil km² hoje, e parte do sul do litoral da Bahia. Essas demandas sequer foram levadas em consideração à época.
Inveja, intrigas e vinganças
        A recusa da Coroa Portuguesa em redefinir as divisas da capitania mineira com acesso ao mar gerou muitas controvérsias e indagações do real motivo. Os mineiros não tinham dúvidas que a influência paulista pesou na decisão da Coroa Portuguesa de isolar Minas do litoral.
        Isso porque os mineiros nunca aceitaram que o território fosse anexado à capitania paulista no início do século XVIII. Essa insatisfação culminou com a Guerra dos Emboabas (1707 e 1709) e movimentos pela expulsão dos paulistas do território mineiro em 1720, com a criação da Capitania das Minas Gerais. 
        Por terem sido expulsos das Minas de Ouro a bala, os paulistas não se conformaram em não terem mais domínio algum sobre a região e obviamente, não aceitariam ceder parte de seu território para que Minas tivesse acesso ao mar e nem permitiriam a ampliação do território mineiro.
        Era o que se acreditava à época. Evidentemente houve sim pressão dos paulistas para impedir que parte do território paulista fosse anexado à Minas Gerais, mas esse não foi o motivo, preponderante.
        O motivo real mesmo foi a intenção da Coroa Portuguesa em manter única e exclusivamente o controle das minas de ouro. Colocaram o Rio de Janeiro, sede da Corte, como sentinela das minas de ouro. Os portugueses tinha as capitanias do Rio de Janeiro e do Espirito Santo como amigas e confiáveis, mas as capitanias da Bahia e de São Paulo, nem tanto.
        Abrir acesso ao litoral, anexando à Minas Gerais parte do Sul da Bahia, a região do Caparaó e o Norte de São Paulo e o porto de Paraty, seria o mais correto, e menos custoso, pois facilitaria o transporte do ouro de regiões mais distantes, como Diamantina, cidade mais próxima à Bahia. A anexação do litoral norte paulista e capixaba facilitaria a transporte de alimentos e ouro. Mas para a Coroa Portuguesa, seria temerário e arriscado pois acreditava-se que o ouro retirado das Minas Gerais poderia ser facilmente desviado. Fechar o acesso litorâneo a Minas foi solução estratégica.

O que fez a Coroa Portuguesa?
        Ampliou a Estrada Real no Sul de Minas com acesso à São Paulo, criou o Caminho dos Diamantes, ligando Diamantina a Ouro Preto, na Estrada Real, seguindo até Paraty e criou ainda o Caminho Novo da Estrada Real, ligando Ouro Preto, à Zona da Mata até a sede da corte, no Rio de Janeiro e ao litoral norte paulista, pelo Sul de Minas.
        Assim, o estado que mais gerava riquezas para a colônia, ficou complemente isolado do litoral, numa época em que não existiam ferrovias e nem estradas, apenas pequenos caminhos abertos por tropeiros, bandeirantes, indígenas e carros de bois. Os caminhos das Minas Gerais eram rudimentares e totalmente policiados. Postos de fiscalização foram espalhados por todos os caminhos de ouro. Era uma vigilância dia e noite e implacável. A Coroa Portuguesa ficava atenta ainda a caminhos abertos clandestinamente.
        A política da Coroa Portuguesa era o isolamento total das divisas da Capitania das Minas Gerais e controle rigoroso do que entrava e saia de Minas. Quanto menos acesso às minas de ouro, melhor o controle do que entrava e saia. O acesso à Capitania das Minas Gerais se dava somente pela Estrada Real e posteriormente pelas Picadas de Goyáz, que ligava Sabará a Goiás Velho. Pela Picada de Goyáz o ouro goiano era enviado para Minas, seguindo pela Estrada Real até o Porto de Paraty e do Rio de Janeiro.
        Sem litoral, Minas não poderia exportar suas riquezas por conta própria, passando a depender acesso para escoar suas riquezas pelo mar, a única alternativa à época de exportação que existia. Como tudo era rigidamente controlado pela Coroa Portuguesa, o escoamento do que era produzido nas Minas de Ouro, dependia dos interesses da Coroa.

O que os colonizadores temiam?
        Dar acesso ao litoral aos mineiros seria como entregar as chaves do cofre e futuramente o controle de toda a colônia ao controle mineiro. Com tanta riqueza, Minas seria o centro político e econômico do país., culminando com a perda do domínio português na América Portuguesa. Era isso que os colonizadores temiam.
        Essa politica do início do século XVIII, prevaleceu até o século XIX e início do século XX. Tanto à época da Colônia, do Brasil Imperial e da Velha República, a politica era mesma. Isolar Minas Gerais do litoral, não permitindo ampliação de suas divisas.

Nova tentativa de acesso ao mar no século XIX
Imagem ilustrativa. Porto Seguro, Bahia. Foto: Deocleciano Mundim
        O brilho do ouro de Minas não apenas ofuscava os olhos e cobiça dos que buscavam riquezas, mas também a inveja de outras províncias, mais influentes. Mesmo com o esgotamento das minas de ouro, uma nova riqueza surgia em Minas, que ameaçava a economia e influência política de outras capitanias. Era o café. Minas predominava na mineração, na produção de leite e de alimentos que abastecia a Corte e outras capitanias.
        Com ascensão do café, Minas avançava para dominar mais esse setor da economia. As outras capitanias temiam o controle econômico total dos mineiros na economia nacional e maior influência, que poderia significar perda de territórios para abertura de Minas Gerais ao litoral.
        Por esse motivo, manter o isolamento por via marítima de Minas Gerais era prioridade também de outras províncias. A intenção era evitar o maior a ampliação do poderio político que Minas adquiriu após a Independência do Brasil, além do crescimento da influência econômica de Minas Gerais, que ofuscaria o crescimento de outras capitanias. A partir da Independência, as capitais passaram a ser denominadas de províncias.

A riqueza gerada pelo café de Minas incomodava
        No século XIX, o Sul de Minas e a Zona da Mata se transformaram no maior produtor de café do país e até hoje são. Para escoar a produção mineira, a província necessitava de acesso ao litoral. Não era uma ambição, mas sim, uma necessidade para ampliação econômica do Estado. Minas brilhava mais uma vez e seu brilho, ofuscava as ambições de lideranças de outras províncias.
        A província de São Paulo, de grande influência na Corte, boicotou sistematicamente todas as intenções e projetos de infraestrutura apresentada pelos mineiros ao Governo Imperial, continuando o boicote junto ao governo republicano, após a Proclamação da República em 1889.

Novas tentativas de acesso ao litoral
        Evitando bater de frente com as províncias mais influentes, os mineiros deixaram de reivindicar acesso ao litoral pelo Norte de São Paulo e Sul do Rio de Janeiro, buscando soluções conciliatórias, como por exemplo, com o surgimento da ferrovia no Brasil, em 1854, apresentando um projeto ao Imperador Dom Pedro II de construção de uma ferrovia que ligasse as regiões produtoras de café em Minas a Angra dos Reis, permitindo assim acesso de Minas ao litoral e abertura de novas rotas econômicas de Minas Gerais com outros países e províncias.
        O projeto foi rejeitado devido a forte pressão de lideranças de outras províncias junto ao Imperador Dom Pedro II, principalmente das lideranças paulistas.
        No início do século XX, já no período Republicano, os mineiros tentaram mais uma vez acesso ao mar, mas dessa vez comprando um trecho da Ferrovia Bahia e Minas, no litoral sul da Bahia. Eram 142 km de extensão, margeando a ferrovia Bahia e Minas e com 12 km de praia. O trecho adquirido por Minas Gerais iniciava na Serra de Aimorés em Minas seguindo pelo extremo sul baiano, passando por Argolo, Posto da Mata e Helvécia, distritos de Nova Viçosa/BA, Aparaju, distrito de Alcobaça/BA seguindo até Ponta de Areia, distrito de Caravelas, na Costa Sul da Bahia.
        A compra foi possível devido as dificuldades financeiras que passava a Companhia que administrava a ferrovia, tendo recorrido a financiamento junto ao Banco de Crédito Real do Brasil, hipotecando esse trecho de142 km, como garantia. O financiamento não foi pago e o banco, entrou em liquidação. Sabendo disso, o Governo de Minas adquiriu as terras hipotecadas, pagando o valor de 300:000$000 (trezentos contos de ré), algo aproximado hoje de R$50 milhões de reais, com títulos da dívida pública, lavrada em escritura de cessão de crédito e transferência de direito.
        Pagou, mas na prática, não levou. A economia e a politica brasileira atravessava por momentos conturbados. A República tinha sido proclamada poucos anos antes, em 1889. Com a República, as províncias que passaram a se denominar estados. Era um tempo de disputadas entre estados por domínios, definições de divisas, além de incertezas nas áreas econômica e política. Por esses motivos, a compra de parte do litoral baiano foi ficando para depois e com a troca de governos, acabou sendo esquecido. Ou seja, Minas Comprou 12 km de faixa do litoral baiano mas não levou.
        Por fim, o sonho de Minas em ter acesso ao litoral, encerrou de vez. Hoje, o escoamento para exportação da produção mineira é feito principalmente pelo Porto de Tubarão, no Espírito Santo e outros portos.
        Mesmo isolado litoral e dependendo de outros estados para escoamento e exportação de sua produção via litoral, Minas Gerais continua sendo um dos pilares da economia nacional, principalmente no setor leiteiro, cafeeiro, industrial e na mineração, além de sua liderança histórica e riqueza cultural.

domingo, 6 de julho de 2025

Artesanato, dona Izabel e belezas naturais do Jequitinhonha

(Por Arnaldo Silva) No Vale do Jequitinhonha, vivem cerca de 1 milhão de mineiros, numa região que vem melhorando ao longo dos anos, embora ainda careça de muitas melhorias ainda para aumentar seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), se destaca não só em Minas, no mundo por seu valioso e rico artesanato em cerâmica.
Feira de Artesanato do Vale em Araçuaí, registrado pela amiga Márcia Porto - In Memoriam
        São peças únicas, rica em detalhes e cores naturais, obtidas pela pigmentação do próprio barro do Jequitinhonha, dissolvido em água. Lília Xavier, autora das peças da foto abaixo, é uma das mais importantes artesãs do Jequitinhonha na atualidade.
          Lília Xavier vive em Campo Alegre, distrito de Turmalina, cidade com grande tradição cultural, religiosa e folclórica em Minas Gerais, celeiro de grandes talentos na arte da cerâmica.
Dona Isabel
          Moradora de Santana do Araçuaí, Dona Isabel foi a mais importante bonequeira do Vale do Jequitinhonha. Dona Isabel teve seu trabalho reconhecido e respeitado no mundo inteiro, com várias premiações, tanto em Minas Gerais, no Brasil e no exterior, pela UNESCO em 2004.          
          Izabel Mendes da Cunha nasceu em 3 de agosto de 1924, na comunidade rural de Córrego Novo, falecendo no dia 30/10/2014, aos 90 anos, em Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.
Na imagem, Dona Isabel, em foto feita pelo José Ronaldo, a partir de um outdoor colocado em frente à entrada de Santana do Araçuaí.
           Deixou um legado para a cultura, não só mineira, mas brasileira. Autodidata, herdou a arte da cerâmica de sua mãe, que fazia panelas de barro, mas sempre sentiu um toque especial para fazer bonecas, arte que se dedicou a partir de 1970, inspirando nas moringas de barro, modelando a tampa em forma de cabeça, com os rostos sempre em feições sérias, serenas e sóbrias. 
          Suas peças estão espalhadas pelo Brasil e em vários outros países do mundo, decorando casas, lojas e museus. Sua arte e visão contemporânea, dividia com todas, nunca guardou somente para si seus conhecimentos, ao contrário, ensinava. 
          Era exemplo de talento, abnegação e amor ao Jequitinhonha, fazendo até os dias de hoje discípulas de sua arte e técnica. Uma arte única, autêntica, que inspirou gerações de novas ceramistas na arte de trabalhar o barro do Vale do Jequitinhonha e valorizar a mulher do Vale, sua cultura, talento e capacidade como na arte em bonecas de barro acima, feitas pela artesã Lilia Xavier de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG.
Belezas Naturais          
          Destaca também por suas belezas naturais impressionantes, como os afloramentos rochosos, tradicionais na região, que encantam e impressionam pela imponência, magnitude e beleza, como estes, na foto acima do Randal Renye, na região da Pedra do Cachorro, no distrito de Itapiru, em Rubim MG, distante 784 km de Belo Horizonte, a 243 metros de altitude, com cerca de 12 mil habitantes.
       Boa parte das cidades da região do Jequitinhonha foram formadas aos pés desses afloramentos rochosos, como Santo Antônio do Jacinto, na foto acima do @LWKASfotografias. A cidade tem cerca de 12 mil habitantes, com 413 metros de altitude, distante 890 km de Belo Horizonte.
O Rio Araçuaí
          
Um dos grandes destaques da região do Baixo Jequitinhonha é o Rio Araçuaí com 315 km de extensão, banhando 19 cidades e abastecendo outras 23, desaguando no Rio Jequitinhonha, uma dos mais importantes rios de Minas Gerais e de grande importância para a economia do Vale do Jequitinhonha. Na foto acima do Randal Renye, o Rio Jequitinhonha em Almenara, cidade com cerca de 42 mil habitantes.           
O Vale do Jequitinhonha hoje
Na foto acima: Rio Jequitinhonha em Coronel Murta - Bruno Lages
          O Vale do Jequitinhonha, por muitos anos foi considerado uma das regiões mais pobres do país, embora a situação tenha mudado bastante em relação ao século passado, ainda persiste na mente de quem não conhece o Vale do Jequitinhonha, como sendo o "vale da miséria".          
          As desigualdades na região, continuam, bem como índices de pobreza e desigualdades existem em todo o Brasil e não apenas em uma região específica.
          Hoje, o Vale do Jequitinhonha se mostra bem melhor que décadas atrás, caminhando para ser uma região rica e desenvolvida, graças as suas riquezas riquezas minerais, como o minério e o agronegócio.
          A região vem mostrando com grande potencial, por exemplo, para desenvolvimento de indústrias extrativas, facilitada ainda pela sua posição geográfica, próxima ao litoral baiano e capixaba, com acesso mais rápido a portos, por via terrestre e por ferrovias.

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