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sábado, 17 de novembro de 2018

A culinária do Norte de Minas

(Por Arnaldo Silva) A Cozinha mineira é uma das maiores riquezas do Estado. É um patrimônio imaterial do povo mineiro. A nossa culinária ajudou na formação da identidade do Estado. (na foto abaixo da Marilene Rodrigues, a farinha de mandioca, um dos principais produtos da região)
          A nossa cozinha é como nosso povo. Tem origem mestiça. Veio do colono europeu, do povo negro africano e dos índios nativos. Essa mistura maravilhosa de raças e povos, criou a nossa identidade cultural, social e gastronômica. (na foto abaixo do Edson Borges, o pequi com arroz, um dos principais pratos da culinária do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha)
          Para o português, que para cá veio em busca de ouro, a necessidade de comida era grande. Numa terra recém-descoberta, comida praticamente não existia, dai a necessidade de se criar. Junto com os portugueses, vieram os negros e aqui, juntamente com a população indígena, começaram a brotar as nossas raízes culturais e gastronômicas. Essa união afro-indígenas proporcionou o surgimento da culinária que é uma das identidades do Estado de Minas Gerais.
          Os portugueses e demais povos europeus que para cá vieram, contribuíram em muito com o aprimoramento da culinária que estava se desenvolvendo. Eles conheciam as qualidades naturais dos produtos e tinham domínios sobre temperos, principalmente temperos indianos, que foram introduzidos à nossa culinária. Sem contar os doces e o queijo, que os colonos trouxeram da Europa as técnicas de fazer, ensinando aos escravos e índios, adaptando as técnicas aos produtos encontrados em nossas terras. Assim começou o embrião da nossa culinária. (na foto abaixo de Eduardo Gomes, o araticum, um dos principais frutos do Cerrado)
          O aprimoramento e até mesmo a criação de pratos, se deve aos tropeiros. É inegável a influência dos tropeiros no surgimento da nossa culinária. Não que eles queriam inventar, mas porque precisavam de comida, dai foram adaptando seus conhecimentos aos produtos encontrados na região que hoje é o Estado de Minas. Eles viajavam por todo o território mineiro, em busca de ouro e por serem viagens longas, precisavam de alimentos que durassem mais tempo, que não perecessem rápido.
          Assim foi surgindo formas de armazenar comida como a carne, armazenada na lata, o açúcar que foi transformado em rapadura, o queijo curado, a mandioca, que era comida indígena, bem como o milho triturado, chamado de canjiquinha e o fubá. Alimentos que podiam ser levados nas tropas e que duravam muito tempo.
          Outra parte da nossa culinária veio das fazendas, basicamente das senzalas, onde as escravas criavam pratos a pedido das Sinhás. Das tabas indígenas e senzalas surgiram vários pratos e ingredientes que hoje fazem parte da nossa cozinha como polvilho, a farinha de milho, de mandioca, o fubá. A partir desses ingredientes foi surgindo quitandas diversas como o pão de queijo, o biscoito, o bolo de fubá. Doces também, como o de leite, de mamão, a goiabada, saíram das senzalas para nossas mesas aprimorando as técnicas ensinadas pelos colonos.(na foto acima, de Manoel Freitas, doce de marmelo em São João do Paraíso, fruta introduzida na região desde o século XIX, hoje cultivada em larga escala, no município)
          E nesse contexto a culinária foi se desenvolvendo, usando o que a terra produzia e o que já existia por aqui, passados pelos índios. Mas pela dimensão do Estado e biomas diferente, como Cerrado e Mata Atlântica, presentes na vegetação mineira, a cozinha variava, não era a mesma em todas as regiões. Em boa parte sim, mas certos alimentos não eram comuns em todas as regiões do Estado como, por exemplo, pequi, comum no Norte, Centro Oeste e parte da região Central de Minas Gerais, onde predomina o Cerrado. (na foto de Manoel Freitas a castanha do pequi, muito rica em minerais)
          Já na região Sul, Campo das Vertentes e Zona da Mata, a predominância é do bioma Mata Atlântica. É nesse contexto que surge a culinária regional, que faz parte da culinária Mineira, com suas identidades próprias de acordo com clima, vegetação e alimentos disponíveis. Essa regionalização hoje é a marca da nossa culinária, presente em todas as regiões, com certos pratos típicos de cada uma das 12 regiões mineiras, de acordo com o que os biomas produzem.
          Como disse acima, a junção do branco, índio e africano, deu origem a nossa formação cultural e gastronômica. A presença dessas três raças foi predominante para o povoamento e crescimento da região Norte de Minas, a partir do século XVI e XVII. Os portugueses e tropeiros chegaram ao Norte de Minas margeando o Rio São Francisco e ao longo do caminho, foram formando povoados, que hoje são cidades. (na foto acima, de Manoel Freitas, feijão de Andu, colhido em Botumirim MG)
          Assim surgiu uma das mais ricas cozinhas de Minas, que é a cozinha do Norte do Estado de Minas Gerais, cujos pratos estão presentes em nossas mesas e contribuíram para dar a Minas Gerais, a nossa identidade culinária.
          No Norte de Minas predomina a vegetação de Cerrado nativo e tem o Rio São Francisco como um das suas maiores riquezas. Dos frutos do Cerrado Norte Mineiro surgiu pratos que hoje sustentam famílias e deram origem a vários pratos ainda hoje presentes em nossas mesas. Por ser uma região de contrastes, não apenas sociais, mas geográficos, os sabores da mesa norte mineira é um pouco diferente do restante do Estado. A região produz frutos, alimentos e temperos diferentes do restante do Estado, oriundos de uma culinária mestiça, muito rica em sabores e temperos singulares e fortes como a pimenta, muito apreciada, diferente de outras regiões do Estado. (na foto abaixo do Manoel Freitas, barcos de pescadores no Rio São Francisco em Itacarambi MG)
          Esses pratos e temperos vêm do que a região produz. A pecuária sempre foi forte na região. A carne de boi é muito apreciada na região, principalmente a carne de sol. Mirabela, uma das cidades da região, é considerada a Capital Nacional da Carne de Sol. 
          O nosso quiabo com angu, muito apreciado com frango hoje, tem origem no Norte de Minas. No Norte Mineiro a paçoca de carne, a farofa de feijão andu, tropeiro com torresmo e rapadura não faltam nas mesas. Sem contar o pequi com arroz, que é consumido sempre, já que o pequi é o símbolo do Cerrado e o fruto reina em todo norte mineiro, sustentando inclusive famílias e gerando empregos em municípios com a produção de licores, compotas e polpas da fruta, vendidos no comércio. Montes Claros e Japonvar se consideram capitais nacionais do pequi.
          Além do pequi, o Cerrado tem outras frutas que são consumidas in natura ou viram sucos, doces, compotas, geleias, sorvetes, licores, conservas como o cajá, jatobá, cajá manga, seriguela, caju, cagaita, araticum, tamarindo e etc. (na foto acima do Gilberto Coimbra, o Mercado Municipal de Montes Claros, onde você pode encontrar todos os temperos e ingredientes da famosa culinária do Norte de Minas)
          O Rio São Francisco banha boa parte do Norte de Minas e suas águas sustentam milhares de famílias, seja no turismo, seja na pesca. O Rio São Francisco, possui 152 espécies de peixes, ao longo de toda sua bacia. Esses peixes como o surubim, dourado, curimatã-pacu, matrinchã, mandi-amarelo, pirá, piau-verdadeiro, dentre outros estão presentes na culinária norte mineira, como a famosa moqueca de surubim.
          Essa é a origem da culinária de uma das maiores e mais importantes regiões do Estado de Minas Gerais. Marcada pelos contrastes, mas também pela força e fibra do povo, que batalha, trabalha e preserva sua cultura, história e gastronomia. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Conheça Santo Antônio do Leite

(Por Arnaldo Silva) Um dos mais bucólicos e charmosos distritos de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite encanta pela simplicidade, pelo belo e preservado casario colonial, por sua cultura e vida simples, mas com ótima qualidade que oferece aos seus moradores e visitantes. (foto acima de Vinícius Barnabé)
          Os moradores de Santo Antônio do Itambé, tem vida longa. Isso se explica pela salubridade do clima a mais de 1000 metros de altitude, boa qualidade do ar e de sua água de ótima qualidade. Esse conjunto de qualidades, faz com que Santo Antônio do Leite atraia cada dias mais a presença de turistas, tanto do Brasil, quando do exterior em busca de sossego, lazer, descanso em suas várias pousadas e hotéis fazendas. (foto acima de Thelmo Lins)
          O distrito conta com pouco mais de 2 mil moradores e fica apenas 25 km de Ouro Preto. É um dos mais antigos povoados de Minas Gerais. Seu povoamento começou por volta de 1864, no século XVIII, sendo reconhecido como distrito de Ouro Preto em dezembro de 1953. (na foto acima de Vinícius Barnabé, a Capela de São José e abaixo vista noturna do distrito)
          Como em todos os distritos de Ouro Preto o artesanato se faz presente. Em Santo Antônio do Leite o artesanato com prata e pedras brasileiras são muito procurados e inclusive, boa parte tem destino para a Europa. Existem também trabalhos em cerâmicas, pedra sabão e outros estilos de arte.
          Aos sábados e domingos, os visitantes podem conhecer o artesanato local, bem como sua culinária, na tradicional feirinha.
          Os moradores de Santo Antônio do Leite são calorosos, educados e recebem muito bem os visitantes. 

Quando vier a Ouro Preto, venha conhecer Santo Antônio do Leite.

A pedra transformada em artesanato em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Por ser bem oleosa em sua superfície, em Minas Gerais é conhecida como pedra sabão. Também por pedra de talco, em outros lugares. É abundante no Estado, principalmente em Ouro Preto e Mariana, sendo retiradas do solo em sua forma bruta, nas suas cores originais que vão do cinza ao verde. Seu nome original mesmo é esteatito, chamada ainda de esteatite ou esteatita.
          A pedra sabão é uma rocha de baixa dureza por conter muito talco na sua constituição, além de vários minerais como magnesita, clorita, tremolita e quartzo, dentre outros. (foto abaixo de Arnaldo Silva de uma pedra sabão bruta, em Santa Rita de Ouro Preto MG)

Pedra resistente, praticamente impenetrável, não sendo afetada por substâncias alcalinas ou ácidas, é resistente a temperaturas extremas, desde abaixo de zero, até 1000ºC, tendo muita facilidade em absorver e distribuir de forma regular o calor. Por essas características, é usada desde a antiguidade para fazer panelas, lareiras e no artesanato, principalmente em Ouro Preto e Mariana, cidades históricas mineira, onde a pedra sabão é encontrada em abundância, sendo usada largamente desde o século XVIII, no artesanato, produção de panelas, estátuas, calçamento de ruas, etc. (na foto acima, de Arnaldo Silva, estátua de Santa Rita, em pedra-sabão, na Igreja de Santa Rita de Ouro Preto MG)
          Um dos exemplos da resistência e durabilidade da pedra sabão, são os trabalhos do Mestre Aleijadinhos, nas fachadas das igrejas históricas mineiras, como por exemplo, os 12 profetas no Santuário do Bom Jesus do Matozinhos em Congonhas MG, (na foto acima de Elvira Nascimento) esculpidos entre 1800 e 1805, submetidos a variações atmosféricas constantes, como chuvas, vento, calor, poluição e umidade, continuam intactas. 
          Por ser uma pedra macia e de baixa dureza, é muito fácil ser esculpida. Por isso é muito usada no artesanato, para fazer esculturas, na decoração de ambientes e utensílios domésticos, como panelas, filtros, taças, canecas, pratos, xícaras, etc. (foto acima de de Arnaldo Silva utensílios domésticos e abaixo, artesanato em Ouro Preto, todos em pedra sabão)
          As panelas em pedra sabão são as mais indicadas na culinária e largamente usadas nas cozinhas mineiras, por ser uma pedra impenetrável, não solta faíscas ou tenha poros. 
          Para seu uso na cozinha, as panelas em pedra sabão tem que ser curadas. (foto acima de Arnaldo Silva em Cachoeira do Campo MG) O processo de cura é simples, bastando passar óleo de cozinha em toda a panela, por dentro e por fora, aquecer por 15 minutos no forno e repetir o processo por 5 vezes, intercalando 3 horas entre cada etapa, sendo que nas duas últimas etapas, deve se cobrir toda a panela com água. Quando estiverem totalmente escuras, estão aptas para o uso. Quanto mais preta a panela em pedra sabão ficar, melhor. Sem a cura, ela desprende o pó de talco, comprometendo o sabor da comida e prejudicando a saúde humana. Já com a cura, todos os poros são fechados, tornando-a resistente a corrosão, impenetrável e nenhum resíduo de talco se desprenderá. (foto abaixo de Chico do Vale)
          A pedra sabão tem uma enorme facilidade de absorver todo o calor produzido pela fonte de energia, seja no fogão a lenha ou a gás, conduzindo rapidamente esse calor e distribuindo-o por igual, através do aquecimento de massa térmica É diferente por exemplo da panela de alumínio, cujo calor é oriundo somente da chama. Na pedra sabão, além da chama, a própria constituição da pedra a transforma por si só numa fonte de calor, cozinhando mais rápido o alimento e se mantendo aquecida por mais tempo, mesmo quando a chama é apagada.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O Mosteiro de Macaúbas e o Vinho de Rosas

(Por Arnaldo Silva) O Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, ou simplesmente convento ou mosteiro de Macaúbas, está localizado na rodovia MG 020, km 37,5 que liga Santa Luzia ao município de Jaboticatubas, a 12 km do Centro Histórico de Santa Luzia e a 40 km de Belo Horizonte. (fotos abaixo de Rodrigo Martins, com arte de Arnaldo Silva)
          O imponente casarão do século XVII conta com 200 cômodos, mobiliário, capela e detalhes do período Colonial brasileiro. O silêncio do local é apenas quebrado pelo canto dos pássaros e os cânticos em latim e orações das freiras que vivem no convento.
          São 16 freiras da Ordem da Imaculada Conceição. Elas vivem em regime completo de clausura, saindo apenas em ocasiões necessárias, como por exemplo, problemas familiares ou de saúde.
          Entrar no templo não é permitido. As freiras vivem numa rotina rigorosa. Acordam todos os dias antes às 5 da manhã e se deitam às 20h30min. Fazem pelo menos 10 orações diárias com horários pré-determinados. Quando não estão orando, estudam ou meditam e trabalham nos afazeres no interior do convento e na produção dos produtos culinários. (abaixo, detalhes da rotina das freiras enclausuradas, com fotos das fotos expostas em painéis no interior do convento, fotografadas pelo Rodrigo Martins)
História
          Sua construção começou em 1714, por Félix da Costa para ser uma casa de recolhimento religioso e educandário feminino. A obra foi concluída em 1770.
          Este foi o primeiro educandário feminino do Brasil. Pelo convento passaram filhas das mais ricas famílias do Brasil e de personagens ilustres de nossa história como, por exemplo, Joaquina, a filha de Tiradentes. Também as nove filhas do Contratador João Fernandes de Oliveira, marido de Chica da Silva estudaram no local. 
          A casa em que o Chica da Silva e seu marido ficavam, quando iam visitar suas filhas, ainda existe. Fica nas proximidades da entrada do Mosteiro (fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva). O próprio João Fernandes, a título de dote pelo acolhimento de suas filhas, entre 1767 e 1768 ampliou o local, mandando construir a Ala do Serro, com mirante e 10 celas (quartos para religiosos). 
          Mas o convento não abrigava apenas filhas da elite brasileira da época. Recebiam e davam abrigo a meninas e mulheres órfãs, pensionistas e devotas. Recebiam também mulheres que optavam em ficar por algum tempo no convento para guardar a honra, enquanto os pais ou maridos viajavam. O convento acolheu também várias mulheres, que para lá fugiram do preconceito e discriminação social por terem sido desonradas. 
          Devido sua importância passou a ser protegido da rainha de Portugal, Dona Maria I, por Carta Régia. Quase um século depois, em 1881, o Imperador Dom Pedro II, que estava de viagem à Minas Gerais, fez questão de visitar o colégio. (fotografia abaixo do Rodrigo Martins)
          Em 1847, o convento passou a funcionar como colégio, se tornando uma das mais tradicionais escolas de Minas Geras.
          No século XX, começa a chegar a Minas congregações religiosas europeias com experiência em educação. 
Com isso, o colégio começa a entrar em decadência e em 1933 deixou de existir o colégio, se tornando desde então até os dias de hoje, um convento de freiras que vivem enclausuradas.
Dia a dia e trabalho
          Quando não estão orando ou estudando, as freiras trabalham e muito. É do trabalho das freiras e doações que vem o sustento e manutenção do convento.
          No interior do Mosteiro elas produzem e vendem licores, doces, quitandas e o famoso vinho de rosas. No século XVII, médicos da época recomendavam este vinho para curar problemas do pulmão. (foto acima de Rodrigo Martins, o Vinho de Rosas e abaixo de Thelmo Lins, mostra a fachada do mosteiro)
          As paredes do convento guardam as receitas das quitandas, licores e do vinho de rosas desde o século XVII. A técnica usada pelas freiras são as mesmas de 300 anos atrás, não mudaram nada no modo de fazer. É totalmente artesanal.
          Elas guardam com zelo cada receita e fazem com um imenso carinho, preservando uma das mais fortes culturas gastronômicas de Minas Gerais. As freiras fazem quitandas, doces, licores e o famoso vinho de rosas. No século XVII, o vinho de rosas era recomendado pelos médicos da época para curar os males do pulmão. 
O vinho que inspirou o filme
     A tradição gastronômica e a história do convento, principalmente o vinho de rosas, virou filme em 2005, chamado de O vinho de rosas. Dirigido por Elza Cataldo, o longa metragem retrata a vida de Joaquina, filha de Tiradentes, criada num convento. Na história, Joaquina descobre que é filha de Tiradentes e que sua mãe, ainda estava viva. Aos 18 anos, deixa o convento e sai em busca de sua história e seu passado.
Como comprar os produtos do Mosteiro de Macaúbas
     A manutenção dos trabalhos, do imóvel e atividades das freiras enclausuradas, vem das vendas dos produtos feitos pelas irmãs e de doações.
     Quem quiser adquirir os produtores da culinária do Mosteiro de Macaúbas, podem entrar ir diretamente ao local ou entrar em contato pelos telefones (31) 3684-2096/9612-1773. 
     Os interessados em ajudar nos gastos com manutenção e reformas do Mosteiro de Macaúbas podem entrar em contato pelos  telefones acima e obter mais informações. 
Agradecimentos: Ao Thelmo Lins e Rodrigo Martins pela gentileza na cessão das fotos para esta edição

sábado, 3 de novembro de 2018

São João Batista do Glória: a cidade das cachoeiras

(Por Arnaldo Silva) São João Batista do Glória (na foto acima de Douglas Arouca) é uma charmosa, atraente e acolhedora cidade mineira. Localizada entre a Serra a Canastra e o Rio Grande, o município com cerca de 7.500 habitantes, está a 371 km de Belo Horizonte. São João Batista do Glória faz divisa com os municípios de Vargem Bonita, Passos, Delfinópolis, Capitólio e Alpinópolis.
          A fauna e principalmente a flora é riquíssima em São João Batista do Glória. São vales, montanhas, nascentes, cachoeiras e paisagens de cinema como a Lagoa Azul, na antiga Pedreira (na foto acima, de Amauri Lima), além de imensos vales, como o Vale do Céu (na foto abaixo de Luís Leite).
          São João Batista do Glória é um nome grande e como o mineiro tem o hábito de encurtar as palavras, a cidade é conhecida apenas como "Glória'. Devido ao grande nome da cidade, ela leva o apelido de "Glória". Quem nasce em Glória, é gloriense e o padroeiro da cidade é São João Batista.
          Cidade com ótima infraestrutura urbana e rural, se destaca na saúde, educação, no turismo , ótima rede gastronômica e hoteleira e no agronegócio. Glória é uma grande produtora de leite, além de usar tecnologia de ponta na produção leiteira. (fotografia acima de Douglas Arouca).          
A exuberância natural de Glória
          Segundo o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de São João Batista do Glória conta com cerca de 130 cachoeiras. Com destaque para a Cachoeira da Maria Augusta (na foto acima de Luís Leite) e a Cachoeira do Quilombo (na foto abaixo do Douglas Arouca)
          A Cachoeira do Filó (na foto abaixo do Douglas Aroucas) é outra cachoeira de visitação obrigatória para quem vem ao município.
          Além das cachoeiras acima, outras dezenas de cachoeiras, com águas limpas, geladas e cristalinas são convites imperdíveis para um bom banho.
          Por exemplo a Cachoeira do Trovão (na foto acima do Amauri Lima) como a cachoeira do Osmar da Bia, do Rasga Saco, do Remanso, da Cascata, da Capivara, do Barulho, do Tamanduá, da Garrida, Poço do Bicante, da Vitória, do Lajeado, do Barulho, do Esmeril, do Quebra Anzol, do Abismo, da Pequena Sereia, dentre outras.
          As cachoeiras do Recanto Vickings (na foto acima de @percio_passeioscapitolio) deve constar no roteiro de todo visitante, bem como o Paraíso Perdido (na foto abaixo de @percio_passeioscapitolio). São dois lugares espetaculares e cinematográficos.
          Para aproveitar melhor todas as belezas de São João Batista do Glória, a melhor forma é contratar os serviços de guia de turismo, disponíveis na cidade. São guias credenciados e geralmente, com veículos 4x4. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Carvalhos: a cidade das trilhas, do Cafundó e das cachoeiras

(Por Arnaldo Silva) Carvalhos é uma pequena, pacata, charmosa, atraente e singela cidade do Sul de Minas. Se destaca pela tranquilidade e por suas belezas naturais, que a cada dia atraem turistas em busca de descanso e convívio com a natureza. O município possui pacatos distritos, entre eles Franceses, Furnas e o Cafundó, povoado onde é produzida a melhor cachaça da região.
          Carvalhos (na foto acima do Dalton Maciel) tem origem no século XVIII com a chegada à região da Mantiqueira de franceses que deixaram o Rio de Janeiro, onde viviam, fugindo da perseguição da Coroa Portuguesa.
          Isso porque nessa época, forças francesas tentaram se apoderar do ouro vindo de Minas Gerais e acabaram derrotados e expulsos pelos portugueses.
          Alguns não voltaram para a França, e embrenharam pelo sertão da Mantiqueira. Os franceses que vieram para a região, estabeleceram-se próximo a um ribeirão, formando um povoado, com casario, igreja e uma roda d´água, com o objetivo de lavar ouro, já que acreditavam que nessa região, também tinha o tão procurado metal.
          Como os fundadores eram franceses e pela roda d´água, o local passou a ser chamado de Franceses da Roda, povoado que existe até hoje na cidade, conhecido atualmente por Franceses, somente. (na foto acima da Mônica Rodrigues, o casario do povoado, a Igreja e o coreto da Vila, onde ficava a antiga roda d´água)
A origem do nome da cidade
          A região teve crescimento pequeno, devagar, com pequenas fazendas, algumas delas com escravos. Numa dessas fazendas, no final do século XVIII, vivia Dona Maria Joaquina Mendes de Carvalho, senhora muito religiosa que doou uma parte de suas terras para ser construída uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
          Por falta de mão de obra qualificada, a igreja não foi erguida, na época. Somente em meados do século XIX é que a realidade mudou, com a chegada à região de uma família, vinda de Pouso Alto MG, no Sul de Minas. A família se estabeleceu próximo as terras doadas por Dona Maria Joaquina Mendes de Carvalho.
          Tinham o mesmo sobrenome da dona da fazenda, Carvalho, sobrenome este da alta nobreza portuguesa, existente neste país lusitano desde o século XII. 
          A família Carvalho que chegou à região era formada por pessoas bem simples e conheciam a arte da carpintaria e construção, por isso dispuseram a erguer o templo dedicado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. 
          Em torno da igreja foi formando um povoado, que aos poucos foi crescendo, se tornou Vila, distrito, para enfim, cidade emancipada em 27 de dezembro de 1948. Em homenagem a família Carvalho, por seu pioneirismo e importância para a formação e povoamento da região que originou a cidade, seu nome passou a ser Carvalhos.(na foto abaixo do Rildo Silveira, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus)
            O município de Carvalhos conta com cerca de 4.500 habitantes e está a 380 km de Belo Horizonte, a 1032 metros de altitude. Faz divisa com os municípios de Aiuruoca, Seritinga, Liberdade e Bocaina de Minas. (na foto acima de Dalton Maciel, fazenda de gado leiteiro em Carvalhos e abaixo, de Mônica Rodrigues, colheita de uvas, morangos e framboesas)
           A economia da cidade gira em torno de pequenos comércios, artesanatos, na pecuária leiteira, na agricultura, se destacando o cultivo de morangos e tomates, além do turismo, já que na cidade encontra-se cerca de 70 cachoeiras e mais de 400 km de trilhas. 
          As belezas naturais de Carvalhos e suas trilhas, são atrativos que atraem amantes da natureza e praticantes de esportes radicais. Por isso, Carvalhos é conhecida por Terra das Cachoeira e das Trilhas. (na foto acima do Dalton Maciel, a Cachoeira dos Franceses)
          Um dos destaques naturais de Carvalhos (na foto acima de Dalton Maciel) é o Pico do Muquém, com cerca de 1800 metros de altitude e a cachoeira da Estiva, (na foto abaixo de Jerez Costa), uma das mais belas cachoeiras de Minas Gerais, muito procurada por moradores da cidade, região e turistas do Brasil inteiro que vem à cidade vivenciar suas belezas naturais. 
          Outro destaque natural da cidade é a Serra dos Três Irmãos, onde está o Pico do Muquém e ainda o Pico do Calambau. Na Serra do Quilombo está o Pico do Quilombo, outro atrativo do município juntamente com as Serra da Aparecida e a Serra do Grão Mogol.
          O inverno no município é bem rigoroso, como em todas as cidades da Serra da Mantiqueira. Temperaturas negativas e geadas são as marcas do inverno em Carvalhos. São dias e noites seguidas totalmente congelantes.(na foto acima de Mônica Rodrigues, amanhecendo o dia na zona rural de Carvalhos).
O Cafundó
          Já te mandaram tomar no Cafundó? Pois é, esse lugar existe sim. Fica em Minas, em Carvalhos. É um pequeno povoado de fácil acesso em Carvalhos. O lugar é ótimo, bem cuidado e os moradores do pequeno povoado são todos gente da melhor qualidade. Aliás, como todo povo de Carvalhos é. 
          Destaque do Cafundó é o pesque-pague e suas famosas aguardentes feitas com frutas da região, como podem ver na foto acima do Dalton Maciel, com abacaxi, amora, maracujá, maçã, laranja, goiaba, mel, canela etc. Produto artesanal, de alta qualidade e sabor diferenciado. 
          Essa é Carvalhos (na foto acima de Dalton Maciel), cidade da Mantiqueira, abençoada pelo esplendor da Serra da Mantiqueira. Uma típica, genuína e aconchegante cidade do interior mineiro. 

sábado, 27 de outubro de 2018

Qual é o hino oficial de Minas Gerais?

(Por Arnaldo Silva) Nenhum. Minas Gerais nunca teve hino oficial e nunca terá. E aquela música antiga, que todos cantam "oh Minas Gerais, oh Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais..." não é o hino de Minas? Não, é apenas mais uma melodia sobre Minas, digamos, a que caiu no gosto popular, sendo "eleita" pelo povo como hino não oficial. Então ela é o segundo hino de Minas? Também não, porque não existe o primeiro. Quem diz que essa música é o segundo hino de Minas, desconhece por completo a nossa história. Não temos nem o primeiro hino, como teríamos o segundo?
          Oh Minas Gerais é uma composição de 1942, de José Duduca de Moraes. A letra é dele, mas a melodia, a forma que é cantada, foi inspirada na tradicional valsa napolitana Vine Sur Mar. Essa melodia italiana chegou ao Brasil pelas companhias líricas italianas no final do século XIX para início do século XX. Mas quem compôs uma primeira canção a Minas, inspirada nessa melodia, foi Eduardo das Neves em 1912, com o título "Oh Minas Gerais". Trinta anos depois, em 1942, Duduca de Moraes compôs os versos da "Oh Minas Gerais" que conhecemos. Manteve apenas o título e a melodia, com letra diferente da composição de Eduardo das Neves. 
          E assim surgiu a música que todos cantam, como se fosse o hino de Minas, mas é uma melodia sobre Minas, uma linda e perfeita poesia para nosso Estado. Entre tantas outras que existem sobre Minas é a que mais se destaca e a que mais se identifica até hoje com o Estado mineiro e com o povo de Minas Gerais. 
          Tanto a letra, como a melodia, tem uma simbiose perfeita com Minas Gerais, por isso caiu no gosto popular e não tem um mineiro que não a conheça, pelo menos o estrofe principal. Vários artistas da nossa MPB como Milton Nascimento, Lula Barbosa e outros já gravaram essa canção. 
          Um hino para ser considerado oficial, tem que obedecer a Constituição Estadual, promulgada em 1989. Segundo a nossa Constituição, símbolos do Estado, (bandeira, brasão e hino), tem que ser aprovados em concurso público ou decretado pelo Governador do Estado. 
          Em 1985, a Secretaria de Estado da Cultura organizou um concurso público, por meio de resolução publicado no Diário Oficial do Estado, para escolher o hino oficial de Minas Gerais. Foram 72 canções inscritas, mas nenhuma delas preencheu os quesitos da comissão julgadora na época.
          Uma nova tentativa de criar um hino para Minas Gerais foi feita em 1992, organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Uma das regras do concurso era que o foco das composições teria que ser a Inconfidência Mineiras. Das 570 composições inscritas, nenhuma dela atendeu aos critérios do concurso como tema e qualidade. E assim ficamos sem hino.
          Atualmente existe uma proposta de emenda à Constituição Estadual (PEC Nº 41/2015), que visa tornar "Oh! Minas Gerais" de Duduca de Moraes o hino oficial do Estado. Só falta votação em plenário na Assembleia Legislativa e posterior sanção da Lei pelo Governador do Estado. Mas diante dos inúmeros projetos e questões mais urgentes a debater e votar, essa PEC ainda não foi discutida e nem tem previsão ainda de quando será.

          Mas o mineiro não canta hino? Claro que sim! Nos eventos em Minas Gerais, sejam esportivos, culturais, políticos, etc, cantamos o Hino Nacional Brasileiro, esse sim é o nosso hino. 
(Por Arnaldo Silva com arte de Bárbara Monteiro)

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Ao invés de gaiolas, casas para os pássaros

(Por Arnaldo Silva) "Canário Livre, Sonho Real" é um projeto que visa conscientizar as pessoas que lugar de pássaros é natureza, livres. Ao invés de gaiolas, incentivam a construção de casinhas onde os pássaros podem se reproduzir, se alimentar e conviverem livremente nas cidades e nos seus habitats naturais. Esse projeto existe em várias cidades do Vale do Jequitinhonha, tornando ás cidades mais belas, com vida e cheia de pássaros.
           Em 2013, um grupo de voluntários da cidade de Chapada do Norte MG, também no Vale do Jequitinhonha, se reuniu para implantarem na cidade este projeto. Faziam reuniões constantes, nas manhãs de domingo. Iam às escolas, conversam com professores e alunos sobre a importância dos pássaros livres e na presença deles na cidade, como por exemplo, no controle de pragas. 
          Conseguiam os tratadores e chocadores, conversam com os moradores e comerciantes para conscientizando-os para que cuidassem das casinhas que colocavam nas ruas e praças, bem como colocassem água e comida para as aves, como alpiste, fubá e canjiquinha, além de limparem as casinhas o chão.
          O projeto foi muito bem sucedido e teve amplo apoio da comunidade, inclusive da Igreja Católica.
          A iniciativa fez com que criadores de pássaros ou quem tinha alguns deles em gaiolas libertassem as aves, tanto na cidade, quanto na zona rural. O resultado é o grande número de pássaros que são vistos na cidade, bem como grandes quantidades de casinhas disponíveis para que eles possam se reproduzir.           
          Essas casinhas são doadas pelos moradores da cidade, entre eles, o artista plástico Leandro Júnior que mora em Cachoeira do Norte, distrito da cidade de Chapada do Norte. Leandro é um dos grandes artistas de Minas Gerais e seus trabalhos em argila são valorizados em todo Brasil. 

          Para colaborar com a campanha ele criou casas para os pássaros em forma de edifícios, em argila. A ideia dele é reunir vários pássaros num só lugar. O trabalho é doado e instalado nas praças e ruas da cidade em que mora. O artista aderiu ao projeto e participa doando as casinhas e ele próprio criou um curso onde ensina as pessoas interessadas a fazerem as casinhas em argila, desde que elas doem para a cidade. 
          Segundo Leandro "como a campanha "Canário Livre" vem ganhando muita força em nossa região decidi então elaborar esses edifícios em argila para os passarinhos. Como percebi que os passarinhos gostaram principalmente os canarinhos, resolvi então criar então esse projeto aqui onde eu moro, Cachoeira do Norte, onde dei a oportunidades de pessoas aprenderem a fazer, mas nas condições dos trabalhos feitos no curso serem doados para serem colocado nas praças. Com isso nossas praças ficaram mais bonitas e mais atrativas para quem passa pelo nosso distrito vendo nossos pássaros livres", concluiu. 
Na imagem, o artista plástico Leandro Júnior, ao centro, e seus alunos. Ele ensina seus alunos a fazerem os edifícios para abrigar os pássaros. Quem se interessar pelo trabalho do artista, pode entrar em contato pelo whatsapp: 33 99989-2435

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