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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Guapé: a cidade que marcou encontro com o dilúvio

(Por Arnaldo Silva) Entre serras e montanhas, rodeada por águas, formando assim uma península, bem na encosta de um espigão, se estendendo até a Serra dos Macacos, encontra-se uma cidade charmosa, tranquila, turística e atraente. É Guapé, no Sul de Minas, um dos principais balneários náuticos do país.
          O município faz divisa com Capitólio, Alpinópolis, Formiga, Piumhi, Pimenta, Boa Esperança, Cristais, Ilicínea, Carmo do Rio Claro e São José da Barra. Está a 293 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 14 mil habitantes.
          Banhada pelas águas da Represa de Furnas, sua história é dividia por antes e depois das águas de furnas inundarem o município, na década de 1960. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, vista parcial de Guapé)
História antes de Furnas
          Antes de Furnas, a história de Guapé tem origens a partir de 1759, no século XVIII, quando chega à região a família do fazendeiro José Bernardes Ferreira Lara. Em 1825, no século XIX, o fazendeiro, juntamente com Felisberto Martins Arruda e Cândida Soares do Rosário, doou parte de suas terras para a construção de uma capela, em honra a São Francisco de Assis a pedido Dona Esméria Angélica da Pureza.
          Com a capela construída, o pequeno arraial começou a crescer. Posteriormente foi elevado a distrito subordinado a Boa Esperança MG, com o nome de São Francisco de Aguapé, em 1856. Nesse mesmo ano, em 9 de maio, a capela foi elevada a paróquia. Pouco tempo depois, o nome do distrito é alterado para São Francisco do Rio Grande.
          Em 7 de setembro 1923, o distrito é desmembrado de Boa Esperança e elevado à cidade, passando a adotar o nome de Guapé, instalado oficialmente em 3 de fevereiro de 1924, com eleição de prefeito e vereadores. (foto acima cedida pelo Grupo  Guapé - Memórias em Fotos e Fatos)
          Guapé é um nome indígena dada a uma planta aquática (Eichhornia) que significa “Caminho das Águas”. A planta, que tem a folhagem verde, tem como características cobrir toda a superfície de rios e lagos.
A cidade que marcou encontro com o dilúvio
          A vida em Guapé seguia normalmente, como todas as pequenas cidades do interior. Casario singelo, simples, em estilo colonial, matriz, praça com coreto, povo hospitaleiro. Essa tradicional rotina mudou por completo quando da formação do Lago de Furnas e instalação da Usina Hidrelétrica de Furnas, obra idealizada por Juscelino Kubitschek nos anos 1950.
          Em 19 de janeiro 1963, as comportas das da usina foram fechadas. Era o início do tão esperado encontro com o dilúvio, quando um mundão de águas encobriu a cidade e maior parte das terras rurais do município. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          O povo já sabia disso e se preparou por anos para esse dia, enquanto uma nova cidade era construída. Tudo que podiam retirar de suas casas, praças, igrejas, criação, fazendas, como objetos, carros de bois, carroças, decoração, gado, retiraram, para serem levados para a nova cidade numa parte alta do município.
          Até mesmo seus mortos, levaram. Não queriam deixar os restos mortais de seus entes queridos submersos. A nova cidade tinha tudo. Casas novas, ruas largas, saneamento, praças, igrejas, tudo. Só não tinha a história, as lembranças, o passado vivido por gerações. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          Os casamentos, as quermesses, os bailes, as rodas de viola, as novenas, as procissões, a missa na Matriz, o toque das bandinhas. Tudo isso ficou nas lembranças. A cidade nova, tinha conforto, mas não tinha lembranças, não tinha história.
          Todos sabiam que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria e até a data. 19 de janeiro de 1963. Era o encontro de Guapé com o dilúvio. E esse encontro ocorreu. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
          A tão esperada cena diluviana e apocalíptica aconteceu aos olhos em lágrimas, de espanto, de perplexidade e prantos dos moradores que assistiram do alto da serra, as águas chegarem e indo aos poucos encobrindo toda a cidade que viveram e viveram seus antepassados. As águas foram inundando até nada ficar à vista, até mesmo a torre da igreja Matriz.
Coincidência do nome e lema da bandeira
          A antiga cidade, onde os moradores construíram suas vidas, seus sonhos e famílias, já não existia mais. Ficou debaixo d´água. Jornais e revistas da época noticiaram o ocorrido de forma dramática e dantesca.
          Tiverem que recomeçar do zero, se acostumar com o novo lugar, criar novos laços e seguir a vida. As autoridades decidiram inundar a cidade e não tinha como mudar. Por ironia do destino, campos, ruas, praças, tudo, passou a ser caminho das águas, exatamente a tradução do nome Guapé. As águas de Furnas inundaram 206 km² do município. (na foto acima do Professor Antônio Carias Frascoli, o Vale do Rio Grande em Guapé)
          Coincidentemente, na bandeira do município, criado em 1924, tem como lema “Fluctuat Ne Mergitur, ou seja, “Flutuarás, não afundarás”. Juntando com o nome da cidade, Guapé, que significa Caminho das Águas, percebemos uma coincidência enorme com seu destino final: o encontro com o dilúvio em 1963. Os mais supersticiosos diriam que o nome e o lema de 1924, seriam profecias que aconteceriam. E aconteceu 39 anos depois, em 1963 com as águas inundando 206 km² do município.
O dilúvio na mídia
          Revistas e jornais de Minas Gerais e do Brasil, da época, noticiavam constantemente os impactos da inundação na vida dos vilarejos e cidades que seriam inundados pelas águas de Furnas, descrevendo o evento como um dilúvio com data e hora marcados.
          Em sua edição 09 de 1959, a Revista O Cruzeiro trazia como manchete uma matéria especial sobre Guapé, com o título: “A cidade a espera do dilúvio” e em fevereiro de1963, quando as águas começaram a inundar o município, a mesma revista publicou outras duas matérias com o título “Guapé vai ser apenas um retrato na parede” e uma outra assinada por Rachel de Queiroz com o título “Cantiga para a cidade de Guapé, que vai desaparecer sob as águas da Represa de Furnas”.
          Em março de 1965 o Lago de Furnas já estava completamente formado. São 1.440 km², cinco vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Em linha reta, a extensão do Lago de Furnas corresponde a metade do litoral brasileiro. (na foto acima do professor Antônio Carias Frascoli a foz do Ribeirão Verde com o Rio Grande em Guapé)
Guapé depois do encontro com o dilúvio.
          Construída em uma parte mais alta, a nova cidade ficou isolada, margeada pelas águas de Furnas. Praticamente ilhada, formando uma península.
          Os primeiros anos foram difíceis para os moradores. O povo não tinha assimilado toda a situação, além de ter de recomeçar a vida do zero. Boa parte das terras férteis do município, às margens do Rio Grande, ficaram submersas. Somente na década de 1970 é que começou de fato a atividade rural do município, sua vocação original. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito  de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, a cidade de Guapé hoje)
          Começou a preparação da terra com o uso de técnicas de manejo mais avançadas para formação de pastagens para a pecuária leiteira e de corte, de cafezais, plantio de grãos e também o plantio de cana-de-açúcar para a produção de cachaça. Começou a desenvolver a pesca e extração de pedras, pecuária leitura e de corte. A agricultura é hoje um dos principais pilares da economia de Guapé.
          A cidade também começa a se despertar para o turismo. Se perdeu em terras férteis, ganhou mais beleza, com as águas do Lago de Furnas. Era o início de uma nova era para os guapeenses que passaram a investir no turismo como alavanca para seu desenvolvimento.
          Hoje Guapé é uma das mais belas cidades turísticas de Minas Gerais, com paisagens impactantes e espetaculares. Além disso, possui uma excelente estrutura urbana, boa qualidade de vida, e uma ótima rede hoteleira e gastronômica, com boa parte de hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica mineira, às margens do Lago de Furnas.
          Essas mesmas águas, além da beleza, proporcionam um clima ameno e ar leve, além de possibilitar a prática de esportes náuticos. As serras e montanhas de Guapé propiciam a prática de esportes radicais como rapel, escalada, parapente e voo livre. (fotografia acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito  de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique em Guapé)
          Além disso, trilhas e matas nativas são atrativos para os turistas, além da rica fauna e flora, sem contar a beleza de riachos e cachoeiras incríveis, paradisíacas, de águas limpas e cristalinas como a cachoeira do Garimpo, do Moinho, do Lobo, do Capão Quente, da Água Limpa, da Volta Grande, do Macuco, dentre outras tantas.
          Outro destaque do turismo de Guapé é o Parque Ecológico do Paredão, uma área de preservação formada por mata nativa, uma fenda entre as serras, aberta naturalmente pela ação do tempo, formações rochosas milenares e três belíssimas cachoeiras, além de trilhas ecológicas e com condições geográficas propícias para a prática de esportes de rapel e escalada. (foto acima e abaixo do professor Antônio Carias Frascoli)
          O lugar tem boa estrutura com área para camping, estacionamento, além de banheiros e restaurante.
          Além do turismo ecológico, Guapé tem atrativos urbanos como o Ipê Campestre Clube, a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no distrito de Aparecida do Sul, além de festividades durante o ano como o Carnaval, a Festa do Divino Pai Eterno e grupos folclóricos de Folia de Reis e Congadas, além da visita às comunidades rurais como Araúna, Santo Antônio das Posses, Pontal, Penas, São Judas Tadeu, Pedra Vermelha, Capoeirinha e Campestre. (na foto acima do Thelmo Lins, a Matriz de São Francisco de Assis)
          Venha conhecer Guapé, a cidade aguarda sua visita.

sábado, 3 de setembro de 2022

Receita de rosquinha mineira de creme de leite

Receita dos fornos de Minas para sua mesa. Embora fizemos as roscas em forno de barro, caso não tenha, pode usar o forno de seu fogão. Fica ótimo também. 
INGREDIENTES
. 3 caixinhas de creme de leite
. 4 ovos
. 1 litro de leite integral
. 1xícara (chá) de açúcar
. 1 1/2 quilo de farinha de trigo + ou -
. 2 colheres (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
. 1 colher (sopa) de fermento em pó
MODO DE PREPARO
- Coloque no liquidificador o leite, o creme de leite, os ovos, o açúcar, a manteiga e bata bem.
- Despeje numa vasilha grande, acrescente o fermento, mexa com uma colher.
- Acrescente aos poucos a farinha de trigo e mexa com as mãos, até ficar numa consistência homogênea, lisa e firme, desgrudando das mãos.
- Faça os moldes das rosquinhas, em formato circular e coloque-as em fôrmas untadas com manteiga e farinha.
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 180°C graus e deixe no forno por cerca de 30 minutos ou até que comecem a dourar.
Receita fornecida por Cristiane Alves e fotos da Glória Alves, enviadas pelo Edson Borges, de Felício dos Santos MG

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O Centro Cultural da Romaria em Congonhas

(Por Arnaldo Silva) Distante 75 km de Belo Horizonte, a cidade histórica de Congonhas, com origens no século XVIII, conta com cerca de 55 mil habitantes e faz divisa com os municípios de Ouro Preto, Ouro Preto, Conselheiro Lafaiete, Belo Vale, Jeceaba e São Brás do Suaçuí.
          Em 2018, durante o Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial do Brasil, realizado em Goiás pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), especialistas classificaram Congonhas como referência nacional em gestão do conjunto histórico. A cidade é uma das 2 mil cidades brasileiras inseridas no Mapa do Turismo do Ministério do Turismo. (na foto acima do Nacip Gômez, a Romaria de Congonhas)
          Em Congonhas está um dos mais expressivos tesouros do barroco não só do Brasil, mas de todo o mundo, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Um complexo arquitetônico e paisagístico, composto por uma igreja, um adro com os 12 profetas e seis capelas que retratam os passos da Paixão de Cristo. (na foto acima do Nacip Gômez)

O Santuário
          No Santuário estão peças de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Mestre Aleijadinho, como os 12 profetas esculpidos em tamanho original e diversas outras esculturas como a Santa Ceia. Ao todo, são 78 peças esculpidas por Aleijadinho entre 1796 e 1805.
          O Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas construído entre 1757 e 1875. Sua conclusão final passou por várias etapas e teve a participação de diversos outros mestres, mas obras que mais se destacam e chamam atenção, são as de Aleijadinho.
          Todo o complexo do Santuário é reconhecido como uma das mais importantes, emocionantes e impressionantes obras do barroco colonial. As obras e o estilo arquitetônico de todo o complexo são únicas no Brasil. Não tem obra igual. Por esse motivo, todo o complexo foi tombado em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985. (na foto acima do Wilson Paulo Brasil, o adro do Santuário, onde estão as esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho com vista para a cidade)
A Romaria
          Desde 1770, no século XVIII, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos atrai romeiros e fiéis de todas regiões mineiras, de outros estados e até de outros países, principalmente entre os dias 7 e 14 de setembro, durante o jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, quando há um grande fluxo de peregrinação de fiéis ao Santuário. Para atender e abrigar a crescente demanda de fiéis, foi construído em 1932 a Romaria, na Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal.
          Trata-se de um conjunto de pequenas casas geminadas, inspiradas na arquitetura dos Passos da Paixão do próprio Santuário, em forma circular, com pórticos na entrada e em estilo colonial.
          Como hospedaria e local de recepção de romeiros e fiéis, o local funcionou até a década de 1960, quando passou para mãos de empresários cariocas que tinham a intenção de construírem um hotel no local. Como o projeto não vingou, em 1968, quase toda a construção foi demolida. Foi preservada apenas os pórticos de entrada, posteriormente tombado pelo Instituto Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), visando sua preservação. (fotografia acima de Gustavo Simões/@gustavosimoes.art a Romaria vista de cima e abaixo do Wilson Fortunato, os pórticos originais da entrada)
          Em meados da década de 1990, a Prefeitura assumiu a posse do imóvel e restaurou os pórticos mantendo suas características arquitetônicas originais, bem como reconstruiu as casas geminadas, com as mesas características da construção original.

          O imóvel foi reconstruído não mais para ser local de hospedagem, mas sim um espaço cultural público, visando a preservação da cultura e memória da história de Congonhas. No espaço foi instalado o Museu de Mineralogia e Arte Sacra, extensão do gabinete do prefeito, além de ser sede da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), centro de apoio aos turistas, o memorial da cidade, oficinas de artesanato e esculturas, espaço para exposições, lojas de souvenirs, auditório, salas de estudos e pesquisas, restaurantes, lanchonetes e sanitários. Além disso, o amplo espaço no centro do imóvel permite a realização de eventos artísticos e culturais da cidade.
          Em 2018, o espaço passou novamente por restauração e readequações, com verba oriunda do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As obras foram concluídas no final de 2020. Além da restauração do Centro Cultural da Romaria, foi construído no local o Teatro Municipal, integrando ainda o complexo ao Parque Ecológico da Romaria. (fotografia acima do Gustavo Simões/@gustavosimoes.art)
          O Parque é uma área ambiental com vegetação nativa, no entorno da Romaria, com áreas de lazer, sanitários, recepção, cobertura multiuso, relógio analemática, anfiteatro, trilhas, orquidário, borboleteio, além de ser um espaço de beleza naturais. É um espaço para lazer, entretenimento, além de atividades culturais paras os moradores da cidade e turistas, com área de 30.447,50 m².

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Situado no bairro Antônio Dias entre as praças Barão de Queluz e Praça Antônio Dias, em Ouro Preto MG, Região Central de Minas Gerais, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição tem sua história iniciada em 1699, no século XVII, quando o bandeirante Antônio Dias construiu uma pequena e singela ermida em honra a Nossa Senhora da Conceição, antes mesmo de Vila Rica (atual Ouro Preto) existir. Vila Rica foi fundada em 1711, no século XVIII.
          Em torno da pequena capela foi se formando uma pequena comunidade, formada por gente simples que vieram junto com o bandeirante Antônio Dias, para trabalhar na mineração. Dessa comunidade simples surgiu o que é hoje o bairro Antônio Dias. Neste bairro, além do santuário e de seu casario, se destacam o Chafariz da Marilia de Dirceu, construído em 1759 e a Ponte dos Suspiros, única ponte construída em estilo romano em Ouro Preto MG. (Na foto acima do Peterson Bruschi, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição e abaixo de Ane Souz, o altar-mor do Santuário)
As irmandades
          Durante o século XVIII, irmandades começaram a ser formadas em Minas Gerais, devido a proibição da Igreja Católica atuar em Minas Gerais, como instituição. Uma irmandade é um grupo de leigos religiosos criado com o objetivo de ajudar sua comunidade bem como prestar culto a determinado santo.
          A formação das irmandades no século XVIII foram de grande importância para manter a fé e religiosidade do povo mineiro devido a expulsão da Igreja Católica, como instituição, do território mineiro, pela Coroa Portuguesa, durante o Ciclo do Ouro. Nesse período, o Clero da Igreja Católica não tinha autonomia e nem presença em Minas Gerais. Somente as irmandades registradas e autorizadas pela Coroa Portuguesa tinham permissão para realizarem serviços religiosos e construírem igrejas, já que eram totalmente autônomas em relação ao clero.
          Quanto mais irmandades existiam, mais igrejas eram construídas. E quanto mais ricos eram seus membros, mais suntuosas e imponentes eram suas construções.
          Além disso, as irmandades assumiam os serviços sociais da comunidade, além da administração financeira e dos cultos, bem como a construção de igrejas onde e quantas quisessem, de acordo com a devoção a seus santos, mesmo que seja uma em frente a outra ou na mesma rua. Tinham ainda o poder de contratar padres, desde que devidamente autorizados pela Coroa Portuguesa.
          Na Igreja de Nossa Senhora da Conceição oito irmandades eram as responsáveis: a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição (1717), do Santíssimo Sacramento (1717), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de São Miguel e Almas (1725), de Nossa Senhora do Terço (1736), de São Sebastião (1738) e de São Gonçalo Garcia (1738). (fotografia acima de Ane Souz)
          Em conjunto, essas irmandades a atuavam no dia a dia do tempo como na manutenção, reforma, ampliação, adornos, ornamentação, bem como na organização das atividades e festividades religiosas, ao longo de suas existências.
A nova igreja
          Com o crescimento da comunidade em torno da pequena ermida, crescimento do número de fiéis e pela mesma ter sido elevada a matriz em 1705, houve necessidade de um novo tempo. As obras da construção da igreja de Nossa Senhora da Conceição começaram em 1727 e foram concluídas em 1746, no século XVIII.
          O projeto da nova igreja ficou sob a responsabilidade de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto, carpinteiro e mestre de obras português, natural da Freguesia de Jesus de Odivelas. Apesar da fama e por ter projetado e construído inúmeras obras em Ouro Preto como a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, o Palácio dos Governadores, pontes, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dentre outros, Manuel Francisco Lisboa se tornou mais conhecido devido a fama e talento do filho que teve com a escravizada Isabel, Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho.
          Foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição a sua mais monumental obra. É nessa igreja que pai e filho estão sepultados. Os túmulos de Aleijadinho e seu pai estão em frente ao primeiro altar, dedicado à Nossa Senhora da Boa Morte (na foto acima do Wellington Diniz). Ao todo, são oito altares que a igreja possui, referentes as irmandades presentes na Igreja.
          Além disso, na Sala da Sacristia e na Sala da Cripta, está o Museu Aleijadinho, criado em 1968 que reúne cerca de 250 obras do Mestre do Barroco Mineiro e documentos gráficos. (na foto acima de Ane Souz, o altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
Uma joia rara de Minas Gerais
          Considerado o marco do nascimento de Vila Rica, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é um dos templos religiosos de maior expressão em Ouro Preto e da arte setecentista e barroca mineira. Nessa igreja estão presentes as três fases do barroco colonial brasileiro que foram o Nacional Português, o Joanino ou Dom João V e o Rococó.
          O interior com suas talhas douradas da capela-mor, sacristia, corredores laterais, dos altares, imagens sacras, decoração e pinturas da nave, impressionam em cada detalhe além de revelar a impressionante riqueza e talento de Manuel Francisco Lisboa e outros artistas que participaram da ornamentação, pintura, entalhes e construção da igreja. (na foto acima e abaixo de Ane Souz detalhes da ornamentação e forro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
          A ornamentação típica do século XVIII do Santuário se mantém praticamente inalterado, mas sua fachada não. Foi modificada no século XIX e ainda nessa época, outras obras foram feitas em sua parte externa como torres, a escadaria, o adro, construído entre 1860 e 1863 e as grades, construídas em 1881.
Restauração
          Em 2005, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi elevada a Santuário Arquidiocesano. Devido a seu estado, houve necessidade de restauração completa da igreja. Em 2013, teve início a restauração do interior e exterior do templo. Durante o período de reforma, a igreja ficou fechada.
          Foram 9 anos de um minucioso, delicado e eficiente trabalho de restauração das imagens, talhas, pinturas, além da recuperação original das cores vibrantes da ornamentação e talhas douradas. A comunidade ouro-pretana e turistas, aguardavam com ansiedade a conclusão total das obras de restauro, concluídas em agosto de 2022. Os recursos da restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição foram obtidos junto ao junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Governo Federal.
          Rodeada por um riquíssimo casario colonial (na foto acima de Arnaldo Silva), o Santuário se destaca pelas cores vibrantes de sua fachada, em amarelo e branco e mais ainda, pela beleza e perfeição da restauração que devolveu suas características originais, bem como sua beleza única e singular. Uma beleza que fascina, encanta e emociona em cada detalhe, fiéis, moradores e turistas de todo o mundo. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Queijo caseiro feito na cidade

Você pode fazer queijo fresco em casa, na cidade, sem ter fazenda ou vaca leiteira e ainda, gastando menos. Embora não seja o tradicional Queijo Minas que tem como base o leite cru, o coalho, sal, pingo e as bactérias lácteas que dão cor, sabor, textura e características aos queijos, fazer esse tipo de queijo hoje, é uma boa opção.
INGREDIENTES:
.  2 litros de leite integral (o de caixinha não serve)
.  2 copos de iogurte integral e sem açúcar ou de preferência
. 1 colher (sopa) de coalho liquido..
. Suco de meio limão se for usar o iogurte. Se for usar o coalho, não precisa usar o limão.
. 1 1/2 colher (sopa) de sal
. Meio copo (americano) de água
Utensílios: 1 pano limpo, uma panela e uma fôrma redonda pequena, própria para queijos, encontrada de produtos agropecuários.
MODO DE PREPARO:
- Despeje os copos de iogurte (ou o coalho) em uma vasilha, em seguida a água, o limão (se não for usar o coalho) e misture até dissolver bem. Reserve.
- Leve o leite ao fogo e quando estiver começando a ferver, desligue.
- Despeje na panela a mistura reservada e deixe descansando por 2 horas.
- Após esse tempo, coloque o pano em um escorredor, despeje toda a mistura e vá espremendo, até sair todo soro.
- Pegue a massa do queijo, que ficou no pano e coloque-a na forma, apertando mais um pouco para sair o restante do soro.
- Espalhe por cima o sal, tampe com um pano e deixe descansando por 3 horas.
- Após esse tempo, coloque o queijo na geladeira e deixe de um dia para outro.
- Após esse tempo, já pode consumir seu queijo caseiro feito na cidade.
Primeira foto de Marluce Ferreira de Ipatinga MG e segunda imagem da Regina Rodrigues na Fazendinha da Regina/@reginasfarm

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Matozinhos e as ruínas históricas da Fazenda Jaguara

(Por Arnaldo Silva) Matozinhos é uma das mais tradicionais e importantes cidades de Minas Gerais. Tem origem no século XVIII e foi de grande importância para a cultura, história e economia mineira no século XIX. Essa importância para Minas, prevalece até os dias de hoje com destaque para a agricultura, pecuária e mineração.
          Cidade com boa estrutura urbana, conta com belas praças, igrejas, grutas e cavernas, o Museu Arqueológico Peter Lund, dentre outros atrativos e  comércio e setor de serviços variados. O município de Matozinhos conta hoje com cerca de 336.618 habitantes, segundo o IBGE em 2022. Está a 47 km de Belo Horizonte e faz divisa com Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Capim Branco, Esmeraldas, Baldim, Jaboticatubas e Funilândia. (na foto acima de Andréia Gomes/@andreiagomesphotoart, a Praça da Matriz de Matosinhos MG)
A Fazenda Jaguara
          É uma das mais importantes fazendas para a história de Minas Gerais. Formada no início do século XVIII, no auge da exploração do ouro em Minas, a Fazenda Jaguara foi um importante ponto fiscal, até 1765. A fazenda está localizada em Mocambeiro, distrito de Matozinhos MG (na foto acima do Thelmo Lins, a entrada da fazenda)
          Com o declínio da mineração, o posto fiscal foi desativado e a fazenda passou a produzir alimentos de subsistência, para abastecer a região, sendo construída o casarão sede, senzala, igreja e moinho. Era uma das maiores fazendas produtivas da região, com cerca de 1.200 alqueires e ainda, 750 escravos.
          Devido a riqueza hídrica da região, que favorecia a construção de pequenas usinas hidrelétricas, indústrias de tecidos começaram a instalar-se em Matozinhos e cidades vizinhas. Na Fazenda Jaguara, foi instalada uma dessas indústrias, com seu conjunto, passando a fazer parte da fazenda. Também em ruínas, o maquinário e galpões da antiga fábrica de tecidos, fazem parte da história e patrimônio da fazenda.
Arrependimento e promessa
          O destaque maior da fazenda são as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Era comum, no Brasil Colônia, a construção de pequenas capelas nas fazendas. Na Fazenda Jaguara, foi diferente, foi construída uma igreja. A iniciativa da construção do templo, foi do português, Antônio de Abreu Guimarães, que se enriqueceu contrabandeando diamantes e ainda, era sonegador de impostos.
          Arrependido de seus atos e disposto a mudar de vida, procurou o perdão divino, confessando seus atos, perante a Igreja. Como penitência, o padre determinou que  construísse, não uma capela, mas uma igreja na Fazenda Jaguara, além de doar os lucros da fazenda para obras de caridade e rezar muito.
          Decidido a se redimir, cumpriu sua penitência. Não economizou na construção da igreja que dedicou à Nossa Senhora da Conceição. Contratou para projetar e executar a obra, nada menos que Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o Mestre do Barroco Mineiro.
A igreja construída por Aleijadinho
          O templo começou a ser construído na década de 1780 e concluído na mesma década, em 1786. Os riscos externos, o coro, os púlpitos, os altares laterais e as ornamentações, seguiam à risca o estilo do século XVIII, bem como o altar-mor, que era muito semelhante com o altar-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, também do Mestre Aleijadinho.
          Dentro da igreja, uma placa em madeira, fixada abaixo de um anjo, colocada a mando do português, dizia: “Feito à custa de Antônio de Abreu Guimarães”.
          Considerada uma das mais expoentes e originais arquiteturas mineiras, seu estilo arquitetônico e ornamentações interiores, representavam o que existia de mais autêntico e genuíno da arte barroca do século 18.
          Era uma das principais e mais belas igrejas mineiras, mesmo estando em uma fazenda particular, justamente pelas talhas do Mestre Aleijadinho.
          Um fato interessante é que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, foi a única igreja feita totalmente por Aleijadinho. As demais foram em parcerias com outros artistas, como o Mestre Ataíde. A da Fazenda da Jaguará não. Do alicerce ao acabamento, obra do escultor, desenhista e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 
A compra da fazenda pelo inglês George Chalmers
          A situação e realidade da fazenda mudou no final do século XIX, quando a fazenda foi adquirida pelo inglês George Chalmers (Falmouth, Inglaterra, 1857 — Nova Lima, 1924). 
          Chalmers era minerador e também, diretor da Mina de Morro Velho, em Nova Lima MG, cidade distante 106 km da Fazenda Jaguara. O inglês era também Protestante. 
          Por estar numa área rural e distante da cidade, a igreja era muito conhecida, mas pouco visitada e carecia de manutenção e cuidados constantes com sua arquitetura, como toda obra necessita, principalmente as mais antigas. Assim, começava a entrar em decadência. 
         Chalmers optou em não cuidar e nem em reformar a igreja, ao contrário, mandou desmontar e retirar todas as peças e obras de Aleijadinho da igreja da Fazenda Jaguara.  
          A intenção do britânico em retirar as peças da igreja, podia ser a melhor possível, mas não se sabe o real motivo ou motivos, de tão drástica atitude. 
Destino das obras de Aleijadinho
          As obras de Aleijadinho foram levadas para Nova Lima, onde Chalmers residia e trabalhava. Acredita-se que uma parte das obras retiradas da igreja, foram parar nas mãos de colecionadores.
          Sem as ornamentações e talhas de Aleijadinho, a igreja perdeu seus atrativos. Abandonada, foi entregue aos cuidados do tempo, bem como as construções em redor e algumas até a desapareceram, como a senzala, que não restou nem vestígios. (fotografia acima de Thelmo Lins as ruínas da igreja construída por Aleijadinho na Fazenda Jaguara)
Obras do Aleijadinho na Igreja do Pilar em Nova Lima
          Tempos depois, o batistério, os altares laterais e as talhas do altar-mor retirados da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, bem como a imagem da santa, talhados por Aleijadinho, no século 18, foram doados por Charlmers, à Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Matriz de Nova Lima, uma construção do século 20. Uma igreja com arquitetura e estilo bem diferente, das tradicionais igrejas do século 18, com ornamentos e talhas do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
          Agindo certo ou errado, seja por quais motivos, ou intenções que teve, o fato é que boa parte das obras do Mestre Aleijadinho, foram salvas, pelo gesto de doação das obras, por Chalmers, à Matriz de Nova Lima, evitando que fossem parar, por completo, nas mãos de colecionadores. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, a Matriz de Nova Lima)
          Estão hoje bem conservadas e protegidas na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Nova Lima, aberta a todos, fiéis, estudiosos e amantes da arte e arquitetura do barroco mineiro. A cidade de Nova Lima está distante 30 km do Centro de Belo Horizonte. (na foto abaixo da Norma Bittencourt, o altar-mor, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, ornamentando o altar-mor da Matriz do Pilar, em Nova Lima).
Bens tombados
          Por sua importância histórica para Minas Gerais, as ruínas do conjunto arquitetônico da Fazenda Jaguara, foram tombadas em 12 de janeiro de 1996, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). Compõe esse conjunto as ruinas da igreja, a Casa da Junta, galpões de maquinários, a casa sede, o moinho e o porto.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

As cidades mais altas de cada estado brasileiro

(Por Arnaldo Silva) Por ser um estado montanhoso, Minas Gerais é o estado de maior altitude do Brasil. Entre as 25 cidades brasileiras acima de 1.000 metros de altitude, 15 estão em Minas Gerais. Com área de 588.383,6 km2, correspondente a 7% do território nacional e dependendo da região mineira, a altitude de Minas Gerais varia de 600 metros a 2890 metros.
          As altitudes e coordenadas dos Estados e municípios brasileiros são calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). (na foto acima de Ricardo Cozzo, Monte Verde, distrito de Camanducaia a 1550 metros de altitude. O distrito de 6 mil habitantes só não é o mais alto de Minas Gerais por justamente ser distrito e não um município)
          A altitude oficial de cada município brasileiro tem como base o nível do mar, que é o ponto 0. A partir do nível do mar, a altitude é contada tendo como base a sede do município, basicamente a área central de cada cidade, não entrando nesse cálculo a altitude dos distritos, serras, morros e picos.
          Baseando-se na parte central de cada cidade, evita-se distorções na altitude real de cada município. Por exemplo, Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas está a 1550 metros de altitude acima do nível do mar, mas a sede, Camanducaia, a 1015 metros. Outro exemplo é a cidade mineira de Alto Caparaó, no Leste de Minas, que está a 997 metros de altitude e seu ponto mais alto, o Pico da Bandeira, a 2890 metros de altitude.
          O município de maior altitude de Minas Gerais é Senador Amaral, no Sul de Minas, a 1480,52. É inclusive, a segunda de maior altitude do país, atrás apenas de Campos do Jordão, o município de maior altitude brasileira, a 1628,16 metros acima do nível do mar. (na foto acima, Senador Amaral MG, a cidade mais alta de Minas. Foto/arquivo da Secretaria de Turismo local, enviada pelo Evanil Emiler)
          O mesmo caso é o de outros municípios brasileiros como exemplo Santa Isabel do Rio Negro, no estado do Amazonas. A altitude da cidade é 45 metros e seu ponto mais alto, o Pico da Neblina, está a 2993,78 metros.
            Com base na área central dos municípios brasileira, conheça a cidade de maior altitude, de cada estado brasileiro. A relação está em ordem alfabética.
Estado/Cidade                                            Altitude
- Acre/Jordão                                                342,79
- Alagoas/Mata Grande                               618,84
- Amapá/Serra do Navio                             152,00
- Amazonas/Guajará                                   180,73
- Bahia/Piatã                                                 1.271,27
- Ceará /Guaraciaba do Norte                     934,12
- Espírito Santo/Dores do Rio Preto           767,50
- Goiás/Alto Paraíso                                     1.211,67
- Maranhão/Sucupira do Norte                   479,80
- Mato Grosso/Alto Taquari                         875,69
- Mato Grosso do Sul/Chapadão do Sul    819,00
- Minas Gerais/Senador Amaral                  1.480,52
- Pará/Bannach                                              390,68
- Paraíba/Matureia                                        817,62
- Paraná/Inácio Martins                               1 220,09
- Pernambuco/Triunfo                                  1 010,03
- Piauí/Marcolândia                                       784,76
- Rio de Janeiro/ Teresópolis                       877,59
- Rio G. do Norte/Ten. Laurentino Cruz      738,05
- Rio G. do Sul/São José dos Ausentes      1.181,82
- Rondônia/Vilhena                                        604,50
- Roraima/Pacaraima                                    918,03
- Santa Catarina/São Joaquim                    1.353,45
- São Paulo/Campos do Jordão                  1.628,16
- Sergipe/Carira                                              368,80
- Tocantins/Arraias                                        712,63
          Brasília é o único município do Distrito Federal. A Capital Federal está a 1100 metros acima do nível do mar. Entre as cidades-satélites que formam o Distrito Federal: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Guará, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II e Candangolândia, a área administrativa de Ceilândia, a 1.285 metros, é a de maior altitude. Já o ponto mais alto do Distrito Federal é o Ponto do Roncador a 1.344 metros de altitude acima do nível do mar.

sábado, 30 de julho de 2022

Conheça Itaobim: Terra da Manga

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais importantes cidades para a cultura, economia e tradições do Nordeste Mineiro e Vale do Jequitinhonha, Itaobim conta atualmente com cerca de 21 mil habitantes. Desses habitantes, constata-se uma forte presença de gaúchos e seus descendentes. Isso porque a partir da década de 1970, a região recebeu um grande número de agricultores do Rio Grande do Sul para trabalhar nas terras férteis da região.
          Seu povo é é gentil e bastante hospitaleira. A cidade é agradável, pacata e charmosa. Conta com um comércio variado, boa infraestrutura urbana, hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas.(na foto acima gentilmente enviada pela Fátima Vieira, a entrada da cidade)
          Com as novas divisões geográficas das microrregiões e mesorregiões mineiras feitas pelo IBGE em 2017, Itaobim passou a integrar as regiões intermediárias e imediatas de Teófilo Otoni, no Nordeste de Minas. Segundo o próprio IBGE, Itaobim está na mesorregião do Vale do Jequitinhonha, inserida na microrregião de Pedra Azul MG, numa posição geográfica entre Nordeste Mineiro e o Vale do Jequitinhonha.
          Distante 620 km de Belo Horizonte, o município faz divisa com Medina, Jequitinhonha, Ponto dos Volantes e Itinga. Seu nome, foi adotado a partir de 1963. Itaobim é da linguagem tupi e significa Pedra Verde ((Itá = pedra e obý = verde). Isso devido existir na região uma serra com formação rochosa de coloração esverdeada, por isso o nome. (na foto acima de José Ronaldo, vista das serras que circundam Itaobim)

Breve história
          Nos séculos XVIII e XIX, a região que deu origem a Itaobim, foi importante rota de ligação de bandeirantes e tropeiros da Região Sudeste com o Nordeste brasileiro. Itaobim tem origem no povoado de São Roque formado no século XIX. Elevado a distrito em 1913 e posteriormente à cidade em 30/12/1962, o município foi instalado oficialmente em 1963, com a eleição de seu primeiro prefeito e vereadores.
          Banhada pelo Rio Jequitinhonha, Itaobim continua sendo de grande importância estratégica para a região. O município é hoje uma rota rodoviária estratégica ligando os estados do Sudeste ao Nordeste, pelo Sul da Bahia, já que está localizada geograficamente no entroncamento da BR-116 a Rio-Bahia e lingada ainda ao Norte de Minas pela BR-367 e ao Sul da Bahia, pela BR—327
          Essa localização estratégica faz de Itaobim um grande ponto de tráfego de veículos, movimentando assim a economia da cidade através do abastecimento de combustíveis, oficinas mecânicas, lojas de peças para veículos, hospedagens, restaurantes e outros segmentos.
A Terra da Manga
          Itaobim está numa região belíssima, cercada por serras, formações rochosas impressionantes e além do Rio Jequitinhonha, de grande importância econômica, histórica e cultural para a cidade e região. (na foto acima do Gilberto Coimbra, o Rio Jequitinhonha)
          Além disso, Itaobim, por ter em sua formação povos de outras regiões do Brasil, misturadas à cultura e regionalismo de Minas Gerais, é uma cidade de grande diversidade cultural.
          A noite na cidade é bastante movimenta devido os inúmeros bares e restaurantes da cidade. Outro destaque no turismo é o Museu de Arte e Cultura que conta com peças de animais empalados (taxidermia) e a Paróquia de São Roque, a praça e o casario em seu entorno.
          Além disso, Itaobim se destaca por sua rica atividade cultural, por seu artesanato em madeira (na foto acima de José Ronaldo), em fibra de taboa como as famosas caixas trançadas, cabaças e em argila. Mas é agricultura familiar, a pecuária leiteira e principalmente a produção e exportação de frutas tropicais como a banana e a manga, o principal destaque da economia de Itaobim.
          Na cidade são produzidas diversas variedades da fruta, principalmente as variedades Espada e Manga Rosa.
          A fruta tropical é associada ao nome da cidade, de tão importante que é para o município. Itaobim é reconhecida e chamada de A Terra da Manga. A fruta da um enorme impulso a economia e o turismo da cidade durante a safra, que vai de outubro e janeiro. (foto acima da entrada da cidade, gentilmente enviada pela Fátima Vieira) 
          Todos os anos, geralmente no mês de novembro, a cidade realiza a Festa da Manga. Tradicional em Minas Gerais, a Festa da Manga de Itaobim movimenta a econômica da cidade e atrai milhares de visitantes nos dias de festas. Conta com comidas típicas, exposição do artesanato e cultura local, shows com artistas e bandas famosas, eleição da rainha e princesa da Manga, além claro, apresentação de pratos, produtos e subprodutos da manga.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Novo trem turístico entre Minas e São Paulo

(Por Arnaldo Silva) A Ferrovia Minas e Rio, inaugurada em 1884 pelo Imperador Dom Pedro II, terá parte dos 170 km recuperados e o trem voltará a circular pela histórica ferrovia, para fins de turismo. O trecho a ser recuperado e reativado, ligará a Estação Central de Cruzeiro no Leste de São Paulo à Estação Rufino de Almeida, na zona rural deste município, na divisa com Passa Quatro MG, Sul de Minas. O trecho inicial será de 6 km com projeção de ampliação do trecho entre Cruzeiro/SP e Passa Quatro MG. Entre as duas cidades são 34,5 km de distância.
          Atualmente, apenas 20 km dos 170 km originais da Ferrovia Minas e Rio estão em operação sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). Trata-se do trecho entre o km 24 ao 35, onde opera o Trem da Mantiqueira, em Passa Quatro MG e do km 80 ao 90 do Trem das Águas, entre São Lourenço MG a Soledade de Minas. Em São Sebastião do Rio Verde MG, projeto visa recuperar o trecho férreo que liga a cidade à São Lourenço MG. (na foto acima de Sérgio Mourão/@sergio.mourao, o Trem da Mantiqueira em Passa Quatro, sobre os trilhos da Ferrovia Minas e Rio)
          Os 170 km da ferrovia Minas e Rio ligava diretamente Cruzeiro/SP a Três Corações, no Sul de Minas. A Estrada de Ferro era ligada ao Rio de Janeiro por interconexão ferroviária através da Estrada de Ferro Central do Brasil, Estrada de Ferro Muzambinho e Viação Férrea Sapucaí.
A história da Ferrovia Minas e Rio
          A linha férrea Minas e Rio começou a ser construída em 1881 pela companhia inglesa Waring Brothers. Para a construção, foi criada uma empresa nacional, autorizada pelo Governo Imperial, através do decreto 7.734, de 21 de junho de 1880, com o nome de The Minas and Rio Railway.
          Três anos depois, em 14 de junho de 1884, a Estrada de Ferro Minas e Rio era inaugurada por Dom Pedro II. A viagem Imperial teve inicio na Estação de Passa Quatro MG. Os 135 km de ferrovia entre Passa Quatro MG a Três Corações MG, foram percorridos em 2h.35min a uma velocidade média de 52km/h, recorde para aquela época. (na foto acima, Estação de Cruzeiro SP em 1895. Fotografia de Marc Ferrez/Domínio Público)
          O projeto original da ferrovia iniciava numa estação do Rio de Janeiro, finalizando na Estação Rufino de Almeida, na Zona Rural de Cruzeiro/SP, na divisa com Passa Quatro MG. Em 3 de maio de 1881, foi aprovado uma modificação no traçado estendendo a linha até a Estação Central de  Cruzeiro SP.
          Mesmo a linha férrea passando a ter, a partir dessa época, a estação final na cidade de Cruzeiro SP, manteve-se até os dias de hoje o nome original da ferrovia: Minas e Rio. A recuperação da linha férrea.
Recuperação da linha e previsão de conclusão
         Sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), o trabalho de restauração dos 34,5 km da Ferrovia Minas e Rio já está em andamento, iniciando com a recuperação dos trilhos para que o trem possa operar nos primeiros 6 km do trecho entre a Estação Central de Cruzeiro até a Estação Rufino de Almeida, na Zona rural.
         A conclusão e inauguração da primeira etapa está prevista inicialmente para 2024.
         Futuramente, prevê-se a ampliação do trecho até Passa Quatro MG, no Sul de Minas, com o trem passando pelo Túnel da Mantiqueira, na divisa das duas cidades.
Dois trens turísticos na região
          Em Passa Quatro MG circula o Trem Turístico Serra da Mantiqueira, que sai da Estação de Passa Quatro fazendo o percurso até a Estação Coronel Fulgêncio, nas proximidades do Túnel da Mantiqueira. Essa é outra linha que continuará funcionando normalmente, da forma que está.
          O trem turístico que circulará entre Cruzeiro a Estação Rufino de Almeida em São Paulo, na divisa com Minas Gerais,  é outro trem e outro trajeto, embora na mesma região. Ganha o turismo, as cidades envolvidas e os turistas, que terão mais opções de passeios pela história da região e dos dois estados, lazer e cultura.         
A Revolução de 1932
          Essa região, onde operará o novo trem turístico é de grande importância histórica para mineiros e paulistas, por ter sido palco da Revolução de 1932.
          Os paulistas pretendiam, entre outros objetivos, depor Getúlio Vargas e instalar a Assembleia Nacional Constituinte. Com esse objetivo, embarcaram na Estação de Cruzeiro rumo a Três Corações MG e dessa cidade seguiriam em outro trem até o Rio de Janeiro, então capital do Brasil na época.
          Coube a Minas Gerais impedir a pretensão paulista. E conseguiram. A viagem das tropas paulistas foi curta, parou em Passa Quatro MG.
          Liderados pelo 7°Batalhão de Caçadores Mineiros, hoje 7° Batalhão da Polícia Militar, sediado em Bom Despacho MG, o 7°BCM era comandado pelo do Ten. Cel. Fulgêncio, morto em combate, impediu o avanço dos paulistas.
O Túnel da Mantiqueira
          Passa Quatro MG e o Túnel da Mantiqueira foram os campos de batalha dos mais violentos confrontos entre mineiros e paulistas. Iniciado em 9 de julho de 1932, encerrou-se 87 dias depois, após rendição dos paulistas. O acordo para encerrar o conflito foi assinado em Cruzeiro SP. Números oficiais apontam 934 mortos e outras centenas de feridos, de ambos os lados.
          O Túnel da Mantiqueira foi o palco das mais sangrentas batalhas desse conflito. Até hoje, marcas de tiros ainda podem ser vistos no túnel. Esse túnel, inaugurado por Dom Pedro II em 1884, fará parte do trajeto do novo trem. (na foto acima do Paulo Santos, o Túnel da Mantiqueira)
          Além das bucólicas e impressionantes paisagens da Serra da Mantiqueira, o novo trem turístico será de grande valor cultural e histórico para Minas Gerais e São Paulo.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Cataguás: os Tatus Brancos do Centro Oeste Mineiro

(Por Arnaldo Silva) A partir de meados do século XVII, começam a chegar ao território mineiro bandeirantes paulistas, em busca de ouro. A presença do homem branco no território mineiro, não foi nada amistosa. Isso por que a região por onde iniciaram a entrada, Sul de Minas, Oeste e Centro Oeste Mineiro, era habitada por várias etnias indígenas, como toda Minas Gerais era. Vestígios arqueológico apontam a presença de povos indígenas em território mineiro há mais 11 mil anos.
          A questão era que uma dessas etnias, que habitava a região do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro era os Tatuas Brancos, os temidos índios Cataguás. (o Rio São Francisco em Bom Despacho MG, no Alto São Francisco, um dos habitats dos Cataguás)
          Índios de língua não tupi, eram descendentes da tribo dos Tremembé, etnia oriunda do litoral do Nordeste do Brasil. Os Cataguás eram mais conhecidos como Cataguases, pela facilidade da pronúncia. Escrever ou pronunciar Cataguás ou Cataguases é a mesma coisa. 
          O povo Cataguá deixou o litoral nordestino e se instalou no Sul do país, ficando pouco tempo por lá. Partiram rumo ao Norte do Brasil, passando pelo atual território mineiro, no século XVI.
Cataguases X Carijós
          No caminho dos Cataguás estava a tribos dos Carijós, habitantes da parte alta do Vale do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro. Os Carijós eram índios mais tranquilos, trabalhadores e de fácil diálogo. Não eram muito de guerras e conflitos com outras tribos.
          Já os Cataguás, não. Eram avessos a conversas, além de serem guerreiros valentes, eram bastante hostis e não se intimidavam fácil. Carijós e Cataguás travaram uma ferrenha batalha, com os Cataguás saindo vencedores. Os Carijós que sobreviveram, deixaram a região, rumo a parte Oeste do Estado, longe dos Cataguás.
          Com a vitória, os Cataguás decidiram se fixar no território conquistado. Em pouco tempo, cresceram como povo e expandiram seus domínios para todo o Centro Oeste, Sul de Minas, Médio e Alto São Francisco, mantendo-se dominantes nessas regiões de forma implacável, até a chegada do homem branco, em meados do século XVII.
O país dos Cataguás
          A presença dos índios Cataguases em território mineiro era tanta e eram tantas as tribos Cataguases espalhadas pelas regiões mineiras, que eram chamados pelos bandeirantes paulistas de “povo que mora no país das matas” e ainda por “País dos Cataguases” e “Campos Geraes dos Cataguases". Na época a grafia gerais era com e, geraes. Os dois últimos nomes, foram primeiros nomes de Minas Gerais
          Somente após a descoberta de minas de ouro, que o território mineiro deixou de ser chamado “País dos Cataguases” e "Campos Geraes dos Cataguases" , a partir da descoberta de grandes quantidades de minas de ouro.

Guerreiros valentes e destemidos
          Na parte alta do São Francisco, os Cataguases predominavam. Viviam da caça, pesca e cultivo de milho e mandioca, além de fazerem utensílios de cerâmica, para uso diário, rituais religiosos e festas. Eram vigilantes e atentos a tudo em seu redor, devido a conflitos em etnias diferentes e presença constante de forasteiros.
         Embora existam várias traduções para a palavra Cataguás a mais conhecida é que Cataguá significa “gente boa” (catu-auás), embora os Cataguases não fizessem jus a tradução do nome. 
          Eram gente boa entre os membros da etnia, mas com outras tribos e principalmente forasteiros, nem um pouco. O homem branco era chamado pelos Cataguases de Poxi-auá, “gente ruim.
          Eram valentes, corajosos, destemidos e unidos, os Cataguases defendiam seu povo e suas terras com bravura. Eram extremamente agressivos e impiedosos para com seus inimigos, sejam de outras tribos ou forasteiros.
          Era guerreiros implacáveis, inteligentes e estrategistas. Quando capturavam seus inimigos, os devoravam em pouco tempo. Os Cataguases eram canibais. Não era por menos que as outras etnias indígenas da região temiam os Cataguases.
Os Tatus Brancos trogloditas
          A região de Doresópolis, no Oeste Mineiro, concentra inúmeros cânions, paredões e cavernas. Diferente de outras tribos que viviam em comunidades e em ocas, como moradas, os Cataguases que viviam na região de Doresópolis, eram trogloditas (habitantes de cavernas). Viviam em furnas e nas inúmeras cavernas existentes na região do Alto São Francisco e não em ocas, como a maioria dos indígenas viviam. Por esse motivo eram chamados de Tatus Brancos. (na imagem acima de Eduardo Valente, furnas na região de Doresópolis)
           Nesta região onde os Cataguases viviam, cavernas e paredões enormes podem ser vistos até os dias de hoje. Era esse o habitat dos Cataguases do Alto São Francisco, os temidos Tatus Brancos.
          Exímios caçadores noturnos, conseguiam capturar suas presas com muita facilidade. Saiam à noite e caçavam até o dia raiar. Com a presença do homem branco na região, estes passaram a ser também suas presas. 
          Na época da ocupação, relatos de homens brancos que desapareciam misteriosamente na região dominada pelos Cataguases eram comuns. Se algum forasteiro era capturado, não se encontrava nem vestígios. Os Tatus Brancos eram canibais e não perdiam tempo prendendo suas presas. Os forasteiros eram vistos como inimigos naturais.
          A dificuldade de diálogo com os Cataguases, bem como sua forte resistência e agressividade com os invasores, além de serem em grande número, eram empecilhos para portugueses e bandeirantes ocuparem o território mineiro.
          Com o passar do tempo e aumento do número de bandeirantes, escravos, missionários e portugueses em território mineiro e os crescentes ataques dos Tatus Brancos aos forasteiros, o Governo Português resolveu agir para facilitar a entrada das bandeiras no território.
O fim dos Tatus Brancos
          Por volta de 1670 as autoridades da Colônia Portuguesa determinaram uma verdadeira cruzada contra os Tatus Brancos, com a ação a cargo Fernão Dias Paes Leme. O bandeirante partiu de São Paulo com cerca de 600 homens, entre brancos e escravos.
          Diante da resistência dos Cataguás, foi enviado ainda Lourenço Castanho Taques, bandeirante paulista que conseguiu colocar fim a resistência dos Cataguás, obtendo êxito em seu intento.
          Ação dos bandeirantes não visava expulsar os Cataguás ou escravizá-los, eles nunca aceitaram ser escravos. Portugueses e bandeirantes empreenderam uma violenta ação visando exterminar por completo o povo Cataguás e apagar qualquer vestígio da presença da etnia que encontrassem pelo caminho.
          E conseguiram. Já no final do século XVII, já não existia mais os Cataguases em território mineiro e infelizmente, muito pouco da história desse povo foi registrada. Sabe-se quase nada sobre os costumes e usos, vestimentas e aparência física do povo Cataguá, bem como da origem de seu idioma, que se sabe, não era do tronco Tupi. Nada sobrou que contasse mais da origem e história desse povo que habitou boa parte do território mineiro. (na foto acima do Eduardo Valente, caverna em Doresópólis MG, habitat dos Cataguás, os Tatus Brancos)
Campos Geraes
          Com o extermínio dos Cataguás, a região deixou de ser "País dos Cataguases". Foi por algum tempo chamada de "Campos Gerais dos Cataguases". Como não existia mais os Cataguases, chegou a ser chamada de "Campos Geraes", na grafia do século XVII e XVIII. Quem nascia na região era "Geralista". O gentílico "mineiro" só passou a ser usado no século XIX.
          Com a descoberta de minas de ouro no território mineiro, a palavra "campos" foi mudada para Minas e manteve-se o geraes. Ficando, na grafia da época, "Minas Geraes".  Assim nascia Minas Gerais. 
          O termo “País dos Cataguases”, "Campos Geraes dos Cataguases"  e "Campos Geraes", ficou apenas na história dos séculos XVII e início do século XVIII e não passou disso. O nome do território passou a ser capitania, província e por fim, Estado de Minas Gerais. 
O legado dos Cataguás 
          O certo é que os Cataguases foram os primeiros povos que ofereceram resistência contra a ocupação e exploração das riquezas em território mineiro.
          Os Cataguases não existem mais como povo, mas com certeza, o espírito de luta, de resistência, de bravura, coragem e defesa de sua existência, faz parte do espírito do povo mineiro, desde os primórdios da formação de Minas Gerais.
          O povo mineiro possui o espírito valente e de luta dos Cataguás. Este espírito nos torna defensores de nossas tradições, de nossas divisas, de nossa cultura, de nossa história, de nossas riquezas e da luta pela liberdade, presente em nosso sangue e bandeira, desde a ocupação bandeirante e portuguesa em Minas Gerais.

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