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sexta-feira, 6 de maio de 2022

A região queijeira Mantiqueira de Minas

(Por Arnaldo Silva) A região queijeira Mantiqueira de Minas é formada pelos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto. São 10 cidades ao todo, identificadas e reconhecidas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), como produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA).
          A iguaria movimenta a economia dessas cidades, gerando emprego e renda, melhorando com isso a qualidade de vida das famílias produtoras e contribuindo para o desenvolvimento local. (fotografia acima de Maria Marquez Lino/@emporiodavaquinha, queijos da Mantiqueira)
          A região queijeira Mantiqueira de Minas foi reconhecida em junho de 2020, pelo Governo de Minas, através do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ambas vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG). (fotografia acima de Marcelo Arantes de queijo feito em Aiuruoca)
Características
          Os queijos feitos na região Mantiqueira de Minas, tem o modo de preparo diferente do tradicional Queijo Minas Artesanal das demais regiões. Na Mantiqueira de Minas, o leite é aquecido e ainda utilizam fermento na produção.
          Queijo de massa cremosa com olhaduras (furinhos), leve picância, textura firme e casca amarelo claro, é um queijo que agrada todos os paladares, por ser um de queijo versátil, principalmente quando usados em pratos especiais, como em massas (pizzas, sanduíches, macarronada, etc.), além de harmonizarem muito bem com café e principalmente com vinhos finos. (fotografia acima e abaixo de Marlon Arantes)
          Alguns queijos da região podem variar na coloração devido a maturação longa natural ou maturados no azeite, na fumaça de alecrim e eucalipto, no vinho, defumado e alguns recebendo resinas escuras ainda acréscimos de temperos e ervas.
          As características únicas e singulares dos queijos feitos na região Mantiqueira de Minas é formada por um conjunto de fatores como a altitude, o clima, a geologia, a qualidade da água, da pastagem, da flora bacteriana única da região.
          Outro fator importante é a tradição, passada por gerações, o que garante a preservação da originalidade do modo de preparo dos queijos feitos nessa região. (na foto acima, Queijo Inácio, de Alagoa MG)
Queijo Artesanal de Alagoa
          A tradição queijeira da região tem início com a chegada à Alagoa MG de Paschoal Poppa e sua esposa Luiza Altomare Poppa, de Parma, na Itália. O casal Poppa percebeu semelhanças do clima, pastagens, da fertilidade das terras e da qualidade da água. (na foto acima de Marlon Arantes, Alagoa MG)
          Tais semelhanças motivaram o casal a produzir, em Alagoa, um dos mais tradicionais queijos italianos, o parmesão, feito em Parma, cidade natal do casal de imigrantes.
          Mesmo com as semelhanças climáticas da Mantiqueira com a região de Parma, na Itália, semelhante não é o mesmo que igual. O queijo feito pelo casal de italianos em Alagoa MG, passaram a adquirir as características regionais próprias. Isso devido a flora bacteriana presente na região, não ser igual à encontrada em Parma. São as bactérias lácteas que dão cor, sabor, textura e característica de um queijo e cada região tem sua flora própria.
          Com o passar do tempo, o queijo feito pelo casal italiano se transformou em uma das mais importantes iguarias da região, presente na vida de centenas de famílias até os dias de hoje. (na foto acima, queijo Artesanal de Alagoa, feito pela Queijaria Sítio do Morro/Divulgação)
          Assim começou a tradição queijeira de Alagoa, tradição esta que se expandiu para as cidades da Mantiqueira, tornando hoje a cidade de Alagoa e a região Mantiqueira de Minas, uma região queijeira singular e única em Minas Gerais.
          O município de Alagoa, além de fazer parte da região Mantiqueira de Minas, produzindo os tradicionais queijos da Mantiqueira, é também reconhecia como produtora do “Queijo Artesanal de Alagoa”, um tipo de queijo somente feito em Alagoa. A marca carrega o nome da cidade e é sua principal identidade gastronômica.
          Além disso, o queijo de Alagoa é premiadíssimo, estando entre os melhores do mundo comprovadamente com as inúmeras medalhas de bronze, prata e ouro, conquistas em concursos nacionais e internacionais de queijos, como o Mondial Du Fromage, destaque para os queijos feitos pelo produtor Osvaldo Filho, da Queijos D´Alagoa MG (na foto acima/Arquivo pessoal), e na Fazenda Bela Vista, do produtor Renato. Duas queijarias medalhistas no último concurso mundial de queijos, realizado na França, sendo o queijo Premium da Fazenda Bela Vista, premiado com medalha de ouro duas vezes consecutivas (na foto abaixo, em azul, o casal de produtores Renato e Thaylane,da Fazenda Bela Vista).  
          Podemos dizer que é um queijo feito em Alagoa e Mantiqueira de Minas, tem a essência italiana, mas com corpo e alma mineira.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

As cidades da região da Serra da Canastra

(Por Arnaldo Silva) O Parque Nacional da Serra da Canastra é uma área formada por 200 mil hectares, localizada no Sudoeste de Minas Gerais. Foi criado em 1972 para preservar as nascentes do Rio São Francisco. 
          No entorno da área da Canastra estão 8 municípios: Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Piumhi, Delfinópolis, Sacramento, Tapira e São Roque de Minas, considerada a “capital” da Serra da Canastra. (foto acima e abaixo do guia Pedro Beraldo/@ecotrilhasdacanastra)
          Essas cidades em torno da área do Parque da Canastra formam uma região geográfica e turística. É diferente da região queijeira Canastra, formada pelas cidades de Medeiros, Vargem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis, Bambuí, Piumhi e São Roque de Minas. Cidades que produzem queijos Canastra com as mesmas características. São duas regiões diferentes.
          O acesso à parte alta da Serra da Canastra, onde está a nascente do Rio São Francisco é por São Roque de Minas e também pela portaria Norte, em Tapira MG. Para conhecer a parte baixa, onde está a Cachoeira da Cascadanta, o acesso é pela estrada de Vargem Bonita. O acesso ao parque pode ser feito ainda por São João Batista do Glória e Sacramento. (na foto acima de John Brandão/@fotografoaventureiro, a Serra da Canastra e abaixo, a Cachoeira da Cascadanta)
          Como as cidades que formam a região são turísticas, um tour pelas cachoeiras, paraísos naturais, lagos, cascatas, montanhas e cânions, é uma ótima opção de passeio e diversão para os amantes da natureza e de esportes radicais. Sem contar os apreciadores da autêntica cozinha mineira e do queijo Canastra, feitos artesanalmente na região como há mais de 200 anos. (na foto abaixo queijos Canastra legítimo, da queijaria Queijo Dinho/Divulgação, de Piumhi MG)
          Vamos conhecer as oito cidades da região da Serra da Canastra e seus principais atrativos turísticos:
São Roque de Minas
          São Roque de Minas está a 320 km de Belo Horizonte, no Oeste de Minas e conta com pouco mais de 7 mil habitantes. Município de terras férteis, água de qualidade e abundante, é considerada a porta de entrada para a Serra da Canastra.
          São Roque de Minas é uma pequena e atraente cidade tipicamente mineira. Tranquila, pacata, tradicional, com ótima estrutura para receber turistas, conta com uma ótima rede gastronômica e hoteleira em sua área urbana e principalmente rural, com várias pousadas e queijarias pela zona rural do município. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade a Matriz de São Roque de Minas e abaixo, de Luís Leite, o Curral de Pedras, feito por escravos)
          Conta ainda com guias especializados, que acompanham os turistas pelos pontos arquitetônicos da cidade e seus povoados, como São José do Barreiro, bem como às fazendas e em todo o Parque da Serra da Canastra.
          Para conhecer a Nascente do Rio São Francisco, o acesso é por São Roque de Minas.
Vargem Bonita
          Vargem Bonita é a primeira cidade mineira banhada pelo Rio São Francisco. A cidade conta com pouco mais de 2 mil habitantes e está a 322 km de Belo Horizonte no Oeste de Minas.
          Cidade típica mineira, seu povo é bem simples, religioso, acolhedor e hospitaleiro. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Por ser passagem obrigatória para a parte baixa da Serra da Canastra e Cachoeira da Cascadanta, a cidade é uma das mais visitadas na região.
          Sua gastronomia é riquíssima, com destaque para os pratos típicos da Canastra e do queijo, encontrados na cidade e nas queijarias do município.
Piumhi
          “Pium” significa mosquito e o sufixo “i”, pequeno, formam a palavra tupi “Piumhi”. O “eme”, na língua portuguesa é usado antes do “p e b”, mas nesse caso é uma exceção à regra, por ser a junção de duas palavras em sua forma original. Para evitar ortografias diversas como Piunhi, Piunhy ou Piumhy, e preservar a história do nome original, foi oficializado através de lei a escrita dessa forma, Piumhi, aprovado na Assembleia Legislativa de Minas de Gerais.
          Quem nasce em Piumhi é piumhiense. Seu povo tem fama de acolhedor, hospitaleiro, além de receberem os visitantes de forma acalorada e carinhosa. Inclusive, a cidade é conhecida como a “cidade carinho”. (na foto acima de Nilza Leonel, vista parcial de Piumhi e abaixo de Nacip Gômez)
          Piumhi conta pouco mais de 35 mil habitantes e está a 265 km distante de Belo Horizonte, no Oeste de Minas, a 16 km de Capitólio, a 25 km de Pimenta e 60 km de São Roque de Minas. O acesso a Piumhi é pela MG-50.
          Piumhi oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores, estando entre os 50 melhores municípios mineiras nesse quesito.
          Cidade plana, ruas largas, arborizadas, praças bem cuidadas e charmosas, como a Praça da Matriz, a Praça Guia Lopes e a Praça do Rosário. Conta ainda com um mirante, conhecido como Mirante da Cruz do Monte, com vista panorâmica de toda a cidade, além de belíssimas construções ecléticas, fazendas produtoras de café e de queijo Canastra, belíssimas serras como as serras da Pimenta, do Andaime e do Cromo e cachoeiras paradisíacas como cachoeiras como a Cachoeira da Belinha.
Delfinópolis
          Distante 430 km de Belo Horizonte, no Sudoeste Mineiro, Delfinópolis conta com pouco mais de 7 mil habitantes. Cidade tranquila, com boa estrutura urbana, com economia agrícola sólida, com destaque para a produção de milho, café, cana-de-açúcar, banana, arroz, feijão, soja, pecuária de leite e corte, além da suinocultura.
          Por estar na região da Serra da Canastra e suas belezas naturais, o município é um dos principais pontos de turismo ecológico de Minas Gerais com destaque para o Vão da Babilônia, o Vale da Gurita, o conjunto de cachoeiras formadas pelo Complexo do Claro, além de rotas, trilhas, paisagens, nascentes, matas nativas e montanhas espetaculares. (fotografia acima de Nacip Gômez a Praça da Matriz da cidade e abaixo, os verdes campos do Vale da Gurita)
          Por suas nascentes, picos, matas, paisagens naturais, fauna e flora riquíssima, além de 150 cachoeiras, Delfinópolis é conhecida por “Paraíso Ecológico”.
          Faz parte do Circuito Turístico Nascente das Gerais e conta com um ótimas pousadas e restaurantes, além de um grande número de guias de turismo, equipados e preparados para acompanhar os visitantes, levando-os a uma aventura pelas trilhas e belezas da Serra da Canastra.
São João Batista do Glória
          A 320 km de Belo Horizonte e a 62 km de Capitólio e com pouco mais de 7.500 habitantes, São João Batista do Glória, no Sudoeste de Minas, é uma das referências em qualidade de vida em Minas Gerais.
          Chamada por seus moradores simplesmente de “Glória”, o município conta com uma ampla e sofisticada rede hoteleira, guia de turismo e verdadeiros paraísos naturais como o Paraíso Perdido, trilhas. (na foto acima de Amauri Lima, a Matriz de São João Batista do Glória e na foto abaixo do Luís Leite, a Cachoeira da Maria Augusta))
          Além disso, conta com cerca 130 cachoeiras, com destaque para a Cachoeira da Maria Augusta, piscinas naturais, riachos, lagoas, vales como o Vale da Babilônia, montanhas e serras impressionantes, dentre outras tantas belezas naturais.
          Glória é o lugar ideal para descanso e convívio com a natureza, seja em grupos, família, em casal ou mesmo, individual. Todas essas belezas podem ser aproveitadas com acompanhamento de guias especializados, encontrados na cidade, que conta ainda com um grande número de pousadas, hotéis e restaurantes com ótimas estruturas, tanto em sua área urbana, quanto na área rural.
Sacramento
          Localizada no Triângulo Mineiro, distante 480 km de Belo Horizonte, Sacramento é uma das portas de entrada para O Parque Nacional da Serra da Canastra.
          Com cerca de 27 mil habitantes, o município é um dos grandes produtores de café em Minas Gerais, além de se destacar na produção do queijo Canastra. (na foto acima de Arnaldo Silva, vista parcial de Sacramento e abaixo, de Luís Leite, Desemboque)
          Seu principal distrito, Desemboque, foi um dos berços da formação do Triângulo Mineiro e ocupação do Estado de Goiás, no século XVIII, durante a busca de ouro na região do Sertão da Farinha Podre, como era chamado naquela época.
          No auge da exploração do ouro na região, Desemboque tinha milhares de moradores e um comércio ativo, ao contrário de hoje, com poucos moradores, que se conta no dedo. Dos seus áureas tempos, restou a história, seus casarões coloniais, a Igreja de Nossa Senhora do Desterro e do Rosário. É hoje um dos atrativos históricos de Sacramento e região.
          Além disso, a cidade é bem estruturada, conta com belíssimas construções coloniais e ecléticas do século XX e atrativos naturais como o Rio Grande, cachoeiras paradisíacas, o lago da Hidrelétrica de Jaguará e a Gruta dos Palhares, a maior caverna de arenito das Américas, localizada a 12 km da cidade, num local bem estruturado e organizado, além aprazível, com restaurante e lanchonete, fontes, quiosques e quadras de esportes.
Tapira
          O município de Tapira está a 400 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Ibiá, Araxá, Sacramento e São Roque de Minas e conta com 5.745 habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022.
          A cidade faz parte do Circuito Turístico da Serra da Canastra. Além de ser uma das portas de entrada para o Parque Nacional da Serra da Canastra, Tapira conta com belas paisagens naturais como as cachoeiras dos Bandeirantes, dos Perobas e do Carlos. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade) 
          Além disso, Tapira é uma típica e aconchegante cidade mineira o interior com um povo muito acolhedor, hospitaleiro e gentil, além dos encontros de famílias e amigos em torno de um banco de praça ou fogão a lenha para uma boa prosa. Preservam ainda a tradição os carros de bois, com desfiles, as tradições religiosas folclóricas e culinária mineira.
Capitólio
          Com pouco mais de 8.600 habitantes, distante 276 km de Belo Horizonte e a 80 km da entrada do Parque da Canastra, Capitólio é um dos maiores pontos turísticos de Minas Gerais e desejo de imensa maioria de amantes da natureza e de aventuras. O acesso principal ao município se dá pela MG-050.
          Uma das 34 cidades banhadas pelo imenso Lago de Furnas que conta com 1.440 km² ao todo. Em linha reta, é o equivalente à metade do litoral brasileiro. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, vista parcial de Capitólio)
          Boa parte da extensão territorial de Capitólio é ocupada pelas águas do Lago de Furnas. Por isso a cidade é conhecida “rainha dos lagos” e suas belezas naturais, rodeadas pelas águas cristalinas e esmeraldas de Furnas, faz de Capitólio um dos mais belos e atraentes municípios brasileiros. Um verdadeiro cenário de cinema.
          Cidade pequena, mas muito bem estruturada para o turismo, conta com excelentes pousadas, restaurantes e quiosques com comidas típicas, principalmente pratos feitos com peixes de água doce.
          A cidade possui ainda uma ótima estrutura urbana, com destaque para Matriz da cidade, a praia artificial, formada por um calçadão, quadras, palco para shows, bares, além do nobre balneário Escarpas do Lago.
          O Lago de Furnas, a Cachoeira da Lagoa Azul, o Rio Turvo, a Trilha do Sol, a Gruta do Tucano, o Morro do Chapéu a 1.293 metros de altitude, o Parque Ecológico Cascata, o Recanto dos Vikings e o Paraíso Achado e seus imensos cânions, são os maiores atrativos do município. Boa parte desses lugares, podem ser apreciados com passeios de lanchas, escunas ou chalanas. Em outros, em veículos 4x4, disponíveis pelos guias de turismo encontrados com facilidade no município. (na foto acima do Guia @percio_passeioscapitolio, a Cachoeira do Beija Flor e abaixo de Pedro Beraldo, a nascente do Rio São Francisco em São Roque de Minas)
          As cidades da Região da Serra da Canastra, proporcionam passeios incríveis, emocionantes e inesquecíveis!

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Tradição e nostalgia das antigas vendas e botecos

(Por Arnaldo Silva) A geração atual convive com grandes hipermercados, lojas de conveniências, bares sofisticados e shoppings. A geração anterior, vivia nos tempos dos antigos armazéns de Secos e Molhados, botequins e vendas de esquina. Embora antigos, são tradicionais e alguns resistem ao tempo e modernidade, estando presentes, mesmo que em menor número, em todas as cidades mineiras, inclusive na capital.
          As mercearias e armazéns tem praticamente o mesmo significado e funcionavam no mesmo lugar. Os armazéns surgiram em Minas Gerais, nos tempos do Brasil Colônia. Era um espaço amplo, onde eram armazenados produtos secos e molhados, para serem vendidos nas mercearias. Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima de Lucas Vieira, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Fabinho Augusto, uma antiga e tradicional que existiu em Barro Branco, distrito de Ponte Nova MG, até bem pouco tempo)
As mercearias e armazéns          
          No significado geral, mercearia era uma loja para venda das especiarias, bebidas, gêneros alimentícios e miudezas de uso doméstico, que ficavam armazenadas nos armazéns, garantindo assim estoque. As construções eram divididas. A frente era a mercearia e os fundos, o armazém, onde os estoques eram guardados.
          
 Eram lojas formais, presentes nos grandes distritos e cidades, que vendiam seus produtos em suas mercearias, bem como, para outras mercearias. Os armazéns eram comércios atacadistas e varejistas. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, um desses tradicionais armazéns, que também eram mercearias. É o Armazém 2 Irmãos, datado de 1854, em Faria Lemos MG, Zona da Mata)
          Compravam e vendiam produtos oriundos das fazendas como feijão, arroz, manteiga, banha, fumo, palha para cigarro, linguiça, carnes, leite, doces, queijos, etc., e principalmente, de necessidades básicas que não eram fabricados nas cidades onde estavam estabelecidos, como sal, querosene, tecidos, linhas, agulhas, lamparinas, panelas, penicos, baldes, ferramentas, roupas, sapatos, chapéus, etc. Esses produtos chegavam às cidades pelos tropeiros ou mesmo, em carros de bois. Eram viagens longas, que levavam meses.
Boteco, Botica e Botequim
          Existiam também nas pequenas vilas e cidades, os botecos ou botequins, sendo estes muitos populares. A origem do boteco vem de botica, que literalmente, era uma caixa de madeira, tradicional em Portugal e introduzida no Brasil, nos tempos do Brasil Colônia. Nessa caixa de madeira eram colocados remédios e levados às cidades e vilas.
          Não existia na época remédios em cápsulas ou comprimidos. Eram medicamentos líquidos e colocados em vidros. No Brasil Colônia, as boticas eram levadas pelos mascates e tropeiros em carroças e carros de bois, cortando as estradas do nosso sertão. (na foto acima de Thelmo Lins, uma tradicional venda em Virginópolis MG)
          Com o crescimento dos povoados e cidades, foram surgindo lugares próprios para a venda desses remédios nas cidades, que passou a se chamar boticas. Sãos as antigas boticas, as precursoras das farmácias, de hoje.
          As boticas foram inspiração para surgir lugares para a venda de bebidas, não para curar as mazelas do povo, mas para vender as bebidas típicas das localidades em garrafas, como cachaça, vinhos, licores. Tempos depois, começaram a servir petiscos, como chouriço, linguiça, mandioca, torresmos, etc.
          Boteco ou Botequim são, literalmente, diminutivos de botica. Botecos em Minas são populares, hoje chamados de bares. Antigamente os botequins serviam de encontros entre boêmios, hoje, os bares são lugares de encontro, entre amigos e amigas.
          Alguns botecos são tão populares, pitorescos e tradicionais que passaram a ser ponto de encontro de amigos, para conversar, beber um pouco, comer algo juntos, como por exemplo o Boteco Zé do Arame, em Conceição de Ibitipoca, distrito de Lima Duarte na Zona da Mata, à esquerda da foto acima da Giseli Jorge. Se prestar atenção, a data de fundação do boteco está assim na placa: Desde 19 e 00 (bolinhas). 
          Outro boteco famoso e charmoso em Conceição de Ibitipoca, é este, na foto acima o do Lucas Vieira, o Pão, Linguiça & Cia. Pela imagem, dá para perceber que é um lugar gostoso demais, bem no meio da charmosa Vila Colonial, porta de entrada para o Parque do Ibitipoca. 
As vendinhas de esquinas         
          Já as vendas, mais populares e mais comuns que os botecos e armazéns, são um pouco dos dois. Surgiam aos montes nas esquinas das vilas e cidades e geralmente, faziam parte da casa dos donos. Os nomes das vendas eram geralmente associados aos nomes ou apelidos dos seus donos. Vendiam tudo o que era vendido nos armazéns, bem como, tudo que era vendidos nos botecos, por isso eram chamadas de vendas.
          Embora cada dono de venda, organizava seu estabelecimento conforme o espaço que tinha, as vendas era bem parecidas. Eram de esquina, com 2, 3 ou 4 portas na frente, sem janelas, com estantes em madeira nas paredes, onde ficavam as bebidas e vários produtos e miudezas. Um balcão de madeira com vidro, onde ficavam as guloseimas.  Caixotes, onde eram colocados os produtos a granel, como feijão e arroz. Balança com pesos comparativos, sobre o balcão. Tinham algumas vendas com balanças mais modernas para a época, como a Filizola. (na foto acima e abaixo de Arnaldo Silva, a Venda da Emília, no Arraial do Conto em Cordisburgo MG, região Central)
          Sobre o balcão das vendas, nunca faltava baleiros, além de um monte de miudezas penduradas no teto e um rádio de pilha, sintonizado na rádio AM da cidade. Em algumas vendas tinha até radiolas e gravadores rodando fitas k-7, para os fregueses. Tinha também uns tamboretes e mesas rústicas, onde os amigos sentavam para prosear e tomar umas pingas e comer uns tira gostos caseiros. (na foto abaixo, de Arnaldo Silva, a Venda da Emília)
          Mesmo com o espaço pequeno das vendas, nelas, cabia de tudo e dificilmente não se encontrava o que se procurava. Desde linha, agulha, carne de sol, discos de vinil, réstia de alho, xarope de groselha, colcha de chenile, fitas k-7, salame, bucha, fumo de rolo, manivela para pipa, vara de pescar, anzol, bacalhau, prego, bolinhas de gude, ratoeira, enxada, açúcar, ki-suco, picolé, pilhas para rádio, lâmpadas, arroz e feijão vendidos em granel, brinquedos, pratos, canecas, carrinho de mão, bules, raticidas, naftalina, gaiolas, doces.
          Além disso, tinha balas, sapatos, shampoo, banha de porco, lápis, borracha, linguiça, sal, querosene, lamparina, marmelada, baldes, trempe para fogão a lenha, esmalte, tachos de cobre, maria-chiquinha, sabão, pasta de dente, leite, queijo, farinha, fubá, panelas, penico, bacias, pão de sal.
          Sem contar a utilíssima Folha Mariana, a tabuada, café moído na cara do freguês e em algumas vendas, o café era também coado na cara do freguês, se ele preferisse. Era tudo bem embrulhado. 
          Nas vendas, o que não era encontrado era porque ainda não tinha sido inventado.
A caderneta
          Poucas pessoas pagavam na hora. Tudo anotado numa caderneta, item por item. No início do mês, o freguês ia lá, sem falta, e pagava. A confiança e honestidade eram valiosos e todos faziam questão de honrar seus compromissos, com os donos das vendas. Ninguém se preocupava em vender fiado, sabiam que todos pagavam.
Ponto de encontro de amigos e famílias
          As vendas eram lugares para todos da família. Tinha de tudo para todos até para as crianças. Os baleiros eram o encanto da infância, tinha todas as balas que a criançada adorava. Dentro do balcão tinha tantas guloseimas, que os meninos, ao olharem, ficavam com os olhos brilhando. (na  foto acima do Amauri Lima, a Venda e Mercearia do Israel São João Batista do Glória MG)
          As mulheres encontravam nas vendas utilidades para seu dia a dia, bem como para os cuidados da casa. Já os homens, eram os grandes frequentadores das vendas, isso porque, além de ter tudo o que precisavam para seu dia a dia, tinha também as pingas e os amigos, frequentadores da venda. Além da pinga, em algumas vendas, serviam tira gostos de torresmo com mandioca e os populares pão com salame e pão com linguiça frita. O que não faltava nas vendas era o xarope de groselha. Adoravam misturar 
pinga com groselha. 
Diferença de vendas antigas e mercados atuais
          As fotos acima retratam bem como eram bem organizadas, pitorescas, nostálgicas e aconchegante as vendas antigas. Dá vontade de chegar e ficar. (na foto abaixo do Deocleciano Mundim, o Bar do Baiano, local que serviu por muito tempo como rodoviária da cidade de Lagoa Formosa MG, Alto Paranaíba)
          
Diferente de hoje, com os mercados e grandes mercados, você entra, coloca tudo num carrinho, paga e vai embora. As vendas, eram lugares de amigos. Mesmo para comprar um ou dois itens, chegando nas vendas, demorava para sair. Sempre encontrava-se amigos, parentes e conversas rendia, enquanto o tempo passava. Mas ninguém ligava, não existia a correria do dia-a-dia de hoje.
          Isso porque o bom de estar numa venda, é conversar com o dono e sua família e com os amigos, compadres e comadres, que lá estavam. O ambiente era totalmente familiar e os frequentadores, eram chamados de fregueses.
A origem de freguesia e fregueses
          No século XVIII, os pequenos povoados que surgiam, antes de serem elevados a distrito ou cidades, eram elevados a Freguesias. Quem morava numa freguesia, era chamado de freguês. Nessas freguesias, existiam, apenas um armazém de Secos e Molhados, que garantia o abastecimento da freguesia. Existiam várias vilas e distritos, mas eram bem distantes umas das outras, o que dificultava a ida a outras freguesias. Assim, os fregueses, só compravam nos armazéns de sua freguesia. Com o tempo, a palavra freguês se 
popularizou, como aquela pessoa que só comprava num determinado lugar, se mantendo sempre fiel, bem como uma tradição de comprar no mesmo lugar, que passava para gerações.
        Nas vendas, nem precisavam de dinheiro, bastava uma simples caderneta onde eram anotadas as compras dos fregueses. Quem era freguês de uma determinada venda, dificilmente comprava em outra. Isso porque, além de serem fregueses, mantinham laços de amizades, afinidades e respeito ao dono da venda, sendo esse o segredo da boa freguesia. Os fregueses não andavam de venda em venda. Iam direto nas vendas de sua freguesia. (na foto acima da Elvira Nascimento, a tradicional Venda do Chico em Ouro Preto, que funciona num casarão colonial, no Largo do Cinema).
          Hoje, com a modernidade dos grandes comércios, a palavra freguês passou a desuso, substituída pela palavra, cliente, que literalmente significa, comprador. É aquela pessoa que compra, independente do mercado, loja ou estabelecimento, sem ser fiel ou comprar exclusivamente, em determinado estabelecimento. E assim são vistos pela empresa, não como amigos, como nas antigas vendas, apenas como compradores.
Ainda existem
          Apesar das facilidades e conforto da modernidade, em pleno século XXI, em muitas cidades mineiras, muitas das tradicionais vendas e antigos armazéns, ainda resistem ao tempo, da mesma forma que antes, sem nada mudar e ainda, vendendo fiado, com tudo anotado nas cadernetas. (na foto acima Luiz Fernando, a tradicional venda Venda Alto Minchillo em Guaranésia MG)
          São lugares que nos faz voltar ao tempo e mesmo a geração atual, se emociona com a beleza rústica e poética das antigas vendas, botecos, mercearias e armazéns, presentes principalmente nas cidades e vilarejos do interior mineiro. 

O Palácio dos Governadores de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Localizado no bairro Mangabeiras, na Zona da Sul de Belo Horizonte, o Palácio dos Governadores, foi construído a mando de Juscelino Kubitschek, no período em que governou o Estado, entre 1950 e 1955, para ser residência oficial dos governadores de Minas Gerais.
          Inaugurado em 1955, o suntuoso palácio foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e conta ainda com seus belíssimos jardins, planejados por Roberto Burle Marx. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          A residência oficial dos govenadores mineiros era no 3° do Palácio da Liberdade. Além de ser sede administrativa do governo mineiro, era residência. Para Juscelino, moradia familiar junto ao local de trabalho era inadequado ao exercício das atividades profissionais e familiares, ao mesmo tempo.
          Por isso optou em construir outra moradia, separada do Palácio da Liberdade e o local escolhido foi o Mangabeiras, um bairro nobre da zona sul da capital mineira. Na foto acima do Thelmo Lins, o Palácio da Liberdade. No primeiro e segundo pisos, a sede administrativa e nos fundos, atrás da fachada, existe um terceiro pavimento onde era a residência da família do governador do estado.
          A partir de 1955, os governadores que sucederam a JK, passaram a morar no Palácio dos Governadores seus familiares. Ao longo dos anos, a moradia oficial recebeu algumas reformas e ampliações, principalmente nos fundos, sofrendo alterações no projeto original. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          O Palácio dos Governadores abrigou durante décadas, as famílias dos governadores. O custo de manutenção mensal da residência oficial com vigilância, serviços de apoio, despesas de energia elétrica e água, limpeza, etc., era bastante elevado. Quem pagava a conta dessas despesas era o Estado.
          Em 2019, o atual governador mineiro, Romeu Zema, ao assumir o cargo executivo, optou em residir em seu próprio imóvel, desativando as funções de residência do Palácio dos Governadores, por decreto em 5 de junho de 2019. (foto acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Com o decreto oficial, a residência familiar dos chefes do executivo mineiro entrou para a lista dos bens dominicais do estado de Minas Gerais. Foi transformado em um parque e em espaço para apresentações, exposições e promoção de atividades artísticas, culturais e gastronômicas, aberto ao público mineiro e turista. Deixou de ser Palácio dos Governadores para se chamar Parque do Palácio.
          No parque, o mineiro e turista tem a oportunidade de usufruir de uma belíssima área verde, emoldurada pela Serra do Curral. Além das atividades culturais que acontecem no local, o espaço é aberto a visitação pública, proporcionando aos visitantes um lazer em meio a um ambiente sofisticado, saudável, com muito verde, além de restaurante com comida mineira. Local ideal saudável para recreação famílias e repor as energias. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          Conhecer o Parque do Palácio é uma ótima oportunidade para o povo conhecer uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer, anteriormente desconhecida e restrita apenas às famílias dos governadores e seus convidados. Com o espaço sendo público, o antigo Palácio dos Governadores, recebe o povo de Minas e turistas.
O Mirante, a rua, a serra, a praça e o parque ecológico
          Próximo ao Parque do Palácio, na Praça Ephigenio Salesestá está um dos mais belos pontos turísticos de Belo Horizonte, popularmente chamado de Mirante do Mangabeiras. (na foto acima do Thelmo Lins, BH vista do mirante)
          O espaço foi revitalizado na década de 1990, passando a ser administrado a partir de 2012, pela Fundação de Parques Municipais. Hoje é uma das mais belas praças da capital mineira e um dos lugares mais visitados por mineiros e turistas. (na foto acima de Arnaldo Silva, o horizonte da capital visto do Parque Ecológico do Mangabeiras)
          O Mirante do Mangabeiras está num dos pontos mais altos do bairro, permitindo uma vista completa e panorâmica vista de Belo Horizonte e arredores.
          Completando a área no entorno do Parque do Palácio e Mirante do Mangabeiras, na mesma região está a Praça do Papa (na foto acima do Nacip Gômez, o Parque Ecológico Mangabeiras, uma imensa área verde, aos pés da Serra do Curral e a famosa e enigmática Rua do Amendoim (na foto abaixo de Arnaldo Silva).
          Parque do Palácio, Mirante, Praça do Papa, Rua do Amendoim e Parque do Mangabeiras formam um roteiro cultural, arquitetônico, gastronômico, artístico e contemplativo de alta relevância para o turismo na capital mineira.

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