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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O que é quitanda para o mineiro?

(Por Arnaldo Silva) Quitanda é uma palavra muito pronunciada no Brasil, principalmente em Minas Gerais, embora o significado de quitanda para os mineiros seja diferente do restante do Brasil. Origem dessa palavra é africana e se escrevia “kitanda” com k, posteriormente modificada devido à atualização da língua portuguesa no século XX. 
          Literalmente kitanda, no dialeto quimbundo, é um tabuleiro onde se coloca alimentos para a venda, geralmente por vendedores ambulantes ou em feiras livres. Em algumas partes do interior do Brasil, quitanda ou quitandeira, era uma pequena mercearia onde se vendia além de gêneros alimentícios, produtos de limpeza, fumo, higiene, carvão, etc. Para nós mineiros, esse tipo de mercearia chama-se venda e existe até hoje em algumas regiões mineiras como esta ai abaixo, que eu, Arnaldo Silva, fiz na zona rural de Bom Despacho MG. (fotografia acima de Marluce Ferreira de Ipatinga MG)
          Quitanda também tem significado diferente para o mineiro. Para nós mineiros, quitanda é simplesmente tudo que é feito em casa e servido com café, como queijos, broas, sequilhos, biscoitos, bolos, além dos produtos que saiam dos quintais para as panelas dos fogões à lenha como doce de leite, goiabada, doce de mamão, compotas, etc. Essas quitandas eram colocadas em tabuleiros ou mesas da cozinha para a merenda das famílias e também quando chegavam visitas. Fazer quitandas é uma das mais antigas tradições mineiras. Saiu das senzalas, graças ao gênio culinário das escravas.(na foto acima do Brunno Estevão, quitandas preparadas pela dona Ercilene Zan Fava de Pedra Dourada MG)
Quitandeiras em Vila Rica, hoje Ouro Preto MG, na tela do artista plástico Jean Baptiste Debret (1768-1848)
          A tradição das quitandeiras mineiras começou a partir de 1716, em Vila Rica, hoje Ouro Preto. As escravas e escravos, além de prepararem as quitandas para seus senhores, faziam também para vender pelas ruas de Vila Rica. Colocavam as quitandas no tabuleiro e saiam pelas ruas com os tabuleiros na cabeça, vendendo as quitandas. Alguns senhores de escravos mantinham pequenas vendas na Vila onde as quitandas ficavam à venda o dia todo. O dinheiro das vendas não ficava com os escravos, a não ser com os que eram forros. Havia também casos de escravos e escravas forras que sustentavam suas famílias com a criação de pequenas vendas pelas vilas.
          Passam-se séculos, mas a tradição continua a mesma. Pelo interior de Minas Gerais, quitandeiras fazem biscoitos, bolos, broas, roscas, doces, queijos, etc. e vendem pelas ruas, em feiras livres ou montam pequenos negócios em suas casas para venderem seus produtos. (na foto abaixo do Edson Borges, algumas quitandas mineiras preparadas nos quintais de Felício dos Santos MG)
          E ainda, a tradição de preparar quitandas para família continua. Colocar sobre as mesas os melhores doces, queijos, biscoitos, bolos, roscas e broas eram uma forma de unir as famílias na hora do café da manhã e merenda da tarde, além de agradar as visitas, já que visitar amigos, parentes, comadres e compadres, era uma prática corriqueira entre mineiros, naqueles tempos. Dependendo das famílias, era visita todo dia.

3 comentários:

  1. Gostei. Fui procurar quitanda em são Carlos em 1983 (quando entrei na UFSCar) e me mostraram uma loja de verduras...mas a nossa quitanda mineira para o café não tinha não. Apenas alface, cebola, tomate e vegetais em geral.

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  2. APESAR DE NÃO TER NASCIDO EM MINAS, HERDEI ESSA PRÁTICA DE FAZER QUITANDAS PARA RECEBER E PRESENTEAR AMIGOS.

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