(Por Arnaldo Silva) Datada de 1717 e concluída por volta de 1720, é uma das mais antigas igrejas de Minas Gerais e uma joia da arte Barroca mineira. Por fora, uma singela e simples igreja. Por dentro, a decoração impressiona pelos detalhes das pinturas que retratam a vida de Jesus Cristo e Nossa Senhora. Arte feita em madeira, cedro e ouro puro.
Fotografia: Jairo Nunes Ferreira
Os traçados arquitetônicos da Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, a 20 km de Belo Horizonte, teve forte influência do estilo arquitetônico Nacional Português, já que a arte Barroca tradicional estava ainda criando identidade própria em Minas Gerais. Este estilo é considerado a primeira fase do Barroco Mineiro.
Seguindo o estilo traçado, a reluzente luz dourada da riqueza do ouro de Minas Gerais e a beleza da arte sacra, são marcas evidentes do interior da Igreja de Nossa Senhora do Ó.
A imagem da Mãe de Jesus, retratada no altar da igreja, mostra a Maria, diferente das demais imagens de Nossa Senhora, geralmente com o menino Jesus nos braços. No altar da Igreja, Nossa Senhora é representada grávida.
É a imagem de Nossa Senhora da Expectação do Parto ou Nossa Senhora do Bom Parto, santa venerada em Toledo na Espanha desde o ano de 656, cuja fé chegou a Minas Gerais através dos bandeirantes paulistas que fundaram a cidade de Sabará.
O termo Expectação do Parto ou Bom Parto foi substituído pelo Ó devido a um cântico dedicado à Santa, cantado na véspera de seu dia, que iniciava com a palavra Oh numa longa exclamação. A partir dai ficou Nossa Senhora do Ó.
Obra única e singular
Pela irregularidade das pinturas, principalmente nos painéis, acredita-se que mais de um artista tenha participado da decoração interna da igreja.
O principal artista, cuja obra é predominante no interior da Igreja do Ó foi Jacinto Ribeiro, artista natural da Índia, que residia em Minas Gerais desde 1711. As figuras e painéis presentes no interior da Igreja de Nossa Senhora do Ó foram pintadas a ouro sobre fundos em tom azul escuro, com bordas em vermelho e talhas douradas em moldura.
Arquitetura em formato de navio negreiro
Fotografias: Arnaldo Silva
Pouca gente sabe ou ainda não percebeu, é que as igrejas construídas no início do século XVIII tiveram a parte frontal de suas plantas inspiradas na proa de um navio negreiro.
Desenhar a planta de uma igreja com a parte frontal da proa de um navio negreiro era tendência dos arquitetos da época devido a importância dos navios negreiros para a economia de Portugal e para a manutenção e ampliação da mão de obra escrava nas minas de ouro recém descobertas.
Literalmente, a intenção era simbolizar a importância da mão de obra escrava trazidas pelos navios negreiros e mostrar o poderio do domínio português na região.
Além da Igrejinha do Ó, de Sabará, outras igrejas mineiras tem as mesmas características arquitetônicas como por exemplo a Igreja do Rosário dos Pretos de Milho Verde, distrito de Serro, Igreja de São José da Lagoa de Nova Era, Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro, dentre outras.
As igrejas construídas antes da terceira fase do Barroco Mineiro geralmente tinham as características frontais em formato de proa de navio negreiro. No caso da Igreja do Ó de Sabará, as semelhanças para por aí. O diferencial da igreja está em seu interior.
Desenhar a planta de uma igreja com a parte frontal da proa de um navio negreiro era tendência dos arquitetos da época devido a importância dos navios negreiros para a economia de Portugal e para a manutenção e ampliação da mão de obra escrava nas minas de ouro recém descobertas.
Literalmente, a intenção era simbolizar a importância da mão de obra escrava trazidas pelos navios negreiros e mostrar o poderio do domínio português na região.
Além da Igrejinha do Ó, de Sabará, outras igrejas mineiras tem as mesmas características arquitetônicas como por exemplo a Igreja do Rosário dos Pretos de Milho Verde, distrito de Serro, Igreja de São José da Lagoa de Nova Era, Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro, dentre outras.
As igrejas construídas antes da terceira fase do Barroco Mineiro geralmente tinham as características frontais em formato de proa de navio negreiro. No caso da Igreja do Ó de Sabará, as semelhanças para por aí. O diferencial da igreja está em seu interior.
O interessante que os desenhos e personagens bíblicos retratos nas pinturas do artista indiano, tem traços orientais, chineses.
Fotografia: Thelmo Lins
A explicação para este detalhe diferente na pintura e arte barroca, é que o artista conhecia os estilos artísticos usados em Macau, uma antiga colônia portuguesa no Oriente, hoje pertencente à China. A época, Portugal tinha um intenso comércio entre Macau e Índia, o que explica a influência dos traços orientais usados na arquitetura portuguesa naquela época, pelos artistas e escultores portugueses que vieram para o Brasil no início do século XVIII, entre eles, Jacinto Ribeiro.
Bem tombado
Devido seu valor cultural e arquitetônico, a Igreja de Nossa Senhora do Ó de Sabará foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, em 1938. O tombamento inclui toda arquitetura colonial da Rua Direita, onde se localiza a igreja.