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sábado, 20 de junho de 2020

A uva e as bebidas finas de Bueno Brandão

(Por Arnaldo Silva) Bueno Brandão é uma charmosa e encantadora cidade no Sul de Minas Gerais, a 1204 metros de altitude e 471 km de Belo Horizonte, fazendo divisas com os municípios de Ouro Fino, Monte Sião, Inconfidentes, Bom Repouso e Socorro no Estado de São Paulo. Seus poucos mais de 11 mil moradores vivem numa cidade privilegiada, rodeada por belíssimas paisagens naturais, e cachoeiras paradisíacas. O turismo ecológico é um dos destaques do município, além dos produtos artesanais, destacando vinhos de frutas, licores, geleias e cachaça produzidos no Sítio Asa Branca, do “Seu” Benedito, no bairro rural dos Fidêncios.
          O início foi em 2007 quando produtores se reuniram para plantar amoras. A produção do “Seu” Benedito foi muito grande. Sem ter um mercado para escoamento rápido de sua produção, optou por fazer vinhos com a fruta, produzindo inicialmente 200 litros de vinho de amora.
          O sabor, qualidade e a novidade, de um vinho feito com amoras agradaram, e logo “Seu” Benedito recebeu encomenda para produzir mais 1000 litros de vinho de amora.
          Percebendo que a iniciativa poderia prosperar e aproveitando a qualidade da terra dos seus quatro hectares que possui, investiu também no plantio de frutas diversas, como a framboesa, pitaya, figo, jabuticaba, pêssego, framboesa, café, além de outras frutas e cana. Foram plantadas também uvas tradicionais, das variedades Bordô, Isabel, Niágara Branca, Niágara Rosada e Jaquê, 
conhecida também por jaqué, jacquez ou jacquet é essa espécie da foto abaixo.
          O objetivo era produzir vinhos, licores e cachaça artesanais, de alta qualidade. Para chegar a esse nível, “Seu” Benedito procurou aprimorar seus conhecimentos em produção de frutas, vinhos, licores e cachaças, pesquisando e testando novas receitas. Com isso foi desenvolvendo identidades próprias para seus produtos, com receitas próprias, aprimorada ao longo do tempo, graças a seu esforço e busca da receita ideal, que identificasse seus produtos, como únicos.
          Assim nascia a vinícola Uva e Vinho Fidêncio produzindo hoje vinhos de mesa Bordô Seco; Bordô Suave e Bordô Demi-Seco; Rose Seco, Rose Suave e Rose Demi-Seco; Vinho Branco Seco e Vinho Branco Suave; além do Vinho de Amora Seco, Suave e Demi-Seco e vinho tinto de Jabuticaba.
          Na época da colheita das uvas para produção de vinhos, em caso de grupos chegarem ou marcarem horário, é liberado o processo de pisa natural da Uva pelos visitantes, que podem também conhecer o sítio e a produção dos vinhos, cachaça e licores, que embora seja artesanal, é feita com uso de máquinas industriais.
          Com as variedades de frutas que existem no sítio, são produzidos também licores de café, jabuticaba, amora, figo, pêssego, amora, além de geleias de amora, uvaia e uva.
          No Sítio Asa Branca também se produz mel e desse mel origina uma cachaça especial: a cachaça de mel. Não é cachaça com mel, mas cachaça de mel. É o mesmo processo de produção da cachaça com cana de açúcar, fermentada, mas no caso, o ingrediente é o mel, não tem cana na bebida. É uma bebida finíssima!
          Além da Cachaça de Mel, na vinícola é produzida ainda a cachaça tradicional, acrescida de outros ingredientes. Assim, são encontrados no sítio cachaça com mel, limão e gengibre; cachaça com cravo e canela; cachaça de banana e a cachaça Roxa Forte, que é uma bebida com gosto de café.
          No sítio é produzida também a Hidromel, bebida fermentada a base de água, leveduras e mel. Essa é a mais antiga bebida do mundo. Surgiu antes mesmo do vinho e da cerveja.
          Se gostou da Hidromel, em Bueno Brandão tem também a Lágrima da Uva, uma bebida extremamente fina, feita do néctar retirado do miolo da uva. No preparo é usado aguardente para parar a fermentação. A receita é um dos patrimônios gastronômicos de Bueno Brandão e tem inspiração na bebida portuguesa Jeropiga (não confundir com jurupinga). O resultado final é uma bebida saborosa, aromática, fina e com maior teor alcoólico que o vinho.

          Dando continuidade a sua criação, “Seu” Benedito resolveu criar uma bebida especial que homenageasse Minas Gerais e todos os mineiros. Pesquisou e criou um processo de produzir uma bebida a base de aguardente, com sabor diferente. Assim nasceu o Whisky Mineiro, uma cachaça madeirada. É a cachaça que passa por envelhecimento em três tipos de madeiras diferentes até chegar à cor e o sabor desejado.
          Bueno Brandão e uma cidade que te receberá de braços abertos. Cultura, história, gastronomia e paisagens deslumbrantes, além de oferecer aos visitantes restaurantes e pousadas aconchegantes. Bueno Brandão é muito além das cachoeiras.
Lembrete: Não é permitido o uso, consumo e aquisição de bebidas alcoólicas por menores. Beba moderadamente e se beber, não dirija.
As fotos são arquivos da Vinícola Fidêncio e informações foram repassadas pelo Douglas Coltri. Mais informações sobre a vinícola e Bueno Brandão, com Douglas Coltri no Departamento de Turismo: turismo.chefe@buenobrandão.mg.gov.br

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Café de Espera Feliz se destaca no Brasil

(Por Arnaldo Silva) A cidade é tão charmosa quanto seu nome, Espera Feliz. Com cerca de 25 mil habitantes, faz parte do Caminho da Luz, antiga rota criada no século XVIII por tropeiros, religiosos e aventureiros. Esse caminho inicia-se em Tombos e terminando no Pico da Bandeira em Alto Caparaó MG, na divisa com o Espírito Santo. 
          A rota foi criada para ligar o Rio de Janeiro ao Espírito Santo, pelos caminhos das sinuosas montanhas mineiras. Esse é um dos atrativos da cidade que fica a 378 km de Belo Horizonte e faz divisa com Alto Caparaó, Carangola, Divino, Caiana, Caparaó, Dores do Rio Preto, na Zona da Mata Mineira. Sua altitude mínima é de 773 metros, mas rodeada por maciços rochosos e montanhas que elevam a altitude de mil até 1400 metros de altura. 
          Ai que está o sucesso de Espera Feliz. Suas montanhas sempre cobertas por uma densa névoa e umidade, vai revelando, com o surgimento dos primeiros raios solares, o maior tesouro do município. O café de montanha. Espera Feliz faz parte da Região Cafeeira Matas de Minas.(na foto abaixo, a produtora de café, Silvana Teixeira Lacerda, do Sítio Forquilha do Rio, vencedor do último Concurso de Cafés especiais da Emater-MG. Atualmente, é o melhor café de Minas Gerais. Foto:Divulgação)
Foto acima: Emater/Divulgação
          A terra fértil, a altitude e a umidade relativa do ar mais alta, são fatores que favorecem o cultivo de café de qualidade. Esses fatores fazem com que o grão permaneça mais tempo na planta, desenvolvendo mais propriedades e assim, melhorando a qualidade do café.
          Espera Feliz tem cerca de 100 produtores de cafés especiais, sendo a maioria de pequenos produtores em propriedades com menos de 20 hectares. São propriedades familiares, geralmente, envolvendo toda a família na colheita do café, que é feita de forma manual. Sendo também esse um dos fatores que ajudam a preservar a qualidade dos grãos, que passam a ser selecionados, já no momento da colheita. (foto abaixo de Geremias Corrêa)
          O café é descascado, secado em terreiros suspensos ou de cimento e por fim ensacado. Sai de Espera Feliz em grãos direto para as indústrias da região que fazem o beneficiamento e distribuição do produto para todo o Brasil e exterior.
          A preocupação dos produtores de café de Espera Feliz, em melhorar a qualidade do produto vem surtindo efeitos. De uns 10 anos para cá, com o apoio técnico da Emater MG, a qualidade dos grãos produzidos no município vem melhorando cada vez mais e transformando o município em referência na produção de cafés especiais no Brasil, arrematando as primeiras colocações seguidas em diversos concursos de qualidade de cafés pelo país. Nas três últimas edições do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, promovidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG), o café de Espera Feliz superou cerca de 2 mil concorrentes e obteve o primeiro lugar em 2017, 2018 e novamente, em 2019.
Segundo a Emater, os vencedores de Espera Feliz nos três últimos concursos foram:
2017 - Onofre de Lacerda - Campeão Estadual e Matas de Minas (categoria Natural). Sebastiana Oliveira - Campeã Estadual e das Matas de Minas (categoria Descascado)
2018 - Josias Gomes - Campeão Estadual e das Matas de Minas (categoria Natural)
2019 - Paulo Gomes - Campeão Estadual Geral e das Matas de Minas (categoria Natural). Flávio de Abreu - Campeão das Matas de Minas (categoria Descascado)
2020 - Ademir Abreu de Lacerda do Sítio Forquilha do Rio - Campeão geral no 17º Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais, realizado pela Emater-MG, foi eleito o melhor café de Minas Gerais, numa disputa com 1.792 amostra, obtendo 92 pontos, em 100. Neste mesmo concurso, Maria Luiza Lacerda Gomes, também do Sítio Forquilha do Rio, foi eleita a Mulher Empreendedora do Ano.
          As conquistas dos produtores de Espera Feliz vem coroar empenho, trabalho, investimento, persistência e dedicação em melhorar cada vez mais, produzindo um café de altíssima qualidade, sendo inclusive reconhecida por todo o país e pela Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), que reconhece o café de Espera Feliz como um dos melhores do Brasil.
          Além do café, Espera Feliz é uma cidade muito agradável, charmosa, com belezas naturais e urbanas, sem contar sua ótima rede hoteleira, com hotéis e pousadas aconchegantes, além de bares e restaurantes com comidas típicas mineiras e produtos artesanais do município. Vale lembrar que a cidade de Alto Caparaó, a porta de entrada para o Parque Nacional do Caparaó, onde está o Pico da Bandeira, é vizinha a Espera Feliz. (foto abaixo de Geremias Corrêa)
Ao vir a Espera Feliz, conheça o seu café, as fazendas, as montanhas, a cidade. Vivencie Minas Gerais!

sábado, 30 de novembro de 2019

11 tradicionais doces mineiros

(Por Arnaldo Silva) A história dos doces mineiros é tão antiga, quanto a origem de Minas Gerais. Desde o final do século XVII, doces e Minas Gerais, formaram uma união perfeita. Minas Gerais é o Estado do doce e do queijo.
            Esses dois foram as bases para o surgimento de novas iguarias e quitandas mineiras. Os doces que saiam dos tachos das cozinhas mineiras, saíram das divisas do Estado e também de nossas fronteiras, conquistando paladares mundo afora. Nossos doces fazem a alegria dos turistas que vem à Minas, que se deliciam com as infinidades de doces que saem de nossas cozinhas. (na foto acima da Sila Moura, doceria do Mercado Central de Belo Horizonte)
          A tradição doceira mineira é fruto da vocação do mineiro para cozinhar. Nas paradas das tropas pelo sertão mineiro, as frutas tropicais deram origem a doces, com as receitas aperfeiçoadas e em sua maioria, criadas, nas senzalas e cozinhas das fazendas coloniais. São mais de 300 anos de tradição doceira.
         
O mineiro sabe o sabor, cor, a textura, de cada doce, além do ponto certo do tipo de doce que deseja, seja cremoso ou de corte, de leite, ovos ou de frutas diversas. Sabe escolher bem as frutas e os ingredientes, que vão para o tacho. As frutas preferidas dos mineiros para doces são a goiaba, laranja da terra, figo, ameixa, limão, jabuticaba, mexerica, banana, mamão e abacaxi. (na foto acima, doces feitos pela Lourdinha Vieira de Bom Despacho MG)
          Isso porque o mineiro sabe que cozinhar é um ato de amor, prazer e alegria. É na cozinha que está o melhor da casa mineira. Da cozinha sai o que o mineiro tem de melhor para sua a família e visitas. E o principal ingrediente, que dá vida e sabor aos pratos mineiros é o amor, o prazer em cozinhar e a vocação do povo mineiro para a cozinha. São estes os principais ingredientes de uma das culinárias mais famosas e apreciadas do mundo.
          Cada região mineira tem sua gastronomia e história, de acordo com o clima, bioma, cultura e tradição. Seja no Triângulo Mineiro, Sul, Norte, Central, Leste, Noroeste, Jequitinhonha, Campo das Vertentes, Zona da Mata ou no Alto Paranaíba, em comum acordo, os doces fazem parte da identidade de todo o povo mineiro e de grande importância para a formação da identidade gastronômica mineira.
          É um legado de três séculos, passado de geração para geração, gerando renda, empregos e garantindo o sustento de milhares de famílias. Isso porque os doces feitos nos tachos dos fogões à lenha de Minas Gerais, estão hoje presente nas centenas de indústrias de doces, gerando emprego e renda para famílias e impostos para os municípios. (fotografia acima de Nilza Leonel no Sítio Talismã, em São Roque de Minas)
          Nossos doces estão presentes nos 853 municípios mineiros, nos 1772 distritos e em cada cozinha de fazenda pelos cantos de Minas Gerais. Algumas cidades se destacam na fabricação de doces artesanais pela tradição e vocação. São receitas passadas ao longo de séculos, de mãe para filha, de geração para geração. São doces que nunca faltam na mesa mineira.
          Uma dessas cidades que se destacam por sua tradição doceira é Baldim, a 95 km de Belo Horizonte, próximo a Serra do Cipó, fazendo divisa com Jequitibá, Jaboticatubas, Santana do Riacho, Santana do Pirapama, Funilândia e Matozinhos.
Baldim: a cidade do doce
          O pequeno município, com cerca de 8 mil moradores, se destaca na produção de doces artesanais e industriais. Baldim é uma das maiores produtoras de doces, do Brasil, abastecendo o mercado mineiro, nacional e inclusive, exportando para vários países. São doces finos, de altíssima qualidade e diversos sabores, com destaque para o doce de leite, produzido de forma artesanal nas fazendas do município. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a entrada da cidade de Baldim)
          A produção de doces em Baldim movimenta a economia da cidade, sendo inclusive, produzidos em grande escala na área rural, já que o município, é um grande produtor de leite, com grande parte de sua população, vivendo na área rural do município. A cidade vive e respira doce. Por isso é a conhecida como a “Cidade do Doce”. Quem quer saborear os melhores doces mineiros, de todos os tipos e sabores, o lugar é Baldim.
          Você vai conhecer os mais tradicionais doces mineiros, que saem dos tachos de nossas cozinhas para a nossa mesa. São 11. (fotografia acima de Nilza no Sítio Talismã em São Roque de Minas)
01 – O doce de leite
          É o mais delicioso e apreciado doce mineiro. Uma sobremesa deliciosa, principalmente, harmonizada com Queijo Minas Padrão ou outros doces, como o de figo e mamão. Está presente em todas as cozinhas de Minas Gerais desde o fim do século XVIII. Até os dias de hoje, dos tachos mineiros saem os mais saborosos e genuínos doces de leite artesanais, cremoso ou de corte, puro ou mesmo, com o acréscimo de frutas e até chocolate e Nutella. Além dos doces de leite artesanais, saem das indústrias mineiras, doces reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, pela qualidade e sabor, como o doce Viçosa, Boreal, Majestic, Sabores do Grama, Rocca, dentre tantos outros. (foto acima de Arnaldo Silva)
02 – Doce de leite na palha
          Muito popular em Minas, principalmente em Bom Despacho, na Região Centro Oeste, é um tipo de doce de leite diferente do tradicional. É o mesmo processo do doce de leite, mas ao invés do açúcar, é adoçado com rapadura. São 8 litros de leite, para 1,5 quilo de rapadura raspada. O resultado é um doce de sabor intenso, diferenciado, sem igual, com textura forte e saborosíssimo. É enrolado em palha hidratada de milho, o que dá um ar bem interiorano e mineiro ao doce. (foto acima de Arnaldo Silva)
03 – Doce de mamão e de abóbora
          Esses doces tem o mesmo modo de preparo. Feito com água e açúcar, com o mamão ou abóbora ralados ou cortados, podendo ser cremoso, ralado, de corte ou cristalizado. São saborosos e apreciadíssimos pelos mineiros, principalmente o doce de mamão. Já o doce de abóbora, pode ser incrementado com coco ralado. (fotografia acima de Luci Silva)
04 – Ambrosia
          É um doce feito com ovos, açúcar, leite, cravo e canela. A receita original chegou à Minas no início do século XVIII, com a chegada de milhares de portugueses, no início do Ciclo do Ouro. Trouxeram sonhos de riqueza, arquitetura e receitas, ao longo do tempo, adaptadas aos ingredientes mineiros. Entre essas receitas, a Ambrosia, hoje uma das principais guloseimas do Estado. (foto acima de Arnaldo Silva)
05 - Goiabada Cascão
          Tradicional doce feito em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, desde o final do século XVIII, a goiabada cascão é um dos mais deliciosos doces mineiros. Hoje, em parceria com o queijo Minas, está presente em todas as mesas, das mais simples e mais finas, do mundo inteiro. A popular sobremesa “Romeu e Julieta”, o par perfeito. Diferente da goiabada industrial, a goiabada cascão leva além da polpa da goiaba, a casca, por isso o nome. (fotografia acima de Judson Nani) 
06 – Pé de Moleque e Pé de Moça
          São dois doces muito tradicionais em Minas Gerais. O Pé de Moleque é feito com rapadura, amendoim torrado e água. É um doce popular nas festas juninas no Brasil, mas em Minas Gerais, está presente nas mesas mineiras todos os dias. (foto acima de Arnaldo Silva)
          Já o Pé de Moça, é bem parecido com o Pé de Moleque, mas com acrescimento de leite condensado à receita, o que torna o doce mais cremoso e bem macio.
          A cidade de Piranguinho, no Sul de Minas, se destaca no Brasil na produção deste doce. Inclusive, a cidade é a Capital do Pé de Moleque no país. O pé de moleque está faz parte da cultura, história, gastronomia e identidade de Piranguinho, desde o início do século XX, em suas barracas coloridas. Tem gosto e sabor de Minas Gerais.
07 – Rocambole
          A guloseima é uma massa de pão-de-ló, bem fina, com pouca gordura e recheada. Na massa fina, passa-se o recheio e depois, é enrolada. De origem Europeia, chegou à Minas na época do Império, se tornando tradicional na cidade histórica de Lagoa Dourada, próxima a Tiradentes e São João Del Rei, desde o início do século XX. O rocambole é a principal identidade gastronômica da cidade, considerada a Capital do Rocambole no Brasil. A guloseima é tão popular na cidade que em cada rua, esquina e canto, encontra-se rocambole. Em Minas Gerais, a iguaria ganhou recheios e o jeito mineiro de cozinhar. O recheio preferido dos apreciadores de rocambole é doce de leite caseiro. (na foto acima da Luciana Silva)
08 – Doce de casca de laranja da terra
          Receita secular, tradicional, desde os tempos do Brasil Colônia. Fazer esse doce requer tempo e paciência. Em média, 5 dias, mas compensa. O doce é delicioso. É feito com a casca da laranja da terra, uma fruta de sabor amargo, por isso pouco consumida in natura, mas dá um doce dos mais saborosos e tradicionais de Minas Gerais. (fotografia acima de André Saliya)
09 – Doce de figo
          Presente nos quintais mineiros, a fruta originária da região do Mediterrâneo, chegou à Minas, ainda nos tempos do Brasil Colônia e rapidamente, se popularizou nos pomares mineiros. Saia dos pomares, direto para os tachos de nossas cozinhas. O doce de figo, feito apenas com a fruta, água e açúcar, é um dos mais tradicionais e saborosos doces mineiros. Acompanha muito bem com nosso doce de leite, com doce de pêssego e com queijo Minas Frescal. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
10 – Doce de queijo
          Chamado também de bolinha de queijo, é um doce tipicamente mineiro, com origem na região da Serra da Canastra. A massa é feita com queijo Canastra curado, ovos, farinha de trigo e fermento. É cozido em água com açúcar. Quando pronto, as bolinhas são espetadas cravo, lembrando uma ameixa. Por isso é chamado também de ameixa de queijo. É bom demais da conta esse doce. (fotografia acima de Nilza Leonel)
11 - Os doces cristalizados e em compotas
          Os doces cristalizados dão água na boca só de olhar, bem como os doces em compotas. Por durarem mais tempo em conserva, são bastante comuns, hoje em dia. São doces especiais, finos, principalmente os doces cristalizados, ideais para quem quer adquirir uns quilinhos a mais. Isso porque são feitos com pequenas tiras das cascas e pedaços das frutas. Cristalizado, ficam deliciosos, crocantes e irresistíveis. Não dá para comer só um só pedacinho. As pessoas vão comendo sem se darem conta da quantidade, porque são irresistíveis mesmo. (fotografia acima de André Saliya e abaixo de Sérgio Mourão)
          Já os doces feitos em calda, são feitos com a fruta inteira, ou cortadas em grandes pedaços. Levam apenas água, açúcar e algumas especiarias. Dependendo das frutas, esses doces são feitos com as cascas, sementes e caroços também. Os doces em compotas mais populares em Minas são os de figo, laranja, jabuticaba, maçã, melão, jaca, mexerica, amora, banana, pêssego, pequi, morango, frutas vermelhas, mamão, goiaba, ameixa, limão, manga, pera, abacaxi, dentre outras frutas, além de abóbora, batata doce, cenoura, tomate, pimenta biquinho, etc.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Os vinhos finos de altitude de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A paisagem lembra a italiana Toscana, sem exageros. Variedades diferentes uvas estão presentes nos vinhedos, entre elas muscat, sauvignon, merlot, tempranillo, syrah usadas na produção dos vinhos em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, a 300 km de Belo Horizonte. (acima alguns rótulos de vinhos diamantinenses e abaixo, vinhedo da Quinta Campo Alegre - Imagens enviadas pelas Avodaj/Divulgação)
     Isso mesmo, vinho no Vale do Jequitinhonha e na terra dos diamantes, de Chica da Silva, da seresta, de JK. Diamantina da música, da arquitetura, dos tapetes arraiolos e nosso patrimônio Cultural da Humanidade produz vinho, sim, de excelente qualidade. 
     Mas isso é recente? Não, não é. Diamantina foi uma das primeiras cidades a produzir vinhos no Brasil e em toda a América. Os vinhos já existiam em Diamantina bem antes da chegada dos imigrantes europeus, principalmente italianos, que para cá vieram no final do século 19 e começaram a produzir vinhos, principalmente na região Sul do país. (na foto abaixo Quinta da Matriculada - Imagem enviada pela Avodaj/Divulgação)
     Vinhedos em Diamantina existem desde o século 18, há mais de 200 anos. A cidade também se destaca na produção de cafés e oliveiras, culturas favorecidas por sua altitude, 1280 metros acima do nível do mar e temperaturas amenas, em média 18ºC. Diamantina é uma das cidades mais frias de Minas Gerais, com um inverno bem rigoroso e seco. Clima propício para a produção de uvas. 
     Os vinhos de Diamantina eram tão importantes para Minas e para todo o Brasil que na cidade existia uma estação enológica, fundada no início do século XX e desmontada pelo Governo Militar na década de 1970, bem como foi extinta a estrada de ferro. Mandaram a estação para Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. O objetivo era tirar da memória do povo, Juscelino Kubistchek e sua terra (foto acima/Arquivo). Tudo que lembrava JK era evitado naquela época pelo Governo Militar. 
Hoje vinhedos vêm crescendo ano a ano no município, embora em produção pequena, ainda artesanal. Mas vamos voltar a dois séculos para entender a vocação dos diamantinenses para a produção de vinhos. (na foto acima, rua das uvas Syriah e abaixo, vinho La Blanca da Quinta do Campo Alegre - Imagem enviada pela Avodaj/Divulgação)
     Tudo começou no século XVIII, quando Diamantina ainda se chamava Arraial do Tijuco e era a maior produtora de diamantes do mundo, naquela época. Tanta riqueza atraiu os nobres portugueses, que vieram para o Brasil com suas famílias em busca da riqueza que as pedras preciosas mineiras propiciavam. Com a chegada dos portugueses, veio também seus costumes, entre eles, o de beber vinhos. (foto abaixo de Elvira Nascimento)
     Como trazer vinhos da Europa nos tempos do Brasil Colônia era muito difícil e quando conseguiam trazer, demoravam meses para chega, a urgência de se produzir a bebida em nossas terras começou a ganhar força, pela necessidade dos portugueses em ter a bebida e ainda para as celebrações religiosas, já que não tinha vinho nem para os padres celebrarem as missas. 
     Foi assim, pela necessidade, que começou nessa época o plantio de sementes de uvas, vindas de Portugal no antigo Arraial do Tijuco e região. A altitude e temperaturas amenas foram os fatores primordiais para a proliferação das videiras no município, bem como a produção de vinhos. 
     Os vinhos produzidos em Diamantina eram comercializados na cidade e também em parte da Região do Vale do Jequitinhonha e Norte do Estado, levada por tropeiros. Os principais clientes eram os padres e os fidalgos da época.
     A cidade que produzia diamantes foi uma das primeiras a produzir vinhos no Brasil e na América. Vinhos finos e de qualidade que agradou os exigentes paladares dos portugueses. 
     No final do século 19 e início do século 20, a produção de vinhos em Diamantina teve um rápido crescimento, levando o Governo do Estado a criar no município uma estação enológica, que existiu na cidade até a década de 1970. Com a crise de 1929, a produção de vinhos na região sofreu uma queda enorme, se limitando a poucas famílias, basicamente produziam para consumo próprio ou para algumas vendas. Nas décadas seguintes, começou a retomada da produção, ainda bem artesanal, sofrendo novo revés quando da transferência da estação enológica da cidade, na década de 1970. O motivo da transferência foi citado acima. 
     Mesmo com todas as dificuldades, falta de capital para investir na melhoria dos vinhedos e no aumento da produção e qualidade maior dos vinhos, o diamantinense nunca deixou de produzir a bebida, mesmo que a produção tenha sido restrita a pequenas propriedades ou para consumo familiar. Os vinhedos sempre estiveram presentes nos campos diamantinenses e região.
     Já no início dos anos 2000, por iniciativa do vinicultor João Francisco Meira, da Vinícola Quinta Dalva, foram importados da França 4 mil mudas de 9 variedades de uvas diferentes, plantados entre 2003, 2004 e 2005. O pioneirismo do Chico, como prefere ser chamado, incentivou outros produtores a investirem no plantio de uvas e produção de vinhos finos. Assim, começou a retomada da produção de vinhos em maior escala no município começou a ganhar força, baseada na tradição, vocação e história da vitivinicultura diamantinense ao longo de 200 anos produzindo vinhos de qualidade reconhecida. (na foto abaixo, a vinícola Quinta Dalva)
     Segundo João Francisco Meira, isso se deve " as características da região (clima, relevo, solo, amplitude térmica, altitude, umidade do ar e regime de chuvas) são favoráveis à cultura da vinha. Em 2005, o Quinta D'Alva plantou 9 variedades de viníferas importadas da França, para selecionar as mais apropriadas para produção de vinhos de qualidade. Desde então buscamos selecionar as mais apropriadas para produção de vinhos de qualidade, já conseguindo sucesso com algumas castas tintas e brancas. Importante citar que o ciclo vegetativo é alterado por um inovador sistema de poda que estimula a brotação dos cachos no outono, para as uvas serem colhidas no inverno. A partir de 2016 estamos produzindo espumantes com métodos Chardonnay utilizando além da Champenoise as castas Pinot Noir e Pinot Meunier".
     Buscando unir os vitinicultores da região, com incentivo e participação do pioneiro, João Francisco Meira,  da Quinta Dalva, vitinicultores de Diamantina e Alto Jequitinhonha criaram a AVODAJ – Associação dos Vitivinicultores e Olivicultores  de Diamantina e Alto Jequitinhonha com o objetivo de resgatar uma das mais antigas tradições de Diamantina, que é a produção de vinhos finos de alta qualidade, bem como desenvolver na cidade e região o Enoturismo, hoje um dos principais segmentos de turismo no mundo. O turista vem à cidade, conhece os vinhedos, as vinícolas, o processo de produção e tem a oportunidade de adquirir vinhos diretos do produtor. 
     Assim, com o apoio e orientações dos órgãos governamentais, vitivinicultores começaram a trabalhar na produção de vinhos finos, utilizando cerca de 20 variedades de uvas, com mudas de procedência certificada e adaptadas ao clima da região. As variedades plantadas em Diamantina são: Tempranillo, Sauvingon Blanc, Tanat, Alvarinho, Marsane, Muscat, Chardonnay, Pinot Meunier, Carbenet Sauvingon, Gewurstraminer, Touriga Nacional, Barbera, Isabel Precoce, Petit Verdot, Riesling Itálico, Carbenet Franc, Malbec, Merlot, Pinot Noir e Syrah. O sucesso do plantio dessas variedades é graças ao sistema de dupla poda e safra de inverno, que proporciona entre os meses de maio e agosto frutos com boa acidez, antocianinas e teores de açúcar equilibrados.
     São mais de 52 mil vitiníferas plantadas. A técnica da dupla, desenvolvida no Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). (Vinho Sauvingnon Blanc premiado da Quinta do Campo Alegre, junto com um Dom Leon Alvarez/imagem enviada pela Avodaj/Divulgação)Essa técnica consiste na inversão do ciclo da videira, alterando para o inverno o período de colheita das uvas destinadas à produção de vinhos finos. São aplicadas duas podas, uma para a formação de ramos, em setembro, e de produção, em janeiro e fevereiro.
     Com o uso da dupla poda, a produção de vinhos finos em Minas Gerais vem aumentando a cada ano, bem como aumentando o número de hectares de áreas com videiras plantadas, beneficiando o viticultor que é aquele responsável pela plantação, cultivo e colheita da uva, bem como o vinicultor, que é o recebe as uvas e a transforma em vinho. 

     O projeto e iniciativas vêm dando certo e resgatando uma das maiores tradições de Diamantina, agora com a qualidade e tecnologia que possibilita colocar Diamantina na rota mundial dos produtores de vinhos de alta qualidade, inclusive, reconhecida nacionalmente por especialistas e apreciadores de vinhos finos, de qualidade no Brasil. (na foto abaixo imagem do primeiro processo da vinificação na Vinícola Campo Alegre, com as uvas na mesa de seleção, indo para a desengaçadeira - Imagem enviada pela Avodaj/Divulgação))
Os vinhedos e rótulos existentes hoje em Diamantina, produzindo uvas de qualidade e vinhos finos são:
Vinhedo Quinta Dalva com o rótulo Quinta Dalva 
Vinhedo Campo Alegre com os rótulos Dom Léon Alvarez, La Blanca, La Campola, Al Tempo, Diamante das Minas 
Vinhedo da Quinta da Matriculada com o rótulo Vin de Minas (imagem de Ricardo Maciel/Avodaj/Divulgação)
Vinhedo Sítio Vale dos Vinhedos com o rótulo Vesperata (imagem enviada pela Avodaj/Divulgação)
Vinhedo da Toca com o rótulo Andrade 
Vinhedo Santa Helena
Vinhedo Candeia Torta
Vinhedo Riacho das Varas
Vinhedo Fazenda do Sapê
Vinhedo Sítio das Lajes
Vinhedo Sítio Vale dos Vinhedos 

Vinhedo Fazenda Candeias com os rótulos Theo e Ethos (na foto ao lado enviada pela Avodaj/Divulgação)
     Atualmente a região conta com 13 produtores cadastrados na AVODAJ – Associação dos Vitivinicultores e Olivicultores
de Diamantina e Alto Jequitinhonha. Desses, apenas seis estão produzindo vinhos para comercialização que são:
Quinta D’Alva: João Francisco: 31-99731 8255

Quinta do Campo Alegre: Istagran - @quintadocampoalegre ; Luiz Felipe: 33-99176 6156 e Luciana: 38-99195 0402
Quinta da Matriculada: Daniel: 38-98837 4110
Sítio Vale dos Vinhedos: Eduardo: 38-98822 4968
Fazenda Candeias: Manoel: 38-98808 2460
Fazenda da Toca: Douglas: 38-98808 3945

Em breve os vinhos de Diamantina chamarão a atenção, não só dos mineiros mas dos brasileiros em geral, por sua qualidade e terroir. As terras altas diamantinenses serão consideradas grandes produtoras de vinhos finos no país, fazendo da região um dos grandes pólos do enoturismo brasileiro. 
Grappa: bebida para dias frios
     Além dos vinhos finos, em Diamantina também se produz a Grappa, uma bebida alcoólica de origem italiana e portuguesa. É feita a partir do bagaço da uva e seu teor alcoólico varia entre 37,5% a 60%, aromatizada com a erva arruda. A bebida foi criada na Idade Média com o objetivo de evitar o desperdício. São aproveitados além das cascas, os engaços e sementes da uva. O sabor, bem como o do vinho, depende do tipo e qualidade da uva e dos processos de destilação de cada produtor. Por seu alto teor alcoólico, a bebida caiu no gosto dos europeus e é até hoje muito apreciada, principalmente no rigoroso inverno europeu. 
     Em Diamantina a Grappa é produzida pela Quinta Dalva e em breve pela vinícola Campo Alegre. A grappa da Quinta Dalva chama atenção pela excelente qualidade. Uma ótima bebida para aliviar o frio das geladas noites diamantinense no inverno. 
     Vindo á Diamantina (foto acima de Elvira Nascimento), vivencie a música, a cultura, as tradições, a religiosidade, a beleza de sua arquitetura colonial, do seu artesanato e aprecie um bom vinho das quintas diamantinenses! Venha para Diamantina. Aqui temos história e bons vinhos. 
(Reportagem de Arnaldo Silva com fotos de Elvira Nascimento. Fotos das vinícolas e vinhos, cedidas por João Francisco Meira e Avodaj)

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