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sábado, 7 de janeiro de 2023

Ora-pro-nóbis: tradição da culinária mineira

(Por Arnaldo Silva) Ora-pro-nóbis (Pereiska aculeata) do latim “rogai por nós”. É um arbusto, que lembra um enorme cacto com folhas suculentas, que são comestíveis. Suas folhas enriquecem saladas, refogados, sopas, omeletes, tortas e o arroz com feijão. Também dá lindas flores brancas e rosadas. Tem espinhos e pode ser usada em cercas-vivas, se desenvolvendo bem tanto à sombra como ao sol.
          Segundo tradições populares, a planta passou a ser conhecida e difundida em Minas Gerais a partir de Sabará MG, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Enquanto o padre da cidade rezava uma oração em latim chamada de “Ora-pro-nobis” viu pessoas colhendo a folha de uma planta espinhenta no fundo do quintal paroquial. Curioso, o padre procurou saber o que faziam com esta planta. (na foto acima da Beatriz do Lino, a Ora-pro-nobis de cerca e abaixo, de Arnaldo Silva, a Ora-pro-nobis de árvore)
          Explicaram ao padre que comiam as folhas refogadas, com frango e até cruas. Experimentando, gostou e deu o nome a planta de Ora-pro-nobis, porque a conheceu justamente na hora dessa oração. É também conhecida por Lobrobô ou Lobrobó.
          Em Sabará, o Ora-pro-nobis é tradição e os pratos feitos com a planta são famosos, entre eles o Frango com Ora-pro-nobis, sorvete de Ora-pro-nobis e Costelinha com Ora-pro-nobis. Vem gente de várias regiões para experimentar esses pratos e buscar mudas da planta. Todo ano, geralmente em abril ou maio, acontece o Festival do Ora-pro-nobis na cidade. São diversos pratos feitos com a folha da planta, muitos mesmo. E todos saborosos e riquíssimos em nutrientes.
          Quase todo o quintal mineiro tem Ora-pro-nobis, principalmente nos quintais das fazendas. Comer as folhas cruas tem efeito laxante e suave. Desidratada, faz-se farinha, que ajuda a combater a desnutrição. A planta não possui nenhum princípio tóxico. (foto acima arroz com Ora-pro-nobis e abaixo, angu ao molho com Ora-pro-nóbis, alguns dos pratos com Ora-pro-nobis feitos no Jotapê - Restaurante e Alambique de Pompéu, distrito de Sabará MG)
          Pelo seu alto valor nutritivo, e pela beleza as flores, é uma das plantas preferidas presentes nos quintais, nos pomares e até nos jardins das casas mineiras.
          Do Ora-pro-nobis fazemos vários pratos deliciosos como por exemplo, estes:
Costelinha com Ora-Pro-Nobis
Ingredientes:

. 1 kg costelinha porco picada
. 2 1/2 litros água
. 1 colher (sopa) banha de porco
. 1 colher (sopa) sal
. 2 dentes de alho amassados
. 1 cebola média ralada
. 1 colher de urucum
. 1 folha louro
. Suco de meio limão
. 4 xícaras (chá) de Ora-pro-nobis picado
. Cheiro verde e pimenta a gosto
Modo de preparo:
- Lave bem as costelinhas, coloque-as em uma panela, sem tempero e cubra com água.
- Acrescente o limão e deixe no fogo até levantar fervura. Escorra e reserve.
- Lave a panela que usou, coloque a banha de porco e acrescente as costelinhas, deixando fritar por alguns minutos.
- Retire o excesso de gordura, acrescente o sal, alho, cebola, a folha de louro e o urucum.
- Deixe no fogo, mexendo, até pegar cor, pingando aos poucos água até cozinhar bem e formar um caldo suculento.
- Acerte o sal, acrescente a ora-pro-nobis e mexa, deixando no fogo por alguns minutos.
- Por fim, sirva acompanhado de angu e arroz.
(foto acima do prato feito no Restaurante & Alambique Jotapê, em Pompéu, distrito de Sabará MG)
Sorvete de Ora-pro-nobis
Ingredientes

. 1 quilo de folhas de ora-pro-nobis
. 1 1/2 xícara (chá) de de açúcar
. 1 litro de leite integral
. 80 gramas de liga neutra (produto encontrado em supermercados)
Modo de preparo
- Desidrate as folhas de ora-pro-nobis.
- O processo de desidratação é simples: coloque as folhas em uma panela de fundo grosso e leve ao fogo brando, sempre mexendo por 10 minutos, até as folhas murcharem completamente. Por fim, tampe e deixe esfriando na panela.
- Quando já estiverem frias, coloque as folhas no liquidificador, acrescente o leite, o açúcar e a liga neutra e bata por 5 minutos.
- Despeje tudo numa tigela e leve ao congelador na temperatura máxima por 1 hora.
- Após esse tempo, volte a temperatura do congelador para o normal, usado diariamente e deixe por mais 1 hora no congelador.
- Por fim, retire do congelador e sirva com cobertura de limão ou menta.
Frango Caipira com Ora-pro-nobis
Ingredientes

. 4 xícaras (chá) de Ora-pro-nobis picadinha
. 1 quilo e ½ frango caipira cortado em pedaços
. 1 colher (sopa) de banha de porco
. 1 cebola picada
. 1 tomate picado
. Sal temperos a seu gosto
Modo de preparo
- Tempero o frango a seu gosto.
- Coloque a banha de porco em uma panela, acrescente sal, o alho, doure, em seguida, todo o frango, mexa por um pouco, cubra com água, deixando no fogo por 30 minutos.
- Após esse tempo, coloque a Ora-pro-nobis, mexa, deixando no fogo por alguns minutos e por fim, acrescente a cebola e o tomate.
- Acerte o sal, deixe cozinhando por alguns minutos até ficar um caldo cremoso, desligue e sirva com arroz e angu.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Vendinhas

(Por Marina Alves) Essa imagem me fez dar uma guinada de não sei quantos graus. Mexeu comigo em alguma lembrança que trago guardada. Saudade daquelas vendas antigas com um monte de portas e janelas compridas. 
          Pra entrar a gente tinha que subir uns degraus que emendavam calçada e escada. Às portas, algumas sacas, uns tambores de querosene, onde o freguês se sentava para picar com paciência o fumo de rolo na hora de enrolar o palheiro.
          A prosa era boa, e ninguém tinha pressa. O cavalo, tocando uns mosquitos, esperava amarrado ao mourão. Alguma coisa, ou tudo ali, dizia que a vida era calma e boa de ser vivida... E era mesmo.
Texto de autoria de Marina Alves de Lagoa da Prata MG
Fotografias de Deocleciano Mundim em Lagoa Formosa MG

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

As cidades mais altas de cada estado brasileiro

(Por Arnaldo Silva) Por ser um estado montanhoso, Minas Gerais é o estado de maior altitude do Brasil. Entre as 25 cidades brasileiras acima de 1.000 metros de altitude, 15 estão em Minas Gerais. Com área de 588.383,6 km2, correspondente a 7% do território nacional e dependendo da região mineira, a altitude de Minas Gerais varia de 600 metros a 2890 metros.
          As altitudes e coordenadas dos Estados e municípios brasileiros são calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). (na foto acima de Ricardo Cozzo, Monte Verde, distrito de Camanducaia a 1550 metros de altitude. O distrito de 6 mil habitantes só não é o mais alto de Minas Gerais por justamente ser distrito e não um município)
          A altitude oficial de cada município brasileiro tem como base o nível do mar, que é o ponto 0. A partir do nível do mar, a altitude é contada tendo como base a sede do município, basicamente a área central de cada cidade, não entrando nesse cálculo a altitude dos distritos, serras, morros e picos.
          Baseando-se na parte central de cada cidade, evita-se distorções na altitude real de cada município. Por exemplo, Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas está a 1550 metros de altitude acima do nível do mar, mas a sede, Camanducaia, a 1015 metros. Outro exemplo é a cidade mineira de Alto Caparaó, no Leste de Minas, que está a 997 metros de altitude e seu ponto mais alto, o Pico da Bandeira, a 2890 metros de altitude.
          O município de maior altitude de Minas Gerais é Senador Amaral, no Sul de Minas, a 1480,52. É inclusive, a segunda de maior altitude do país, atrás apenas de Campos do Jordão, o município de maior altitude brasileira, a 1628,16 metros acima do nível do mar. (na foto acima, Senador Amaral MG, a cidade mais alta de Minas. Foto/arquivo da Secretaria de Turismo local, enviada pelo Evanil Emiler)
          O mesmo caso é o de outros municípios brasileiros como exemplo Santa Isabel do Rio Negro, no estado do Amazonas. A altitude da cidade é 45 metros e seu ponto mais alto, o Pico da Neblina, está a 2993,78 metros.
            Com base na área central dos municípios brasileira, conheça a cidade de maior altitude, de cada estado brasileiro. A relação está em ordem alfabética.
Estado/Cidade                                            Altitude
- Acre/Jordão                                                342,79
- Alagoas/Mata Grande                               618,84
- Amapá/Serra do Navio                             152,00
- Amazonas/Guajará                                   180,73
- Bahia/Piatã                                                 1.271,27
- Ceará /Guaraciaba do Norte                     934,12
- Espírito Santo/Dores do Rio Preto           767,50
- Goiás/Alto Paraíso                                     1.211,67
- Maranhão/Sucupira do Norte                   479,80
- Mato Grosso/Alto Taquari                         875,69
- Mato Grosso do Sul/Chapadão do Sul    819,00
- Minas Gerais/Senador Amaral                  1.480,52
- Pará/Bannach                                              390,68
- Paraíba/Matureia                                        817,62
- Paraná/Inácio Martins                               1 220,09
- Pernambuco/Triunfo                                  1 010,03
- Piauí/Marcolândia                                       784,76
- Rio de Janeiro/ Teresópolis                       877,59
- Rio G. do Norte/Ten. Laurentino Cruz      738,05
- Rio G. do Sul/São José dos Ausentes      1.181,82
- Rondônia/Vilhena                                        604,50
- Roraima/Pacaraima                                    918,03
- Santa Catarina/São Joaquim                    1.353,45
- São Paulo/Campos do Jordão                  1.628,16
- Sergipe/Carira                                              368,80
- Tocantins/Arraias                                        712,63
          Brasília é o único município do Distrito Federal. A Capital Federal está a 1100 metros acima do nível do mar. Entre as cidades-satélites que formam o Distrito Federal: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Guará, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II e Candangolândia, a área administrativa de Ceilândia, a 1.285 metros, é a de maior altitude. Já o ponto mais alto do Distrito Federal é o Ponto do Roncador a 1.344 metros de altitude acima do nível do mar.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Cataguás: os Tatus Brancos do Centro Oeste Mineiro

(Por Arnaldo Silva) A partir de meados do século XVII, começam a chegar ao território mineiro bandeirantes paulistas, em busca de ouro. A presença do homem branco no território mineiro, não foi nada amistosa. Isso por que a região por onde iniciaram a entrada, Sul de Minas, Oeste e Centro Oeste Mineiro, era habitada por várias etnias indígenas, como toda Minas Gerais era. Vestígios arqueológico apontam a presença de povos indígenas em território mineiro há mais 11 mil anos.
          A questão era que uma dessas etnias, que habitava a região do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro era os Tatuas Brancos, os temidos índios Cataguás. (o Rio São Francisco em Bom Despacho MG, no Alto São Francisco, um dos habitats dos Cataguás)
          Índios de língua não tupi, eram descendentes da tribo dos Tremembé, etnia oriunda do litoral do Nordeste do Brasil. Os Cataguás eram mais conhecidos como Cataguases, pela facilidade da pronúncia. Escrever ou pronunciar Cataguás ou Cataguases é a mesma coisa. 
          O povo Cataguá deixou o litoral nordestino e se instalou no Sul do país, ficando pouco tempo por lá. Partiram rumo ao Norte do Brasil, passando pelo atual território mineiro, no século XVI.
Cataguases X Carijós
          No caminho dos Cataguás estava a tribos dos Carijós, habitantes da parte alta do Vale do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro. Os Carijós eram índios mais tranquilos, trabalhadores e de fácil diálogo. Não eram muito de guerras e conflitos com outras tribos.
          Já os Cataguás, não. Eram avessos a conversas, além de serem guerreiros valentes, eram bastante hostis e não se intimidavam fácil. Carijós e Cataguás travaram uma ferrenha batalha, com os Cataguás saindo vencedores. Os Carijós que sobreviveram, deixaram a região, rumo a parte Oeste do Estado, longe dos Cataguás.
          Com a vitória, os Cataguás decidiram se fixar no território conquistado. Em pouco tempo, cresceram como povo e expandiram seus domínios para todo o Centro Oeste, Sul de Minas, Médio e Alto São Francisco, mantendo-se dominantes nessas regiões de forma implacável, até a chegada do homem branco, em meados do século XVII.
O país dos Cataguás
          A presença dos índios Cataguases em território mineiro era tanta e eram tantas as tribos Cataguases espalhadas pelas regiões mineiras, que eram chamados pelos bandeirantes paulistas de “povo que mora no país das matas” e ainda por “País dos Cataguases” e “Campos Geraes dos Cataguases". Na época a grafia gerais era com e, geraes. Os dois últimos nomes, foram primeiros nomes de Minas Gerais
          Somente após a descoberta de minas de ouro, que o território mineiro deixou de ser chamado “País dos Cataguases” e "Campos Geraes dos Cataguases" , a partir da descoberta de grandes quantidades de minas de ouro.

Guerreiros valentes e destemidos
          Na parte alta do São Francisco, os Cataguases predominavam. Viviam da caça, pesca e cultivo de milho e mandioca, além de fazerem utensílios de cerâmica, para uso diário, rituais religiosos e festas. Eram vigilantes e atentos a tudo em seu redor, devido a conflitos em etnias diferentes e presença constante de forasteiros.
         Embora existam várias traduções para a palavra Cataguás a mais conhecida é que Cataguá significa “gente boa” (catu-auás), embora os Cataguases não fizessem jus a tradução do nome. 
          Eram gente boa entre os membros da etnia, mas com outras tribos e principalmente forasteiros, nem um pouco. O homem branco era chamado pelos Cataguases de Poxi-auá, “gente ruim.
          Eram valentes, corajosos, destemidos e unidos, os Cataguases defendiam seu povo e suas terras com bravura. Eram extremamente agressivos e impiedosos para com seus inimigos, sejam de outras tribos ou forasteiros.
          Era guerreiros implacáveis, inteligentes e estrategistas. Quando capturavam seus inimigos, os devoravam em pouco tempo. Os Cataguases eram canibais. Não era por menos que as outras etnias indígenas da região temiam os Cataguases.
Os Tatus Brancos trogloditas
          A região de Doresópolis, no Oeste Mineiro, concentra inúmeros cânions, paredões e cavernas. Diferente de outras tribos que viviam em comunidades e em ocas, como moradas, os Cataguases que viviam na região de Doresópolis, eram trogloditas (habitantes de cavernas). Viviam em furnas e nas inúmeras cavernas existentes na região do Alto São Francisco e não em ocas, como a maioria dos indígenas viviam. Por esse motivo eram chamados de Tatus Brancos. (na imagem acima de Eduardo Valente, furnas na região de Doresópolis)
           Nesta região onde os Cataguases viviam, cavernas e paredões enormes podem ser vistos até os dias de hoje. Era esse o habitat dos Cataguases do Alto São Francisco, os temidos Tatus Brancos.
          Exímios caçadores noturnos, conseguiam capturar suas presas com muita facilidade. Saiam à noite e caçavam até o dia raiar. Com a presença do homem branco na região, estes passaram a ser também suas presas. 
          Na época da ocupação, relatos de homens brancos que desapareciam misteriosamente na região dominada pelos Cataguases eram comuns. Se algum forasteiro era capturado, não se encontrava nem vestígios. Os Tatus Brancos eram canibais e não perdiam tempo prendendo suas presas. Os forasteiros eram vistos como inimigos naturais.
          A dificuldade de diálogo com os Cataguases, bem como sua forte resistência e agressividade com os invasores, além de serem em grande número, eram empecilhos para portugueses e bandeirantes ocuparem o território mineiro.
          Com o passar do tempo e aumento do número de bandeirantes, escravos, missionários e portugueses em território mineiro e os crescentes ataques dos Tatus Brancos aos forasteiros, o Governo Português resolveu agir para facilitar a entrada das bandeiras no território.
O fim dos Tatus Brancos
          Por volta de 1670 as autoridades da Colônia Portuguesa determinaram uma verdadeira cruzada contra os Tatus Brancos, com a ação a cargo Fernão Dias Paes Leme. O bandeirante partiu de São Paulo com cerca de 600 homens, entre brancos e escravos.
          Diante da resistência dos Cataguás, foi enviado ainda Lourenço Castanho Taques, bandeirante paulista que conseguiu colocar fim a resistência dos Cataguás, obtendo êxito em seu intento.
          Ação dos bandeirantes não visava expulsar os Cataguás ou escravizá-los, eles nunca aceitaram ser escravos. Portugueses e bandeirantes empreenderam uma violenta ação visando exterminar por completo o povo Cataguás e apagar qualquer vestígio da presença da etnia que encontrassem pelo caminho.
          E conseguiram. Já no final do século XVII, já não existia mais os Cataguases em território mineiro e infelizmente, muito pouco da história desse povo foi registrada. Sabe-se quase nada sobre os costumes e usos, vestimentas e aparência física do povo Cataguá, bem como da origem de seu idioma, que se sabe, não era do tronco Tupi. Nada sobrou que contasse mais da origem e história desse povo que habitou boa parte do território mineiro. (na foto acima do Eduardo Valente, caverna em Doresópólis MG, habitat dos Cataguás, os Tatus Brancos)
Campos Geraes
          Com o extermínio dos Cataguás, a região deixou de ser "País dos Cataguases". Foi por algum tempo chamada de "Campos Gerais dos Cataguases". Como não existia mais os Cataguases, chegou a ser chamada de "Campos Geraes", na grafia do século XVII e XVIII. Quem nascia na região era "Geralista". O gentílico "mineiro" só passou a ser usado no século XIX.
          Com a descoberta de minas de ouro no território mineiro, a palavra "campos" foi mudada para Minas e manteve-se o geraes. Ficando, na grafia da época, "Minas Geraes".  Assim nascia Minas Gerais. 
          O termo “País dos Cataguases”, "Campos Geraes dos Cataguases"  e "Campos Geraes", ficou apenas na história dos séculos XVII e início do século XVIII e não passou disso. O nome do território passou a ser capitania, província e por fim, Estado de Minas Gerais. 
O legado dos Cataguás 
          O certo é que os Cataguases foram os primeiros povos que ofereceram resistência contra a ocupação e exploração das riquezas em território mineiro.
          Os Cataguases não existem mais como povo, mas com certeza, o espírito de luta, de resistência, de bravura, coragem e defesa de sua existência, faz parte do espírito do povo mineiro, desde os primórdios da formação de Minas Gerais.
          O povo mineiro possui o espírito valente e de luta dos Cataguás. Este espírito nos torna defensores de nossas tradições, de nossas divisas, de nossa cultura, de nossa história, de nossas riquezas e da luta pela liberdade, presente em nosso sangue e bandeira, desde a ocupação bandeirante e portuguesa em Minas Gerais.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Benefícios e a receita do leite de amendoim

(Por Arnaldo Silva) Arachis hypogaea L., o amendoim é uma leguminosa nativa do Brasil, Paraguai, Bolívia e Norte da Argentina. Foi descoberta no Brasil pelos portugueses e se expandiu para a América Latina durante a colonização portuguesa e espanhola. Mas o amendoim era consumido pelos índios latinos bem antes da chegada dos colonizadores. Pesquisas histórica datam o consumo do amendoim há cerca de 3 mil anos a.C. pelos povos indígenas da América Latina.
          É um alimento saboroso, de fácil preparo e rico em nutrientes como a arginina, um aminoácido estimulante do óxido nítrico, responsável pela circulação sanguínea na região do clitóris e pênis. Como consequência o consumo do amendoim aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais, aumentando a libido. Por isso a fama de afrodisíaco do amendoim.
          Não é apenas esse o benefício da leguminosa. Segundo pesquisadores, o consumo do amendoim, ajuda no combate ao colesterol ruim e dos triglicérides, além de contribuir no equilíbrio do metabolismo, na prevenção do mal de Alzheimer, doenças cardiovasculares e na redução de tumores.
          Esses benefícios são obtidos com o consumo moderado. Embora seja um alimento com poucas restrições, é recomendado uma avaliação com especialista para casos de restrições alimentares e alergias.
          O amendoim é rico em gorduras boas, vitaminas, proteínas, ômega 3, magnésio, potássio e outros nutrientes. Pode ser consumido in natura, em forma de doces como o pé-de-moleque, torrado, caramelado, como paçoca, em bolos e também em forma de chá.
          O leite de amendoim é muito saboroso e bem fácil de preparar:
Ingredientes
. 1 xícara (chá) de amendoim sem a pele e já torrado
. 1 litro de leite
. 1 caixinha de leite condensado
. 1 vidro de leite de coco ou a mesma medida de água
. Cravo, canela em pó em pau a gosto
Modo de preparo
- Coloque no liquidificador o amendoim e o leite de coco ou a água e bata até que esteja bem triturado.
- Despeje em uma panela, acrescente o leite, o leite condensado, a canela em pó, os cravos, a canela em pau e deixe fervendo no fogo até engrossar. Sirva quente. 
(fotos de Arnaldo Silva)

quinta-feira, 26 de maio de 2022

15 Capitais de Minas Gerais - Parte II

(Por Arnaldo Silva) Essa é a segunda parte da série 30 "capitais de Minas Gerais". Foram 15 na primeira parte, completando 30, com a segunda parte.
          Belo Horizonte é a capital administrativa de Minas Gerais, mas em todas as 12 regiões mineiras, cidades se destacam como "capitais", não só de Minas Gerais, mas do Brasil e do mundo, que as torna referências nesses ramos. 
          Seguindo a ordem alfabética da parte I, apresentamos as outras 15 “capitais” de Minas Gerais, totalizando 30 importantes cidades mineiras, se destacando como "capitais" em diferentes atividades como na gastronomia, indústria, artesanato, cultura, confecções, religiosidade, bebidas, moda, carnaval, confecções, pedras preciosas, agricultura, pecuária, etc.
01 - Monte Sião - Capital da Moda, Tricô e das Porcelanas
          Cidade tradicional em Minas, dota de ótima estrutura urbana e qualidade de vida, Monte Sião fica no Sul de Minas, distante 470 km da Capital, Belo Horizonte. A cidade conta hoje com cerca de 24 mil habitantes. (fotografia de Marcos Pieroni)
          Com uma ótima rede gastronômica e hoteleira, belas praças, um casario charmoso, além de ser uma estância hidromineral, Monte Sião é muito bem estruturada para receber visitantes.
          Se destaca pela Festa do Peão, que acontece no mês de março e por ser a única cidade no Brasil, que fabrica porcelanas nas cores azul e branca.
          Sem dúvida alguma, o destaque da cidade é a indústria têxtil, principal atividade econômica do município, com mais de 2 mil estabelecimentos, entre indústrias e comércios de malhas e tricô, tradição que chegou à cidade no século XX, pelas mãos de imigrantes italianos. Por sua tradição, qualidade de suas malhas e tricôs, além de sua estrutura, Monte Sião é a Capital Nacional do Tricô. A cidade recebe todos os dias, um grande fluxo de visitantes, que vem em caravanas para conhecerem as novidades das indústrias de tecidos da cidade, bem como, fazerem compras.
          A presença de turistas é bem maior em épocas especiais, como no Encontro de Fuscas, na Trilha das Malhas, no Festival de Inverno, nas festas de fim de ano e durante a Feira Nacional do Tricô (Fenat), que acontece entre os meses de abril e maio.
02 - Nova Serrana - Capital dos Calçados Esportivos
 
          A cidade fica a 120 km de Belo Horizonte, na Região Centro Oeste de Minas e conta atualmente com mais de 105 mil habitantes. Cidade industrializada, com ótima estrutura para o turismo de negócios e eventos diversos, graças a sua indústria calçadista. A cidade produz calçados desde 1948 e cresceu em torno desse ramo industrial. Conta atualmente com milhares de empresas de pequeno, médio e grande porte, gerando emprego e renda para milhares de pessoas. (fotografia acima de @newdronens)
          Nova Serrana responde pela produção de 55% dos calçados esportivos no Brasil, sendo considerada por isso, a Capital dos Calçados Esportivos. Todos os anos, duas vezes ao ano, organiza a maior feira de calçados de Minas Gerais, a Fenova, evento que mobiliza todo o setor e atrai compradores de todo o país.
03 - Patos de Minas – Capital Nacional do Milho
          Patos de Minas, na Região do Alto Paranaíba, hoje com cerca de 159 mil habitantes é conhecida no país inteiro como a Capital do Milho. A tradição é tanta, que o milho e seus derivados, fazem parte da história da cidade. Desde 1958, em Patos de Minas, acontece uma das maiores festas rurais do Brasil, a Festa Nacional do Milho, a FENAMILHO, na data de aniversário da cidade, 24 de maio, dia declarado como o Dia Nacional do Milho. (foto acima de @dronemoc)
          A cidade é bem estrutura, industrializada, e com uma agricultura forte, com produção, além do milho, de girassóis, cana-de-açúcar, tomate, sorgo, batata-doce, mandioca, soja, café, feijão, dentre outras culturas. Além disso, é muito bem organizada, com uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de atrativos arquitetônicos como o Memorial da Casa da Cultura do Milho, a Igreja de Nossa Senhora das Dores, a Casa de Olegário Maciel, a Catedral de Nossa Senhora da Guia, a Igreja de Santo Antônio, Shoppings, a Lagoa Grande, a Cachoeira das Irmãs, dentre outros atrativos. 
04 - Piranguinho - Capital do Pé de Moleque
          Com pouco mais de 9 mil habitantes, distante 435 km de Belo Horizonte, Piranguinho, no Sul de Minas, se destaca por ser a capital de um dos mais saborosos doces do Brasil, o Pé de Moleque. É o maior símbolo gastronômico da cidade, um uma das identidades gastronômicas de Minas Gerais. (foto acima do André Uchôas)
          O doce tem tradição desde a chegada das ferrovias na região, nas primeiras décadas do século passado e movimenta a economia da cidade, gerando emprego e renda para centenas de famílias. O autêntico e legítimo Pé de Moleque de Piranguinho tem selo de qualidade. A cidade ainda organiza, no mês de junho, a Festa do Pé de Moleque, em conjunto com as Festas Juninas. No evento, além das tradições comidas típicas, danças, músicas e shows, é apresentado o maior pé de moleque do Brasil, com uma média de 24 metros de comprimento, servido à população presente.
05 - Paracatu - Capital Mundial do Pão de Queijo

          A cidade histórica de Paracatu é a Capital Mundial do Pão de Queijo. Cidade onde a história e modernidade se faz presente, Paracatu se destaca no turismo, na pecuária leiteira, na mineração e na riqueza da sua cozinha, em especial as quitandas mineiras, em destaque para o pão de queijo. A diferença é que o Pão de Queijo de Paracatu não é escaldado, diferente do pão de queijo tradicional, que é escaldado. Os ingredientes são os mesmos, apenas não o escaldo. O modo de fazer pão de queijo sem escaldar é uma tradição secular em Paracatu. Inclusive, a tradição Patrimônio Imaterial de Paracatu, sendo mencionada no Livro de Registros dos Saberes, desde 2015. (na foto acima de Thelmo Lins, o caminho que ligava Minas a Goiás, no século XIX)        

06 - São Tiago – A capital nacional do Café com Biscoito
          Com cerca de 11 mil habitantes, São Tiago, no Campo das Vertentes se destaca em Minas Gerais desde o século XVIII, quando o povoado era ponto de descanso de tropeiros, que aproveitavam para descansar e comer os biscoitos preparados pelos moradores do povoado. (foto acima enviada pelo Deividson Costa/mdm - Agência Digital)
          A tradição perdura por séculos e São Tiago se destaca no país por seus biscoitos e café, feitos no forno de barro e nas dezenas. Além disso, seus biscoitos são produzidos nas várias indústrias locais, que produzem dezenas de biscoitos diferentes, mantendo a mesma qualidade e sabor dos biscoitos feitos, nos fornos de barro.
          Todos os anos, no segundo fim de semana do mês de setembro, acontece a Festa Nacional do Café com Biscoito, um dos maiores eventos gastronômicos do Brasil. Para se ter ideia, durante os dias de evento, a cidade recebe entre 60 a 80 mil visitantes. Isso numa cidade com apenas 11 mil habitantes. Daí dá para perceber o tamanho da importância da cidade e de sua principal festa. É a Capital Nacional do Café com Biscoito.
07 - Sabará – A capital da jabuticaba
        Sabará, foi a terceira vila do ouro de Minas e está apenas 20 km de Belo Horizonte. A cidade histórica, que guarda relíquias do Barroco Mineiro, com obras do Metre Aleijadinho e Ataíde, se destaca hoje pela jabuticaba. (a Jabuticaba-Sabará, na foto acima de Sabará e Sabor/Restaurante Jotapê em Pompéu, distrito de Sabará MG)
          Fruta nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba é tão importante para a cidade, que uma das 15 espécies existentes de jabuticaba, carrega seu nome: Jabuticaba-Sabará. Nos quintais do município, a fruta está presente e dos quintais sabarenses, saem vinho de jabuticaba, cachaça, licor, bolo, doce, geleia, molho, sorvete, pudim e diversos pratos com a fruta Jabuticaba-Sabará, que é um dos patrimônios do município, bem como os derivados da fruta, que tem selo de origem. 
          Todos os anos, entre novembro e dezembro, época de temporada, acontece o Festival da Jabuticaba, com shows, exposição de arte local e são apresentados todos os derivados da jabuticaba nos 3 dias de eventos. A cidade é a Capital da Jabuticaba.
08 - Salinas - Capital da Cachaça
          Distante 640 km de Belo Horizonte, Salinas, no Norte de Minas se destaca no mundo inteiro por sua bebida destilada de cana. A cachaça, movimenta alambiques e indústrias, gerando emprego e renda para centenas de famílias. São cercas de 50 marcas de cachaças, com destaque para a Havana, reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Salinas. As cachaças de Salinas são comercializadas em todo o Brasil, sendo ainda exportada para vários países. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, uma das salas do Museu da Cachaça de Salinas)
          A cidade de 42 mil habitantes, conta óptima estrutura urbana para receber visitantes, bem como um museu dedicado a contar a história da bebida, além de organizar todos os anos, no mês de julho, o Festival Mundial da Cachaça, bebida que faz de Salinas a Capital da Cachaça, reconhecida pela Lei Federal, nº 13.773, publicada no Diário Oficial da União em 19/12/2018. 
09 - Santo Ant. do Monte - Capital dos Fogos de Artifício
          Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade de Santo Antônio do Monte, no Centro Oeste de Minas, a 185 km de Belo Horizonte, se destaca no Brasil por suas indústrias de fogos de artifícios, os populares, foguetes. A cidade responde por 80% da produção de fogos de artifícios no Brasil, além de exportar para vários países, sendo por isso, a Capital Nacional dos Fogos de Artifícios. A cidade organiza todos os anos, geralmente em novembro, a tradicional Festa do Foguete, com shows pirotécnicos, musicais, comida típicas e mostra da indústria. (foto acima de Arnaldo Silva) 
10 - Santa Rita do Sapucaí - Capital dos Eletrônicos
          A cidade fica na Região Sul de Minas, a 406 km da capital e conta atualmente com cerca de 45 mil habitantes. É um dos mais importantes polos eletrônicos do país, sendo a cidade uma potência tecnológica em Minas Gerais. (fotografia acima de Leonardo Souza/@jleonardo_souza_srs)
          Por sua importância, é comparada ao famoso Vale do Silício, polo tecnológico da Califórnia, nos Estados Unidos, nos anos 1950. O município abriga o Vale da Eletrônica, formado por mais de 150 empresas de setores que vão da informática à telecomunicação, produzindo mais de 13 mil produtos, como fios, placas e softwares, chip do passaporte eletrônico, transmissor de TV, urnas eletrônicas, utilizadas nas eleições, dentre outros produtos eletrônicos. 
          Santa Rita do Sapucaí é a única cidade brasileira que produz e exporta tokens e transmissores digitais. Seus produtos, abastecem o mercado nacional e internacional. Além disso a cidade é considerada “cidade criativa”, por suas inovações e reciclagem, além de oferecer uma excelente estrutura urbana, um setor de serviços eficiente, uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de ser uma cidade muito bonita e acolhedora.
11 - São Gotardo – A capital nacional da cenoura
          São Gotardo, na Região do Alto Paranaíba, conta atualmente com cerca de 36 mil habitantes. Está na região onde encontra-se o PADAP (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), formado pelos municípios de Campos Altos, Ibiá, Matutina, Rio Paranaíba, Tiros e São Gotardo, que conta com grande presença de descendentes de imigrantes japoneses, que vieram para a região, trabalhar na agricultura. Essas cidades juntas, formam um dos maiores polos hortifruti do país, com grandes variedades de frutas, legumes e hortaliças, plantados em cerca de 50 mil hectares. A atividade agrícola é hoje, uma das maiores geradoras de emprego e renda nas cidades do PADAP. (na foto acima do Emílio Mendes Ferreira, a Paróquia de São Sebastião)
          Um dos maiores produtos da região, é a cenoura, com a cidade de São Gotardo se destacando no país, sendo atualmente, a Capital Nacional da Cenoura, além de produzir outras variedades de hortifrutis. A cidade organiza, desde 1997, uma das maiores festas do interior do Brasil, a Festa Nacional da Cenoura (FENACEN). A festa atrai milhares de turistas para a cidade e apresenta mostras de novas tecnologias agrícolas, concurso de culinária e barracas com pratos típicos, principalmente, feitos com cenoura, bem como a eleição da Rainha Nacional da Cenoura, grandes shows musicais, etc.
12 - Teófilo Otoni - Capital das Pedras Preciosas
          Com mais de 145 mil habitantes, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, é uma das maiores e mais importantes cidades de Minas Gerais e de grande destaque internacional. Distante 450 km de Belo Horizonte, a cidade tem tradição na mineração, já que seu subsolo é riquíssimo em pedras preciosas como berilo, ametista, água marinha, topázio, espodumênio, opala, calcita, alexandrita, turmalina, crisoberilo, olho-de-gato, quartzo rosa, dentre outras tantas pedras preciosas. (fotografia acima de Sérgio Mourão)
          São mais de 3 mil oficinas na cidade, dedicadas a essa atividade, gerando emprego e renda. Por isso que Teófilo Otoni é referência internacional em pedras preciosas e considerada a Capital Mundial das Pedras Preciosas. Não é capital de Minas e nem do Brasil, em termos de pedras preciosas, Teófilo Otoni é reconhecida como polo mundial na lapidação e comercialização pedras preciosas. É a Capital Mundial das Pedras Preciosas.
          A cidade conta com uma excelente estrutura urbana, com rede hoteleira, gastronômica e de eventos eficientes, já que na cidade acontece todos os anos, feiras, congressos, workshops e exposições culturais e científicas. Um desses eventos que atrai para cidade turistas vindos de todas as regiões do Brasil e de vários países do mundo, é a Feira Internacional de Pedras Preciosas (AFIPP), um dos maiores eventos do gênero, no mundo.
13 - Timóteo - Capital do Inox
          Timóteo, distante 196 km de Belo Horizonte, conta com cerca de 91 mil habitantes, fazendo parte do Vale do Aço. É uma das mais industrializadas cidades mineiras, com diferentes ramos de atividades, além de um comércio diversificado, uma excelente estrutura urbana, principalmente para turismo de negócio e rede hoteleira e gastronômica de qualidade. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Desde 1944, Timóteo se destaca na produção do aço inox, com instalação na cidade da Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita), privatizada em 1992, com o comando da empresa assumido, desde essa época, pela Aperam South America. Atualmente é comandada pela ArcelorMittal Inox Brasil, uma das maiores empresas do setor metalúrgico e siderúrgico do mundo, dotada de altíssima tecnologia. Atualmente, a empresa em Timóteo, é a maior produtora de aço inoxidável da América Latina.
          O Aço Inox faz parte da identidade e orgulho do povo timotense, com a cidade se destacando no Brasil como a Capital do Inox. Vem ganhando destaque ano a ano, um dos grandes eventos de negócios de Minas Gerais, a Expo Inox. Uma grande feira que reúne as novidades do setor de inox, com a presença de expositores do ramo.
14 - Ubá - Capital mineira da indústria moveleira
          Distante 290 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata e com cerca de 120 mil habitantes, está Ubá. É uma das principais cidades de Minas, destaque no Brasil, não apenas pela manga que leva o nome da cidade, mas por sua fortíssima e diversificada indústria moveleira. Sua produção de móveis, além de estar presente no mercado nacional, vem ganhando a cada ano, espaço no mercado internacional. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Ubá é o primeiro polo moveleiro de Minas e o terceiro do país. O polo moveleiro de Ubá é formado ainda pelas cidades de Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. Consolidando sua liderança no setor moveleiro em Minas, todos os anos, a cidade organiza a Feira de Móveis de Minas Gerais (FEMUR), um dos maiores eventos desse ramo no país.
15 - Uberaba - Capital Mundial Gado do Zebu
          Uberaba, no Triângulo Mineiro, conta mais de 340 mil habitantes e está, distante 480 km de Belo Horizonte. A cidade se destaca em Minas pela sua qualidade de vida, excelente estrutura urbana, pelas suas indústrias e atividades agrícolas como a soja, sementes de girassol, cana-de-açúcar, milho, etc., e principalmente na pecuária, em destaque, a criação de gado da raça Zebu. (na foto acima o Parque de Exposições Fernando Costa de Uberaba. Foto:ACBZ/Divulgação)
          O Zebu é uma raça de gado de origem indiana e chegou à cidade, no início do século XX. Desde a chegada do Zebu à Uberaba, a raça bovina se desenvolveu, graças a estudos, pesquisas, investimentos em melhoramentos genéticos da raça zebuína e na melhora da qualidade dos embriões bovinos. Isso fez de Uberaba ser uma referência na área de genética animais e ser a capital do gado zebu, no mundo. São 215 milhões milhões de cabeça de gado Zebu, no Brasil, o que faz do país ser o maior exportador mundial de carne e o o quarto maior produtor leiteiro do mundo.
          Em Uberaba, está uma das mais conceituadas empresas de inseminação pecuária, a Alta Genetics. A matriz da empresa tem sede em Calgary, Canadá, com filiais em mais de 90 países, além do Brasil, em Uberaba, a empresa tem filiais na China, Holanda, Argentina, Estados Unidos, etc.
          Na cidade está instalado o Museu do Zebu e a sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ACBZ) com 23 mil associados, 100 técnicos no campo e 24 escritórios distribuídos em todo o país. Todos os anos, em maio, acontece na cidade uma das mais importantes exposições agropecuárias do mundo, a EXPOZEBU (na foto acima da ACBZ/Divulgação).
          O evento conta com a presença de personalidades nacionais, empresas e empresários do agronegócio do Brasil e de vários países do mundo. Nos dias da exposição, são apresentadas novidades tecnológicas do setor, leilões de gado, exposição da raça zebuína, além de mega-shows com grandes artistas, barracas com comidas típicas, etc.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Tradição e nostalgia das antigas vendas e botecos

(Por Arnaldo Silva) A geração atual convive com grandes hipermercados, lojas de conveniências, bares sofisticados e shoppings. A geração anterior, vivia nos tempos dos antigos armazéns de Secos e Molhados, botequins e vendas de esquina. Embora antigos, são tradicionais e alguns resistem ao tempo e modernidade, estando presentes, mesmo que em menor número, em
todas as cidades mineiras, inclusive na capital.
          As mercearias e armazéns tem praticamente o mesmo significado e funcionavam no mesmo lugar. Os armazéns surgiram em Minas Gerais, nos tempos do Brasil Colônia. Era um espaço amplo, onde eram armazenados produtos secos e molhados, para serem vendidos nas mercearias. Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Fabinho Augusto, uma antiga e tradicional que existiu em Barro Branco, distrito de Ponte Nova MG, até bem pouco tempo)
As mercearias e armazéns          
          No significado geral, mercearia era uma loja para venda das especiarias, bebidas, gêneros alimentícios e miudezas de uso doméstico, que ficavam armazenadas nos armazéns, garantindo assim estoque. As construções eram divididas. A frente era a mercearia e os fundos, o armazém, onde os estoques eram guardados.
          
 Eram lojas formais, presentes nos grandes distritos e cidades, que vendiam seus produtos em suas mercearias, bem como, para outras mercearias. Os armazéns eram comércios atacadistas e varejistas. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, um desses tradicionais armazéns, que também eram mercearias. É o Armazém 2 Irmãos, datado de 1854, em Faria Lemos MG, Zona da Mata)
          Compravam e vendiam produtos oriundos das fazendas como feijão, arroz, manteiga, banha, fumo, palha para cigarro, linguiça, carnes, leite, doces, queijos, etc., e principalmente, de necessidades básicas que não eram fabricados nas cidades onde estavam estabelecidos, como sal, querosene, tecidos, linhas, agulhas, lamparinas, panelas, penicos, baldes, ferramentas, roupas, sapatos, chapéus, etc. Esses produtos chegavam às cidades pelos tropeiros ou mesmo, em carros de bois. Eram viagens longas, que levavam meses.
Boteco, Botica e Botequim
          Existiam também nas pequenas vilas e cidades, os botecos ou botequins, sendo estes muitos populares. A origem do boteco vem de botica, que literalmente, era uma caixa de madeira, tradicional em Portugal e introduzida no Brasil, nos tempos do Brasil Colônia. Nessa caixa de madeira eram colocados remédios e levados às cidades e vilas.
          Não existia na época remédios em cápsulas ou comprimidos. Eram medicamentos líquidos e colocados em vidros. No Brasil Colônia, as boticas eram levadas pelos mascates e tropeiros em carroças e carros de bois, cortando as estradas do nosso sertão. (na foto acima de Thelmo Lins, uma tradicional venda em Virginópolis MG)
          Com o crescimento dos povoados e cidades, foram surgindo lugares próprios para a venda desses remédios nas cidades, que passou a se chamar boticas. Sãos as antigas boticas, as precursoras das farmácias, de hoje.
          As boticas foram inspiração para surgir lugares para a venda de bebidas, não para curar as mazelas do povo, mas para vender as bebidas típicas das localidades em garrafas, como cachaça, vinhos, licores. Tempos depois, começaram a servir petiscos, como chouriço, linguiça, mandioca, torresmos, etc.
          Boteco ou Botequim são, literalmente, diminutivos de botica. Botecos em Minas são populares, hoje chamados de bares. Antigamente os botequins serviam de encontros entre boêmios, hoje, os bares são lugares de encontro, entre amigos e amigas.
          Alguns botecos são tão populares, pitorescos e tradicionais que passaram a ser ponto de encontro de amigos, para conversar, beber um pouco, comer algo juntos, como por exemplo o Boteco Zé do Arame, em Conceição de Ibitipoca, distrito de Lima Duarte na Zona da Mata, à esquerda da foto acima da Giseli Jorge. Se prestar atenção, a data de fundação do boteco está assim na placa: Desde 19 e 00 (bolinhas). 
          Outro boteco famoso e charmoso em Conceição de Ibitipoca, é este, na foto acima o do Lucas Vieira, o Pão, Linguiça & Cia. Pela imagem, dá para perceber que é um lugar gostoso demais, bem no meio da charmosa Vila Colonial, porta de entrada para o Parque do Ibitipoca. 
As vendinhas de esquinas         
          Já as vendas, mais populares e mais comuns que os botecos e armazéns, são um pouco dos dois. Surgiam aos montes nas esquinas das vilas e cidades e geralmente, faziam parte da casa dos donos. Os nomes das vendas eram geralmente associados aos nomes ou apelidos dos seus donos. Vendiam tudo o que era vendido nos armazéns, bem como, tudo que era vendidos nos botecos, por isso eram chamadas de vendas.
          Embora cada dono de venda, organizava seu estabelecimento conforme o espaço que tinha, as vendas era bem parecidas. Eram de esquina, com 2, 3 ou 4 portas na frente, sem janelas, com estantes em madeira nas paredes, onde ficavam as bebidas e vários produtos e miudezas. Um balcão de madeira com vidro, onde ficavam as guloseimas.  Caixotes, onde eram colocados os produtos a granel, como feijão e arroz. Balança com pesos comparativos, sobre o balcão. Tinham algumas vendas com balanças mais modernas para a época, como a Filizola. (na foto acima e abaixo de Arnaldo Silva, a Venda da Emília, no Arraial do Conto em Cordisburgo MG, região Central)
          Sobre o balcão das vendas, nunca faltava baleiros, além de um monte de miudezas penduradas no teto e um rádio de pilha, sintonizado na rádio AM da cidade. Em algumas vendas tinha até radiolas e gravadores rodando fitas k-7, para os fregueses. Tinha também uns tamboretes e mesas rústicas, onde os amigos sentavam para prosear e tomar umas pingas e comer uns tira gostos caseiros. (na foto abaixo, de Arnaldo Silva, a Venda da Emília)
          Mesmo com o espaço pequeno das vendas, nelas, cabia de tudo e dificilmente não se encontrava o que se procurava. Desde linha, agulha, carne de sol, discos de vinil, réstia de alho, xarope de groselha, colcha de chenile, fitas k-7, salame, bucha, fumo de rolo, manivela para pipa, vara de pescar, anzol, bacalhau, prego, bolinhas de gude, ratoeira, enxada, açúcar, ki-suco, picolé, pilhas para rádio, lâmpadas, arroz e feijão vendidos em granel, brinquedos, pratos, canecas, carrinho de mão, bules, raticidas, naftalina, gaiolas, doces. (na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, venda em São Geraldo do Jataí, distrito de Curvelo MG)
          Além disso, tinha balas, sapatos, shampoo, banha de porco, lápis, borracha, linguiça, sal, querosene, lamparina, marmelada, baldes, trempe para fogão a lenha, esmalte, tachos de cobre, maria-chiquinha, sabão, pasta de dente, leite, queijo, farinha, fubá, panelas, penico, bacias, pão de sal.
          Sem contar a utilíssima Folha Mariana, a tabuada, café moído na cara do freguês e em algumas vendas, o café era também coado na cara do freguês, se ele preferisse. Era tudo bem embrulhado. 
          Nas vendas, o que não era encontrado era porque ainda não tinha sido inventado.
A caderneta
          Poucas pessoas pagavam na hora. Tudo anotado numa caderneta, item por item. No início do mês, o freguês ia lá, sem falta, e pagava. A confiança e honestidade eram valiosos e todos faziam questão de honrar seus compromissos, com os donos das vendas. Ninguém se preocupava em vender fiado, sabiam que todos pagavam.
Ponto de encontro de amigos e famílias
          As vendas eram lugares para todos da família. Tinha de tudo para todos até para as crianças. Os baleiros eram o encanto da infância, tinha todas as balas que a criançada adorava. Dentro do balcão tinha tantas guloseimas, que os meninos, ao olharem, ficavam com os olhos brilhando. (na  foto acima do Amauri Lima, a Venda e Mercearia do Israel São João Batista do Glória MG)
          As mulheres encontravam nas vendas utilidades para seu dia a dia, bem como para os cuidados da casa. Já os homens, eram os grandes frequentadores das vendas, isso porque, além de ter tudo o que precisavam para seu dia a dia, tinha também as pingas e os amigos, frequentadores da venda. Além da pinga, em algumas vendas, serviam tira gostos de torresmo com mandioca e os populares pão com salame e pão com linguiça frita. O que não faltava nas vendas era o xarope de groselha. Adoravam misturar 
pinga com groselha. 
Diferença de vendas antigas e mercados atuais
          As fotos acima retratam bem como eram bem organizadas, pitorescas, nostálgicas e aconchegante as vendas antigas. Dá vontade de chegar e ficar. (na foto abaixo do Deocleciano Mundim, o Bar do Baiano, local que serviu por muito tempo como rodoviária da cidade de Lagoa Formosa MG, Alto Paranaíba)
          
Diferente de hoje, com os mercados e grandes mercados, você entra, coloca tudo num carrinho, paga e vai embora. As vendas, eram lugares de amigos. Mesmo para comprar um ou dois itens, chegando nas vendas, demorava para sair. Sempre encontrava-se amigos, parentes e conversas rendia, enquanto o tempo passava. Mas ninguém ligava, não existia a correria do dia-a-dia de hoje.
          Isso porque o bom de estar numa venda, é conversar com o dono e sua família e com os amigos, compadres e comadres, que lá estavam. O ambiente era totalmente familiar e os frequentadores, eram chamados de fregueses.
A origem de freguesia e fregueses
          
No século XVIII, os pequenos povoados que surgiam, antes de serem elevados a distrito ou cidades, eram elevados a Freguesias. Quem morava numa freguesia, era chamado de freguês. Nessas freguesias, existiam, apenas um armazém de Secos e Molhados, que garantia o abastecimento da freguesia. (na foto acima de Lucas Vieira, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Existiam várias vilas e distritos, mas eram bem distantes umas das outras, o que dificultava a ida a outras freguesias. Assim, os fregueses, só compravam nos armazéns de sua freguesia. Com o tempo, a palavra freguês se popularizou, como aquela pessoa que só comprava num determinado lugar, se mantendo sempre fiel, bem como uma tradição de comprar no mesmo lugar, que passava para gerações.
        Nas vendas, nem precisavam de dinheiro, bastava uma simples caderneta onde eram anotadas as compras dos fregueses. Quem era freguês de uma determinada venda, dificilmente comprava em outra. Isso porque, além de serem fregueses, mantinham laços de amizades, afinidades e respeito ao dono da venda, sendo esse o segredo da boa freguesia. Os fregueses não andavam de venda em venda. Iam direto nas vendas de sua freguesia. (na foto acima da Elvira Nascimento, a tradicional Venda do Chico em Ouro Preto, que funciona num casarão colonial, no Largo do Cinema).
          Hoje, com a modernidade dos grandes comércios, a palavra freguês passou a desuso, substituída pela palavra, cliente, que literalmente significa, comprador. É aquela pessoa que compra, independente do mercado, loja ou estabelecimento, sem ser fiel ou comprar exclusivamente, em determinado estabelecimento. E assim são vistos pela empresa, não como amigos, como nas antigas vendas, apenas como compradores.
Ainda existem
          Apesar das facilidades e conforto da modernidade, em pleno século XXI, em muitas cidades mineiras, muitas das tradicionais vendas e antigos armazéns, ainda resistem ao tempo, da mesma forma que antes, sem nada mudar e ainda, vendendo fiado, com tudo anotado nas cadernetas. (na foto acima Luiz Fernando, a tradicional venda Venda Alto Minchillo em Guaranésia MG)
          São lugares que nos faz voltar ao tempo e mesmo a geração atual, se emociona com a beleza rústica e poética das antigas vendas, botecos, mercearias e armazéns, presentes principalmente nas cidades e vilarejos do interior mineiro. 

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