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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Situado no bairro Antônio Dias entre as praças Barão de Queluz e Praça Antônio Dias, em Ouro Preto MG, Região Central de Minas Gerais, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição tem sua história iniciada em 1699, no século XVII, quando o bandeirante Antônio Dias construiu uma pequena e singela ermida em honra a Nossa Senhora da Conceição, antes mesmo de Vila Rica (atual Ouro Preto) existir. Vila Rica foi fundada em 1711, no século XVIII.
          Em torno da pequena capela foi se formando uma pequena comunidade, formada por gente simples que vieram junto com o bandeirante Antônio Dias, para trabalharem na mineração. Dessa comunidade simples surgiu o que é hoje o bairro Antônio Dias. Neste bairro, além do santuário e de seu casario, se destacam o Chafariz da Marilia de Dirceu, construído em 1759 e a Ponte dos Suspiros, única ponte construída em estilo romano em Ouro Preto MG. (Na foto acima do Peterson Bruschi, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição e abaixo de Ane Souz, o altar-mor do Santuário)
As irmandades
          Durante o século XVIII, irmandades começaram a ser formadas em Minas Gerais, devido a proibição da Igreja Católica atuar em Minas Gerais, como instituição. Uma irmandade é um grupo de leigos religiosos criado com o objetivo de ajudar sua comunidade bem como prestar culto a determinado santo.
          A formação das irmandades no século XVIII foram de grande importância para manter a fé e religiosidade do povo mineiro devido a expulsão da Igreja Católica, como instituição, do território mineiro, pela Coroa Portuguesa, durante o Ciclo do Ouro. Nesse período, o Clero da Igreja Católica não tinha autonomia e nem presença em Minas Gerais. Somente as irmandades registradas e autorizadas pela Coroa Portuguesa tinham permissão para realizarem serviços religiosos e construírem igrejas, já que eram totalmente autônomas em relação ao clero.
          Quanto mais irmandades existiam, mais igrejas eram construídas. E quanto mais ricos eram seus membros, mais suntuosas e imponentes eram suas construções.
          Além disso, as irmandades assumiam os serviços sociais da comunidade, além da administração financeira e dos cultos, bem como a construção de igrejas onde e quantas quisessem, de acordo com a devoção a seus santos, mesmo que seja uma em frente a outra ou na mesma rua. Tinham ainda o poder de contratar padres, desde que devidamente autorizados pela Coroa Portuguesa.
          Na Igreja de Nossa Senhora da Conceição oito irmandades eram as responsáveis: a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição (1717), do Santíssimo Sacramento (1717), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de São Miguel e Almas (1725), de Nossa Senhora do Terço (1736), de São Sebastião (1738) e de São Gonçalo Garcia (1738). (fotografia acima de Ane Souz)
          Em conjunto, essas irmandades a atuavam no dia a dia do tempo como na manutenção, reforma, ampliação, adornos, ornamentação, bem como na organização das atividades e festividades religiosas, ao longo de suas existências.
A nova igreja
          Com o crescimento da comunidade em torno da pequena ermida, crescimento do número de fiéis e pela mesma ter sido elevada a matriz em 1705, houve necessidade de um novo tempo. As obras da construção da igreja de Nossa Senhora da Conceição começaram em 1727 e foram concluídas em 1746, no século XVIII.
          O projeto da nova igreja ficou sob a responsabilidade de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto, carpinteiro e mestre de obras português, natural da Freguesia de Jesus de Odivelas. Apesar da fama e por ter projetado e construído inúmeras obras em Ouro Preto como a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, o Palácio dos Governadores, pontes, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dentre outros, Manuel Francisco Lisboa se tornou mais conhecido devido a fama e talento do filho que teve com a escravizada Isabel, Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho.
          Foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição a sua mais monumental obra. É nessa igreja que pai e filho estão sepultados. Os túmulos de Aleijadinho e seu pai estão em frente ao primeiro altar, dedicado à Nossa Senhora da Boa Morte (na foto acima do Wellington Diniz). Ao todo, são oito altares que a igreja possui, referentes as irmandades presentes na Igreja.
          Além disso, na Sala da Sacristia e na Sala da Cripta, está o Museu Aleijadinho, criado em 1968 que reúne cerca de 250 obras do Mestre do Barroco Mineiro e documentos gráficos. (na foto acima de Ane Souz, o altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
Uma joia rara de Minas Gerais
          Considerado o marco do nascimento de Vila Rica, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é um dos templos religiosos de maior expressão em Ouro Preto e da arte setecentista e barroca mineira. Nessa igreja estão presentes as três fases do barroco colonial brasileiro que foram o Nacional Português, o Joanino ou Dom João V e o Rococó.
          O interior com suas talhas douradas da capela-mor, sacristia, corredores laterais, dos altares, imagens sacras, decoração e pinturas da nave, impressionam em cada detalhe além de revelar a impressionante riqueza e talento de Manuel Francisco Lisboa e outros artistas que participaram da ornamentação, pintura, entalhes e construção da igreja. (na foto acima e abaixo de Ane Souz detalhes da ornamentação e forro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
          A ornamentação típica do século XVIII do Santuário se mantém praticamente inalterado, mas sua fachada não. Foi modificada no século XIX e ainda nessa época, outras obras foram feitas em sua parte externa como torres, a escadaria, o adro, construído entre 1860 e 1863 e as grades, construídas em 1881.
Restauração
          Em 2005, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi elevada a Santuário Arquidiocesano. Devido a seu estado, houve necessidade de restauração completa da igreja. Em 2013, teve início a restauração do interior e exterior do templo. Durante o período de reforma, a igreja ficou fechada.
          Foram 9 anos de um minucioso, delicado e eficiente trabalho de restauração das imagens, talhas, pinturas, além da recuperação original das cores vibrantes da ornamentação e talhas douradas. A comunidade ouro-pretana e turistas, aguardavam com ansiedade a conclusão total das obras de restauro, concluídas em agosto de 2022. Os recursos da restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição foram obtidos junto ao junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Governo Federal.
          Rodeada por um riquíssimo casario colonial (na foto acima de Arnaldo Silva), o Santuário se destaca pelas cores vibrantes de sua fachada, em amarelo e branco e mais ainda, pela beleza e perfeição da restauração que devolveu suas características originais, bem como sua beleza única e singular. Uma beleza que fascina, encanta e emociona em cada detalhe, fiéis, moradores e turistas de todo o mundo. 

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