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terça-feira, 8 de agosto de 2023

A cidade de maior PIB por habitante no Brasil é mineira

(Por Arnaldo Silva) Nessa cidade, que tem apenas 12 mil habitantes, está o maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita, por pessoa, no Brasil. Se for dividir o PIB total desta cidade por pessoa, daria exatos R$15.617,00 por mês. Por ano, seriam R$209 mil, para cada morador. Esses dados foram levantados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA).
          Esse tanto de dinheiro, evidentemente, não vai diretamente para o bolso de cada morador, já que se trata de divisão total das riquezas produzidas no município, principalmente pela arrecadação de impostos, como o (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Sobre Serviços (ISS). (foto acima de Duva Brunelli)
          É maior arrecadação de impostos do Brasil, de acordo com a média de habitantes da cidade. Todo o dinheiro arrecadado vai para melhorias da qualidade de vida de seus moradores e investimentos em infraestrutura.
          Essa cidade, considerada a mais rica do Brasil, em termos de rendimento médio gerada pela arrecadação de impostos sobre serviços, é São Gonçalo do Rio Abaixo, na região do Médio Piracicaba, distante 86 km de Belo Horizonte. Faz limites territoriais com os municípios de João Monlevade, Rio Piracicaba, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo e Itabira.
          A pequena cidade tem origens com a mineração, no início do século XVIII. Surgiu de um povoado formado em 1720. A mineração é a atividade de origem do município e até os dias de hoje, tem na mineração, sua principal atividade econômica e que garante um PIB alto que a cidade apresenta. 
          São os royalties da mineração, principalmente do minério de ferro extraído do complexo da mina de Brucutu, explorado pela Companhia Vale. Brucutu é um dos maiores complexo de mineração e beneficiamento de minério de ferro do mundo. 
          Esse dinheiro, que todo mês entra nos cofres da Prefeitura Municipal, se fosse dividido mensalmente por morador, daria mais de 15 mil por mês ou 209 mil por ano para cada um. Dai dá para se imaginar o alto valor arrecadado com os royalties do minério. (foto acima do Duva Brunelli)
O que fazer com tanto dinheiro?
          Com o que entra nas contas da prefeitura, retorna à população em obras, que são constantes no município. Os investimentos são priorizados nas áreas de educação, saneamento básico, infraestrutura urbana e rural, além da saúde e segurança. (fotografia acima de Duva Brunelli)
          Atualmente 70% da população tem tratamento de água e esgoto, índice muito alto em se comparando com as demais cidades brasileiras, mas o ideal seria 100% de esgoto e água tratada em todo o município e a cidade tem condições de chegar essa totalidade.
          O município conta com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) funcionando 24 horas por dia com estrutura de hospital, além de 16 postos de saúde e farmácia popular, 3 escolas funcionando em tempo integral e com 6 refeições servidas diariamente, ajuda de custo mensal para estudantes universitários que estudam fora, transporte escolar com ônibus novos, estradas rurais bem cuidadas e em maioria asfaltadas, além de material escolar, mochila e uniformes paras os estudantes da cidade.        
          A arrecadação da cidade não vem apenas da mineração. Tudo que retira e não repõe, um dia acaba. Isso é fato. Ainda mais em se tratando da natureza. Quando as minas de minério se esgotarem, acabou. 
          Por esse motivo, a cidade vem buscando diversificar sua economia, para não depender única e exclusivamente da mineração, quando as minas exaurirem.
          A própria situação econômica de São Gonçalo do Rio Abaixo, sua estrutura e capacidade de investimentos atuais, são atrativos para novas indústrias se instalarem na cidade, bem como favorece a ampliação de seu comércio e setor de prestação de serviços em geral.
          Com os investimentos nas áreas de saúde, educação, esportes, cultura, lazer, saneamento básico e melhoramento da estrutura urbana e diversificação da economia, ao longos dos anos, com certeza, São Gonçalo do Rio Abaixo MG em referência em qualidade de vida no Brasil.          
O que fazer em São Gonçalo do Rio Abaixo
          Nem só de minério vive São Gonçalo do Rio Abaixo. Tem turismo também. Além da mineração, dos investimentos em obras que ocorrem na cidade, São Gonçalo do Rio Abaixo tem outros atrativos para os visitantes como exemplo:
- A Praça 1° de Março onde encontra-se a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (acima em foto do Elpídio Justino de Andrade), um das mais belas construções em estilo rococó em Minas Gerais, um tradicional e atraente casario;
- O memorial Padre João, personalidade de grande importância para a cidade (na foto acima do Duva Brunelli;
- A Matriz de São Gonçalo; (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade)
- Igreja de Santa Efigênia; (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade)
- O Cruzeiro da Matriz (na fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
- O Centro Cultural; (na foto acima do Duva Brunelli)
- A Serra do Catungui e as cachoeiras do Seara, da Cascata e de São José;
- A Usina Hidrelétrica da Cemig e Estação Ambiental do Peti.
- Belos e imponentes casarões coloniais. (foto acima e abaixo de Elpídio Justino de Andrade)
          Além disso, por ter uma boa estrutura urbana, São Gonçalo do Rio Abaixo conta com boas pousadas e hotéis, além de restaurantes com comidas típicas. É uma cidade de povo simples, hospitaleiro e acolhedor, além de ter uma rica história, que vem desde os tempos do início do Ciclo do Ouro.

sábado, 5 de agosto de 2023

8 vilas em Minas que parecem ser em outros países

(Por Arnaldo Silva) Minas é o mundo e o mundo é Minas. Quando Guimarães disse que “Minas são muitas”, com certeza, estava correto. Em cada região Geralista encontramos uma Minas Gerais dentro de Minas Gerais. São as Gerais de Minas e as Minas das Gerais.
          Andando por Minas conhecerá povoados, vilas, distritos, bairros e cidades fantásticas, com belezas arquitetônicas, culturais, religiosas, gastronômicas, folclóricas e naturais incríveis, mas alguns lugares nos fazem parar para pensar e indagar: É no Brasil? É em Minas Gerais? Pensei que fosse em outro país!
          Sim, você vai conhecer algumas vilas em Minas que te levará a fazer essa indagações. Ficará impressionado com a beleza, a similaridade com vilas e estilos de outros países. Se encantará e vai querer conhecer todas. São sete que listamos.
1 - Uma vila em estilo colonial e italiano em Belo Horizonte
          Localizada na Pampulha, na capital mineira, a Vila Rica é um espaço cenográfico, turístico e comercial, além de ser ainda usado para eventos. A charmosa vila une traços da arquitetura barroca mineira, delicadamente inspirada nas cidades históricas de Minas Gerais e de vilas barrocas da Itália. (fotos acima da Alexa Silva)
          Construída de alvenaria, conta com residências, lojas de produtos variados, como artesanato mineiro, lancherias, restaurantes com cozinha mineira, francesa e italiana, enfim, tudo que tem numa típica vila barroca mineira e europeia
          A Vila Rica Avenida Fleming 900 no bairro Ouro Preto. Aos sábados funciona uma feira com roupas, bijuterias e artesanatos variados. Por seu charme, beleza arquitetônica e estilo colonial do barroco mineiro e europeu, além da variedade de lojas e gastronomia típica mineira, italiana e francesa, a Vila Rica é um dos lutares mais interessantes da capital mineira.
2 – Uma vila do Velho Oeste Americano em Minas
          O Velho Oeste Americano, com seus cowboys e cowgirls, saloon e todo o cenário das vilas do oeste dos Estados Unidos sempre povoaram nossas mentes. Assistir a filmes e séries de faroeste, nos leva a um mundo imaginário e vontade de conhecer um lugar assim, retratados nos filmes de Hollywood. A vontade é ir lá nos Estados Unidos e conhecer esses lugares, mas não precisa. Em Minas temos uma vila igual ao Velho Oeste Americano, igualzinha mesmo, inclusive com os letreiros em inglês.
          Isso mesmo, igual mesmo com igreja, saloon, hotel, trem, estação, cavalos, cadeia, diligências, estábulos, carruagens, barris, banco, tudo mesmo que tem em uma cidade ou vila americana do Velho Oeste. Enfim, esse lugar reproduz com fidelidade o cenário de faroeste, que vemos nos cinemas e seriados. (fotografias acima e de Leandro Santos)
          Esse lugar fica no bairro Novo Silvestre, na cidade de Viçosa MG, na Zona da Mata. É uma vila temática, um local para eventos e shows, não é uma vila de moradia. Uma vila feita para os amantes da cultura sertaneja, caipira e da arquitetura das antigas vilas e cidades do Oeste dos Estados Unidos nos séculos XVIII e XIX.
          A Vila tem o nome de Boiadeiru´s American Old West. Em português é chamada de Boiadeirus Cultura Caipira. É um espaço para a música, cultura e tradições da cultura caipira mineira e americana. Ao visitar a vila, o visitante se impressiona e se encanta com o o realismo do lugar. Sente-se literalmente dentro de uma autêntica vila ou cidade do velho oeste americano, como as retratadas no cinema.
          Idealizada pelo empresário Dário Orlandini, a Vila Country surgiu em 2014. O empresário é um apaixonado pelos filmes de faroeste, pelo estilo caipira e arquitetura das cidades antigas do Oeste Americano. Para construir uma vila autêntica e real em todos os detalhes, Orlandini visitou várias vezes os Estados Unidos, procurando conhecer as antigas vilas e cidades típicas da época do Velho Oeste para se inspirar e construir uma vila temática real e idêntica em sua cidade, Viçosa MG. (imagens acima por Alexandra Dias)
          O local ainda não está 100% pronto, o empresário sempre vem tendo ideias e ampliando espaço, com novos cenários country, de acordo com os detalhes que observa nas vilas e cidades do Velho Oeste dos Estados Unidos que visitou. (imagens acima arquivo Boiadeirus)
          E conseguiu construir a tão sonhada vila, com tudo que tem as velhas vilas do faroeste americano, inclusive com seus colaboradores vestidos a caráter, além de incentivar os frequentadores fazerem o mesmo. O espaço promove eventos, shows para crianças, jovens e adultos, além de receber famílias e grupos diversos como de cavaleiros, moto clubes, etc.
          Além disso, o espaço disponibiliza ônibus temático, no estilo da imagem acima, que sai do Centro de Viçosa direto para a Vila Country e viaja por Minas e Brasil, em caravana, levando, em caravana, o show Boiadeiru´s Cultura Caipira para as cidades mineiras e do Brasil. O local pode ser visitado durante o dia. À noite, o espaço para eventos e encontros de amigos como o saloon, abre a partir das 19 hs todos os dias. O contato pode ser feito pelo WhatsApp 3196016985
03 – Uma vila Pomerana em Minas
          Ao chegar na Vila Neitzel, logo percebe-se que o lugar é bem diferente das tradicionais vilas mineiras. Arquitetura diferente da tradicional arquitetura mineira, culinária diferente. Os moradores da vila tem a pele e olhos bem claros, cabelos loiros e sobrenomes não comuns em Minas como Shulz, Kurth, Pieper, Roos, Henke, Klemz, Kamke, Pittelkow, Butske, Raasch, Schreiber, Friedrich, Lancken, Strelow, Mutz, Welmer, Lehman, Ortlieb, Kester , Ponaht, Rossow, Reckel, Schwe, Kampini, Felberg, Schneider, Saibel, Schulz, Neumann, Schumacher, Gumz, Eller,Polack, Schemelpfenig, dentre outros tantos.
          Na comunidade, seus moradores falam o português e o pomerano. Inclusive, essa língua é ensinada nas escolas, já que faz parte do currículo escolar. (nas fotos do @paulo_broseguini, pomeranos de Itueta vestidos com roupas de camponeses da Pomerânia do século XIX)
          E ainda, nas festas religiosas, sociais e folclóricas, se vestem de forma diferente das tradicionais vestimentas mineiras, cantam e dançam músicas diferentes, ao som de concertina.
          A Vila Neitzel, uma comunidade formada por mais de 2 mil descendentes de pomeranos, que vivem ao Norte do município de Itueta MG, distante 400 km de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce.
          O norte de Itueta é formado por várias pequenas comunidades de descendentes dos primeiros pomeranos que chegaram à região por volta de 1914.
          São várias comunidades, com boa estrutura, principalmente igrejas Luteranas, já que a religião predominantes dos pomeranos é a Luterana, bem como algumas comunidades contam com escolas, farmácias, comércio, cemitérios e posto de saúde. (fotos acima fornecidas pela Jeane Shultz)
          A maior e mais desenvolvida comunidade é a Vila Neitzel, formada em terras do fazendeiro também de origem pomerana, Henrique Neitzel. A Vila Neitzel é dotada de boa estrutura como cemitério, posto de saúde, igrejas, escola, farmácia, mercado. Nesta comunidade, concentra boa parte da comunidade pomerana e ainda, é a comunidade que dá nome ao distrito, Vila Neitzel, de Itueta.
          O povo pomerano, por tradição, preserva sua história, sua cultura, suas tradições, sua música, suas danças e sua religiosidade. Desde a época da Reforma Protestante na Alemanha, liderada por Martinho Lutero, no século XVI, os pomeranos seguem a religião Luterana. (fotografia acima do @paulo_broseguini, na Festa Pomerana da Vila Neitzel)
          Os pomeranos vieram da Pomerânia, um povo de origem milenar que vivia em um território situado entre a Alemanha e Polônia. Em 1945, o território da Pomerânia foi anexado à Alemanha e Polônia.
            O território foi extinto, mas o povo não. Em todas os países, estados e cidades que esteja os pomeranos são unidos, vivem em comunidades e buscam preservar sua memória e sua história, através da sua língua, cultura, tradições, gastronomia e religiosidade.
          Além disso, na Vila Neitzel, existe o Pomerisch Dansgrup Fon Minas (na foto acima), um grupo de danças folclóricas pomeranas, formado por 15 casais. O grupo apresenta-se nas cidades vizinhas, bem como é a maior atração da Festa Pomerana de Itueta, que acontece todos os anos no mês de agosto, com a Festa do Brote, o pão tradicional pão pomerano e alemão.
04 – O romantismo italiano nas montanhas mineiras
          No Paraná tem a cidade de Maringá, no Rio de Janeiro tem e em Minas também. É a Maringá de Minas, distrito de Bocaina de Minas, no Sul do Estado, distante 380 km de Belo Horizonte.
          Separadas pelo Rio Preto, mas unidas por uma ponte, do outro lado está outra Maringá, a Maringá do Rio de Janeiro, uma vila de Visconde Mauá, na região de Resende MG.
          A Maringá mineira é uma vila charmosa, romântica, acolhedora e aconchegante. Em suas construções típicas das pequenas vilas italianas, encontramos charmosas residências, chocolaterias, lojas de artesanatos, sorveterias, bares e lancherias, lojas de produtos locais, restaurantes de comida mineira e italiana. E ainda um casario charmoso, ruas singelas e charmosas, calçadas em bloquetes, típico da arquitetura das antigas vilas italianas. Isso torna Maringá um lugar único em Minas Gerais. (fotos acima de Luciana Silva e abaixo de Fabrício Cândido)
          Além disso, a beleza da Mantiqueira, das serras, das cachoeiras e da Mata Atlântica são espetáculos à parte. Sem contar as aconchegantes e charmosas pousadas e hotéis da vila italiana mineira.
05 - Martins Guimarães: o colorido veneziano em Minas
          Burano é uma ilha situada ao sul de Veneza, na Itália, onde moram cerca de 4 mil moradores. O casario em cores vivas e vibrantes de Burano tem semelhanças com a beleza e o charme das cores vivas da Vila Colonial de Martins Guimarães, distrito de Lagoa da Prata MG, Centro Oeste de Minas a 200 km de BH. A vila fica na MG-429 entre Santo Antônio do Monte e Lagoa da Prata, com esse ainda pela MG-170.
          Na pequena e colorida vila mineira, vivem pouco mais de 400 moradores. Seu crescimento se deu no início do século XX com a construção da ferrovia e estação ferroviária, inaugurada em 1916 com o nome de Martins Guimarães, um engenheiro holandês que adotou esse nome devido as dificuldades dos mineiros em pronunciar seu nome original. Mas antes da chegada da ferrovia, várias famílias já viviam na localidade, inclusive famílias italianas. (nas fotos acima, de Martins Guimarães de @arnaldosilva_oficial e de Burano, do Thelmo Lins, dá para perceber a similaridade do colorido dos casarios das duas vilas, a mineira e a italiana)
          Anielo Greco, italiano que vivia na vila com sua família, foi o primeiro comerciante de Martins Guimarães e um dos fundadores da Vila. Portanto, o estilo colonial das construções de Martins Guimarães, unida à riqueza das cores vivas das construções italianas, principalmente de Burano, transformaram a Vila numa das mais genuínas e charmosas vilas mineiras.
          Martins Guimarães tem a tradição arquitetônica mineira e o charme italiano da Ilha de Burano no seu colorido casario.
06 – Monte Verde: a vila dos letões
          Letônia, é um país do Norte Europeu, no Mar Báltico. Foi desse país que vieram os primeiros fundadores de Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, distante 484 km de Belo Horizonte e a 1555,5 metros de altitude. (fotografia acima de Nelson Pacheco)
          Os letões chegaram à São Paulo em 1913. Na década de 1930, a família de Verner Grinberg, em viagens à região da Mantiqueira, se encantou com a beleza do lugar, clima, paisagens e altitude. Lugar que, segundo os letões, tinha muita semelhança Letônia.
          Verner Grinberg adquiriu uma propriedade na região, e em 1933 trouxe sua família e com ele vieram outros letões e posteriormente, alemães. Grinberg significa Monte Verde. (nas fotos acima, delicias da Chocolateria Montenhês)
          Na propriedade dos Grinberg uma vila foi surgindo, crescendo e se desenvolvendo. Foi construída uma igreja Batista, escolas e mais construções em estilo letão e alemão. Com a decisão de Verner Grinberg de ampliar o povoado, foi abrindo mais ruas, com isso, Monte Verde começou a crescer a cada ano, até ser o que é hoje, uma das mais belas vilas turísticas mineiras, famosa em todo o Brasil pela beleza do lugar, arquitetura, gastronomia mineira, alemã e letã.
          Mesmo não tendo origem ou arquitetura Suíça, Monte Verde é conhecida por “Suíça Mineira”. Se é para comparar mesmo, a comparação é inadequada. Os fundadores de Monte Verde não são suíços, são letões, todo o estilo das construções e gastronomia não tem inspiração na Suíça e sim na Letônia e Alemanha. (fotos acima de Anthony Cardoso/@anthonyckn) 
          O certo seria dizer que Monte Verde é a “Letônia Mineira”, o que seria justo para com origem de seus fundadores e seus descendentes. Como a Suíça é um país referência em beleza e arquitetura na Europa, além de ser mais conhecida, tudo no Brasil é comparado à Suíça.
          De qualquer forma, a Letônia faz parte da história de Monte Verde, não só pela semelhança na paisagem clima, como constataram seus fundadores, mas sim pela ligação de Monte Verde com os dos primeiros letões que vieram para a região, e seus descendentes, que ainda vivem na Vila. Monte Verde tem ligações históricas e culturais com o país dos Bálticos.
          Monte Verde é um cantinho da Europa em Minas, é um pouco das tradições letãs e germânicas Minas Gerais, um estado de forte tradição cultural, religiosa, arquitetônica e folclórica, herdada pelos colonizadores portuguesas. Monte Verde é especial na história de Minas. (na foto acima de Ricardo Cozzo, apresentação de grupos folclóricos da Letônia em Monte Verde)
07 - A maior comunidade italiana de Minas
          Em Itueta, no Vale do Rio Doce, ao sul do município, no distrito de Quatituba, uma outra vila peculiar, chama a atenção. É a Vila de Santa Luzia. (fotos acima de Luciene Fazolo)
          Formada por agricultores, gente simples, alegres, prestativos e muito hospitaleiros. Um povo com detalhes peculiares. Todos tem aparência europeia e sobrenomes diferentes dos sobrenomes de mineiros. Como exemplo, Fazzolo, Nicoli, Nicolini, Rigo, Zanon, Nico, Raggio, Bonella, Costalonga, Baldon, dentre outros tantos. Percebe-se logo que são de origem italiana. E são mesmo, são descendentes de imigrantes italianos que se instalaram na região.
          Nesta vila, o italiano é língua comum. Os mais antigos falam o italiano, incentivando com isso as crianças e jovens a se interessarem pela língua nativa de seus descendentes.
          Os italianos chegaram à região de Itueta entre 1920 e 1940, fugindo da fome, pobreza e miséria, que assolava a Europa e ainda na eminência da Segunda Guerra Mundial. (nas fotos acima fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta, Agenor Nicoli, um dos mais antigos italianos da vila e família em sua propriedade) 
          Se estabeleceram em várias pequenas comunidades ao Sul de Itueta, onde deram o nome de Nova Itália. Mais tarde esse nome foi alterado para Quatituba. Entre as comunidades da Nova Itália, temos a Vila de Santa Luzia.
          É uma pequena vila que conta com uma pequena pracinha, com igreja e coreto, construídos na década de 1940, um cemitério construído em 1926, uma escola e uma pitoresca e antiga vendinha, um pequeno comércio, ruas calçadas e poucas casas, porque a maioria dos moradores da comunidade vivem em pequenos sítios, trabalhando na agricultura familiar, no cultivo de lavouras, produção de fumo de rolo, cachaça, queijos e quitandas.
          Além de procurarem preservar a língua nativa, valorizam a música italiana, as danças e principalmente a culinária, isso sim, presente em todas as mesas das famílias italianas de Santa Luzia e todas as outras comunidades italianas de Quatituba.
          São pratos tradicionais da boa mesa italiana, mesclados com a tradicional cozinha mineira. Imagina, duas das melhores cozinhas do mundo em uma só mesa, regada a uma boa cachaça mineira e vinho italiano? É uma festa só! (fotos acima fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta)
          A comunidade se reúne em festa nos dias santos, como da padroeira, Santa Luzia, Corpus Christi, Páscoa, Natal, Semana Santa, nos cultos semanais e nas missas mensais na Igreja de Santa Luzia.
08 – Charco: a vila em estilo nórdico no Sul de Minas
           Groenlândia é uma ilha localizada na América do Norte, ao leste das ilhas canadenses, entre o Oceano Atlântico e o Oceano Glacial Ártico. Nessa ilha vivem cerca de 57 mil pessoas. Embora seja a maior ilha em extensão territorial do mundo, maior até que a América Latina, praticamente todo seu território é coberto por gelo. Apenas uma pequena faixa ao sudoeste da ilha é habitável. Nessa faixa, em várias pequenas vilas e cidades, vivem seus 57 mil moradores.
          Embora seja uma ilha autônoma e com governo próprio desde 1814, esse território é subordinado a Dinamarca, um país nórdico da Europa.
          A arquitetura da Groenlândia segue o estilo nórdico dinamarquês. Casas pequenas, com telhados em duas águas, em madeira e coloridas.
          Com essas mesmas características, temos em Minas Gerais, a vila do Charco, uma vila rural subordinada a Delfim Moreira MG no Sul de Minas, bairro rural a 1210 metros de altitude, acima do nível do mar. O Charco é um dos lugares mais frios do Brasil, com inverno rigorosíssimo com temperaturas que já chegaram a -10 graus negativos. (nas fotos acima, de Fernando Maia, vista aérea do Charco em manhã de inverno)
          Suas casas pequenas, em madeira e coloridas, bem como a simplicidade das ruas e de seu povo, lembra muito as pequenas vilas groenlandesas, principalmente nos dias de inverno, onde toda a região fica coberta por intensa camada de gelo, devido o frio e geadas constantes. (fotos acima e abaixo de Célia Xavier)
          A parte habitada da Groenlândia está a 3.032 km do Canadá e a 3.347 km da Dinamarca. A Vila do Charco está a 35 km da sede, Delfim Moreira e apenas 15 km da vizinha cidade de Wenceslau Bráz e apenas 6 km de Campos do Jordão em SP. (fotos acima de Célia Xavier)
O casario em estilo nórdico do Charco
          Casario em madeira, com telhado em duas águas, no estilo nórdico, simples, em cores vibrantes e charmosos, o Charco é o lugar mais gelado de Minas Gerais. No charco funciona a serraria Serra Negra desde o meados do século passado, e por este motivo, madeira para construção e revestimentos em madeira são mais fáceis conseguir e tradição da vila desde sua origem.
          Logo na entrada do Charco percebe-se a beleza da vila. É uma rua simples, de terra bruta, poética e charmosa, ladeada por um charmoso e pitoresco casario em sua maioria, em madeira. É a pousada da Suze. (fotografia acima de Célia Xavier)
          Embora exista algumas construções atuais em alvenaria e madeira, a maior parte do casario da vila, principalmente os mais antigos, são em madeira maciça. (fotografia acima de Célia Xavier)
          As casas antigas e em madeira são simples, coloridas e charmosas. Destacam-se em Minas, não pela arquitetura única, mas sim, pela arte. Não são simplesmente casas, são obras de arte, feitas à mão pelos talentosos carpinteiros locais.
          Lógico que casas em madeiras temos em várias cidades mineiras, mas todo um bairro ou uma vila em madeira, isso não é comum em lugar nenhum do Brasil.
Em Minas vive o mundo
          Isso porque Minas são muitas e em cada canto de Minas Gerais, uma surpresa, uma história, uma tradição, uma riqueza cultural e arquitetônica que encanta não só os brasileiros, mas também aos próprios mineiros.
          Minas é o mundo dentro da gente. Temos herança cultural e social portuguesa, indígena, africana, alemã, letã, francesa, espanhola, italiana, latina, oriental, árabe. Minas é o mundo em cada canto, em cada rosto de nossa gente!
          Venha para Minas! Conheça Minas!

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Itueta: a cidade trilingüe de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Itueta conta com cerca de 6.500 habitantes. Está a 403 km de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce e faz limite em Minas com Resplendor, Santa Rita do Itueto, Aimorés e Baixo Gandu no Espírito Santo. Seu nome é a junção de duas palavras do tupi. "Itu" significa "muitas e "eta" "cachoeiras. O Rio Doce passa no município, que é ainda banhado pelos rios Manhuaçu e Resplendor, além de córregos, como o Quatis. Ao longos dos trechos desses rios, inúmeras cascatas e cachoeiras são formadas, por isso o nome da cidade. Quem nasce em Itueta é ituetense. (na foto abaixo, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta, temos os 3 povos presentes na cidade: Pomeranos, Italianos e brasileiros de origem portuguesa)
Origem de Itueta
          O povoamento do que é hoje o município de Itueta começou a ser formado a partir de 1914, com chegada de imigrantes alemães e em maior número, imigrantes da Pomerânia, os pomeranos. Esses povos se fixaram ao norte, na margem esquerda do Rio Doce, onde formaram várias comunidades.
          Na década de 1930, começou a chegar em terras ituetenses, um grande número de imigrantes italianos, fixando na margem direita do Rio Doce, ao sul de Itueta. Da mesma forma, formaram várias comunidades.
          Região de terras férteis, com muita água e madeira, além de não ser habitada, a imigração contou com apoio dos Governos de Minas Gerais e Espírito Santo, visando atrair os imigrantes, bem como os que já viviam em terras capixabas, para povoarem a região.
          O crescimento e desenvolvimento de Itueta ganhou grande impulso com o surgimento de várias serrarias e ampliação dos ramais da Ferrovia Vitória Minas, na década de 1920. A ferrovia teve seu primeiro trecho inaugurado em 1904, ampliando-se ao longos das primeiras décadas do século passado até Vitória, no Espírito Santo.
          Com os imigrantes italianos, alemães e pomeranos, se instalaram na região, bem como outras famílias de várias regiões mineiras e do Brasil para trabalharem na ferrovia e em outras atividades. Esses povos deram origem ao distrito de Itueta, reconhecido em 1938, subordinado a Resplendor. Em 27 de dezembro de 1947, o distrito é elevado à cidade emancipada. Nascia assim o município de Itueta, na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura da cidade. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, vista parcial da cidade)
Os imigrantes
          A presença dos imigrantes com formação de colônias e comunidades rurais, foi o marco inicial do povoamento e colonização de Itueta. Os italianos, alemães e principalmente pomeranos, por serem a comunidade maior, preservaram ao longo dos anos, suas origens históricas, arquitetônicas, familiares, gastronômicas, folclóricas e culturais, valorizando com isso as danças, a música e a língua original de seus antepassados. (nas imagens acima fornecidas pela Secretaria de Cultura, produção caseira de fumo de rolo, na propriedade do Sr. Agenor Nicoli, em sua propriedade na comunidade italiana de Santa Luzia)
          Na cidade, o português, o pomerano e o italiano são os idiomas falados. Itueta é uma das poucas cidades no Brasil com características trilíngue, onde seu povo fala três línguas diferentes.
          Várias cidades mineiras têm alemães, italianos, pomeranos e vários outros povos, mas como comunidade organizada, que busca preservar seus idiomas de origem e ainda formada em grande número vivendo em comunidades organizadas e ativas culturalmente, como é o caso das comunidades pomeranas e italianas em Itueta, não tem outra em Minas Gerais.
Formação de comunidades em Itueta
          Em Itueta, os imigrantes e descentes deram origem a duas grandes comunidades, divididas pelo Rio Doce. Pomeranos e alemães concentraram-se ao norte do município e italianos, ao sul de Itueta. A história do município, está diretamente ligada a imigração italiana e principalmente, pomerana, que vieram em maior número e são a maior comunidade de imigrantes pomeranos de Minas Gerais.
          No mapa acima fornecido pela Secretaria de Cultura de Itueta, temos ao norte, as primeiras comunidades povoadas por pomeranos e alemães, com a comunidade da Vila Neitzel sendo a sede do distrito, por ser a maior comunidade entre as demais comunidades pomeranas do norte de Itueta e a mais desenvolvida. Ao sul, temos o distrito de Quatituba, formado pelas comunidades de imigrantes italianos, tendo como ponto de referência Vila de Santa Luzia, a maior e mais desenvolvida comunidade italiana do distrito.
          Em Itueta se dedicaram às atividades agrícolas, desenvolvendo a economia local, bem como impulsionando o crescimento da cidade.
          Tanto pomeranos quanto italianos, chegaram com poucos pertences, após atravessarem o Rio Doce, andando cerca de 40 a 50 km a pé, pela mata fechada, até seus destinos.
          Começaram do nada, construindo barracos simples e formando lavouras, em trabalho duro. Enfrentando ainda as dificuldades iniciais como a resistências dos indígenas Botocudos, nativos da região, o risco de ataques de animais selvagens como lobos, onças e cobras, além das doenças comuns na época como chagas, sarampo, tifo, malária, febre amarela e pragas comuns em matas como pulgas, carrapatos, bicho-do-pé, etc. 
          Com muito sacrifício, dedicação e trabalho, em pouco tempo superaram as dificuldades iniciais,  desenvolveram suas comunidades, construíram casas melhores em pau-a-pique e esteios de braúnas, igrejas. Com o tempo, substituíram as carroças e carros de bois por ônibus e caminhões, facilitando o escoamento da produção e transporte dos moradores das comunidades.
Os Italianos de Itueta – A Vila de Santa Luzia
          Os italianos chegaram à região de Itueta entre 1920 e 1940, fugindo da fome, pobreza e miséria, que assolava a Europa e ainda na eminência da Segunda Guerra Mundial.
          Os imigrantes se estabeleceram inicialmente nos arredores de Alfredo Chaves e Vargem Alta, no Espírito Santo e pouco depois, uma parte desses imigrantes deixou essa região rumo a Itueta. Chegaram a uma terra inabitada, sem povoamento, de Mata Atlântica fechada. (Pelas imagens acima, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta, dá para percebermos a evolução da comunidade italiana de Santa Luzia)
          Começaram do zero, construindo suas casas no estilo arquitetônico italiano, bem como igrejas. No braço e com muita disposição, abriram a mata densa na foice, enxada e no arado, para iniciar a produção agrícola. (fotos acima fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta)
A Nova Itália
          Foram chegando, formando comunidades nas margens de lagoas e cabeceiras do Rio Quati. Inicialmente a comunidade italiana estabelecida ao Sul de Itueta, passou a chamar a região de Nova Itália, sendo a maior e mais estruturada comunidade, a de Santa Luzia. De Nova Itália, o nome foi alterado posteriormente para Quatituba, permanecendo as outras comunidades com seus nomes originais. Todas as comunidades italianas ao sul de Itueta fazem parte do distrito de Quatituba.
A comunidade de Santa Luzia
          Santa Luzia é uma pequena vila que conta com escola, uma igreja com arquitetura tradicional das comunidades rurais mineiras. A igreja é dedicada a Santa Luzia. Foi construída na década de 1940 e em seu entorno há uma singela pracinha, um pequeno comércio, ruas calçadas e poucas casas, além de um cemitério, inaugurado em 26 de maio de 1926. (foto acima de autoria de Luciene Fazolo)
          A comunidade se reúne na vila durante as festividades religiosas como o dia da padroeira da vila, Santa Luzia, no Corpus Christ, Semana Santa e também, nos cultos semanais realizados pela comunidade local e na missa mensal, celebrado por um padre da Paróquia de São João Batista de Itueta, a qual a igreja é subordinada.
          Isso porque a maioria da comunidade viva na zona rural, em pequenas propriedades, trabalhando na agricultura com cultivo de lavouras variados e produção caseira de queijos, cachaças, quitandas, doces, geleias, além da produção de fumo de rolo.
          A pequena vila conta com uma venda típica do interior mineiro. Aquelas vendas que é uma mercearia, armazém, lojinha de miudezas, brinquedos, utensílios domésticos e boteco ao mesmo tempo. Aqueles pitorescos lugares, que tem de tudo e mais um pouco, além de ser um ponto de encontro de amigos da vila para uma longa prosa encostado no balcão acompanhado por um bom tira gosto e cachaça. (fotografias acima da Luciene Fazolo)
          Em Santa Angélica, outra comunidade rural do distrito de Quatituba, temos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, uma escola e algumas casas. No restante do distrito, a maioria dos italianos e descendentes vivem em seus sítios, fazendas e chácaras.
Preservação das origens italianas
          No distrito de Quatituba, nos povoados e Vila de Santa Luzia os sobrenomes de famílias já é uma clara evidência da presença italiana. São sobrenomes, como Baldon, Fazolo, Benicá, Bonisegna, Pazini, Pancini, Costalonga, Rigo, Zanon, Dalfior, Nico, de Paula, Bonella, Hespanhol, BStefanon, Zorzal, Nicoli, Cremasco, Venturim, Raggio, dentre outros tantos.
          Além disso, principalmente os italianos e seus descendentes mais antigos, preservam a língua italiana, falando em português e italiano. Isso incentiva os mais jovens e crianças e se interessarem pela língua e cultura do país de origens de seus pais e avós, a Itália.
          Não só isso, pelas danças tradicionais como por exemplo a Tarantela e Siciliana. As tradicionais canções folclóricas e populares italianas, bem como diversos cantores e bandas estão presentes no dia a dia dos moradores das comunidades italianas de Quatituba.
          Além disso, vale destacar o valor que a comunidade italiana de Santa Luzia dá à culinária original da Itália, considerada umas das mais ricas e tradicionais cozinhas do mundo.
A Itália
          Formalmente a Itália, como conhecemos hoje, foi criada em 17 de março de 1861. Antes, a região era uma península formada por estados e ilhas independentes. Esses estados e ilhas foram unidos e formaram uma só nação a partir dessa data, no governo do rei da Sardenha Vítor Emanuel II, da Casa de Saboia. Roma se tornou a capital da Itália. A cidade foi fundada em 793 a.C.
          A base da cultura, culinária, arquitetura e tradições italianas, principalmente de sua cozinha, que ao longo dos quase 3 milênios, recebeu influências da cozinha etrusca, da antiga Grécia, da antiga Roma, Bizantina, Hebraica e Árabe. Por isso ser uma cozinha rica em pratos variados e apreciados no mundo todo.
A boa mesa italiana e mineira juntas
          Em Santa Luzia e demais comunidades italianas de Quatituba, os tradicionais pratos da cozinha italiana como a Pizza, o Ravioli, o Spaghetti, a Lasagna, Risotto, Arancino e o Tiramisu são tradicionais. Além disso, tem os tradicionais pães italianos como o Ciabatta, focaccia, fugliese, foscano e o eataly, pão rústicos de fermentação natural. 
          Sem contar o croissant/brioche, o cappuccino, os famosos doces italianos como o cannoli, o zeppole, o pandoro, o pandolce, o struffoli. Sem contar os italianos queijos famosos como a mozzarella, a ricota, o provolone, o Parmesão, o mascarpone e o burrata.
          São pratos sempre presentes nas mesas da comunidade. Em sua maioria, os pratos italianos são a base de massa de trigo, com muito azeite de oliva, vinhos e queijos diversos, já que o país tem tradição milenar na produção de vinhos e queijos, grãos, cereais, legumes, temperos e especiarias.
            Não apenas os pratos italianos, isso porque todo italiano aprecia uma boa mesa e na Vila de Santa Luzia, junto com os pratos típicos da Itália, estão também os pratos típicos de Minas Gerais, como as quitandas, biscoitos, pratos feitos a base de carnes, nossos doces e queijos e cachaça também.
          Comida típica em Santa Luzia é uma tradição valiosa. Nos encontros de famílias, são preparados verdadeiros banquetes no quintal das casas. São pratos italianos e mineiros, acompanhados de bebidas mineiras e italianas. (as fotos de culinária acima foram fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta e foram feitas na casa do Sr. Agenor Nicoli)
Os Pomeranos de Itueta – A Vila Neitzel
          Incentivados pelos governos de Minas Gerais e Espírito Santo, diante da necessidade de povoamento do Vale do Rio Doce e a partir de 1914 começaram a chegar à região de Itueta um grande número de descendentes de alemães e pomeranos. Atravessaram o Rio Doce de balsas e canoas, a partir de Baixo Guandu, no Espírito Santo, entrando em terras mineiras e seguindo a pé carregando seus filhos e seus poucos pertences nas costas, por 40 km, abrindo picadas das matas até chegarem ao norte de Itueta, onde fixaram-se em várias comunidades, sempre à beira de córregos e lagoas.
          Eram agricultores, buscavam em Minas Gerais terras férteis, melhores condições de vida e trabalho. A preferência por locais próximos a água era primordial, pois necessitavam de água para fazer a terra produzir.
          Formaram comunidades, suportaram as dificuldades iniciais como desbravar a terra, enfrentar a resistências dos indígenas Botocudos, doenças, etc., mas resistiram. Criaram suas famílias, outras foram surgindo e se formando. Construíram casas, igrejas, escolas, investiram em diversificação da agricultura e em maquinários de ponta para época, enfim a vida seguia enquanto prosperavam. (a imagem acima, cedida pela Secretaria de Cultura de Itueta, mostra momento da inauguração de uma Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil na comunidade pomerana local)
          Hoje são mais de 2 mil descendentes de pomeranos que vivem ao norte de Itueta. A maior comunidade, que surgiu em terras do fazendeiro, também de origem pomerana, Henrique Neitzel, dá nome à comunidade em geral. É dotada de boa estrutura como cemitério, posto de saúde, igrejas, escola, farmácia, mercado, etc. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, a Vila Neitzel)
          Ao andar pela comunidade pomerana, percebe-se claramente a origem germânica de seus moradores, seja na arquitetura, no grande número de igrejas luteranas, nos tons de cabelos, pele e olhos bem claros, na música, na dança, na língua e nos sobrenomes alemães e pomeranos como por exemplos: Shulz, Strutz, Ramlow, Witt, Hermann, Dettmann, Kurth, Roos, Kanke, Ramlow, Laurret, Borchardt, Fleguer, Keplin, Radünz dentre outras dezenas de sobrenomes. (fotos acima fornecidas pela Jeane Shulz)
          O povo pomerano, por tradição, preserva sua história, sua cultura, suas tradições, sua música, suas danças e sua religiosidade. Desde a época da Reforma Protestante na Alemanha, liderada por Martinho Lutero, no século XVI, os pomeranos seguem a religião Luterana. (nas fotos acima fornecidas pela Jeane Shulz, inauguração de uma das Igrejas Evangélica de Confissão Luterana na cidade de Itueta MG)
          Os pomeranos vieram da Pomerânia, um povo de origem milenar que vivia em um território situado entre a Alemanha e Polônia. Era uma região independente, com cultura, tradições, história e língua diferentes do alemão-padrão. Quem nasceu na Pomerânia, não é alemão, é pomerano. São territórios, história, tradição, língua e origens diferentes.
          Com as constantes guerras na Europa, desemprego, fome, pobreza, além da ambição de outros povos por seu território, devido a região ter saída pelo Mar Báltico, os pomeranos foram vítimas de perseguições ao longo dos séculos. Por esses motivos começaram a deixar sua região no século XIX, imigrando-se para os Estados Unidos e Brasil, a partir de 1859. O então território da Pomerânia foi anexado à Alemanha e Polônia em 1945.
          O território foi extinto, mas o povo não. Em todas os países, estados e cidades em que estejam, os pomeranos são unidos, vivem em comunidades e buscam preservar sua memória e sua história, através da sua língua, cultura, tradições, gastronomia e religiosidade.
          Na Vila Neitzel, os descendentes preservam suas raízes ancestrais. Valorizam a culinária pomerana e tem no Brote, um pão típico pomerano e alemão, como sua maior identidade gastronômica. Além disso, falam e estudam o pomerano. Nas escolas que existem nas comunidades, a língua pomerana faz parte do currículo escolar.
          Além disso, preservam os rituais pomeranos do casamento, fúnebres, religiosos e familiares.
          Todos os anos, acontece a Festa do Brote e Festa Pomerana, sempre no mês de agosto. O destaque gastronômico da festa é o Brote, um pão feito com massa de farinha de milho, mandioca, batata-doce e cara, além do grupo de Dança Pomerisch Dansgrup For Minas.
          O grupo foi criado em 2010 com o objetivo de resgatar as vestimentas, a música e seus instrumentos musicais, como a concertina e as danças pomeranas tradicionais, respectivamente. Nas festividades religiosas, de casamentos ou familiares, se apresentam com vestimentas tradicionais pomeranas e principalmente na Festa Pomerana da Vila Neitzel, onde o grupo é principal atração da festa. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura de Itueta, Pomerisch Dansgrup For Minas em apresentações)
A velha Itueta debaixo d´água
          Na primeira década de 2000, a parte urbana da sede de Itueta foi reconstruída em outro local mais elevado, urbanizado e planejado, com toda a população da sede passando a viver na nova Itueta, entre 2004 e 2005.
          A nova Itueta contava com ruas planejadas, igrejas e casario novos, prédios públicos modernos, centro cultural, estação de tratamento de esgoto e de lixo, museu, rodoviária e acesso pavimentado para as cidades vizinhas e BR-259. Em termos de tradição, artesanato, cultura e manifestações populares e religiosas, continuam presentes da mesma forma que antes. (na imagem acima fornecida pela Secretaria de Cultura, o início da construção da Nova Itueta, antes da inundação da velha Itueta)
          A Itueta antiga foi inundada por um mundaréu de água e está toda debaixo d´água, para a formação do lago da Usina de Aimorés. As águas da represa não atingiu os povoados, permanecendo italianos e pomeranos, que continuaram preservados.
          As lembranças de como era a cidade antes de ser submersa, ficaram na mente dos moradores antigos, em fotos e pinturas em telas, como esta acima do artista plástico Alfredo Vieira, de Lagoa Santa MG, que mostra como era Itueta antes de ser submersa pelas águas da represa.
O que fazer em Itueta?
          Além de conhecer a Festa Pomerana, a cultura, gastronomia, história, língua e tradições pomeranas, alemãs e italianas presentes na Vila Neitzel e na Vila de Santa Luzia, o visitante tem como atrativos o lago da Usina Hidrelétrica de Aimorés, no caminho do Rio Doce, que é outro atrativo para a prática de esportes aquáticos, náuticos e da pesca, além da beleza da paisagem de Mata Atlântica. (imagens acima e abaixo fornecidas pela Secretaria de Cultura de Itueta MG)
          Não apenas isso, na zona rural, fazendas de grande valor histórico, belas cachoeiras e cascatas como no rio Quati e nos córregos do Quatizinho e na Pedra do Santo Cristo.
          A origem de Itueta é na imigração europeia mas a cidade não foi formada apenas por descendentes de imigrantes, povos que vieram de Minas Gerais e do Brasil para trabalhar nas serrarias e Ferrovia Vitória Minas, no início do século passado se fazem presentes com sua história, cultura e religiosidade.
          Igrejas Luteranas fazem parte da vida religiosa de Itueta, bem como a Igreja Católica, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, igrejas evangélicas como a Assembleia de Deus, Batista e Presbiteriana, dentre outras denominações religiosas e suas festas religiosas, que são atrativos do município. (na imagem acima fornecida pela Jeane Shulz, Igreja Adventista do 7° Dia em comunidade rural da Vila Neitzel e abaixo, inauguração de Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Itueta MG)
          Entre as festas religiosas, destacamos os festejos da Semana Santa, o Corpus Christi, o dia do padroeiro da cidade, São João, celebrado em 24 de junho, o dia do Evangélico, em 31 de outubro. Tem ainda o dia do aniversário da cidade, comemorado em 27 de dezembro.
          Além disso, a cidade de Itueta, por ter sido reconstruída de forma planejada, com ruas bem traçadas é uma cidade charmosa, acolhedora e atraente. (na imagem acima do Elpídio Justino de Andrade, a represa da Usina Hidrelétrica de Aimorés MG)
          Conta com ótima estrutura urbana, com hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica, comércio variado, pequenas indústrias familiares, setor de prestação de serviços de boa qualidade, além da agricultura familiar e os produtos da terra como queijos, doces, quitandas, frutas, verduras e legumes. A agricultura familiar, a pecuária de corte e leiteira são as principais atividades econômicas do município.
          Seu povo é muito gentil, hospitaleiro e recebe bem os visitantes, seja na sede e principalmente nas vilas e povoados de origem italiana e pomerana, como Santa Luzia e a Vila Neitzel.

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