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quinta-feira, 26 de maio de 2022

15 Capitais de Minas Gerais - Parte II

(Por Arnaldo Silva) Essa é a segunda parte da série 30 "capitais de Minas Gerais. Foram 15 na primeira parte, completando 30, com a segunda parte.
          Belo Horizonte é a capital administrativa de Minas Gerais, mas em todas as 12 regiões mineiras, cidades se destacam como "capitais", não só de Minas Gerais, mas do Brasil e do mundo, que as torna referências nesses ramos. 
          Seguindo a ordem alfabética da parte I, apresentamos as outras 15 “capitais” de Minas Gerais, totalizando 30 importantes cidades mineiras, se destacando como "capitais" em diferentes atividades como na gastronomia, indústria, artesanato, cultura, confecções, religiosidade, bebidas, moda, carnaval, confecções, pedras preciosas, agricultura, pecuária, etc.
01 - Monte Sião - Capital da Moda, Tricô e das Porcelanas
          Cidade tradicional em Minas, dota de ótima estrutura urbana e qualidade de vida, Monte Sião fica no Sul de Minas, distante 470 km da Capital, Belo Horizonte. A cidade conta hoje com cerca de 24 mil habitantes. (fotografia de Marcos Pieroni)
          Com uma ótima rede gastronômica e hoteleira, belas praças, um casario charmoso, além de ser uma estância hidromineral, Monte Sião é muito bem estruturada para receber visitantes.
          Se destaca pela Festa do Peão, que acontece no mês de março e por ser a única cidade no Brasil, que fabrica porcelanas nas cores azul e branca.
          Sem dúvida alguma, o destaque da cidade é a indústria têxtil, principal atividade econômica do município, com mais de 2 mil estabelecimentos, entre indústrias e comércios de malhas e tricô, tradição que chegou à cidade no século XX, pelas mãos de imigrantes italianos. Por sua tradição, qualidade de suas malhas e tricôs, além de sua estrutura, Monte Sião é a Capital Nacional do Tricô. A cidade recebe todos os dias, um grande fluxo de visitantes, que vem em caravanas para conhecerem as novidades das indústrias de tecidos da cidade, bem como, fazerem compras.
          A presença de turistas é bem maior em épocas especiais, como no Encontro de Fuscas, na Trilha das Malhas, no Festival de Inverno, nas festas de fim de ano e durante a Feira Nacional do Tricô (Fenat), que acontece entre os meses de abril e maio.
02 - Nova Serrana - Capital dos Calçados Esportivos
 
          A cidade fica a 120 km de Belo Horizonte, na Região Centro Oeste de Minas e conta atualmente com mais de 105 mil habitantes. Cidade industrializada, com ótima estrutura para o turismo de negócios e eventos diversos, graças a sua indústria calçadista. A cidade produz calçados desde 1948 e cresceu em torno desse ramo industrial. Conta atualmente com milhares de empresas de pequeno, médio e grande porte, gerando emprego e renda para milhares de pessoas. (fotografia acima de @newdronens)
          Nova Serrana responde pela produção de 55% dos calçados esportivos no Brasil, sendo considerada por isso, a Capital dos Calçados Esportivos. Todos os anos, duas vezes ao ano, organiza a maior feira de calçados de Minas Gerais, a Fenova, evento que mobiliza todo o setor e atrai compradores de todo o país.
03 - Patos de Minas – Capital Nacional do Milho
          Patos de Minas, na Região do Alto Paranaíba, hoje com cerca de 159 mil habitantes é conhecida no país inteiro como a Capital do Milho. A tradição é tanta, que o milho e seus derivados, fazem parte da história da cidade. Desde 1958, em Patos de Minas, acontece uma das maiores festas rurais do Brasil, a Festa Nacional do Milho, a FENAMILHO, na data de aniversário da cidade, 24 de maio, dia declarado como o Dia Nacional do Milho. (foto acima de @dronemoc)
          A cidade é bem estrutura, industrializada, e com uma agricultura forte, com produção, além do milho, de girassóis, cana-de-açúcar, tomate, sorgo, batata-doce, mandioca, soja, café, feijão, dentre outras culturas. Além disso, é muito bem organizada, com uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de atrativos arquitetônicos como o Memorial da Casa da Cultura do Milho, a Igreja de Nossa Senhora das Dores, a Casa de Olegário Maciel, a Catedral de Nossa Senhora da Guia, a Igreja de Santo Antônio, Shoppings, a Lagoa Grande, a Cachoeira das Irmãs, dentre outros atrativos. 
04 - Piranguinho - Capital do Pé de Moleque
          Com pouco mais de 9 mil habitantes, distante 435 km de Belo Horizonte, Piranguinho, no Sul de Minas, se destaca por ser a capital de um dos mais saborosos doces do Brasil, o Pé de Moleque. É o maior símbolo gastronômico da cidade, um uma das identidades gastronômicas de Minas Gerais. (foto acima do André Uchôas)
          O doce tem tradição desde a chegada das ferrovias na região, nas primeiras décadas do século passado e movimenta a economia da cidade, gerando emprego e renda para centenas de famílias. O autêntico e legítimo Pé de Moleque de Piranguinho tem selo de qualidade. A cidade ainda organiza, no mês de junho, a Festa do Pé de Moleque, em conjunto com as Festas Juninas. No evento, além das tradições comidas típicas, danças, músicas e shows, é apresentado o maior pé de moleque do Brasil, com uma média de 24 metros de comprimento, servido à população presente.
05 - Paracatu - Capital Mundial do Pão de Queijo

          Paracatu, é uma cidade histórica, da Região Noroeste de Minas Gerais. Distante 483 km de Belo Horizonte, com cerca de 95 mil habitantes. Fundada em 20 de outubro de 1798, no século XVIII, Paracatu é uma das mais belas, charmosas e acolhedoras cidades mineiras. (na foto acima de Thelmo Lins, o caminho que ligava Minas a Goiás, no século XIX)
          Cidade com excelente estrutura urbana, turística e tradicional, Paracatu, desde sua origem, se destaca por sua pecuária leiteira. Nas cozinhas paracatuenses, do leite, eram feitos queijos. Tanto um, quanto outro, sempre foram os principais ingredientes para as quitandas, que saem dos fornos das casas e cozinhas das fazendas do município. Uma dessas quitandas, é o nosso tradicional, pão de queijo.
          O pão de queijo tradicional, como conhecemos, é escaldado, com uma mistura de leite e óleo quente. Em Paracatu, não se escalda a massa do pão de queijo. Todos os ingredientes e o modo de preparo do pão de queijo tradicional, são os mesmos, mas o leite e o óleo, não são aquecidos. É um pão de queijo sem escaldar, simples assim. E é ótimo!
          Esse modo de fazer pão de queijo de Paracatu, é uma tradição secular, embora não seja possível precisar quando a tradição começou, acredita-se que sua origem tenha sido do século XIX. Foi passada de geração para geração sendo hoje uma das maiores identidades do município, estando a iguaria, mencionada no Livro de Registros dos Saberes, desde 2015, como Patrimônio Imaterial da cidade e presente em todas as casas, fazendas, padarias e lanchonetes do município.
          Pão de Queijo em Paracatu é uma identidade tão autêntica e enraizada na história da cidade, que a iguaria coloca o município, como a Capital Mundial do Pão de Queijo.

06 - São Tiago – A capital nacional do Café com Biscoito
          Com cerca de 11 mil habitantes, São Tiago, no Campo das Vertentes se destaca em Minas Gerais desde o século XVIII, quando o povoado era ponto de descanso de tropeiros, que aproveitavam para descansar e comer os biscoitos preparados pelos moradores do povoado. (foto acima enviada pelo Deividson Costa/mdm - Agência Digital)
          A tradição perdura por séculos e São Tiago se destaca no país por seus biscoitos e café, feitos no forno de barro e nas dezenas. Além disso, seus biscoitos são produzidos nas várias indústrias locais, que produzem dezenas de biscoitos diferentes, mantendo a mesma qualidade e sabor dos biscoitos feitos, nos fornos de barro.
          Todos os anos, no segundo fim de semana do mês de setembro, acontece a Festa Nacional do Café com Biscoito, um dos maiores eventos gastronômicos do Brasil. Para se ter ideia, durante os dias de evento, a cidade recebe entre 60 a 80 mil visitantes. Isso numa cidade com apenas 11 mil habitantes. Daí dá para perceber o tamanho da importância da cidade e de sua principal festa. É a Capital Nacional do Café com Biscoito.
07 - Sabará – A capital da jabuticaba
        Sabará, foi a terceira vila do ouro de Minas e está apenas 20 km de Belo Horizonte. A cidade histórica, que guarda relíquias do Barroco Mineiro, com obras do Metre Aleijadinho e Ataíde, se destaca hoje pela jabuticaba. (a Jabuticaba-Sabará, na foto acima de Sabará e Sabor/Restaurante Jotapê em Pompéu, distrito de Sabará MG)
          Fruta nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba é tão importante para a cidade, que uma das 15 espécies existentes de jabuticaba, carrega seu nome: Jabuticaba-Sabará. Nos quintais do município, a fruta está presente e dos quintais sabarenses, saem vinho de jabuticaba, cachaça, licor, bolo, doce, geleia, molho, sorvete, pudim e diversos pratos com a fruta Jabuticaba-Sabará, que é um dos patrimônios do município, bem como os derivados da fruta, que tem selo de origem. 
          Todos os anos, entre novembro e dezembro, época de temporada, acontece o Festival da Jabuticaba, com shows, exposição de arte local e são apresentados todos os derivados da jabuticaba nos 3 dias de eventos. A cidade é a Capital da Jabuticaba.
08 - Salinas - Capital da Cachaça
          Distante 640 km de Belo Horizonte, Salinas, no Norte de Minas se destaca no mundo inteiro por sua bebida destilada de cana. A cachaça, movimenta alambiques e indústrias, gerando emprego e renda para centenas de famílias. São cercas de 50 marcas de cachaças, com destaque para a Havana, reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Salinas. As cachaças de Salinas são comercializadas em todo o Brasil, sendo ainda exportada para vários países. (na foto acima de Epídio Justino de Andrade, uma das salas do Museu da Cachaça de Salinas)
          A cidade de 42 mil habitantes, conta óptima estrutura urbana para receber visitantes, bem como um museu dedicado a contar a história da bebida, além de organizar todos os anos, no mês de julho, o Festival Mundial da Cachaça, bebida que faz de Salinas a Capital da Cachaça, reconhecida pela Lei Federal, nº 13.773, publicada no Diário Oficial da União em 19/12/2018. 
09 - Santo Ant. do Monte - Capital dos Fogos de Artifício
          Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade de Santo Antônio do Monte, no Centro Oeste de Minas, a 185 km de Belo Horizonte, se destaca no Brasil por suas indústrias de fogos de artifícios, os populares, foguetes. A cidade responde por 80% da produção de fogos de artifícios no Brasil, além de exportar para vários países, sendo por isso, a Capital Nacional dos Fogos de Artifícios. A cidade organiza todos os anos, geralmente em novembro, a tradicional Festa do Foguete, com shows pirotécnicos, musicais, comida típicas e mostra da indústria. (foto acima de Arnaldo Silva) 
10 - Santa Rita do Sapucaí - Capital dos Eletrônicos
          A cidade fica na Região Sul de Minas, a 406 km da capital e conta atualmente com cerca de 45 mil habitantes. É um dos mais importantes polos eletrônicos do país, sendo a cidade uma potência tecnológica em Minas Gerais. (fotografia acima de Leonardo Souza/@jleonardo_souza_srs)
          Por sua importância, é comparada ao famoso Vale do Silício, polo tecnológico da Califórnia, nos Estados Unidos, nos anos 1950. O município abriga o Vale da Eletrônica, formado por mais de 150 empresas de setores que vão da informática à telecomunicação, produzindo mais de 13 mil produtos, como fios, placas e softwares, chip do passaporte eletrônico, transmissor de TV, urnas eletrônicas, utilizadas nas eleições, dentre outros produtos eletrônicos. 
          Santa Rita do Sapucaí é a única cidade brasileira que produz e exporta tokens e transmissores digitais. Seus produtos, abastecem o mercado nacional e internacional. Além disso a cidade é considerada “cidade criativa”, por suas inovações e reciclagem, além de oferecer uma excelente estrutura urbana, um setor de serviços eficiente, uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de ser uma cidade muito bonita e acolhedora.
11 - São Gotardo – A capital nacional da cenoura
          São Gotardo, na Região do Alto Paranaíba, conta atualmente com cerca de 36 mil habitantes. Está na região onde encontra-se o PADAP (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), formado pelos municípios de Campos Altos, Ibiá, Matutina, Rio Paranaíba, Tiros e São Gotardo, que conta com grande presença de descendentes de imigrantes japoneses, que vieram para a região, trabalhar na agricultura. Essas cidades juntas, formam um dos maiores polos hortifruti do país, com grandes variedades de frutas, legumes e hortaliças, plantados em cerca de 50 mil hectares. A atividade agrícola é hoje, uma das maiores geradoras de emprego e renda nas cidades do PADAP. (na foto acima do Emílio Mendes Ferreira, a Paróquia de São Sebastião)
          Um dos maiores produtos da região, é a cenoura, com a cidade de São Gotardo se destacando no país, sendo atualmente, a Capital Nacional da Cenoura, além de produzir outras variedades de hortifrutis. A cidade organiza, desde 1997, uma das maiores festas do interior do Brasil, a Festa Nacional da Cenoura (FENACEN). A festa atrai milhares de turistas para a cidade e apresenta mostras de novas tecnologias agrícolas, concurso de culinária e barracas com pratos típicos, principalmente, feitos com cenoura, bem como a eleição da Rainha Nacional da Cenoura, grandes shows musicais, etc.
12 - Teófilo Otoni - Capital das Pedras Preciosas
          Com mais de 145 mil habitantes, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, é uma das maiores e mais importantes cidades de Minas Gerais e de grande destaque internacional. Distante 450 km de Belo Horizonte, a cidade tem tradição na mineração, já que seu subsolo é riquíssimo em pedras preciosas como berilo, ametista, água marinha, topázio, espodumênio, opala, calcita, alexandrita, turmalina, crisoberilo, olho-de-gato, quartzo rosa, dentre outras tantas pedras preciosas. (fotografia acima de Sérgio Mourão)
          São mais de 3 mil oficinas na cidade, dedicadas a essa atividade, gerando emprego e renda. Por isso que Teófilo Otoni é referência internacional em pedras preciosas e considerada a Capital Mundial das Pedras Preciosas. Não é capital de Minas e nem do Brasil, em termos de pedras preciosas, Teófilo Otoni é reconhecida como polo mundial na lapidação e comercialização pedras preciosas. É a Capital Mundial das Pedras Preciosas.
          A cidade conta com uma excelente estrutura urbana, com rede hoteleira, gastronômica e de eventos eficientes, já que na cidade acontece todos os anos, feiras, congressos, workshops e exposições culturais e científicas. Um desses eventos que atrai para cidade turistas vindos de todas as regiões do Brasil e de vários países do mundo, é a Feira Internacional de Pedras Preciosas (AFIPP), um dos maiores eventos do gênero, no mundo.
13 - Timóteo - Capital do Inox
          Timóteo, distante 196 km de Belo Horizonte, conta com cerca de 91 mil habitantes, fazendo parte do Vale do Aço. É uma das mais industrializadas cidades mineiras, com diferentes ramos de atividades, além de um comércio diversificado, uma excelente estrutura urbana, principalmente para turismo de negócio e rede hoteleira e gastronômica de qualidade. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Desde 1944, Timóteo se destaca na produção do aço inox, com instalação na cidade da Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita), privatizada em 1992, com o comando da empresa assumido, desde essa época, pela Aperam South America. Atualmente é comandada pela ArcelorMittal Inox Brasil, uma das maiores empresas do setor metalúrgico e siderúrgico do mundo, dotada de altíssima tecnologia. Atualmente, a empresa em Timóteo, é a maior produtora de aço inoxidável da América Latina.
          O Aço Inox faz parte da identidade e orgulho do povo timotense, com a cidade se destacando no Brasil como a Capital do Inox. Vem ganhando destaque ano a ano, um dos grandes eventos de negócios de Minas Gerais, a Expo Inox. Uma grande feira que reúne as novidades do setor de inox, com a presença de expositores do ramo.
14 - Ubá - Capital mineira da indústria moveleira
          Distante 290 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata e com cerca de 120 mil habitantes, está Ubá. É uma das principais cidades de Minas, destaque no Brasil, não apenas pela manga que leva o nome da cidade, mas por sua fortíssima e diversificada indústria moveleira. Sua produção de móveis, além de estar presente no mercado nacional, vem ganhando a cada ano, espaço no mercado internacional. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Ubá é o primeiro polo moveleiro de Minas e o terceiro do país. O polo moveleiro de Ubá é formado ainda pelas cidades de Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. Consolidando sua liderança no setor moveleiro em Minas, todos os anos, a cidade organiza a Feira de Móveis de Minas Gerais (FEMUR), um dos maiores eventos desse ramo no país.
15 - Uberaba - Capital Mundial Gado do Zebu
          Uberaba, no Triângulo Mineiro, conta mais de 340 mil habitantes e está, distante 480 km de Belo Horizonte. A cidade se destaca em Minas pela sua qualidade de vida, excelente estrutura urbana, pelas suas indústrias e atividades agrícolas como a soja, sementes de girassol, cana-de-açúcar, milho, etc., e principalmente na pecuária, em destaque, a criação de gado da raça Zebu. (na foto acima o Parque de Exposições Fernando Costa de Uberaba. Foto:ACBZ/Divulgação)
          O Zebu é uma raça de gado de origem indiana e chegou à cidade, no início do século XX. Desde a chegada do Zebu à Uberaba, a raça bovina se desenvolveu, graças a estudos, pesquisas, investimentos em melhoramentos genéticos da raça zebuína e na melhora da qualidade dos embriões bovinos. Isso fez de Uberaba ser uma referência na área de genética animais e ser a capital do gado zebu, no mundo. São 215 milhões milhões de cabeça de gado Zebu, no Brasil, o que faz do país ser o maior exportador mundial de carne e o o quarto maior produtor leiteiro do mundo.
          Em Uberaba, está uma das mais conceituadas empresas de inseminação pecuária, a Alta Genetics. A matriz da empresa tem sede em Calgary, Canadá, com filiais em mais de 90 países, além do Brasil, em Uberaba, a empresa tem filiais na China, Holanda, Argentina, Estados Unidos, etc.
          Na cidade está instalado o Museu do Zebu e a sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ACBZ) com 23 mil associados, 100 técnicos no campo e 24 escritórios distribuídos em todo o país. Todos os anos, em maio, acontece na cidade uma das mais importantes exposições agropecuárias do mundo, a EXPOZEBU (na foto acima da ACBZ/Divulgação).
          O evento conta com a presença de personalidades nacionais, empresas e empresários do agronegócio do Brasil e de vários países do mundo. Nos dias da exposição, são apresentadas novidades tecnológicas do setor, leilões de gado, exposição da raça zebuína, além de mega-shows com grandes artistas, barracas com comidas típicas, etc.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Tradição e nostalgia das antigas vendas e botecos

(Por Arnaldo Silva) A geração atual convive com grandes hipermercados, lojas de conveniências, bares sofisticados e shoppings. A geração anterior, vivia nos tempos dos antigos armazéns de Secos e Molhados, botequins e vendas de esquina. Embora antigos, são tradicionais e alguns resistem ao tempo e modernidade, estando presentes, mesmo que em menor número, em todas as cidades mineiras, inclusive na capital.
          As mercearias e armazéns tem praticamente o mesmo significado e funcionavam no mesmo lugar. Os armazéns surgiram em Minas Gerais, nos tempos do Brasil Colônia. Era um espaço amplo, onde eram armazenados produtos secos e molhados, para serem vendidos nas mercearias. Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima de Lucas Vieira, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Fabinho Augusto, uma antiga e tradicional que existiu em Barro Branco, distrito de Ponte Nova MG, até bem pouco tempo)
As mercearias e armazéns          
          No significado geral, mercearia era uma loja para venda das especiarias, bebidas, gêneros alimentícios e miudezas de uso doméstico, que ficavam armazenadas nos armazéns, garantindo assim estoque. As construções eram divididas. A frente era a mercearia e os fundos, o armazém, onde os estoques eram guardados.
          
 Eram lojas formais, presentes nos grandes distritos e cidades, que vendiam seus produtos em suas mercearias, bem como, para outras mercearias. Os armazéns eram comércios atacadistas e varejistas. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, um desses tradicionais armazéns, que também eram mercearias. É o Armazém 2 Irmãos, datado de 1854, em Faria Lemos MG, Zona da Mata)
          Compravam e vendiam produtos oriundos das fazendas como feijão, arroz, manteiga, banha, fumo, palha para cigarro, linguiça, carnes, leite, doces, queijos, etc., e principalmente, de necessidades básicas que não eram fabricados nas cidades onde estavam estabelecidos, como sal, querosene, tecidos, linhas, agulhas, lamparinas, panelas, penicos, baldes, ferramentas, roupas, sapatos, chapéus, etc. Esses produtos chegavam às cidades pelos tropeiros ou mesmo, em carros de bois. Eram viagens longas, que levavam meses.
Boteco, Botica e Botequim
          Existiam também nas pequenas vilas e cidades, os botecos ou botequins, sendo estes muitos populares. A origem do boteco vem de botica, que literalmente, era uma caixa de madeira, tradicional em Portugal e introduzida no Brasil, nos tempos do Brasil Colônia. Nessa caixa de madeira eram colocados remédios e levados às cidades e vilas.
          Não existia na época remédios em cápsulas ou comprimidos. Eram medicamentos líquidos e colocados em vidros. No Brasil Colônia, as boticas eram levadas pelos mascates e tropeiros em carroças e carros de bois, cortando as estradas do nosso sertão. (na foto acima de Thelmo Lins, uma tradicional venda em Virginópolis MG)
          Com o crescimento dos povoados e cidades, foram surgindo lugares próprios para a venda desses remédios nas cidades, que passou a se chamar boticas. Sãos as antigas boticas, as precursoras das farmácias, de hoje.
          As boticas foram inspiração para surgir lugares para a venda de bebidas, não para curar as mazelas do povo, mas para vender as bebidas típicas das localidades em garrafas, como cachaça, vinhos, licores. Tempos depois, começaram a servir petiscos, como chouriço, linguiça, mandioca, torresmos, etc.
          Boteco ou Botequim são, literalmente, diminutivos de botica. Botecos em Minas são populares, hoje chamados de bares. Antigamente os botequins serviam de encontros entre boêmios, hoje, os bares são lugares de encontro, entre amigos e amigas.
          Alguns botecos são tão populares, pitorescos e tradicionais que passaram a ser ponto de encontro de amigos, para conversar, beber um pouco, comer algo juntos, como por exemplo o Boteco Zé do Arame, em Conceição de Ibitipoca, distrito de Lima Duarte na Zona da Mata, à esquerda da foto acima da Giseli Jorge. Se prestar atenção, a data de fundação do boteco está assim na placa: Desde 19 e 00 (bolinhas). 
          Outro boteco famoso e charmoso em Conceição de Ibitipoca, é este, na foto acima o do Lucas Vieira, o Pão, Linguiça & Cia. Pela imagem, dá para perceber que é um lugar gostoso demais, bem no meio da charmosa Vila Colonial, porta de entrada para o Parque do Ibitipoca. 
As vendinhas de esquinas         
          Já as vendas, mais populares e mais comuns que os botecos e armazéns, são um pouco dos dois. Surgiam aos montes nas esquinas das vilas e cidades e geralmente, faziam parte da casa dos donos. Os nomes das vendas eram geralmente associados aos nomes ou apelidos dos seus donos. Vendiam tudo o que era vendido nos armazéns, bem como, tudo que era vendidos nos botecos, por isso eram chamadas de vendas.
          Embora cada dono de venda, organizava seu estabelecimento conforme o espaço que tinha, as vendas era bem parecidas. Eram de esquina, com 2, 3 ou 4 portas na frente, sem janelas, com estantes em madeira nas paredes, onde ficavam as bebidas e vários produtos e miudezas. Um balcão de madeira com vidro, onde ficavam as guloseimas.  Caixotes, onde eram colocados os produtos a granel, como feijão e arroz. Balança com pesos comparativos, sobre o balcão. Tinham algumas vendas com balanças mais modernas para a época, como a Filizola. (na foto acima e abaixo de Arnaldo Silva, a Venda da Emília, no Arraial do Conto em Cordisburgo MG, região Central)
          Sobre o balcão das vendas, nunca faltava baleiros, além de um monte de miudezas penduradas no teto e um rádio de pilha, sintonizado na rádio AM da cidade. Em algumas vendas tinha até radiolas e gravadores rodando fitas k-7, para os fregueses. Tinha também uns tamboretes e mesas rústicas, onde os amigos sentavam para prosear e tomar umas pingas e comer uns tira gostos caseiros. (na foto abaixo, de Arnaldo Silva, a Venda da Emília)
          Mesmo com o espaço pequeno das vendas, nelas, cabia de tudo e dificilmente não se encontrava o que se procurava. Desde linha, agulha, carne de sol, discos de vinil, réstia de alho, xarope de groselha, colcha de chenile, fitas k-7, salame, bucha, fumo de rolo, manivela para pipa, vara de pescar, anzol, bacalhau, prego, bolinhas de gude, ratoeira, enxada, açúcar, ki-suco, picolé, pilhas para rádio, lâmpadas, arroz e feijão vendidos em granel, brinquedos, pratos, canecas, carrinho de mão, bules, raticidas, naftalina, gaiolas, doces.
          Além disso, tinha balas, sapatos, shampoo, banha de porco, lápis, borracha, linguiça, sal, querosene, lamparina, marmelada, baldes, trempe para fogão a lenha, esmalte, tachos de cobre, maria-chiquinha, sabão, pasta de dente, leite, queijo, farinha, fubá, panelas, penico, bacias, pão de sal.
          Sem contar a utilíssima Folha Mariana, a tabuada, café moído na cara do freguês e em algumas vendas, o café era também coado na cara do freguês, se ele preferisse. Era tudo bem embrulhado. 
          Nas vendas, o que não era encontrado era porque ainda não tinha sido inventado.
A caderneta
          Poucas pessoas pagavam na hora. Tudo anotado numa caderneta, item por item. No início do mês, o freguês ia lá, sem falta, e pagava. A confiança e honestidade eram valiosos e todos faziam questão de honrar seus compromissos, com os donos das vendas. Ninguém se preocupava em vender fiado, sabiam que todos pagavam.
Ponto de encontro de amigos e famílias
          As vendas eram lugares para todos da família. Tinha de tudo para todos até para as crianças. Os baleiros eram o encanto da infância, tinha todas as balas que a criançada adorava. Dentro do balcão tinha tantas guloseimas, que os meninos, ao olharem, ficavam com os olhos brilhando. (na  foto acima do Amauri Lima, a Venda e Mercearia do Israel São João Batista do Glória MG)
          As mulheres encontravam nas vendas utilidades para seu dia a dia, bem como para os cuidados da casa. Já os homens, eram os grandes frequentadores das vendas, isso porque, além de ter tudo o que precisavam para seu dia a dia, tinha também as pingas e os amigos, frequentadores da venda. Além da pinga, em algumas vendas, serviam tira gostos de torresmo com mandioca e os populares pão com salame e pão com linguiça frita. O que não faltava nas vendas era o xarope de groselha. Adoravam misturar 
pinga com groselha. 
Diferença de vendas antigas e mercados atuais
          As fotos acima retratam bem como eram bem organizadas, pitorescas, nostálgicas e aconchegante as vendas antigas. Dá vontade de chegar e ficar. (na foto abaixo do Deocleciano Mundim, o Bar do Baiano, local que serviu por muito tempo como rodoviária da cidade de Lagoa Formosa MG, Alto Paranaíba)
          
Diferente de hoje, com os mercados e grandes mercados, você entra, coloca tudo num carrinho, paga e vai embora. As vendas, eram lugares de amigos. Mesmo para comprar um ou dois itens, chegando nas vendas, demorava para sair. Sempre encontrava-se amigos, parentes e conversas rendia, enquanto o tempo passava. Mas ninguém ligava, não existia a correria do dia-a-dia de hoje.
          Isso porque o bom de estar numa venda, é conversar com o dono e sua família e com os amigos, compadres e comadres, que lá estavam. O ambiente era totalmente familiar e os frequentadores, eram chamados de fregueses.
A origem de freguesia e fregueses
          No século XVIII, os pequenos povoados que surgiam, antes de serem elevados a distrito ou cidades, eram elevados a Freguesias. Quem morava numa freguesia, era chamado de freguês. Nessas freguesias, existiam, apenas um armazém de Secos e Molhados, que garantia o abastecimento da freguesia. Existiam várias vilas e distritos, mas eram bem distantes umas das outras, o que dificultava a ida a outras freguesias. Assim, os fregueses, só compravam nos armazéns de sua freguesia. Com o tempo, a palavra freguês se 
popularizou, como aquela pessoa que só comprava num determinado lugar, se mantendo sempre fiel, bem como uma tradição de comprar no mesmo lugar, que passava para gerações.
        Nas vendas, nem precisavam de dinheiro, bastava uma simples caderneta onde eram anotadas as compras dos fregueses. Quem era freguês de uma determinada venda, dificilmente comprava em outra. Isso porque, além de serem fregueses, mantinham laços de amizades, afinidades e respeito ao dono da venda, sendo esse o segredo da boa freguesia. Os fregueses não andavam de venda em venda. Iam direto nas vendas de sua freguesia. (na foto acima da Elvira Nascimento, a tradicional Venda do Chico em Ouro Preto, que funciona num casarão colonial, no Largo do Cinema).
          Hoje, com a modernidade dos grandes comércios, a palavra freguês passou a desuso, substituída pela palavra, cliente, que literalmente significa, comprador. É aquela pessoa que compra, independente do mercado, loja ou estabelecimento, sem ser fiel ou comprar exclusivamente, em determinado estabelecimento. E assim são vistos pela empresa, não como amigos, como nas antigas vendas, apenas como compradores.
Ainda existem
          Apesar das facilidades e conforto da modernidade, em pleno século XXI, em muitas cidades mineiras, muitas das tradicionais vendas e antigos armazéns, ainda resistem ao tempo, da mesma forma que antes, sem nada mudar e ainda, vendendo fiado, com tudo anotado nas cadernetas. (na foto acima Luiz Fernando, a tradicional venda Venda Alto Minchillo em Guaranésia MG)
          São lugares que nos faz voltar ao tempo e mesmo a geração atual, se emociona com a beleza rústica e poética das antigas vendas, botecos, mercearias e armazéns, presentes principalmente nas cidades e vilarejos do interior mineiro. 

terça-feira, 22 de março de 2022

16 monumentos e estátuas em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Toda cidade brasileira tem seus monumentos e estátuas. São personalidades que fizeram parte da história local ou fatos históricos que se tornaram monumentos, imortalizando uma parte da história de cada cidade e de um estado. Selecionamos imagens 18 de monumentos e estátuas em Minas Gerais. São milhares espalhados pelos 853 municípios mineiros. Não dá para colocar todos, por isso selecionamos apenas 16.
01 – Estátua de Nossa Senhora das Graças
          Em Bom Repouso, no Sul de Minas, está uma das mais imponentes e impressionantes estátuas em Minas Gerais, local de peregrinação e fé já tradicional no Estado. Construída em argamassa no ano de 2001, no topo de uma serra, a 1410 metros de altitude, a estátua dedicada à Nossa Senhora das Graças tem 17 metros de altura e mais 3 metros de base. No total são 20 metros de altura. (na fotografia acima de Jussan Lima, dá para perceber a imponência da estátua, em relação ao santuário)
02 - Monumento ao Canário-da-terra
          O grandioso monumento está localizado no trevo de Reduto MG, na Zona da Mata Mineira, no KM 29 no trevo da BR 262 com a MG 111, na entrada da cidade. Quem vai para o Espírito Santo ou quem vem desse estado para Minas, passa nesse trevo. (na foto acima do Jair Barreiros)
          A obra de arte, instalada em abril de 2022, foi executada pelo artista plástico e escultor Marko Santana, de Caratinga MG. É o maior monumento dedicado ao canário-da-terra de Minas e um dos maiores monumentos do Brasil.
          A ave é símbolo da cidade, fruto da iniciativa da população, no passado, de libertar, cuidar da espécie e não mais aprisioná-los. A atitude popular atraiu a atenção da imprensa e ambientalistas para a iniciativa, um exemplo para todo o Brasil. Além de ser seu símbolo, o canário-da-terra é um dos orgulhos da cidade. Vivem livres e são bem tratados pela população.
03 – Menino Maluquinho
          Caratinga é a terra do escritor e cartunista Ziraldo Alves Moreira Pinto. Seu mais famoso personagem é o Menino Maluquinho. O autor da obra e seu personagem principal, o Menino Maluquinho, foram homenageados pela cidade em 2003, com uma estátua, na entrada da cidade do Vale do Rio Doce. A obra foi criada pelo artista plástico João Rosendo Alvim Soares, de Manhumirim MG. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          O monumento, de 10 metros de altura a partir de sua base de concreto, tem seu corpo feito em resina de fibra e revestido em massa sintética enrijecida, além de ter sido pintado com tinta automotiva e verniz vitrificado.
04 - O Cristo de Elói Mendes 
          Uma grandiosa obra do escultor cearense Genésio Gomes de Moura, o Cristo de Elói Mendes, no Sul de Minas, possui 31,5 metros de altura, sustado por um pedestal de 8 metros e envergadura de 29 metros. É uma das maiores esculturas de “cristos” no Brasil. Ao todo são 41,5 metros de altura. (Foto acima de Carias Frascoli em 2012)
          Instalado em 2011, no alto de um morro, às margens da BR-491, o Cristo pode ser visto de braços abertos, em toda sua magnitude, de várias parte da cidade e rodovia, dando a impressão de estar abraçando a cidade. Do alto, a vista da cidade e região é espetacular.
05 – Obelisco da Praça Sete
          Conhecido como Pirulito da Praça Sete, está instalado bem no centro de Belo Horizonte. Foi doada em 1922 pelos moradores da vizinha cidade de Capela Nova do Betim, hoje, Betim, aos belo-horizontinos, por ocasião das comemorações do centenário da Independência do Brasil. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          Projetado pelo arquiteto Antônio Rego, simboliza a espada de Dom Pedro I. A construção do obelisco ficou a cargo do proprietário de uma pedreira em Betim, o engenheiro Antônio Gonçalves Gravatá. Foi de sua pedreira, que foram extraídas as pedras de granito para construção da base e do obelisco de 7 metros de altura.
06 - Imagem de Nossa Senhora Aparecida
          Na cidade de Campos Altos, no Alto Paranaíba, a fé e devoção leva milhares de fiéis santuário dedicado à Nossa Senhora Aparecida, o segundo maior santuário do Brasil dedicado à santa Católica.
          É no santuário que foi instalado uma das maiores imagens de Nossa Senhora Aparecida no Brasil. Inaugurada em 23 de janeiro de 2010, a grandiosa imagem tem 17,1 metros de altura. (na foto acima de Carias Frascoli)
          Foi construída por um escultor goiano a pedido do senhor Francisco Sebastião Ferreira, o Chico Raimundo, na época com 92 anos, que doou a obra de arte ao Santuário como forma de agradecimento à santa por graças alcançadas. 
07 - Estátua de Tiradentes em Ouro Preto
          Altiva e imponente, bem no coração da antiga Vila Rica, a estátua de Tiradentes é um dos mais antigos e principais monumentos de Minas Gerais. Construída pelo artista plástico italiano, Virgílio Cestari, no final do século XIX, o monumento é sustentado por uma base feita de granito, vindo do Rio de Janeiro. Já a estátua do Tiradentes foi feita em bronze, importado da Argentina. (fotografia acima de Ane Souz) 
          Instalado no dia 21 de abril de 1984, a estátua de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi instalada no local onde o Mártir da Inconfidência, teve sua cabeça exposta num poste, quando de sua decapitação no Rio de Janeiro.
          Está de frente para o Museu da Inconfidência e de costas para antigo Palácio dos Governadores (hoje Museu da Mineralogia), onde as autoridades da época despachavam e eram os responsáveis pela repressão e condenação dos acusados de crimes contra a Coroa Portuguesa. Tiradentes foi um desses acusados, bem como todos os Inconfidentes. Por isso posição da estátua, de costas para o antigo Palácio dos Governadores.
08 – Nave do ET de Varginha
          Varginha entrou para o cenário mundial a partir de 20 de janeiro de 1996, com o suposto pouso de OVNI na cidade. A partir dessa época, a cidade incorporou a suposta aparição de Extraterrestres, criando monumentos que relembra o fato. Pela cidade, imagens de Et´s r naves espaciais são vistas na cidade. (foto acima e abaixo do Carias Frascoli)
          Um dos monumentos mais famosos, alusivos ao episódio de 1996, é a Nave do ET, construída em 2001. Trata-se de uma torre tendo no topo um reservatório de água em forma de disco. Literalmente, é uma caixa d´água. Aos pés do monumento, uma charmosa estátua de um ET em verde, segurando o mapa de Minas, em vermelho, completa o monumento.
09 - Presépio Mão de Deus
          Instalado em Grão Mogol, no Norte de Minas, em 2011, é uma obra fascinante e única. É o maior presépio a céu aberto do mundo. Com o nome de Mão de Deus, o presépio atrai a cada dia, um grande número de visitantes à Grão Mogol, principalmente em épocas festivas, como o Natal, dia de Santos Reis e outras datas religiosas. (fotografia acima de Anderson Sá)
          A história bíblica do nascimento de Jesus é simbolizada em estátuas e cenas de tamanho natural, pesando cada uma, em média 700 quilos. O presépio ocupa uma área de 3,6 mil metros quadrados. A área é toda ornamentada e decorada com pedras e materiais naturais da própria região.
          Os personagens bíblicos que retratam a Sagrada Família, José, Maria e Jesus, o boi, o carneiro, o burrinho e o galo, foram esculpidos pelo escultor Antônio Silva Reis, de Contagem MG, usando cimento e ferragens. Já os três reis magos e a estátua de São Francisco de Assis, santo que criou o primeiro presépio, no mundo, em 1223, foram esculpidos plástico Edson Novais, de Ouro Preto MG.
10 – A Casa do Elefante
          Na entrada da cidade de Cordisburgo, a 110 km de Belo Horizonte, na Região Central, uma imponente obra, de 8,5 metros de altura e 12 metros de largura, em ferro, tijolo e cimento, chama a atenção. Construída para ser literalmente uma casa, é atualmente um ponto de visitação turística. (fotografia acima de Anderson Sá)
            A enorme escultura chama a atenção por ser a réplica da deusa hindu Lakshmin, que na crença indiana, é uma elefanta. A deusa indiana representada por uma elefanta, simboliza a vitória e o sucesso.
          O autor da obra é escultor Stamar, que fez a “casa” com recursos próprios. A obra retrata com fidelidade a elefanta Lakshim, bem como todos os seus ornamentos. As unhas são pintadas em brnaco, os cílios foram feitos com arame, os olhos de acrílico, os dentes de ferro, gesso, fibra e papelão. A tromba jorra água que rega um pequeno jardim com flores de lótus, planta que para os hindus e budistas, significa a pureza espiritual
          Mesmo retratando uma elefanta, com ornamentos femininos, é popularmente chamada de Casa do Elefante, no masculino. Com o tempo, virou atração na cidade e um dos atrativos para os visitantes, já que Cordisburgo é a terra natal do escritor Guimarães Rosa. É na cidade que encontra-se a Gruta de Maquiné, uma das mais impressionantes cavernas mineiras.
11 –  Monumento à Mãe Mineira
          No Parque Municipal Renê Gianetti, em Belo Horizonte, encontra-se uma das mais belas esculturas mineiras. O monumento simboliza e homenageia todas as Mães de Minas Gerais. Com o nome Mãe Mineira, a estátua foi esculpida pelo escultor italiano Lélio Coluccini e instalada no Parque Municipal em 1958. (fotografia acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial)
12 – Juquinha da Serra do Cipó
          José Patrício, o popular Juquinha, foi um personagem folclórico e muito querido da Serra do Cipó, em Santana do Riacho MG, Região Central. Com flores que coletava na serra e um sorriso no rosto, cativava todos. Era considerado o guardião da Serra do Cipó. (fotografia acima de Raul Moura/@raulzito_moura)
          Seu carisma, simplicidade e sua enigmática história de vida, o tornou tão popular a ponto de ser imortalizado em uma estátua de 3 metros de altura, esculpida em argila, pela artista plástica Virgínia Ferreira.
          Inaugurada em 1987, 3 anos após a morte de Juquinha, a estátua está sobre um platô que permite uma ampla vista da Serra do Cipó. Era o local que o popular ermitão gostava de ficar, para colher flores.
          Em pouco tempo, a estátua se transformou num ponto turístico e de intensa visitação, se tornando um dos símbolos de Santana do Riacho MG. Ao longo dos anos, várias outras estátuas do Juquinha foram colocadas em vários pontos de Santana do Riacho e na Vila Serra Cipó, distrito da cidade.
13 – Dominguinhos da pedra, o Homem de Itambé
          Por incrível que possa parecer, tem quem opte por viver como troglodita, ou seja, uma pessoa que vive ou habita em cavernas, mesmo em plena era moderna. Foi o caso de domingos Albino Ferreira, o popular Dominguinhos da Pedra. Natural de Dom Joaquim MG, Dominguinhos viveu isolado em uma caverna por 42 anos, na Serra do Cipó, em Itambé do Mato Dentro MG, Região Central. (na foto acima do Vinicius Barnabé/@viniciusbarnabe, a estátua de Dominguinhos da Pedra)          
          Roupas surradas, descalços, magro, cabelos e barbas longas, era visto sempre acompanhado de um velho violão. Dominguinhos se transformou em uma lenda. Foi considerado o último eremita a viver em caverna no mundo. Era conhecido como o Homem de Itambé. Inclusive, foi tema de documentários, filmes e reportagens de revistas, jornais nacionais e TV´s nacionais e até de outros países, como a BBC de Londres.
          A cidade de Itambé do Mato Dentro o homenageou com uma estátua em tamanho natural, feita pela escultora Rosilândia Patrícia, instalada no local próximo à caverna em que Dominguinhos da Pedra vivia. O lugar é hoje um dos atrativos do município, bem como a história de Dominguinhos da Pedra. 
14 – Portal Grande Sertão
          Idealizado pelo artista plástico Léo Santana, o Portal Grande Sertão Veredas é uma homenagem de Cordisburgo MG, cidade a 110 km de Belo Horizonte ao escritor João Guimarães Rosa, natural da cidade. (fotografia acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial)
          O portal, instalado em 2010, simboliza a travessia de Guimarães Rosa, conduzindo uma boiada, juntamente com outros vaqueiros, entre Três Marias MG até a Fazenda São Francisco, em Araçaí MG, cidade vizinha a Cordisburgo MG. Foi a partir dessa travessia que Guimarães Rosa se inspirou para escrever Grande Sertão -Veredas, um dos maiores clássicos da literatura brasileira do século XX.
          Formado por 8 peças em bronze, em tamanho natural e um pórtico de ferro, o portal está instalado na Praça Miguelim. Retrata a comitiva que fez a travessia com Guimarães Rosa. O escritor está em pé, próximo a um cachorro, que faz parte da história do livro Grande Sertão - Veredas, além de 6 vaqueiros montados em cavalos.
15 - Monumento a Lamartine Babo
          Lamartine Babo, um dos maiores compositores da MPB, nasceu e morreu no Rio de Janeiro, mas tornou uma cidade mineira conhecida em todo o Brasil. É Boa Esperança, no Sul de Minas, cidade visitada pelo escritor em 1937. (fotografia acima de Carias Frascoli)
          Lamartine Babo se apaixonou pela cidade, gostou tanto que compôs um samba-canção que se tornou um clássico: “Serra da Boa Esperança”, interpretada até os dias de hoje, por vários artistas brasileiros.
          Em homenagem ao compositor e a sua famosa composição, alusiva à principal serra da cidade, um monumento foi instalado na Praça Marechal Floriano Peixoto, no centro de Boa Esperança.
          O monumento, sustentado por uma base de concreto, foi feito em fiberglass. A obra é formada por um violão com cordas e o busto em bronze de Lamartine Babo, ao centro.
16 – Os monumentos de Ouro Fino
          Famosa por ter sido a fonte de inspiração para a música O Menino da Porteira, do compositor Teddy Vieira, Ouro Fino, no Sul de Minas, incorporou em sua história este clássico da música sertaneja. (monumento ao Menino da Porteira com fotografia de Anderson Sá)
          Na cidade encontra-se 3 monumentos que simbolizam a canção: O Menino da Porteira com 20 metros de altura, o Berrante de Ouro (na foto acima de Douglas Coltri) e o Boi sem Coração (na foto abaixo de Anderson Sá).
          Os três monumentos foram feitos pelo artista plástico Genésio Gomes de Moura, natural de Fortaleza/CE. O artista tem grandiosas obras em várias cidades brasileiras, como a estátua do Buda em Ibiraçu/ES de 38 metros de altura, a Estátua de Pelé em Três Corações MG, a estátua do Cristo Redentor, em Elói Mendes MG, uma das maiores estátua do mundo, com mais de 40 metros de altura, dentre outras tantas espalhadas por cidades brasileiras.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Montanhês: o nome original do dialeto mineiro

(Por Arnaldo Silva) O português é a língua oficial do Brasil, mas cada estado brasileiro, de acordo com suas origens e formação, tem seu estilo, jeito e modo de falar peculiar. Isso se chama dialeto e sotaque.
Dialeto não é o mesmo que sotaque
          Embora pareçam ser sinônimos, dialeto é diferente de sotaque. Isso porque dialeto é definido como a forma de construção de palavras, frases próprias e completas de uma comunidade, povo ou região, de acordo com sua formação social, tradição, cultura, folclore e origens.
          Já o sotaque se define como a forma de pronunciar determinadas palavras usadas no nosso cotidiano de forma diferente do português tradicional. São pronuncias diferentes à fonética normal de determinadas palavras como por exemplo, o uso do X na pronúncia de várias palavras, muito expressivo entre os cariocas.
          No caso de Minas Gerais, o jeito calmo, tranquilo, atraente e encurtado de pronunciar as palavras e de construir frases inteiras, bem como o uso de palavras diferentes, até mesmo inexistentes no idioma oficial, não é sotaque, é dialeto.
Origem do dialeto mineiro
          O dialeto mineiro começou a ser formado no século XVIII, tendo sido consolidado no século XIX.
          No século XVIII, no auge do o Ciclo do Ouro, a população de Minas Gerais concentrava-se basicamente na Região Central da Capitania de Minas Gerais. Era a região onde concentrava-se as principais minas de ouro de Minas Gerais na época.
          Essa região correspondia hoje às cidades do Quadrilátero Ferrífero, Região Metropolitana de Belo Horizonte e 100 km de seu entorno, Centro Oeste Mineiro, bem como boa parte do Vale do Rio Doce.
          É uma região de alto relevo, altitudes elevadas e rodeadas por imensas montanhas. Por essas características, quem vivia nessa região era conhecido por montanhês e seu jeito próprio de falar, também.
          Durante o Ciclo do Ouro, quem nascia na Capitania de Minas Gerais era chamado de Geralista. O gentílico mineiro passou a ser usado e oficializado, tempos depois. O jeito típico do mineiro falar, já manifestado nessa época, passou a ser o Montanhês, o nome de origem do dialeto mineiro.
O dialeto Montanhês
          O jeito mineiro de falar é uma mistura de palavras africanas, portuguesas e indígenas. Esses povos formaram a base social, cultural, gastronômica, econômica, política e cultural de Minas Gerais.
          No século XIX, o dialeto Montanhês, ainda em formação, recebeu acréscimos de palavras introduzidas em Minas pelos ingleses. Os britânicos vieram para a província de Minas Gerais explorar as minas de ouro, em cidades da Região Central e Quadrilátero Ferrífero.
          Várias expressões presentes no dialeto mineiro, tem origem em palavras comuns da língua inglesa.
          São várias palavras, citando apenas como exemplos why (por quê), why so (porquê então?) e Where (onde).
          Quando ouviam essas palavras dos ingleses, os mineiros repetiam e escreviam da forma que entendiam. Sendo assim o why dos ingleses ficou, uai, o where, ué e o why so, uai sô. 
          Incorporadas ao dialeto Montanhês, não tem tradução específica, como as palavras originais do inglês. No dialeto Montanhês, passaram a ter vários significados, de acordo com a frase ou situação de momento.
          Com a expansão do crescimento de Minas Gerais para todas as regiões da província, o sotaque montanhês foi chegando a todas as regiões mineiras.
          A partir de meados do século XX, o nome Montanhês começou a entrar em esquecimento, devido o êxodo rural e por ser o nosso dialeto, confundido com o dialeto caipira e sertanejo.
Características fonéticas do dialeto Montanhês
          O dialeto do povo mineiro e seu jeito de falar é característico e identificável em qualquer lugar do Brasil, pelas expressões e a forma fonética com que o mineiro expressa seu dialeto.
          No dialeto Montanhês o ritmo da fala é rápido e bastante acentuado, devido várias expressões serem pronunciadas de forma aberta, em tons de exclamação, afirmação ou interrogação e também no diminutivo.
          A pronúncia em diminutivo do dialeto Montanhês não é usual e normal, como banco (banquinho), pouco (pouquinho), chão (chãozinho), etc. No Montanhês, o “NHA/O é substituído pelo “im
          Como exemplo, ajeitado fica ajeitadim, charmoso, fica charmozim, pouco, fica poquim, banco é banquim, tipo é tipim, caldo é caldim, chão é chãozim, feio é feim, etc.
          Isso porque o dialeto Montanhês é caracterizado pela supressão, acréscimos ou substituição de vogais, desde sua origem. Isso muda a pronúncia, a frase, a fonética e a forma de expressá-las por inteiro, evidentemente, a escrita é diferente da palavra no português original.
          Palavras com início ou final em "E” e “Te”, perdem o E no dialeto Montanhês. Isso faz com que a pronúncia seja mudada com o S e o T pronunciados de forma mais suave, baixa e o restante da palavra, mais acentuado e rápido.
          Como exemplo: casa (cas) estrada (strada), mesmo (mes), estudante (studant), está (sta), suporte (suport), norte (nort), estandarte, (standart), etc.
          Outra característica do dialeto montanhês é a pronúncia de nomes compostos de forma consecutiva e rápida, além da substituição da vogal E pelo I, se estiver no final da palavra.
          Como exemplos: Belo Horizonte pronuncia-se belohorizonti, Belo Oriente é belorienti, Itamonte é Itamonti, etc. A pronuncia é de forma consecutiva e rápida, com o I pronunciado de forma mais acentuada. 
          A vogal E no Montanhês é sempre pronunciada como se fosse I caso seja o E esteja entre as letras D, M e S. Por exemplo: destaque é distaque, desmiolada é dismiolada, destemido é distemido, demais é dimais, etc. 
          Em palavras com a vogal "O", esta letra é substituída pelo "U". Como exemplo Domingo é pronunciado como dumingu, despacho como dispachu, combinado como cumbinadu. Nesses casos, a pronúncia do U é bem forte e incisiva.
          No dialeto Montanhês o “O” é mudado para o ‘U’ em praticamente todas as palavras que possam ser pronunciadas com a fonética “U”.
          Em palavras com final “io”, a vogal O é suprimida. Citando como exemplos: feio, passa a ser fei, meio vira mei, arreio passa a ser arrei, rodeio, rodei, etc.
          Dependendo da palavra que termine com “io”, o O é substituído por dois “is”. É o caso por exemplo de palavras como pavio que passa a ser paviii. O “fio” do sotaque caipira é pronunciado em Montanhês por fiii, milho é miii, etc.
          Já o R no dialeto Montanhês é pronunciado em forma dupla, “rr”, retroflexo, ou seja, para dentro e não alongado como no dialeto caipira. Quando está no início de uma palavra, como exemplo rato que é pronunciado “rrato”. Se após o R tiver um O, substitui-se essa vogal por U, como exemplo, roer fica, “rruer”. A pronúncia dos dois "rr" é sempre arranhada.
         Quando uma palavra terminar com “ar” o R é pronunciado como “rr”, como exemplo cantar pronuncia-se cantarr, falar é falarr, etc.
         Palavras que terminam com “er” no final, tem o R excluído e recebe acento circunflexo no E, como por exemplo, saber que fica “sabê”, ter, passa a ser “tê, dizer é “dizê”, etc.
          Frases curtas ou longas onde tem a palavra "que' é necessário a divisão da letra Q e a pronúncia é feita como se fosse uma só palavra e rápido. Como exemplo: Que bom que você veio, fica "Q´bom q´ocê vei" ou q´bão q´cê vei". Quero falar algo com você, fica "Quero prosear um trem c´ocê". O que você está fazendo menino passa a ser "Q´cêtá fazend mininu?", etc.
          Uma das características básicas do dialeto Montanhês é a pronuncia de palavras pela metade e bem rápido, como exemplo, li (litro) vin (vinho) Vimdiminas (venho de Minas Gerais), Veio de onde? (vimdilá), etc.
          Essas são as características que formam parte do dialeto montanhês. A outra parte são palavras indígenas, africanas, portuguesas e inglesas, que passaram a fazer parte do dialeto Montanhês, ao longo da formação do Estado de Minas Gerais, no século XVIII e XIX.
          Palavras ou frases feitas nas características do dialeto Montanhês não são erros de português ou pronúncias erradas, é dialeto.
Dialeto Montanhês, Caipira e Sertanejo
          Dialeto Montanhês não tem nada a ver com o dialeto caipira e nem com o dialeto sertanejo. São dialetos diferentes, de origens diferentes, de regiões diferentes. Um tem origem em São Paulo e outro, no Centro Oeste do Brasil.
O dialeto Caipira
          O dialeto caipira tem origem no interior de São Paulo, durante a colonização. É um sotaque com a forte influência do português usual dos bandeirantes paulistas e de idiomas indígenas, presentes neste estado durante a colonização.
          Foi no início do século XX que este dialeto foi estudado e caracterizado pelo folclorista, poeta, filólogo e ensaísta brasileiro Amadeu Amaral (1875/1929) descrito no livro "O dialeto Caipira", lançado em 1920.
          O dialeto caipira se expandiu pelas cidades de regiões de divisa de São Paulo com o leste e sul do Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, sul de Minas e sul de Goiás.
          Tem como característica principal a ausência de alguns sons comuns na fonética da língua portuguesa, a exclusão de diágrafos como “ih” em palavras como atalho, filho, palha, milho, etc., ficando as palavras como fio, taia, paia, mio, etc, além de ser comum o uso de frases curtas com palavras no plural e no singular ao mesmo tempo, como exemplos “as coisa”, “as rua”, “as casa”, “as pessoa”.
          Outra característica predominante no dialeto caipira é o uso do “R” de forma alongada e arrastada. Essa letra é uma das formas mais características expressivas desse dialeto.
          A forma alongada e arrastada da pronúncia do “r” nesse dialeto tem origem da dificuldade dos indígenas que não conseguiam pronunciar o “r” chiado dos portugueses, ficando assim incorporado ao dialeto caipira.
          Nosso dialeto não é Caipira, é Montanhês!
O dialeto Sertanejo
          Sertanejo é quem vive no sertão, que significa uma região afastada do litoral e centro urbanos, pouco habitado e coberto por matas, caracterizado ainda por terras férteis.
          Nesse caso, o sertão brasileiro compreendia as terras entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. A Região Centro Oeste do Brasil.
          O dialeto do Sertão ou dialeto Sertanejo, tem em sua origem em expressões dos indígenas que povoavam a região e de bandeirantes paulistas, quando da chegada das entradas e bandeiras à região, no século XVIII. 
          Os bandeirantes desbravaram o sertão em busca de ouro a partir de Desemboque, distrito de Sacramento, no Triângulo Mineiro. Com as bandeiras, vieram também escravos.
          Os paulistas tinham seu jeito próprio de falar, caracterizado como dialeto Caipira. Juntamente com os africanos e indígenas, deram origem à formação do dialeto do sertão.
          A partir das primeiras décadas do século XX, o Centro Oeste Brasileiro começou a receber intensa onda migratória, principalmente de paulistas e mineiros, sendo os mineiros, em grande maioria. Os migrantes foram para o sertão abrir estradas e ferrovias, com a onda migratória aumentando bastante partir da década de 1950, durante a construção de Brasília.
          Com a presença de migrantes de várias regiões brasileiras, o dialeto sertanejo passou a receber influências de dialetos de outras regiões. 
          Como os migrantes em sua maioria eram paulistas e mineiros, os dialetos desses dois estados influenciaram bastante na formação do dialeto Sertanejo, com as características desses dois dialetos, principalmente do Montanhês mineiro. 
          Boa parte de palavras pertencentes ao dialeto Montanhês, como por exemplo o Uai e o Trem, foram incorporadas ao dialeto do Sertão, graças ao grande fluxo migratório de mineiros à região Centro Oeste do Brasil, principalmente no Estado de Goiás.
          O dialeto sertanejo é bastante caracterizado em Goiânia, não apenas em seu estilo próprio de falar, mas na música, sendo a cidade referência na música do sertão no Brasil, a chamada Música Sertaneja.
           O Montanhês não tem nada a ver com o dialeto sertanejo, é o contrário, é o dialeto Sertanejo que tem a ver com o dialeto Montanhês, devido a enorme presença de migrantes mineiros à região, a partir de meados século XX. 
          Nosso dialeto não é Sertanejo, é Montanhês.
Influência de outros dialetos no Montanhês
          A influência de outros dialetos em Minas Gerais se limita às regiões mineiras que fazem divisas com estados do Sudeste, Centro Oeste e Nordeste.
          Como exemplo, estão as cidades na divisa com o Rio de Janeiro, que recebe a influência do sotaque carioca.
          Em cidades do Triângulo Mineiro, do Sul e Sudoeste de Minas, na divisa com o estado de São Paulo, nosso dialeto recebe influência do dialeto Caipira
          Tem ainda as cidades da região Noroeste de Minas, na divisa com Goiás, que recebe influência do dialeto Sertanejo e do Norte de Minas, na divisa com a Bahia, a influência do sotaque baiano.
          Ao mesmo tempo, tanto as cidades paulistas, goianas, baianas e fluminenses, que influenciam em nosso dialeto, recebem igualmente influências do dialeto Montanhês.
          Essas influências de outros dialetos ficam nas cidades de divisas e mesmo assim, passam a ser incorporados na pronúncia do dialeto mineiro, mas sem predominar no contexto geral.
          Mineiro não abandona o uai, o trem, o sô nunca e nem seu jeito charmoso e atraente de falar, seja onde for.
          O dialeto mineiro foi eleito pela plataforma de relacionamentos Happn em 2021, como o mais atraente do Brasil. A votação foi feita entre os seguidores da plataforma.
Características do sotaque Montanhês
          O dialeto Montanhês tem como característica o ritmo acentuado, em muitos casos, interrogativos e exclamativos, como exemplo:
- Né não sô?"
- Cê vai ou num vai?
- Tem base um trem desse não uai!
- Genducéu!
- Arreda es´trem prá lá!
- Dêxa di bobiça sô!
- Num faço idea mess!
- Pôe us trem na gibêra!
- Nó, tô cuma gastura danada!
- Para de encasquetar cum es´trem!
- Vô centá um trem nocê!
- Cê tá me remedando?
- Ataia logo essa prosa!
          É comum no Montanhês o uso reduzido de palavras como exemplo:
- Você - Cê
- Você está bom? - Cê tá bão?
- Quero apenas um pouco - Mi dá só um tiquim
- Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Nó
- Minha Nossa – Nuu
- Ônibus – Ons
- Até logo mais – Inté
- É bem longe – Né não! É logo ali ó!
- É longe – Que nada sô! É pertim
- Senhor e Senhora – Sô e Sá
- Levanta pra cima – Sunga pra riba
- Onde estou, pra onde vou? – Oncotô, pronconvô?
- Reduza ou encurta – Ataia
- Para você – Procê
-Bom dia, boa tarde ou boa noite - Bão
          Para susto, medo, dúvida, exclamação, interrogação, resposta, espanto e mais um pouco, a expressão é uma só: "uai!".
          Para comer, falar, apontar, querer algo, mostrar algo, comprar alguma coisa, para apontar onde dói, não ter palavras no momento, usar alguma coisa e outras tantas, é usada apenas uma palavra: "trem".
Dialeto e erros na expressão
          Com o êxodo rural para grandes cidades mineiras e de outros estados, o dialeto Montanhês passou a fazer parte do dia a dia dessas cidades.
          O dialeto Montanhês saiu do interior para as grandes cidades e se popularizou, graças ao grande fluxo migratório do interior para a capital e cidades de grande porte.
          A questão é que não era mais chamado de dialeto Montanhês e sim, caipira e sertanejo. No século passado, os que vinham do interior para as cidades grandes, eram caracterizados como caipiras, em muitos casos, por preconceito, devido a simplicidade e baixa escolaridade.
          Isso porque a falta de acesso à escola, era comum no século XX, principalmente na zona rural, onde concentrava a maior parte da população das cidades. A pouca leitura fazia com que o povo que vivia na roça, tive pouco domínio da pronúncia das palavras e da escrita correta.
Dialeto não é falar errado  
          Dialeto é uma coisa, falar errado, por falta de oportunidade de estudo, é outra. Como é de conhecimento de todos, uma das características do dialeto mineiro é encurtar palavras, justamente pelo jeito suave e rápido do mineiro falar.
          Tem expressões populares, tidas como pertencentes ao nosso dialeto, que são meramente expressões usadas por quem tem ou tinha pouco ou nenhum estudo, gerando expressões e pronúncias erradas do português.
          Dialeto surge com a formação de um povo, de uma cultura. Envolve tradições, folclore, religiosidade, simplicidade e estilo de vida. Surge e se desenvolve com o passar do tempo. No caso do dialeto Montanhês, desenvolveu-se desde o século XVIII, há mais de 300 anos.
          Em nosso dialeto não tem as expressões como beraba, berlândia, gizdifora, patiminas, manhaçu e nem Belzonte.
          Não falamos fui fondo, nóis vai, nem nóis tá, nóis fiquemo, nóis foi e nem outras tantas expressões que não passam de erros de pronúncia e gramática.
          É jeito errado de falar e não jeito regional de falar. Não é dialeto, é erro mesmo, seja por desconhecimento, baixa escolaridade ou modismo.
          As palavras e expressões do dialeto Montanhês, sempre esteve presente no folclore e na música regional de Minas Gerais e passou a ser mais difundido com a popularização das redes sociais, não com o nome original, o Montanhês, mas “mineirês”.
Onde surgiu esse tal mineirês?
          Sinceramente não sei. A palavra faz parte do cotidiano mineiro há muito tempo. Quem criou e porque, não consegui saber.
          Pelo que entendi, é a junção do gentílico do estado mineiro, com a palavra português. Mineir (mineiro) + ês (português) = "mineirês". 
          A ideia faz crer que nosso dialeto seria um idioma próprio. Todos os países tem seus idiomas oficiais e seus dialetos. Dialeto é simplesmente uma variedade do idioma oficial. Dialeto não é idioma.
          O idioma do povo mineiro o Português, o nosso dialeto é o Montanhês. Simples assim.
A popularização do tal “mineirês”
          Com a popularização da internet, a palavra “mineirês” começou a ser difundida e a ser conhecida como o dialeto mineiro, mesmo sem nunca ter sido.
          Cada hora é um tal “dicionário mineirês” que aparece, mas em sua maioria, com pouquíssimas expressões do nosso dialeto original, o Montanhês.
          São palavras que não passam de réplicas do erro de grafia e pronúncia do português e muitas até, são expressões novas, criadas graças a criatividade de nosso povo. 
          São palavras simplesmente inventadas e caracterizadas por figuras e imagens de pessoas simples, de roupas surradas, chapéu de palha, que vivem no interior e na roça, falando errado. É um completa falta de noção do que é dialeto e de nossas origens. Até mesmo a forma com que o mineiro é retratado é irreal pois mostra somente o povo interiorano, como se dialeto ou sotaque fosse algo restrito a uma camada da sociedade ou exclusiva do povo que vive no interior e na roça. 
          Dialeto não tem classe social. Pode ser falado por quem vive na roça, na cidade grande. Por quem tem só o ensino fundamental, médio ou universitário. Seja rico, classe média ou pobre.
Orgulho do nosso dialeto 
          Não temos que ter vergonha de nossas origens, de nossa história, da formação de nossa cultura e folclore e muito menos do nosso dialeto. Temos que valorizar o que é nosso, valorizar as nossas origens, o nosso jeito de ser e de falar.
          Dialeto não tem nada a ver com classe social ou nível de estudo. Tem a ver com a cultura, religiosidade, folclore, saberes, sabores e jeito de ser e viver um povo. Simples assim.
          Esse tal “mineirês” virou moda e fez escola pelo Brasil, incentivando a criação de outros nomes, juntando gentílicos com o português dos estados. Assim, começou a surgir o “goianês”, o “baianês”, etc.
Dialeto não é modismo, piada e nem brincadeira de internet
          Dialetos tem origens seculares surgidos com o tempo, durante a formação de cidades, estados e regiões.
          Dialeto simboliza a história, a cultura, o folclore, os ofícios, a religiosidade e tradições de uma região.
          Não é brincadeira, modismo ou para virar piada em memes. Dialeto é coisa séria, é para ser estudado, compreendido e respeitado, por que é fruto da história de um povo.
          Em sua origem, o dialeto do povo mineiro, é o Montanhês. Tem origem secular. Foi formado ao longo de quase 300 anos. Montanhês tem a ver com nossas montanhas, com a nossa riqueza, com as nossas belezas, com nossa cultura, com nossa música, com nossa mineiridade.
          Somos de Minas Gerais, somos mineiros, somos brasileiros. Nossa língua é a Portuguesa, nosso dialeto é o Montanhês!
          Somos mineiros e não falamos esse tal de "mineirês". Somos mineiros e nossa língua é a Portuguesa e nosso dialeto é o Montanhês. 
(Aviso legal:  reprodução não permitida sem autorização formal de Arnaldo Silva)
As imagens que ilustram a matéria fazem parte da arte em porcelanas e canecas esmaltadas da Thalyta Moreira/@amoreira_loja

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