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terça-feira, 30 de agosto de 2022

O Centro Cultural da Romaria em Congonhas

(Por Arnaldo Silva) Distante 75 km de Belo Horizonte, a cidade histórica de Congonhas, com origens no século XVIII, conta com cerca de 55 mil habitantes e faz divisa com os municípios de Ouro Preto, Ouro Preto, Conselheiro Lafaiete, Belo Vale, Jeceaba e São Brás do Suaçuí.
          Em 2018, durante o Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial do Brasil, realizado em Goiás pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), especialistas classificaram Congonhas como referência nacional em gestão do conjunto histórico. A cidade é uma das 2 mil cidades brasileiras inseridas no Mapa do Turismo do Ministério do Turismo. (na foto acima do Nacip Gomêz, a Romaria de Congonhas)
          Em Congonhas está um dos mais expressivos tesouros do barroco não só do Brasil, mas de todo o mundo, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Um complexo arquitetônico e paisagístico, composto por uma igreja, um adro com os 12 profetas e seis capelas que retratam os passos da Paixão de Cristo. (na foto acima do Nacip Gomêz)

O Santuário
          No Santuário estão peças de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Mestre Aleijadinho, como os 12 profetas esculpidos em tamanho original e diversas outras esculturas como a Santa Ceia. Ao todo, são 78 peças esculpidas por Aleijadinho entre 1796 e 1805.
          O Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas construído entre 1757 e 1875. Sua conclusão final passou por várias etapas e teve a participação de diversos outros mestres, mas obras que mais se destacam e chamam atenção, são as de Aleijadinho.
          Todo o complexo do Santuário é reconhecido como uma das mais importantes, emocionantes e impressionantes obras do barroco colonial. As obras e o estilo arquitetônico de todo o complexo são únicas no Brasil. Não tem obra igual. Por esse motivo, todo o complexo foi tombado em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985. (na foto acima do Wilson Paulo Brasil, o adro do Santuário, onde estão as esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho com vista para a cidade)
A Romaria
          Desde 1770, no século XVIII, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos atrai romeiros e fiéis de todas regiões mineiras, de outros estados e até de outros países, principalmente entre os dias 7 e 14 de setembro, durante o jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, quando há um grande fluxo de peregrinação de fiéis ao Santuário. Para atender e abrigar a crescente demanda de fiéis, foi construído em 1932 a Romaria, na Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal.
          Trata-se de um conjunto de pequenas casas geminadas, inspiradas na arquitetura dos Passos da Paixão do próprio Santuário, em forma circular, com pórticos na entrada e em estilo colonial.
          Como hospedaria e local de recepção de romeiros e fiéis, o local funcionou até a década de 1960, quando passou para mãos de empresários cariocas que tinham a intenção de construírem um hotel no local. Como o projeto não vingou, em 1968, quase toda a construção foi demolida. Foi preservada apenas os pórticos de entrada, posteriormente tombado pelo Instituto Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), visando sua preservação. (fotografia acima de Gustavo Simões/@gustavosimoes.art a Romaria vista de cima e abaixo do Nacip Gomêz, os pórticos originais da entrada)
          Em meados da década de 1990, a Prefeitura assumiu a posse do imóvel e restaurou os pórticos mantendo suas características arquitetônicas originais, bem como reconstruiu as casas geminadas, com as mesas características da construção original.
          O imóvel foi reconstruído não mais para ser local de hospedagem, mas sim um espaço cultural público, visando a preservação da cultura e memória da história de Congonhas. No espaço foi instalado o Museu de Mineralogia e Arte Sacra, extensão do gabinete do prefeito, além de ser sede da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), centro de apoio aos turistas, o memorial da cidade, oficinas de artesanato e esculturas, espaço para exposições, lojas de souvenirs, auditório, salas de estudos e pesquisas, restaurantes, lanchonetes e sanitários. Além disso, o amplo espaço no centro do imóvel permite a realização de eventos artísticos e culturais da cidade.
          Em 2018, o espaço passou novamente por restauração e readequações, com verba oriunda do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As obras foram concluídas no final de 2020. Além da restauração do Centro Cultural da Romaria, foi construído no local o Teatro Municipal, integrando ainda o complexo ao Parque Ecológico da Romaria. (fotografia acima do Nacip Gomêz)
          O Parque é uma área ambiental com vegetação nativa, no entorno da Romaria, com áreas de lazer, sanitários, recepção, cobertura multiuso, relógio analemática, anfiteatro, trilhas, orquidário, borboleteio, além de ser um espaço de beleza naturais. É um espaço para lazer, entretenimento, além de atividades culturais paras os moradores da cidade e turistas, com área de 30.447,50 m².

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Situado no bairro Antônio Dias entre as praças Barão de Queluz e Praça Antônio Dias, em Ouro Preto MG, Região Central de Minas Gerais, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição tem sua história iniciada em 1699, no século XVII, quando o bandeirante Antônio Dias construiu uma pequena e singela ermida em honra a Nossa Senhora da Conceição, antes mesmo de Vila Rica (atual Ouro Preto) existir. Vila Rica foi fundada em 1711, no século XVIII.
          Em torno da pequena capela foi se formando uma pequena comunidade, formada por gente simples que vieram junto com o bandeirante Antônio Dias, para trabalhar na mineração. Dessa comunidade simples surgiu o que é hoje o bairro Antônio Dias. Neste bairro, além do santuário e de seu casario, se destacam o Chafariz da Marilia de Dirceu, construído em 1759 e a Ponte dos Suspiros, única ponte construída em estilo romano em Ouro Preto MG. (Na foto acima do Peterson Bruschi, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição e abaixo de Ane Souz, o altar-mor do Santuário)
As irmandades
          Durante o século XVIII, irmandades começaram a ser formadas em Minas Gerais, devido a proibição da Igreja Católica atuar em Minas Gerais, como instituição. Uma irmandade é um grupo de leigos religiosos criado com o objetivo de ajudar sua comunidade bem como prestar culto a determinado santo.
          A formação das irmandades no século XVIII foram de grande importância para manter a fé e religiosidade do povo mineiro devido a expulsão da Igreja Católica, como instituição, do território mineiro, pela Coroa Portuguesa, durante o Ciclo do Ouro. Nesse período, o Clero da Igreja Católica não tinha autonomia e nem presença em Minas Gerais. Somente as irmandades registradas e autorizadas pela Coroa Portuguesa tinham permissão para realizarem serviços religiosos e construírem igrejas, já que eram totalmente autônomas em relação ao clero.
          Quanto mais irmandades existiam, mais igrejas eram construídas. E quanto mais ricos eram seus membros, mais suntuosas e imponentes eram suas construções.
          Além disso, as irmandades assumiam os serviços sociais da comunidade, além da administração financeira e dos cultos, bem como a construção de igrejas onde e quantas quisessem, de acordo com a devoção a seus santos, mesmo que seja uma em frente a outra ou na mesma rua. Tinham ainda o poder de contratar padres, desde que devidamente autorizados pela Coroa Portuguesa.
          Na Igreja de Nossa Senhora da Conceição oito irmandades eram as responsáveis: a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição (1717), do Santíssimo Sacramento (1717), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de São Miguel e Almas (1725), de Nossa Senhora do Terço (1736), de São Sebastião (1738) e de São Gonçalo Garcia (1738). (fotografia acima de Ane Souz)
          Em conjunto, essas irmandades a atuavam no dia a dia do tempo como na manutenção, reforma, ampliação, adornos, ornamentação, bem como na organização das atividades e festividades religiosas, ao longo de suas existências.
A nova igreja
          Com o crescimento da comunidade em torno da pequena ermida, crescimento do número de fiéis e pela mesma ter sido elevada a matriz em 1705, houve necessidade de um novo tempo. As obras da construção da igreja de Nossa Senhora da Conceição começaram em 1727 e foram concluídas em 1746, no século XVIII.
          O projeto da nova igreja ficou sob a responsabilidade de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto, carpinteiro e mestre de obras português, natural da Freguesia de Jesus de Odivelas. Apesar da fama e por ter projetado e construído inúmeras obras em Ouro Preto como a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, o Palácio dos Governadores, pontes, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dentre outros, Manuel Francisco Lisboa se tornou mais conhecido devido a fama e talento do filho que teve com a escravizada Isabel, Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho.
          Foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição a sua mais monumental obra. É nessa igreja que pai e filho estão sepultados. Os túmulos de Aleijadinho e seu pai estão em frente ao primeiro altar, dedicado à Nossa Senhora da Boa Morte (na foto acima do Wellington Diniz). Ao todo, são oito altares que a igreja possui, referentes as irmandades presentes na Igreja.
          Além disso, na Sala da Sacristia e na Sala da Cripta, está o Museu Aleijadinho, criado em 1968 que reúne cerca de 250 obras do Mestre do Barroco Mineiro e documentos gráficos. (na foto acima de Ane Souz, o altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
Uma joia rara de Minas Gerais
          Considerado o marco do nascimento de Vila Rica, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é um dos templos religiosos de maior expressão em Ouro Preto e da arte setecentista e barroca mineira. Nessa igreja estão presentes as três fases do barroco colonial brasileiro que foram o Nacional Português, o Joanino ou Dom João V e o Rococó.
          O interior com suas talhas douradas da capela-mor, sacristia, corredores laterais, dos altares, imagens sacras, decoração e pinturas da nave, impressionam em cada detalhe além de revelar a impressionante riqueza e talento de Manuel Francisco Lisboa e outros artistas que participaram da ornamentação, pintura, entalhes e construção da igreja. (na foto acima e abaixo de Ane Souz detalhes da ornamentação e forro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
          A ornamentação típica do século XVIII do Santuário se mantém praticamente inalterado, mas sua fachada não. Foi modificada no século XIX e ainda nessa época, outras obras foram feitas em sua parte externa como torres, a escadaria, o adro, construído entre 1860 e 1863 e as grades, construídas em 1881.
Restauração
          Em 2005, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi elevada a Santuário Arquidiocesano. Devido a seu estado, houve necessidade de restauração completa da igreja. Em 2013, teve início a restauração do interior e exterior do templo. Durante o período de reforma, a igreja ficou fechada.
          Foram 9 anos de um minucioso, delicado e eficiente trabalho de restauração das imagens, talhas, pinturas, além da recuperação original das cores vibrantes da ornamentação e talhas douradas. A comunidade ouro-pretana e turistas, aguardavam com ansiedade a conclusão total das obras de restauro, concluídas em agosto de 2022. Os recursos da restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição foram obtidos junto ao junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Governo Federal.
          Rodeada por um riquíssimo casario colonial (na foto acima de Arnaldo Silva), o Santuário se destaca pelas cores vibrantes de sua fachada, em amarelo e branco e mais ainda, pela beleza e perfeição da restauração que devolveu suas características originais, bem como sua beleza única e singular. Uma beleza que fascina, encanta e emociona em cada detalhe, fiéis, moradores e turistas de todo o mundo. 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Matozinhos e as ruínas históricas da Fazenda Jaguara

(Por Arnaldo Silva) Matozinhos é uma das mais tradicionais e importantes cidades de Minas Gerais. Tem origem no século XVIII e foi de grande importância para a cultura, história e economia mineira no século XIX. Essa importância para Minas, prevalece até os dias de hoje com destaque para a agricultura, pecuária e mineração.
Primeira foto da Andréia Gomes e segunda imagem do Rodrigo Firmo/@praondevou
          Cidade com boa estrutura urbana, conta com belas praças, igrejas, grutas e cavernas, o Museu Arqueológico Peter Lund, dentre outros atrativos e comércio e setor de serviços variados. O município de Matozinhos conta hoje com cerca de 336.618 habitantes, segundo o IBGE em 2022. Está a 47 km de Belo Horizonte e faz divisa com Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Capim Branco, Esmeraldas, Baldim, Jaboticatubas e Funilândia.
A Fazenda Jaguara
Fotografia: Thelmo Lins
          É uma das mais importantes fazendas para a história de Minas Gerais. Formada no início do século XVIII, no auge da exploração do ouro em Minas, a Fazenda Jaguara foi um importante ponto fiscal, até 1765. A fazenda está localizada em Mocambeiro, distrito de Matozinhos MG.
          Com o declínio da mineração, o posto fiscal foi desativado e a fazenda passou a produzir alimentos de subsistência, para abastecer a região, sendo construída o casarão sede, senzala, igreja e moinho. Era uma das maiores fazendas produtivas da região, com cerca de 1.200 alqueires e ainda, 750 escravos.
          Devido a riqueza hídrica da região, que favorecia a construção de pequenas usinas hidrelétricas, indústrias de tecidos começaram a instalar-se em Matozinhos e cidades vizinhas. Na Fazenda Jaguara, foi instalada uma dessas indústrias, com seu conjunto, passando a fazer parte da fazenda. Também em ruínas, o maquinário e galpões da antiga fábrica de tecidos, fazem parte da história e patrimônio da fazenda.
Arrependimento e promessa
          O destaque maior da fazenda são as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Era comum, no Brasil Colônia, a construção de pequenas capelas nas fazendas. Na Fazenda Jaguara, foi diferente, foi construída uma igreja. A iniciativa da construção do templo, foi do português, Antônio de Abreu Guimarães, que se enriqueceu contrabandeando diamantes e ainda, era sonegador de impostos.
          Arrependido de seus atos e disposto a mudar de vida, procurou o perdão divino, confessando seus atos, perante a Igreja. Como penitência, o padre determinou que  construísse, não uma capela, mas uma igreja na Fazenda Jaguara, além de doar os lucros da fazenda para obras de caridade e rezar muito.
          Decidido a se redimir, cumpriu sua penitência. Não economizou na construção da igreja que dedicou à Nossa Senhora da Conceição. Contratou para projetar e executar a obra, nada menos que Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o Mestre do Barroco Mineiro.
A igreja construída por Aleijadinho
          O templo começou a ser construída em 1786 e concluída pelo Mestre do Barroco Mineiro em 1796. Os riscos externos, o coro, os púlpitos, os altares laterais e as ornamentações, seguiam à risca o estilo do século XVIII, bem como o altar-mor, que era muito semelhante com o altar-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, também do Mestre Aleijadinho.
          Dentro da igreja, uma placa em madeira, fixada abaixo de um anjo, colocada a mando do português, dizia: “Feito à custa de Antônio de Abreu Guimarães”.
          Considerada uma das mais expoentes e originais arquiteturas mineiras, seu estilo arquitetônico e ornamentações interiores, representavam o que existia de mais autêntico e genuíno da arte barroca do século 18.
          Era uma das principais e mais belas igrejas mineiras, mesmo estando em uma fazenda particular, justamente pelas talhas do Mestre Aleijadinho.
          Um fato interessante é que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, foi a única igreja feita totalmente por Aleijadinho. As demais foram em parcerias com outros artistas, como o Mestre Ataíde. A da Fazenda da Jaguará não. Do alicerce ao acabamento, obra do escultor, desenhista e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 
A compra da fazenda pelo inglês George Chalmers
George Chalmers, de bigode, rodeado por seguranças da Saint John Del Rey Mining Company - ano de 1890.
          A situação e realidade da fazenda mudou no final do século XIX, quando a fazenda foi adquirida pelo inglês George Chalmers (Falmouth, Inglaterra, 1857 — Nova Lima, 1924). Chalmers era minerador e também, diretor da Mina de Morro Velho, em Nova Lima MG, cidade distante 106 km da Fazenda Jaguara. O inglês era também Protestante e demonstrava não ter apreço à cultura e tradições brasileira.
          Por estar numa área rural e distante da cidade, a igreja era muito conhecida, mas pouco visitada e carecia de manutenção e cuidados constantes com sua arquitetura, como toda obra necessita, principalmente as mais antigas. Assim, começava a entrar em decadência. 
         Chalmers optou em não cuidar e nem em reformar a igreja, ao contrário, mandou desmontar e retirar todas as peças e obras de Aleijadinho da igreja da Fazenda Jaguara.  
          A intenção do britânico em retirar as peças da igreja, podia ser a melhor possível, mas não se sabe o real motivo ou motivos, de tão drástica atitude. 
Destino das obras de Aleijadinho
          As obras de Aleijadinho foram levadas para Nova Lima, onde Chalmers residia e trabalhava. Acredita-se que uma parte das obras retiradas da igreja, foram parar nas mãos de colecionadores.
É o que sobrou da Igreja da Fazenda Jaguara. Fotografia: Thelmo Lins
          Sem as ornamentações e talhas de Aleijadinho, a igreja perdeu seus atrativos. Abandonada, foi entregue aos cuidados do tempo, bem como as construções em redor e algumas até a desapareceram, como a senzala, que não restou nem vestígios. 
Obras do Aleijadinho na Igreja do Pilar em Nova Lima
          Tempos depois, o batistério, os altares laterais e as talhas do altar-mor retirados da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, bem como a imagem da santa, talhados por Aleijadinho, no século 18, foram doados por Charlmers, à Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Matriz de Nova Lima, uma construção do século 20. Uma igreja com arquitetura e estilo bem diferente, das tradicionais igrejas do século 18, com ornamentos e talhas do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
 Fotografia: Elpídio Justino de Andrade
         Agindo certo ou errado, seja por quais motivos, ou intenções que teve, o fato é que boa parte das obras do Mestre Aleijadinho, foram salvas, pelo gesto de doação das obras, por Chalmers, à Matriz de Nova Lima, evitando que fossem parar, por completo, nas mãos de colecionadores. 
Altar-mor, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, ornamentando o altar-mor da Matriz do Pilar, em Nova Lima
          Estão hoje bem conservadas e protegidas na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Nova Lima, aberta a todos, fiéis, estudiosos e amantes da arte e arquitetura do barroco mineiro. A cidade de Nova Lima está distante 30 km do Centro de Belo Horizonte. 
Bens tombados
          Por sua importância histórica para Minas Gerais, as ruínas do conjunto arquitetônico da Fazenda Jaguara, foram tombadas em 12 de janeiro de 1996, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). Compõe esse conjunto as ruinas da igreja, a Casa da Junta, galpões de maquinários, a casa sede, o moinho e o porto.

sábado, 7 de maio de 2022

Santa Luzia: arquitetura, história, santuário e fé

(Por Arnaldo Silva) Cidade histórica, Santa Luzia tem origens em 1692, no final do século XVIII, quando chega à região, bandeirantes em busca de ouro. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais.
          Cidade com uma rica história e patrimônio arquitetônico colonial e sacro de imenso valor para a história de Minas. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          O pequeno arraial formado a partir de 1692, se transformou numa grande cidade dotada de boa estrutura urbana, industrializada e com construções modernas, mas ao mesmo tempo, preservando seu centro histórico com suas igrejas e casarões coloniais.
          Santa Luzia tem atualmente, 219 mil habitantes. Está bem perto de Belo Horizonte, apenas 18 km. Faz divisa com Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa, Sabará, Taquaraçu de Minas e Jaboticatubas. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Patrimônios históricos
          Santa Luzia faz parte da Estrada Real. É uma cidade turística com foco no turismo de eventos, rural e no turismo histórico. A cidade preserva suas tradições culturais, religiosas e folclóricas, como a Festa de Nossa Senhora do Rosário, a Folia de Reis e a festa de Santa Luzia, a padroeira da cidade. (na foto acima e abaixo de Thelmo Lins, construções coloniais de Santa Luzia MG)
          Além disso, construções coloniais preservadas, concentradas em sua maioria na área do centro histórico, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
           As construções coloniais em destaques na cidade, tem origens nos séculos XVIII e XIX: a Igreja Matriz de Santa Luzia, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a antiga Estação Ferroviária (na foto acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva), a Capela do Senhor do Bonfim, o Solar da Baronesa, o Muro de Pedras que serviu de trincheira durante a Revolução Liberal de 1842, o Solar dos Teixeira Costa e o Mosteiro de Macaúbas, construído a partir de 1714. 
          O maior patrimônio histórico, arquitetônico, cultural e religioso da cidade é sem dúvidas, o Santuário de Santa Luzia, localizado à Rua Direita.
          A Santa Católica é a padroeira da cidade desde sua origem, por isso adotou como nome, Santa Luzia. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, a Matriz em destaque)         
O milagre de Santa Luzia em Minas
          A devoção à Santa Luzia tem origens no início da povoação da região, durante a formação do arraial. A devoção teve início por um milagre alcançado por Leôncio, um pescador que sofria com problemas na visão. Enxergava muito pouco.
          Segundo a história, Leôncio avistou um objeto luminoso enterrado num banco de areia, no fundo do Rio das Velhas. Ao retira-la da areia, notou que era a imagem de Santa Luzia, a protetora dos olhos. Orou à Santa e na mesma hora, o pescador recuperou totalmente a visão.
          A imagem encontrada por Leôncio foi colocada no altar da primeira capelinha do arraial, erguida por volta de 1701. A pequena ermida tinha apenas 22 passos de comprimento e 12 de largura.
          O arraial crescia com a chegada de aventureiros, mineradores, escravos e trabalhadores para trabalharem nas minas de ouro, além da presença constante de tropeiros, no rancho formado nas proximidades. A pequena capela se tornou pequena para atender o grande número de fiéis, tendo por isso, sido ampliada entre os anos de 1721 e 1729.
          Relatos de milagres eram atribuídos à Santa Luzia em Minas Gerais, chegando à Portugal e ao conhecimento de Joaquim Pacheco Ribeiro, Sargento-Mor português. O nobre português perdera a visão e estava desenganado pela ciência humana da época.
          Acreditando que podia ser curado de sua enfermidade Joaquim Pacheco Ribeiro, fez voto à Santa Luzia, pedindo a restauração de sua visão. Se conseguisse a graça, iria para o sertão mineiro e edificaria um templo em honra à Santa.
          O lusitano conseguiu a graça. Sua visão foi recuperada e estava são. Veio então para Minas Gerais em 1758 disposto a cumpri sua promessa, acompanhado de Ana Senhorinha, Angélica e Adriana, suas filhas. Nesse mesmo ano, já em Minas Gerais, deu início a construção do templo, no lugar da pequena capela do arraial, no dia em que se comemora o dia de Santa Luzia, 13 de dezembro. (na foto acima da Elvira Nascimento, Santa Luzia vista da torre do sino da Matriz)
          A antiga capela ficava de frente para a Rua do Serro, depois que se tornou igreja, sua fachada principal ficou de frente para a Rua Direita.
          Como a exploração de ouro nessa época estava no auge, a Igreja foi ornamentada e decorada com o ouro extraído do Rio das Velhas, doado pelo minerador Antônio Martins Gil. (na foto acima e abaixo de Thelmo Lins, pinturas e ornamentações dos altares em ouro no interior do Santuário de Santa Luzia)
          As impressionantes e excepcionais talhas, ornamentações em estilo rococó nos altares e pinturas internas, foram feitas por Felipe Vieira e Francisco de Lima Cerqueira. Sua construção segue fielmente o estilo Joanino, considerado a segunda fase do Barroco Mineiro. (na imagem abaixo de Thelmo Lins, detalhes das talhas douradas do altar-mor do Santuário de Santa Luzia)
          Ao longo dos séculos XIX e XX, a Matriz passou por algumas reformas tanto em sua arquitetura, quanto em suas ornamentações, mesmo assim, preservando boa parte de suas características originais.
          A tricentenária Matriz é hoje Santuário e o símbolo da fé e história do povo luziense e um dos mais importantes marcos da fé e história mineira. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, o Centro Histórico de Santa Luzia)
Santa Luzia de Siracusa
          Luzia foi uma mártir da cristandade, no início do século IV. Seu prenome vem do latim Lux que quer dizer, luz. Por isso é venerada como protetora da vista, na crença católica, a santa que intercede a Deus pela recuperação da visão dos cegos e de quem tem problemas na vista. É italiana e seu nome em italiano é Lúcia, mas canonizada como Luzia de Siracusa. Natural de Siracusa, ao sul da Sicília, na Itália, em 27 de março de 283 D.C., faleceu nesta mesma cidade em 13 de dezembro de 304 D.C, morta durante a perseguição aos cristãos por Diocleciano. (na imagem acima de Elvira Nascimento, as belíssimas pinturas no forro da Igreja de Santa Luzia MG)
          Lúcia foi presa e forçada a negar sua fé cristã e converter-se ao paganismo, o que foi prontamente recusado por ela. "Adoro a um só Deus verdadeiro, a quem prometi amor e fidelidade", foi sua resposta. Imediatamente, foi decapitada e sua cabeça, rolou pelo chão. Era o dia 13 de dezembro de 304 D.C.
          É uma das mais populares santas da Igreja Católica, venerada ainda pelos cristãos Ortodoxos. Seus restos mortais estão expostos no Santuário de Santa Luzia em Veneza, na Itália, tendo ainda a Igreja de Santa Lucia Sepulcro, em Siracusa, como seu principal local de culto.

sábado, 30 de abril de 2022

A cidade de Couto de Magalhães de Minas

(Por Arnaldo Silva) Couto de Magalhães de Minas cidade histórica mineira, com origens nos primeiros anos do século XVIII, durante o início da exploração de diamantes, na região de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
           Com cerca de 4.245 habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022, Couto de Magalhães de Minas está a 320 km da Capital e a 733 metros de altitude, o município faz parte do Circuito Turístico dos Diamantes. Faz divisa com os municípios de Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto, Felício dos Santos, Serra Azul de Minas e Serro. (na foto acima de Jairo Nunes Ferreira. a capela do Senhor Bom Jesus do Matosinhos)
          Cidade histórica e turística, faz parte do Circuito dos Diamantes. É tranquila, charmosa, atraente e pacata. Seu povo acolhedor e hospitaleiro, preserva suas raízes culturais, religiosas e históricas.
          Couto de Magalhães de Minas conta com boa estrutura urbana e arquitetura preservada, paisagens naturais, belas cachoeiras e uma boa estrutura para receber turistas com pousadas e pequenos hotéis, restaurantes com comidas típicas, bares, lanchonetes, padarias e um variado comércio. (na foto acima de Anderson Sá, duas charmosas pracinhas da cidade)
          O forte de sua economia é a agricultura familiar, pecuária e plantação de frutas, graças as suas terras férteis e água de qualidade.
De Rio Manso a Couto de Magalhães de Minas
          O povoado foi formado às margens de um rio tranquilo, sereno e de águas cristalinas, chamado de Rio Manso. Por estar às margens do Rio Manso, o povoado passou a se chamar Rio Manso desde o início do século XVIII até 1° de março de 1963, quando o então distrito diamantino foi elevado à cidade emancipada, adotando o nome de Couto de Magalhães de Minas. (foto acima de Anderson Sá)
          A mudança de nome foi em homenagem a Couto de Magalhães (1837 – 1888), político, militar, etnólogo, geógrafo, escritor e folclorista brasileiro. Couto de Magalhães nasceu na Fazenda Gavião, em Diamantina MG.
A Capela do Bom Jesus de Matosinhos
          Em Couto de Magalhães de Minas, boa parte da história e arquitetura do período colonial está preservada, tendo como uma de suas relíquias coloniais, a charmosa Capela de Nosso Senhor Bom Jesus de Matozinhos.
          As obras da construção da singela capela começaram no final do século XVIII e concluídas no início do século XIX. (na fotografia acima Pedro Henrique Couto/@pedrocouto_sz, a Capela do Bom Jesus de Matosinhos)
          Sua fachada é bem simples, com uma única torre, diferente de seu interior, com seus belíssimos retábulos com pinturas e esculturas no estilo Joanino e Rococó.
          Chama atenção na capela os entalhes dourados no altar-mor, destacando ase imagens de Santa Rita, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, ao centro.
          Além disso, destaque para as pinturas no forro da Capela, formado por 122 tábuas de cedro. Essas pinturas são consideradas pelo Instituto Estatual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG) como um dos mais importantes exemplos da reinterpretação popular dos tradicionais padrões eruditos do estilo rococó. Por sua importância cultural, religiosa, histórica e riqueza arquitetônica para Minas Gerais, foi tombada pelo IEPHA em 1977.
          A Capela do Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos em si, é um dos mais importantes patrimônios do barroco mineiro.
         No entorno da Capela, um charmoso e atraente casario colonial, bem preservado, completa o cenário colonial da Praça Matosinhos.
A Matriz de Nossa Senhora do Rosário
          A atual igreja, erguida em 1876, substituiu a antiga capela, construída em 1779. De arquitetura e ornamentos interiores bem simples e apenas uma torre e poucas esculturas, a igreja é cercada por um muro baixo, de alvenaria. E um bem tombado pelo IEPHA/MG, desde 1977 e a Matriz da cidade.
          Destaca em seu interior, a pintura atribuída ao guarda-mor José Soares de Araújo, da Virgem da Conceição no forro da capela-mor, apresentando a santa rodeada por querubins, nuvens e guinadas de flores. (fotografia acima de Anderson Sá)
Festa de Nossa Senhora do Rosário
          Desde o final do século XVIII que a cidade preserva e vivencia uma das mais importantes festas religiosas de Minas Gerais, a Festa de Nossa Senhora do Rosário. A festa acontece na segunda semana de setembro, com envolvimento de toda comunidade católica da cidade e apresentação grupos de Congada e Marujada.

Atrativos naturais
          Couto de Magalhães de Minas conta com belíssimas paisagens naturais e cachoeiras, como a Cachoeira da Fábrica e suas várias cascatas que formam piscinas naturais (na foto acima de Pedro Henrique Couto/@pedrocouto_sz, a Cachoeira do Vaqueiro com vários lapeiros, grutas com pinturas rupestres e serras em seu entorno, além da Água Santa, um lugar paradisíaco, com águas limpas e cristalinas.
          Conhecer Couto de Magalhães de Minas é fazer uma volta à nossa história e por suas belezas naturais é um convite ao descanso e sossego.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Boulieu: o museu de arte sacra de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Inaugurado em abril de 2022, o Museu Boulieu é o mais novo museu de Ouro Preto MG, Região Central de Minas, primeira cidade do Brasil e receber o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Ouro Preto é a inda o epicentro da arte barroca e um dos principais destinos turísticos do Brasil.
          O museu conta com cerca de 1200 peças do barroco latino-americano doadas pelo casal Boulieu. As peças pertenciam ao acerco pessoal de 2,5 mil peças do casal franco-brasileiro, Maria Helena e Jacques Boulieu, sendo maior parte de arte sacra. Ela, paulista, radicada em Belo Horizonte e Boulieu é francês. (fotografia acima de Ane Souz)
O casal Boulieu
          As 1.200 peças foram doadas pelo casal em 2011 à Arquidiocese de Mariana, atual donatária-proprietária do acervo cedido pela Arquidiocese para compor o acervo permanente do Museu Bouleiu em Ouro Preto MG. Às peças doadas em 2011, se somaram a mais peças, doadas pelo casal Boulieu, em 2021, para o museu. (fotografia acima de Ane Souz)
          O casal Boulieu começou a formar seu acervo partir de 1950, nas viagens que fizeram por Minas Gerais, Maranhão e Bahia, além de países de colonização portuguesa e espanhola como Índia, Sri Lanka, Filipinas, Peru e Guatemala. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Vivendo entre a França e o Brasil, o ato de doar parte das obras formadas ao longo de 70 anos, se deve ao desejo do casal em deixar um legado ao patrimônio ouro-pretano e também pelo amor que o casal tem por Ouro Preto MG. Por isso o nome do museu ser em homenagem ao casal Boulieu.
          É um dos poucos museus do Brasil com uma arte tão diversificada em exposição, além reunir um pouco da influência ocidental nas culturas e religiosidade latina e oriental, durante a colonização das Américas e Oriente. (fotografia acima de Ane Souz)
O museu
          As peças estão distribuídas num espaço de 400 m² no pavimento superior, que conta com 6 salas. Logo na entrada do piso superior, imagens fazem o visitante viajar pelo caminho novo para as Índias, percorrido pelos navegantes europeus, mostrando o encontro de culturas e religiosidade do mundo ocidental, com as tradições milenares do mundo oriental. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          O visitante pode ainda entender a adaptação do catolicismo às religiosas tradicionais das colônias, entre os séculos XVII e início do século XX. (fotografia acima e abaixo de Ane Souz)
          Além disso, logo na entrada, uma voz entoando poemas de Fernando Pessoa e Camões dá boas-vindas aos visitantes. A voz é da cantora Maria Bethânia.
          O espaço conta ainda com térreo, saguão onde o visitante pode conhecer um pouco da história do casal Boulieu, bilheteria, café, loja multiuso, sala do Educativo, áreas administrativas e reserva técnica. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Onde fica?
          O Museu Boulieu é um museu privado e está localizado à Rua Padre Rolim, 412, no casarão onde funcionava o antigo Asilo São Vicente de Paulo. (fotografia acima de Ane Souz)
          O local onde está o museu compõe um conjunto de construções formado entre o final do século XVIII e meados do século XX, vinculado à antiga Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto MG.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

A arte na arquitetura colonial de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A 292 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha, Diamantina é Patrimônio Histórico do Brasil, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938 e Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1995, Diamantina é uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas mineiras. Fundada em 1713, preserva sua história, gastronomia, cultura, tradições e arquitetura colonial, desde sua fundação.
          Diamantina abriga um dos mais belos e bem conservados acervos arquitetônicos do período Colonial Barroco e do período Imperial brasileiro. Os arquitetos da época seguiram à risca os traços e originalidades das cidades portuguesas, adaptando sua cultura à paisagem natural da região. (na fotografia acima de Nacip Gômez da Paróquia do Divino Pai Eterno em Diamantina)
          Não foi por mera coincidência que optaram por construir a cidade aos pés do maciço rochoso da Serra dos Cristais, no início do Ciclo do Ouro, no século 18. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          
Sua arquitetura colonial se desenvolveu no auge do Ciclo do Ouro, entre 1720 e 1750, no período Colonial, onde as simples casas do Arraial do Tijuco deram lugar a suntuosas construções e belíssimas igrejas ornadas a ouro e diamantes, graças a riqueza gerada por essa pedra preciosa. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Pra se ter ideia, no auge desse período, Diamantina era a maior lavra de diamantes do mundo. Com tanta riqueza, os investimentos em edificações e infraestrutura urbana foram altos.
          Sua arquitetura foi consolidada em meados do século 19, já no período Imperial (na foto acima da Gisele Oliveira). Percebe-se pelos fatos a importância de Diamantina para a história de Minas Gerais e do Brasil. A cidade tem uma pureza arquitetônica impressionante, que lembra claramente as mais belas vilas de Portugal.
          Diamantina exibe rara beleza arquitetônica e natural, formando um dos mais significativos conjuntos paisagísticos de Minas Gerais. Sua beleza é rara, sóbria, elegante, simples, original e impactante.
          A arquitetura urbana de Diamantina com suas cores variadas com portas, portadas e janelas enormes, muxarabis (elementos da arquitetura árabe), balcões com pinhas de vidro, pavimentos em pedra bruta ou madeira maciça chamam a atenção pelas características excepcionais que apresentam. Um dos destaques da arquitetura diamantinense é o Passadiço da Glória, construído para fazer a ligação entre dois sobrados: um construído no século 18 e outro no século 19. (Fotografia acima da Elvira Nascimento)
          Outro destaque arquitetônico é o sobrado onde viveu Chica da Silva (na foto acima de Alexandra Almeida), com o homem mais poderoso e rico da região, naqueles tempos, o Contratador de Diamantes entre 1759 a 1771, João Fernandes de Oliveira. 
          O luxuoso sobrado é um dos mais visitados em Diamantina, bem como a casa em que viveu Juscelino Kubitschek e as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de São Francisco, de Nossa Senhora do Rosário, do Senhor do Bonfim, a Capela Imperial do Amparo (na foto acima da Giselle Oliveira) e a Catedral Metropolitana de Santo Antônio são os marcos da religiosidade e história de Diamantina e de Minas Gerais. 
          Diamantina é mais que uma cidade, é uma obra de arte. Não foi apenas construída, foi esculpida por mãos de talentosos artistas. 

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